segunda-feira, 7 de julho de 2008

A ARBITRAGEM NOS MUNDIAIS, 1938-FRANÇA (III)

O campeonato disputado em França, foi a terceira prova maior organizada pela FIFA e contou com a participação inicial de 16 países, dado que a Áustria (apurada) foi impedida de competir por ter sido invadida pelas tropas hostis da Alemanha nazi, no dia 12 de Março.
A FIFA decidiu que a França seria a sede do Mundial em detrimento da candidatura da Argentina, alegando que o torneio seria uma excelente oportunidade para dissipar a tensão e mostrar que havia unidade no continente europeu.
A Áustria. França e Inglaterra condenaram a invasão mas não foram além de protestos diplomáticos. Jules Rimet recusou todas as propostas para que o Mundial de 1938 fosse adiado.
-Estádio de Olímpico de Colombes (Paris)

A Alemanha surgiu na prova como favorita, super reforçada, uma vez que a FIFA permitiu que alguns austríacos jogassem pelo conjunto bávaro. Disputado em moldes diferentes, o Mundial começava logo com os oitavos de final. -Pierre George Louis Capdeville, Árbitro FIFA-

Antes, porém, nas eliminatórias participaram 36 selecções, incluindo a portuguesa que não se apurou, pois em Milão, no dia 1 de Maio de 1938, averbou derrota por 1-2, com a Suiça, tendo esta seguido em frente e nós para Lisboa. Este jogo foi dirigido pelo italiano Francesco Mattea e os suíços só marcaram um golo (George Aeby aos 23”). Os outros foram por Mariano Amaro, aos 28” na própria baliza e por Peyroteo, aos 73”, de grande penalidade. Para que o pesadelo fosse completo o João Cruz, camisa 11 de Portugal, não converteu uma grande penalidade aos 55”… -Com os capitães Meazza (Itália) e Sarosi (Hungria)

A fase final foi uma competição muito tensa, marcada pela gravíssima situação internacional. A guerra civil espanhola estava no auge o que levaria a Europa e o mundo à segunda guerra mundial, pouco mais de um ano depois do certame. A Áustria que fora anexada pela Alemanha nazi não participou do mundial, pois foi obrigada a ceder seus jogadores à selecção alemã. As grandes forças futebolísticas eram a Itália, campeã mundial, a Hungria, a Checoslováquia e o Brasil. -Selecção italiana e a saudação nazi-

Foi o primeiro mundial em que a selecção do Brasil surgiu organizada, evitando as eternas e infrutíferas lutas entre cariocas e paulistas. O Brasil tinha um grande jogador, o seu primeiro grande génio da seleção em fases finais, Leónidas da Silva. Na estreia um épico, Brasil-Polónia (6-5). Um jogo cheio de alternativas no marcador, só decidido no prolongamento. A intensidade foi total e acabou com vários jogadores lesionados nas duas equipas. -Itália Hungria-

Nos quartos-de-final o Brasil teve que jogar duas vezes com a Checoslováquia (1-1 e 2-1). A Itália eliminou a França, dona da casa, por 3-1. Os húngaros avançaram com seu futebol técnico eliminando a surpreendente Suíça por 2-0, a tal que nos eliminou. O destaque coube à Suécia que não jogou anteriormente (seu adversário seria a Áustria) que esmagou a turma de Cuba por 8-0. Na semifinal o Brasil, sem Leónidas (poupado?), perdeu para a Itália, campeã mundial, por 1-2. Os húngaros confirmam sua força e goleiam a Suécia por 5-1. A selecção brasileira ganhou à Suécia na decisão do 3º lugar por 4-2. -Itália Hungria-

Na final, na presença de 45.000 espectadores, a Itália de Vittorio Pozzo, técnico, e do grand Giuseppe Meazza, contra a forte Hungria venceu a Hungria por 4-2, e a Esquadra Azzurra era a primeira selecção a ser bicampeã mundial de futebol.

-Itália Hungria-

O jogo foi dirigido por Pierre George Louis Capdeville (francês), e auxiliado por Hans Wuethrich (suíço) e Augustin Krist (austríaco). -Os italianos festejam o título-

Leónidas da Silva (n. 06.09.1913 e f. 24.01.2004) foi o melhor marcador, com 8 golos. Passou a vida a jurar que não foi ele que inventou o pontapé de bicicleta, foi Petronilho de Brito, ele viu, treinou, imitou… certo é que foi Leónidas o primeiro a mostrar ao Mundo tal golpe de génio, em 1933, no estádio Centenário, em Montevideu. Um dos golos de Leónidas foi marcado com o atacante descalço, quando se preparava para trocar de chuteiras perto da área polonesa quando recebeu um presente do goleiro polaco, que escorregara ao tentar executar pontapé de baliza, pois o piso estava muito enlameado. O atacante rematou de pronto, ainda com a chuteira na mão. Queria continuar a actuar descalço mas o Árbitro, o sueco Ivan Eklind, não deixou. -Capitão Meazza recebe o troféu das mãos do presidente francês, Albert Lebrun-

