Do habitual tema mensal, Filipe Gameiro Pereira, traz à estampa o título Os jogos da Taça e o seu clima, onde refere que o Árbitro francês Jean Louis Groppi (na foto, com os capitães e os colegas Becret e Berberan) que dirigiu o encontro entre as selecções secundárias de Portugal e Espanha (0-0), realizado no Estádio nacional em 13 de Abril de 1958 (Domingo), antes do seu início chamou à cabina os capitães e disse-lhes: Eu sou o Árbitro e os senhores os jogadores. Eu mando e os senhores obedecem. Não admito que se dirijam a discutir as minhas decisões. No caso de isso se verificar advertirei à primeira vez e na reincidência expulsá-los-ei. Nada de simular faltas aos adversários ou atirar-se para o chão a fazer cinema (sic). Procederei da mesma forma: advertência e, logo a seguir, expulsão. Está compreendido? Então vamos fazer futebol, mas só futebol, futebol e futebol. (outros tempos…).
Manuel Mota (foto), antigo Árbitro e jornalista palestrou perante os Árbitros de Lisboa. Terminou a sua intervenção lendo um trecho do abade Charles Fisset, adaptação do conhecido Se, de Rudyard Kipling (1865-1936, Prémio Nobel da Literatura, em 1907), cuja tradução se deveu a Couto e Santos, outro jornalista. Ei-lo:
Se queres admitir não saber tudo, e que tens muito que aprender ainda.
Se sabes escutar as lições dos velhos, sem nunca as achares inúteis.
Se por tua vez podes aconselhar os jovens, sem tomar ares de grande senhor.
Se de quando em quando dizes a ti próprio, hoje a coisa andou mal.
Se podes suportar, sem pensar na maldade, que finjam ignorar o teu valor.
Se és incapaz dos outros invejar, sempre que algo façam de valia.
Se em vez de dizeres: Eu faria melhor, fores o primeiro a aplaudir o teu colega.
Se calando em silêncio os teus méritos, souberes gritar bem alto o dos outros.
Se exigindo respeito pela tua função de Árbitro, souberes merecer esse respeito.
Se o teu grande cuidado é saber manter a forma, mesmo ao preço dos esforços maiores.
Se chegas alegre e optimista aos Estádios, disposto a sair deles suado e fatigado.
Se só lá vais para servir o Desporto e não para dares nas vistas.
Se o teu desejo é de passar despercebido e nunca ser vedeta.
Se sabes dominar realmente um encontro sem atitudes de espectáculo.
Se cumpres o dever, sem pensar um instante na galeria ou no que os jornais podem dizer.
Se és forte, bem forte, para não fazer caso dos aplausos ou dos assobios.
Se segues isto à risca, se é esse o teu programa.
Se jamais dele te afastares, mesmo que nem tudo seja perfeito ainda (e tu próprio assim concordarás) tu serás um dia, se é que não o és já, um desses árbitros que o Desporto reclama e mais tarde aqueles que hoje te criticam, dirão de ti:
FULANO FOI ALGUÉM!
Se sabes escutar as lições dos velhos, sem nunca as achares inúteis.
Se por tua vez podes aconselhar os jovens, sem tomar ares de grande senhor.
Se de quando em quando dizes a ti próprio, hoje a coisa andou mal.
Se podes suportar, sem pensar na maldade, que finjam ignorar o teu valor.
Se és incapaz dos outros invejar, sempre que algo façam de valia.
Se em vez de dizeres: Eu faria melhor, fores o primeiro a aplaudir o teu colega.
Se calando em silêncio os teus méritos, souberes gritar bem alto o dos outros.
Se exigindo respeito pela tua função de Árbitro, souberes merecer esse respeito.
Se o teu grande cuidado é saber manter a forma, mesmo ao preço dos esforços maiores.
Se chegas alegre e optimista aos Estádios, disposto a sair deles suado e fatigado.
Se só lá vais para servir o Desporto e não para dares nas vistas.
Se o teu desejo é de passar despercebido e nunca ser vedeta.
Se sabes dominar realmente um encontro sem atitudes de espectáculo.
Se cumpres o dever, sem pensar um instante na galeria ou no que os jornais podem dizer.
Se és forte, bem forte, para não fazer caso dos aplausos ou dos assobios.
Se segues isto à risca, se é esse o teu programa.
Se jamais dele te afastares, mesmo que nem tudo seja perfeito ainda (e tu próprio assim concordarás) tu serás um dia, se é que não o és já, um desses árbitros que o Desporto reclama e mais tarde aqueles que hoje te criticam, dirão de ti:
FULANO FOI ALGUÉM!
Das instruções recebidas da FIFA, respiga -se o seguinte: Os Árbitros internacionais só podem usar a insígnia da FIFA após terem dirigido, pelo menos, 6 desafios internacionais na Europa e na América do Sul. Outros continentes bastam 3 encontros, pois não tinham tantos jogos! Recebiam de ajudas de custo por dia no valor de 50 francos suíços. Para as competições preliminares do 7º Mundial (Chile-1962) os Árbitros deixam de ser convidados pelas Federações e passam a ser nomeados pela Comissão de Arbitragem da FIFA. Para o Mundial da Suécia, a FIFA escolhe Portugal, pela 3ª vez, para indicar um dos seus Árbitros.
Caballero Diaz (Espanha), diz-nos novidades sobre os equipamentos que os Árbitros utilizam no seu país. A saber: Blusão de tecido de gabardina, preto e sem debruados com elástico na cintura, uma fila de botões, gola e bolso no lado esquerdo. Camisa branca com gola aberta para colocar por cima do blusão e deixando ver os punhos. Calções de igual tecido que o blusão com cintura elástica. Meias de lã negras sem canhão nem desenhos de qualquer espécie. Sobre o calçado nada está estabelecido, cada qual utilizará o que lhe parecer mais prático, sendo todavia importante frisar que em Espanha todos os campos das 1ª e 2ª divisões são relvados! O bom calçado é o chamado meia bota do tipo Juwa lançado por fábrica situada na Corunha. É flexível e sobre a sola leva uma ligeira travessa sobre a qual se colocam seis pitons. Pesam aproximadamente 730 gramas. Outro modelo, sem travessas ou pitons mas com pregos, pesa 660 gramas.
Expressam-se notícias de Setúbal e de Évora.
Curiosidades: Analisa-se o famoso golo obtido pelo guarda-redes Acúrcio (Porto), que, após ter recebido a bola de um seu colega de equipa, pontapeou-a dentro da sua área de grande penalidade e obteve ponto directamente na baliza do Belenenses. Um Locutor da rádio disse que não valia… Assim como um jornalista relatou que o Árbitro anulou um golo, por fora-de-jogo, depois do jogador ter executado uma grande penalidade e a bola ter sido devolvida pela trave, introduzindo-a na baliza contrária… Coisas… Está a ser ventilada jornada de confraternização entre os Árbitros de Portugal e Espanha.
Jovino Pinto (ao centro), do Porto, com os colegas da Madeira, José Roldão Ferreira e Eurico de Freitas, equipa que dirigiu o encontro Nacional-Marítimo, em Abril de 1958, para apurar do clube que iria defrontar o representante dos Açores para a Taça de Portugal.
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