Este meu bom Amigo, pessoa profundamente conhecedora da matéria de arbitragem de futebol, foi um excelente Árbitro de futebol tendo atingido as mais elevadas posições na carreira, destacando-se as suas qualidades impares, pela coerência, personalidade, dedicação e muito gosto pela causa. Foi Formador de referência e, actualmente, exerce a função de observador da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol. Tive a felicidade de com ele partilhar a sua vivência os três congressos onde estivemos presentes: Caldas Novas (2004), São Paulo (2006) e, agora, Rio Grande do Sul (2008).
Urias Crescente Alves Júnior, nascido em 19 de Janeiro de 1923, é o Árbitro com mais tempo de arbitragem no Brasil. Quando a FIFA limitou os 50 para paragem total, Urias já tinha 60 e apitando bem. Continuou até aos 67. Por ser um Árbitro respeitado em todo o Estado de Goiás, os clubes só o queriam a ele. Os dirigentes diziam que o preferiam a arbitrar andando do que os outros correndo sem saber apitar. Só dava Urias!
Sempre muito bem disposto e comunicativo, tem recebido os mais elevados encómios pelo seu empenhamento à arbitragem brasileira, das quais destaco a comenda atribuída pelo Governo do Estado de Goiás, a Ordem do Mérito Anhanguera, somente aos ilustres goianios.
Como disse anteriormente, é com muito gosto que vou tentar expressar três pequenas histórias que me contou, as quais, exceptuando a última, são contadas na primeira pessoa:
1-Estava dirigir um desafio em que os adeptos de um dos clubes não estavam nada a gostar da sua actuação, razão por começaram a ofendê-lo, a chamar-lhe nomes e atingirem a honra a reputação da senhora sua mãe. Esta, ao ouvir na rádio o que se estava a passar no jogo do seu filho Urias, correu para lá e, no local, perguntou em alta voz quem é que estava a enxovalhá-lo. Ninguém, mas mesmo ninguém se manifestou… Pudera, pois a senhora sua mãe levava um revolver na mão!...
2-Naquele tempo, as estradas não eram lá grande coisa, razão porque partiam para os jogos com muita antecedência. Num dos trajectos a camioneta onde viajava avariou e já não seguiu viagem. Urias, apreensivo, só consegue boleia muito mais tarde num camião carregado de toros de madeira. Lá foi na caixa da carga e muito mal acomodado, como se compreende. Mais à frente o seu novo transporte também pifou. E as horas a passarem-se. Vinha um rapaz a cavalo e trazia outro pela trela. E não vai de modas. Pediu a montada emprestada e galopou para o local do jogo, tão depressa quanto possível. Conclusão: Pensa-se que deve ter sido o primeiro Árbitro no mundo a chegar ao campo montado num cavalo… E foi muito mal recebido, pois a hora prevista do jogo, já lá ia!
3-No Brasil os clubes que jogavam em casa é que pagavam directamente aos Árbitros que dirigiam os seus encontros. Um trio deslocou-se a uma cidade do interior e veio de lá com as mãos a abanar, pois não receberam. Como também não tinham dinheiro para a viagem de regresso, o chefe de equipa, que era polícia, arranjou um estratagema que resultou: Algemou os seus colegas, os Assistentes, e pediu transporte oficial para 2 perigosos bandidos que foram si apanhados…
Urias Crescente está a elaborar um livro de memórias e estou expectante quando sair, pois não quero perdê-lo de forma alguma.
Entretanto, já depois de ter este texto elaborado, e graças aos meus bons Amigos José Alberto Braga (que me cedeu a foto da época) e Teodoro Castro Lino, vim a saber, entre outras importantes informações, que Urias Crescente inaugurou o Estádio da Serra Dourada, em Goiânia, Capital do Estado de Goiás, donde é natural, no dia 9 de Março de 1975, com a presença de 79.610 espectadores. Um recorde que ainda não foi superado. E, surpresa das surpresas, o jogo que se disputou nessa data foi entre a selecção do seu Estado e a selecção portuguesa, que terminou com a vitória dos nossos irmãos brasileiros por 2-1… José Maria Pedroto era quem treinava a equipa de todos nós e foi Octávio que marcou o golo português.
Viva Urias!!!
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