segunda-feira, 12 de maio de 2008

APITO FINAL (I)


Finalmente…

A Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional actuou e bem… Analisou as denúncias, aprofundou as questões, ouviu os acusados e decidiu em conformidade, isto é, divulgou as penas a que foram sujeitos os delinquentes que se intitulam agentes (?) desportivos que estavam envolvidos na viciação de resultados das suas equipas com o beneplácito de alguns que dizendo serem, somente conspurcaram a classe dos Árbitros.

Uma competição séria, legal e credível terá que assumir no seu seio pessoas que a dignifiquem e a valorizem e não criaturas de espírito contrário da sã vivência desportiva, quais espúrias e nefastas, que afastam as pessoas de bem que gostam do futebol pelo futebol.

Lamenta-se o tempo que isto tudo levou, pois o processo iniciou-se há quatro anos (Abril de 2004), vésperas do melhor Campeonato Europeu já alguma vez organizado. E foi Portugal que se encarregou de tal acontecimento. Mas valeu a pena esperar e encontrar os culpados ainda vivos para sentirem o que é ser punido por crimes praticados contra-natura.

Foi um gozo ouvir as reacções de alguns dos visados e alguns comentadores: Considero que tudo repudiaram – mas nunca os crimes que cometeram… Diziam que contrariavam o artigo tal, que só foram avisados a determinadas horas, minutos e segundos, que o Presidente da Comissão de Disciplina era vaidoso, narcisista, altivo, enfim…, mas os crimes que cometeram, cujos factos estão mais do que confirmados, casos das escutas telefónicas, não os desmentiram! Como se o seu papel fosse o de julgar quem os julgou. No desporto diz-se: mas que falta de fair-play… É bonito andar com a cabeça levantada, ser sério e demonstrá-lo por todas as formas: Eram estes os conselhos que, como já disse, transmitia nas aulas dos imensos cursos iniciais de arbitragem que leccionava e felizmente foram escutados e praticados. A todos os meus formandos o meu bem-haja!

As corajosas conclusões que a Liga do Futebol Profissional tomou estão aí! Agora vamos esperar o trabalho do Conselho de Disciplina da Federação que, dentro dos mesmos parâmetros ilícitos, tem em mãos, processos que envolvem mais de 50 (pasme-se…) arguidos! É um fartote, oh vilanagem! Por tal motivo, voltarei proximamente a este tema…

A propósito. Presto a minha colaboração graciosa ao sítio Cartão Vermelho e, em Setembro último, enviei e foi publicada a crónica que passo a transcrever pela oportunidade que hoje representa, com a divulgação das primeiras condenações aplicadas. O tema era sobre um assunto de transcendente importância para a arbitragem e o seu título é a


ÉTICA

O que de bom tem a actividade de Árbitro de futebol é a conduta exemplar que cada um dos seus agentes terá de manter e desenvolver, acima de qualquer suspeita, uma vez que servir o Futebol deverá ser o principal objectivo de quem se inicia nestas andanças. Porém, terão que existir instrumentos reguladores onde os jovens Árbitros e não só, conheçam as normas que devem cumprir. No Brasil já existe o Código de Ética, em Portugal não!

Acontece que, há pouco tempo, os dois países irmãos foram alvo de perturbações com a descoberta de gente que deixa muito a desejar e que conspurcaram a credibilidade do Paulistão e dos campeonatos portugueses. Enquanto a equipa do Presidente da Federação Paulista de Futebol, Dr. Marco Pólo Del Nero actuou de forma séria, rápida e eficaz, procedendo à purga do mal que afectou, momentaneamente, a credibilidade do futebol do Estado de São Paulo, com a punição dos prevaricadores, afastando-os para muito longe da organização, e, em termos desportivos, repôs a verdade, em Portugal a burocracia, a letargia, as leis e as suas interpretações – sempre evidenciadas – têm tomado conta da triste realidade que se mantém e muito dificilmente será superada, pois os indivíduos envolvidos, desempenham ainda as mesmas funções, que tinham na altura, garantindo estarem de consciência tranquila, por nada terem feito de mal…

Aqui vai uma amostra: o caso das escutas telefónicas que a polícia portuguesa levou a cabo, gravando as conversas comprometedoras dos transgressores, estão a ser postas em causa. Isto é, a sua validação!... Pergunta-se: Então, com tais provas, houve ou não a prática do crime? Comentário: Pois…

Por tudo isto, a investigação e a recente reavaliação de todo o processo português, que envolve imensa gente do alto – como diria o grande jornalista brasileiro já desaparecido, Wilson Brasil – os processos tardam a chegar aos Tribunais e à Justiça desportiva para efeitos de julgamento, declarando-os culpados ou inocentes, para que, de uma vez por todas, se encerre um capítulo negro do futebol português que, infelizmente, teve repercussão em todo o Mundo… Assim, no início da época 2007/2008, continua tudo como dantes, pois quase a totalidade dos presumíveis continuam onde estavam antes de 20 de Abril de 2004, quando tudo começou e logo com muito barulho, face às detenções que então se verificaram. Estávamos a poucos dias do início do EURO, um sucesso de organização.

Conclusão: Para além dos agentes do sector da arbitragem praticarem, no dia-a-dia, a saudável maneira de saber estar entre os bons, copiando-lhes os seus exemplos, urge aprovar e pôr em prática o Código de Ética em Portugal.


Bem falo no Código de Ética… Ainda faltará muito para a sua implantação?

Entretanto, àqueles que, desde sempre, afincada e arrogantemente diziam que todo o processo Apito Final não ia dar em nada, que era tudo arquivado, logo não havia castigos, o que vão dizer agora?

Será que vão gritar como eu e dizer:
VIVA O DESPORTO! VIVA O FUTEBOL! VIVA A ARBITRAGEM LIVRE DE INDESEJÁVEIS! VIVA A VERDADE DESPORTIVA!
Será?

NOTA: Eis a lista completa dos castigos decorrentes deste processo:
1. Futebol Clube do Porto: 6 pontos; 150 mil euros.Presidente do mesmo clube (Pinto da Costa): 2 anos de suspensão; 10 mil euros.
2. Boavista Futebol Clube: Descida de divisão; 180 mil euros.Ex-Presidente do mesmo clube (João Loureiro): 4 anos de suspensão; 25 mil euros.
3. União Desportiva de Leiria: Menos 3 pontos; 40 mil euros.Presidente do mesmo clube (João Bartolomeu): 1 ano de suspensão; 4 mil euros.
4. Martins dos Santos (árbitro já licenciado): 3 anos de suspensão.
5. Augusto Duarte (árbitro da 1ª categoria nacional, em actividade): 6 anos de suspensão.
6. Bernardino Santos Silva (árbitro assistente da 2ª categoria nacional, em actividade): 2 anos e meio de suspensão.
7. Jacinto Paixão (árbitro já licenciado): 4 anos de suspensão.
8. José Chilrito (árbitro em actividade): 2 anos e meio de suspensão.
9. Manuel Quadrado (árbitro em actividade): 2 anos e meio de suspensão.

1 comentário:

Anónimo disse...

mas que grande escumalha