segunda-feira, 4 de agosto de 2008

UM DIA NA PRAIA… MAS NOS ANOS 40/50…

-1950: MINHA IRMÃ IVONE, COMIGO, NA PRAIA DE SÃO PEDRO DO ESTORIL-

Era uma festa quando a nossa mãe, a Dª Ester, nos dizia, naquela altura, que no domingo íamos até à praia!...

Morávamos na rua Cecílio de Sousa, numa habitação térrea, sem as mínimas condições para uma habitação normal. Dois quartos para 5 pessoas (meus pais e meus irmãos e eu), sem energia eléctrica e outras comodidades básicas, sair deste ambiente era uma bênção!
-ELÉCTRICO 1901 A 1988-

Então, a nossa mãe, uma organizadora nata – de quem aprendi muito do que sei hoje – preparava tudo o que fosse necessário para que nada faltasse. -ELÉCTRICO: 1902 A 1960-

Fazia um arroz de pimentos (ou de tomate) cujo aroma e sabor ainda recordo, passada que foram esta montanha de anos, deliciosas pataniscas de bacalhau (com o dito) até dizer chega, muito pão e muita fruta, muita salada e gasosa (limonada) para a miudagem. Eram estes os mantimentos para todo o maravilhoso dia fora de portas. -ELÉCTRICO: 1939 A 1963-

Para os transportar eram utilizados os tachos de barro (pesadíssimos), embrulhados em papel de jornal, tudo metido em cestos com duas asas e lá ia toda a família a caminho de Algés, Cruz Quebrada ou Caxias, das mais distintas praias da linha do Estoril, mas só frequentadas pelos mais carentes.

A deslocação era feita de eléctrico, com partida bem cedinho do Príncipe Real (antigamente Patriarcal ou Praça do Rio de Janeiro) com destino ao Cais do Sodré onde voltávamos a apanhar outro eléctrico que nos levava até ao fim da linha. Por vezes ainda passávamos pela Praça da Ribeira para abastecer os frescos. Depois, lá íamos, carregados e cheios de força para suportarmos a praia, agressiva quanto baste, pelo imenso sol e pela salinidade da sua água.
E pronto, chegados ao destino – quando era Caxias, depois da Cruz Quebrada ainda íamos a pé um bom bocado (cerca de 7 quilómetros), mas era muito mais chique, muito mais finório.
Assentávamos num espaço que nos conviesse e optávamos por banho, exposição ao sol, (sem qualquer cuidado primário), jogar à bola (que era proibido), brincar, almoçar – naqueles pesados pratos de louça – descanso, enfim, o dia era bem passado na companhia de toda a família.
E, no final do dia, o regresso a casa: com a trouxa mais leve, naturalmente, mais eléctricos, chegar à caminha era um desejo tremendo, mas as costas ardiam que nem um braseiro e a indisposição era generalizada.
Também, graças a acções da Junta de Freguesia e à nossa condição de necessitados, era-nos possibilitada a frequência das Colónias de Férias de Lousa, Foz do Arelho e a do Jornal O Século, em São Pedro do Estoril!

Hoje as praias de Algés, Cruz Quebrada e Caxias embora não classificada como tal, mas também com um número significativo de frequentadores, não estão nas melhores condições e os riscos que patenteiam para a saúde pública são reais por apresentarem um historial de má qualidade da água, dado ainda estarem inseridas no caudal do rio Tejo.

2 comentários:

  1. Também eu, em 1950, com 10 anos de idade, comecei a dar as primeiras braçadas atirando-me à agua, da ponte de ferro que lá existia.
    E, os piqueniques nas matas, e o cabo-de-mar a verificar se o calção de banho tapava o umbigo...
    Saudades de infância...

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  2. Tb eu estive por 2 vezes na Colónia Balnear Infantil " O Século", nos anos 40.
    Recordo-me bem de algumas caras, principalmente daquelas que comigo estão numa foto.
    Hoje, até tenho saudades desse tempo...como eu gostava de "andar" para trás...
    Se tiver interesse, diga, que eu mando-lhe uma foto que estou com mais 5 ou 6 amigos.
    O meu email é tokolocha@gmail.com .

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