segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

ETIQUETA

Diz o dicionário que, além de ser um substantivo feminino, é um conjunto de cerimónias usadas na corte e no trato social; trato cerimonioso; regra; estilo; legenda; rótulo que se põe sobre alguma coisa para indicar o conteúdo, o preço, etc.

O que pretendo explanar nesta crónica, é o que o Árbitro, o responsável pela partida que vai dirigir entre duas dignas equipas adversárias, tenha o máximo de lisura comportamental perante aqueles a quem vai avaliar quanto a procedimentos técnico e disciplinar, compartilhar o momento e relacionar-se enquanto estiver nas funções para que foi preparado.

Terá que ter permanentemente uma atenta introspecção do que é a sua missão específica no seio do futebol e praticá-la sem rodeios, sem arbitrariedade, sem autoritarismo ou arrogância.

Deve saber ouvir e decidir, agindo em conformidade. O facto de ser o responsável máximo na direcção do desafio para que foi nomeado, não lhe dá o direito de se sobrepor às leis e aos regulamentos, e à ética que a tarefa requer e obriga.

Procurará, na cabina da equipa de arbitragem, elucidar, objectivamente e com a tranquilidade exigida, os delegados dos clubes intervenientes no espectáculo para situações que se prevêem venham a acontecer, tais, como exemplo, a questão onde devem os suplentes fazer os exercícios de desentorpecimento muscular, quando necessitar de nova bola, a questão do comportamento dos responsáveis no banco de suplentes e lembrar o que está estabelecido quanto ao modo de dar instruções durante o jogo aos seus atletas, as substituições, que o jogo deve começar à hora marcada, o procedimento a ter quanto a lesões dos jogadores e tantas outras circunstâncias que possam vir a surgir durante a partida.

Enfim, um rol de vicissitudes que, tratadas antecipadamente, são excelentes créditos para o Árbitro que, como chefe de equipa, deve ser só ele a transmitir essas indicações com os seus interlocutores directos e nunca delegar essa tarefa aos seus auxiliares, pese embora a categoria e estatuto que possuam. Dentro do terreno de jogo, para além de tentar chamar os atletas e os elementos do bancos pelo seu próprio nome – nem sabem o que de vantajoso lhe é proporcionado quando este género de tratamento personalizado é desenvolvido – e ter atitudes que o enobrecem, sem dedos espetados ou gestos menos conseguidos ou apropriados, sem gritar ou discutir com quem quer que seja.

Impor-se, isso sim, pela discrição, saber e tolerância. Exibir os cartões disciplinares sem agressividade ou com insensatez. Falar com o máximo de respeito para ser respeitado. Saudar quem tem de cumprimentar. Evitar tocar nos jogadores, quer quando se encontrem no solo ou colocados nas barreiras.

O Árbitro se tiver que dizer algo aos elementos do banco de suplentes é lá que o deve fazer, e nunca à distância, a clamar, dando uma de fraqueza a todos que o vêem, que logo entendem, estar a evitar dar mais uns passos e de que está a ter excesso de autoritarismo, do género: eu posso, eu quero e eu mando!

Os Assistentes, para além de estarem totalmente empenhados na tarefa que lhes confere a lei, devem prestar toda a colaboração ao seu colega que se encontra a dirigir a partida. Evitar a todo o custo intromissão nos seus poderes. Terão que ter especial atenção aos procedimentos ilícitos por parte dos interventores no jogo e, se for caso disso, transmiti-los pormenorizada e objectivamente ao Árbitro, para que, de acordo com a sua análise, actue de harmonia com a decisão que assumirá e nunca por “imposição” do colega que logo lhe disse para mostrar o cartão da cor tal…

É gratificante que o Árbitro e os seus colegas passem despercebidos, que façam o seu trabalho com humildade e de harmonia com o que está estipulado quanto ao cumprimento das leis e regulamentação. A sinalética adoptada deve ser aquela que estão nos compêndios e não outra ao gosto pessoal de cada qual, o que mais se vê nos rectângulos de jogo.

Quando o jogo terminar haverá que, tão depressa quanto possível, despachar a documentação oficial, com as incidências que se verificaram (golos, advertências ou expulsões, recolha de assinaturas e tudo o que for necessário tratar, como o preenchimento do relatório) e devolver aos dirigentes credenciados dos clubes os seus próprios documentos (cartões dos inscritos na ficha de jogo) para que, sem esperas escusadas ou despropositadas, façam o seu regresso tranquilamente e sem delongas.

Em suma: O Árbitro sabe leis, está bem preparado física e psicologicamente, mas terá que ter em conta que tudo o resto também é da sua competência. Por isso é que as entidades organizadoras das competições confiam na sua personalidade, na sua conduta.

Se todos os Árbitros procederem assim, fora ou dentro do relvado, verão que serão sempre recordados pelas pessoas que foram tratados com lhaneza já que o respeito é sempre algo que se pratica e nunca imposto!

A nossa etiqueta é estar sempre (mas sempre) bem connosco, com o futebol e com todos os seus agentes!

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente caro amigo Alberto Helder;antes de cada partida se iniciar todos os intervenientes nesse fabuloso espectáculo que é um jogo de futebol,deveriam ler esta crónica...certamente todos teriam outro tipo de atitudes, por vezes tomadas sem perceber a dificuldade de ajuízar bem...muito principalmente quando a paixao nos reforça a emoçao...
Um abraço
Joao M. Roma