segunda-feira, 16 de junho de 2008

ESTUDO SOBRE COMPORTAMENTO DOS ÁRBITROS CONTRARIA RECOMENDAÇÕES DA FIFA E TRAZ NOVIDADES

Uma tese de doutorado da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) analisou diversos aspectos referentes à actuação do árbitro dentro de campo, como distâncias percorridas, nível de concentração, erros e acertos. O trabalho mostrou que 72% das faltas apitadas em campo foram consideradas correctas e que, nos últimos 15 minutos da partida, os erros são menos frequentes.

Dos 30 minutos do segundo tempo até o final do jogo, mais de 85% das faltas foram marcadas correctamente. Já nos primeiros 15 minutos do 2º tempo, quase 46% das marcações foram consideradas erradas. Segundo psicólogas que acompanharam o estudo, as principais razões que podem levar os árbitros a se mostrarem mais atentos no final da partida são a menor ansiedade e maior activação. A pesquisa também detectou que estar em cima do lance não garante acerto e que os juízes são submetidos a um esforço físico comparável ou até superior ao dos atletas.

Para o autor da tese, o fisiologista e professor da Unifesp Mário César de Oliveira, acredita-se que isso seja resultado da sensação de “alívio” do juiz por ter cumprido a tarefa de dirigir o desafio. No começo da partida, existe uma preocupação sobre o andamento do jogo. No final, a sensação de ‘missão cumprida’ pode dar uma certa segurança para o árbitro, afirma.

O estudo também comprovou haver uma relação directa entre o acerto na marcação das infracções e a distância do árbitro em relação à jogada. Mas com uma surpresa. Nem sempre estar em cima do acontecimento garante o acerto. Nas distâncias entre 20 e 25 metros, os juízes mostraram mais condições de visualizar a falta. Mais de 80% das infracções marcadas a esta distância foram consideradas correctas pela comissão. Nas distâncias de 15 a 20 metros, houve maior número de erros, com mais de 32% de falha dos juízes. A distância entre o juiz e a jogada recomendada pela FIFA é de aproximadamente 18 metros.


A base desta pesquisa foi a observação de oito árbitros da Federação Paulista de Futebol que actuaram nos desafios do Campeonato Paulista Sub-20 de 2002. A média de idade dos juízes observados era de 26 anos.

Quanto à profissionalização e o desgaste físico dos árbitros durante as partidas também foram analisados. Uma conclusão preocupante, se pensarmos na qualidade final da arbitragem, é que o juiz é exigido como um atleta profissional, mas não tem um treinamento exclusivo, que lhe garanta um condicionamento físico digno de um Cafu, Kaká ou Adriano (jogadores de referência). Para o autor da pesquisa, se a arbitragem de futebol fosse elevada à categoria de profissão e se a dedicação à função fosse em tempo integral, eles poderiam ter um desempenho melhor.

A pesquisa constatou que, em média, os juízes perdem 2 quilos em cada jogo e percorrem quase 9.400 metros. Segundo Oliveira, essa distância é bem grande, se comparada com a percorrida pelos jogadores, que varia, de acordo com a posição, entre 8 e 11 km.

A freqüência cardíaca observada demonstrou um bom preparo físico dos juízes, já que a média se manteve em 160 batimentos por minuto e, a máxima, chegou a 166 no primeiro tempo. Os árbitros demonstraram predominância de “trotadas” durante a sua actuação, o que acontece em quase 44% do tempo da partida. A “caminhada” também é comum por parte dos árbitros, sendo observada em mais de 31% do jogo. Os “piques” são dados em apenas 1,13% do desafio.

Sobre a concentração foi comparado ainda o nível dos juízes antes e depois da partida. O desempenho no teste de atenção concentrada não apresentou diferença no início e no final do encontro, mas o teste de rapidez teve resultados superiores após os 90 minutos. Os árbitros apresentaram quase 20% de melhora no teste de rapidez ao final do jogo.

Fonte: SAFESP-Sindicato dos Árbitros de Futebol do Estado de São Paulo.

Sem comentários:

Enviar um comentário