quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

NAQUELE TEMPO (IV)


Do exemplar 6, do Boletim O Árbitro, referente ao mês de Dezembro de 1957, destaca-se:

1. A mensagem natalícia já reforçava a constituição da família da arbitragem que, para ser forte, necessitava da união e camaradagem entre os Árbitros, onde a fraternidade, a compreensão e o caminho comum fossem uma constante para o engrandecimento da Causa que abraçaram.

2. No tema do mês, Filipe Gameiro Pereira, diz tornar-se indispensável o entendimento entre a Associação, clubes e a Comissão dos Árbitros do Distrito de Aveiro. Também dá conta de mais alguns trabalhos apresentados no Curso de Macolin (Suiça).

3. Eis os artigos publicados neste boletim: Análise a uma oportuna entrevista, de Dr. Décio de Freitas (Lisboa), Tratamento injusto a certos Árbitros internacionais, de Nicos Savary (Grécia) Foto esquerda. Colaboração entre o Árbitro e os Fiscais de Linha, de Francisco Saraiva (Porto). Lei da Vantagem, de Viriato Maximiano (Lisboa) Foto central. Os dirigentes e a Arbitragem, de Robert Masson (França) Foto direita. Só um espírito imparcial pode julgar a acção do Árbitro-Ao faccioso falta-lhe senso crítico, de J. de Ayala Botto (Inspector de Desportos). Os que faltam… e a odisseia a que dão origem, de Ilídio Cacho (Lisboa). O sistema russo de arbitragem, de Izidro José Fragoso (Santarém).

4. A Associação de Futebol de Leiria acordou com a sua Comissão de Arbitragem a tabela de prémios, diárias, transportes, jogos em dias úteis e acidentes resultantes de agressão. Destes temas, destaco: Se a estação de caminho de ferro ou o local de paragem da camioneta distasse mais de 1000 metros, haveria direito a um transporte complementar e directo para o campo de jogo e retorno que poderá ser automóvel de aluguer. Os clubes que não tivessem os balneários junto ao campo eram obrigados a fornecer meio de transporte em automóvel. Os Árbitros auferiam, quando tal se justificasse, um abono de 100$00 por período completo de 24 horas para despesas de alimentação e estadia! O prémio da 1ª Divisão era de 80$00 para o Árbitro e 50% para os fiscais de linha. Quando se verificassem agressões o Árbitro era obrigado a exigir ao Delegado do clube organizador a devida assistência médica. Caso falhasse a resposta positiva, poderia utilizar serviços de outro qualquer clínico…

5. Na Tribuna do Árbitro respiga-se o seguinte assunto: No jogo Salgueiros-Barreirense o jogador deste clube, de seu nome Faia (mais tarde o seu filho, José Júlio, foi Árbitro e chegou à segunda categoria nacional) vai com a bola para a baliza contrária mas um adversário agarrou-lhe os calções e rasgou-os de tal forma que ficou somente com o slip. O Árbitro interrompeu a partida e executou uma bola-ao-solo. E fez bem, diz a resposta! Coisas…

6. A Associação de Futebol de Lisboa editou e distribuiu a todos os clubes um pequeno livro intitulado Alguns Conselhos aos Jogadores, no sentido de lhes lembrar como se devem comportar e conduzir com os adversários, o público e os dirigentes.

7. A FIFA solicitou a indicação de nomes de Árbitros portugueses na expectativa da sua participação na fase final do Mundial de 1958 (Suécia). A Comissão Central propôs: Eduardo Gouveia (Lisboa), Francisco Guerra (Porto), Hermínio Soares (Lisboa) e Joaquim Campos (Lisboa). A esperança na escolha de um deles era total dada a reputação alcançada no estrangeiro.

8. A Comissão Distrital de Beja, dirigida por Melo Garrido, terminou o seu ciclo de colóquios com a projecção de filmes cedidos pelo Instituto Britânico e que se intitulavam: Great Game e The referee, documentários utilíssimos para todos os filiados.

9. Curiosidades: O Árbitro português Anízio Morgado, radicado no Brasil, tem estado em foco devido às excelentes actuações no difícil campeonato carioca. O conceituado treinador brasileiro Otto Glória nas palestras que tem efectuado em diversas colectividades lisboetas não se cansa de salientar o respeito que se deve manter perante os Árbitros de futebol.

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