MORREU AURELIANO FERNANDES – Logo na primeira página se dá a triste e esperada notícia de que este nosso colega setubalense não resistiu aos ferimentos sofridos pela agressão selvática de que foi alvo. Continuaram as manifestações de solidariedade para com os seus mais próximos, dois órfãos de tenra idade e a viúva, que sobreviviam em precárias condições. A quantia apurada até então cifrava-se em 5.814$00, mas, face ao desenlace, aguardava-se novas e mais contribuições. O programa radiofónico Golo, de Lança Moreira, recebeu de uma anónima a verba de 50.000$00.
Quanto aos temas publicados o destaque vai para O Árbitro tem de ajudar, mas a crítica também, referindo-se a um escrito no jornal Mundo Desportivo que evocava a necessidade de existir uma absoluta uniformidade de critério entre os Árbitros, como peças fundamentais do jogo, para prestígio e valorização do espectáculo. -Blanco Perez-
Elisée Orazi assina o seu trabalho Para uma melhoria da arbitragem onde aborda temas actualizadíssimos, tais como a conduta do Árbitro, a entrada em campo, os sinais, as posições e as decisões com o apito. Curiosamente ou talvez não muito das sugestões que evocava são hoje aplicadas oficialmente pela FIFA. Este seu estudo é baseado no livro de Karl Koppehel, editado em 1937.
Como sempre o regular Carmo Lourenço contribui com o excelente texto Critério a uniformizar. A Redacção do Boletim, com o título Convite à agressão, reage às malévolas insinuações e afirmações que o jornalista Araújo Gouveia faz na revista Mundo, depois da agressão de que foi vítima Eduardo Gouveia num jogo no Estádio da Tapadinha, em Lisboa, afirmando que os juízes estão a pedir passagem à reserva; que têm medo de apanhar pancada; sofrem influências dos clubes poderosos ou dos que jogam em casa; inventam penalidades e outros chorrilhos de asneiras. Terminava assim, pasme-se: E há socos que são uma bênção de Deus…
A reunião da Comissão de Arbitragem da FIFA em Lisboa foi objecto de registo com as decisões que mereceram as 6 propostas que lhe chegaram: a interrupção do encontro por pessoa alheia ao jogo; agressão cometida por jogador sem que o Árbitro se aperceba; jogador que reentra sem autorização; guarda-redes e os quatro passos; grande penalidade marcada em prorrogação de tempo; jogadores lesionados com o jogo a decorrer.
O Árbitro estrangeiro de mês a mês é o internacional espanhol Blanco Perez.Kurt Gassmann faz considerações sobre a organização do mundial 1958-Suécia destacando que nem tudo correu como se esperava, pois a alimentação, as instalações, os períodos de lazer, mereceram reparos. Também a função de Auxiliar não foi muito do agrado de alguns, pois não se sentiam muito à vontade e houve muitas intromissões da sua parte que não ajudaram, bem pelo contrário, logo as actuações não foram muito conseguidas.
António Calheiros, de Lisboa, apresenta Úteis conselhos aos Árbitros de futebol que sintetizamos: Conhecer as regras do jogo; estar em boa forma física; seguir o jogo de perto; não se excitar; não hesitar; esforçar-se por passar despercebido; não discutir com os jogadores; não pretender justificar a decisão tomada; não fazer caso dos espectadores; falar o menos possível e cortesmente; não ameaçar nunca os jogadores com os dedos e evitar tocar-lhes com as mãos nas costas; não tomar parte no jogo, isto é, não se interessar pelo resultado; chegar ao campo uma hora antes do encontro; não esquecer os fiscais de linha; proteger o guarda-redes; não perder tempo com apitadelas inúteis; ser um verdadeiro director da partida e não um polícia. Nota: As recomendações estão actuais e subscrevo-as na íntegra! A Comissão Distrital do Porto informa os seus filiados quanto a composição das equipas de arbitragem, nomeações para os jogos, actuação das equipas, reuniões semanais das equipas, conferência de licenças e identificação dos jogadores, marcação do terreno de jogo e prevenção. Deste último ponto deixem-me divulgar o seguinte: Diz a referida Comissão que noutras modalidades estavam a obrigar que aos Árbitros seja colhido sangue para se averiguar se se encontravam em estado de embriaguez (!). No futebol há que recusar tal prática, por ilegal e atentatória da dignidade humana, recorrendo, se tanto for preciso, à força pública para o evitar. (Ora toma!).
Sem comentários:
Enviar um comentário