Em termos disciplinares verificaram-se 4 expulsões: Brasil, 2 (Zé Procópio e Machado), Alemanha, 1 (Pesser) e Checoslováquia, 1 (Jan Riha). -Campeões do Mundo-
Pozzo até hoje é o único técnico campeão mundial em 2 oportunidades como treinador.
Espectadores-Apesar de a França ter ficado cedo pelo caminho, a prova foi um sucesso. 375 mil espectadores assistiram aos jogos, na final não ficou um único bilhete por vender. Dezoito partidas, 84 golos, um recorde… A Hungria foi a equipa que mais golos marcou: 15.Avião-Mundial com novidades.

-Leónidas da Silva, bola de ouro-

A prova foi disputada em 9 cidades, obrigando a maratona de viagens. Mussolini fretou um avião para os “senhores do mundo”, mordomia que mais ninguém teve. Médico-Álvaro Lopes Cansado. Jogador e… médico do Brasil. Doutor Álvaro quando fazia de médico, apenas Nariz quando jogava, Nariz, o defesa central…Espanha-A guerra civil que tudo dizimava deixou nuestros hermanos em casa. A Argentina também não se deslocou a França, tudo porque perdeu para os gauleses a organização da prova. Presenças exóticas» Cuba e a Indonésia, perdão, Índias Orientais Holandesas, era assim que se chamava então a actual Indonésia, marcaram presença no Mundial. -Brasil Checoslováquia-

Número de jogos: 18
Número de golos marcados: 84
Total de espectadores: 408.602

-Brasil Polónia-

Quanto à arbitragem diremos que participaram 25 Árbitros, representando os seguintes países: Alemanha, 2. Áustria, 1. Bélgica, 2. Checoslováquia, 1. França, 13. Holanda, 1. Hungria, 1. Itália, 2. Suiça, 1 e Suécia, 1, os quais exerceram a função de Árbitro e de auxiliares: 13, e só auxiliares: 12. -Selecção das Ilhas Holandesas-

Eis os seus nomes, datas importantes, países e funções (Árbitro=AR e Auxiliar=FL):
Alfred Birlem (n. 10.01.1988), Alemanha, AR=1 e FL=1. Alois Beranek (n. 15.01.1900) Áustria, AR=1 e FL=3. Augustin Krist (n. 12.12.1894) Checoslováquia, AR=1 e FL=2. Charles de la Salle (n. ), França, AR=0 e FL=2. D. Boutoure (n. ), França, AR=0 e FL=3. D. Olive (n. ), França, AR=0 e FL=2. D. Trehou (n. ), França, AR=0 e FL=1. Ernest Kissenberger (n. ), França, AR=0 e FL=2. Ferdinand Valprede (n. ), França, AR=0 e FL=2. George Capdeville (n. 30.10.1899 f. 24.11.1991), França, AR=2 e FL=1. Guiseppe Scarpi (n. 25.12.1900), Itália, AR=1 e FL=2. Hans Wuethrich (n. 01.11.1889), Suiça, AR=2 e FL=2. Ivan Eklind (n. 15.10.1905 e f. 23.07.1981) Suécia, AR=2 e FL=1. Jan Lagenus (n. 08.12.1891 f. 01.10.1952), Bélgica, AR=2 e FL=0. Jean Markcx (n. ), França, AR=0 e FL=1. John Van Moorsel (n. ) Holanda. AR=0 e FL=3. Karl Weingartner (n. ) Alemanha, AR=0 e FL=1. Louis Poissant (n. ), França, AR=0 e FL=1. Lucien Leclercq (n. 16.01.1897), França, AR=2 e FL=0. Luis André Baert (n. 29.12.1903), Bélgica, AR=1 e FL=1. Pal Von Hertzka (n. 1893), Hungria, AR=1 e FL=0. Paulo Marenco (n. ) França, AR=0 e FL=4. Rinaldo Barlassina (n. 02.05.1898), Itália, AR=1 e FL=0. Roger Conrie (n. 01.10.1988), França, AR=1 e FL=0. Victor Sdez (n. ), França, AR=0 e FL=1. -Suiça Alemanha-

Nos dados oficiais consultados verifiquei que a FIFA considera que Alois Beranek (austríaco) e D. Boutoure (francês) actuaram no mesmo dia e à mesma hora, como auxiliares, em dois encontros, Suécia-Cuba, em Antibes e Hungria-Suiça, em Lille, cuja distância entre as cidades é de, aproximadamente, 1.140 quilómetros. Já solicitei àquela entidade o devido esclarecimento.-França Itália-

A guerra interromperia o torneio por 12 anos. O Campeonato do Mundo só voltaria a ser disputada em 1950, no Brasil. -La Gazzetta delo Sport, de 20.06.1938-

Vídeo da final: http://www.youtube.com/watch?v=4BUS45nTOZM&feature=related

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