Para quando a Associação Portuguesa de Árbitros? É o tema principal assinado por Filipe Gameiro Pereira, que gostosamente passamos a transcrever, pelo que de perto nos toca:
Seria faltar à verdade se afirmássemos que os nossos juízes de campo, apesar da maneira pouco respeitosa como são olhados, não procuram aperfeiçoar-se. Para rebater tal ponto bastaria analisar os trabalhos publicados neste pequeno jornal.
Todavia, há um pormenor importantíssimo que lamentavelmente se tem esquecido: a sua Associação. Ao contrário de outros países, os nossos juízes de campo têm cometido um tremendo erro olvidando a criação do seu Grémio, que seria fundado, orientado e mantido por eles. Em todos os países onde existe a associação de árbitros, esta não só tem o apoio geral da Federação e das Associações, como, ao mesmo tempo, é considerada instituição de grande utilidade para o jogo.
Parece que entre nós se considera mais útil discutir no exterior os problemas que somente interessa à classe, do que criar o “local” próprio para os mesmos debater.
Neste momento, em que o futebol parece querer marcar a sua posição, ou por outras palavras, procura a sua independência, afigura-se-nos ser a altura própria dos árbitros lutarem por uma emancipação definitiva e em condições não de vassalagem, mas sim de igualdade de tratamento.
Em relação às Comissões distritais, vão, estas, por feliz iniciativa da de Braga, estudar e discutir o futuro da arbitragem nacional. Afigura-se-nos que, melhor do que ninguém, os dirigentes dos Árbitros, porque passam “necessidades”, o que é indispensável fazer.
Agora são as Comissões Distritais. E os árbitros, para quando a sua Associação Nacional?
-Filipe Gameiro Pereira-
Nota: Foram necessários 21 anos para que fosse concretizado este sonho. No dia 12 de Maio de 1979 foi, finalmente, criada a Associação Portuguesa de Árbitros, graças à iniciativa de um grupo de árbitros lisboetas que animados de forte espírito colectivo e de grande empenho pela defesa da causa levaram a cabo tal proeza. Eis os seus nomes (por ordem alfabética): Alberto Helder, António Marçal, Carlos Santos, Fernando Correia, Fradique Figueiredo, Joaquim Campos e Mário Real, os quais, felizmente, ainda pertencem ao número dos vivos!
É dado o grito de alarme pela situação por que passa Aureliano Augusto Fernandes vítima de bárbara agressão à saída dum campo de futebol onde tinha actuado. Foi submetido a três operações, está incapacitado para o trabalho e afastado do convívio de todos nós. Está abandonado pela hierarquia e vive afectado quer o seu estado físico quer moral. Pensa-se fazer uma festa de homenagem para angariação de verbas para o seu sustento e dos dependentes, dois filhos de 3 e 4 anos de idade.
Destaca-se, ainda: as resoluções finais tomadas no Curso de Instrutores da FIFA, com a relevante importância que os filmes formativos têm na uniformização de critérios a serem utilizados universalmente; Braga promove a realização do Congresso Nacional das Comissões Distritais; o Árbitro francês Jean Louis Groppi agradece as deferências recebidas quando em Lisboa, dirigiu o amigável Portugal-Espanha e as decisões do International Board.
Os artigos de opinião, assinados, foram os seguintes:
A Personalidade do Indivíduo quando Árbitro de Futebol, por Balseiro Guerra; Carta do Brasil, por Fernando Campos; Árbitros Amadores ou Árbitros Profissionais? do belga L. Nyster-Péter; o Treinador do Barreirense, Lorenzo Ausina, dá conta que a FIFA deve amparar os Árbitros que actuam em jogos internacionais; Carlos Alberto das Neves assina uma petição sobre os cartões de livre entrada nos campos de futebol; Para se ser Árbitro… a crónica do eborense Lourenço José Simões; Joaquim Campos diz que a Preparação Física é um dos grandes segredos para uma melhoria do nível da arbitragem; O Sol quando nasce será para todos? pergunta Carmo Lourenço e Arbitragem de futebol na Turquia, apontamento de Cezmi Basar.
Descrevem-se, ainda, notícias da Regional de Santarém, assim como as rubricas Agenda do Árbitro e as Apitadelas, espaço criado por Joaquim Carvalho (caricatura), têm a sua habitual presença.
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