Do Boletim “O
Árbitro” nº 74 (Ano VII), editado há precisamente 50 anos, destaca-se o
seguinte:
ÚLTIMAS PALAVRAS –
Hugo Silva, o Editor, por ter terminado as suas funções na Comissão Central,
despede-se de todos agradecendo as atenções que recebeu ao longo do mandato.
O PROBLEMA DA
ARBITRAGEM DO FUTEBOL
O Dr. Amadeu
Rodrigues, director do jornal conimbricense “A Voz Desportiva”, ao abordar a
questão da integração do sector no seio federativo, e dos muitos que não apoiam
tal medida, fala, ainda, do constante e ruinoso atraso no pagamento das
deslocações e pelos prémios dos jogos que dirigem. Exige-o o prestígio do
futebol, mesmo o das suas delicadíssimas funções de juízes. Sugere voltar à
fórmula primitiva, isto é no intervalo ou no final da partida, mediante recibo
discriminativo e de harmonia com as tabelas previamente estabelecidas, os
Árbitros receberiam as importâncias a que tinham direito. Fez-se nos tempos de
antanho e nunca houve qualquer complicação que pudesse condenar o sistema
utilizado. Assim tudo ficaria arrumado imediatamente com a maior simplicidade,
sem mais delongas. Agora o que não pode continuar a vigorar é o adiantamento de
valores por parte dos Árbitros para pagar deslocação e alimentação da
actividade desenvolvida em favor de Federação! De resto, apesar de tudo, o
futebol não precisa dessas esmolas, e o seu prestígio de nenhum modo as
consente.
NA COMISSÃO
DISTRITAL DE AVEIRO TRABALHA-SE…
Carlos Paula, delegado
do boletim neste Distrito relata a palestra proferida por Joaquim Campos,
subordinada ao tema: “Sobre dificuldades que o Árbitro encontra em campo e o
processo de as resolver satisfatoriamente”. Dignaram-se a assistir a este
exposição inúmeros filiados da Comissão Distrital local, assim como seus
dirigentes, incluindo Hugo Silva, da Comissão Central.
António da Costa
Geraldes Aires, Árbitro setubalense, assina “Considerações de um novo”, dando a
sua opinião de como se deve tratar os assuntos da arbitragem, logo longe dos
espaços públicos. Reis Neves adapta de L’Erbitre
Subisse, o texto “Camaradagem e factores diversos”. “Não basta a bola sair
da grande área” da autoria de Carmo Lourenço.
VAMOS AO QUADRO
António Augusto Santos apresenta onze questões
relacionadas com as leis do jogo, valendo-se deste curioso gráfico.
Para participarem em
cursos de arbitragem deslocaram-se ao estrangeiro o presidente da Comissão
Central, Dr. Fernando Pimenta e o Árbitro internacional Joaquim Campos, ambos a
Riccione (Itália) e Filipe Gameiro Pereira à Tunísia, correspondendo, assim, a
convites das respectivas Federações.
Por via de resolução
ministerial a Comissão Central passa a ser constituída pelos seguintes elementos:
Dr. Fernando Pimenta, presidente, designado pela Direcção-Geral dos Desportos.
Raimundo Prieto e João Fernandes Alegria, ambos do Porto e João Silva, do
Porto, indicados pela Federação Portuguesa de Futebol. Luís Antunes Gaspar e
Guido Gomes Rosa, de Lisboa, e Augusto Marques Bom, de Coimbra, membros eleitos
pelos Árbitros.
Os Árbitros de
Valência (Espanha) viviam numa dependência da sua Federação muito acanhada e
sem condições. Para resolver esta grave situação quotizaram-se e adquiriram um
andar, passando a ter instalações condignas aos seus objectivos.
PÁGINA DA COMISSÃO CENTRAL
Esta entidade dá a
conhecer um conjunto de deliberações emitidas desde 1959, na expectativa de que,
entre outros assuntos de importância, os critérios de apreciação e de
julgamento sejam uniformes para todos aqueles que ingressem nos quadros
nacionais, recordando-se a seguir, algumas delas: Devem reprimir o jogo
violento e perigoso não hesitando em expulsar os prevaricadores. Não
consentirem, seja qual for o pretexto, que os jogadores discutam as suas
decisões. Só devem dar início aos jogos com a equipa de arbitragem completa.
Não devem aproveitar das deslocações respeitantes às partidas para que estejam
nomeados para tratarem de quaisquer assuntos da sua vida particular, seja a que
título for. Para efeitos de activar o seguro em caso de sinistro pede-se aos
Árbitros que mencionem especificadamente no relatório do jogo qual o meio de
transporte utilizado pela equipa de arbitragem. É obrigatório o uso do emblema
da Comissão Central pelos Árbitros dos seus quadros, constituindo infracção
disciplinar a quem assim não proceda. Quem não puder comparecer ao jogo por
motivo de doença deverá apresentar atestado médico dentro de 48 horas. Especial
atenção a quem, das equipas contendoras, pode entrar e permanecer na zona do
campo, como delegados ao jogo, médicos, massagistas, treinadores e jogadores
suplentes quando equipados e ainda fotógrafos, elementos da Rádio e Televisão,
quando em serviço. É rigorosamente proibido a essa pessoa e entidades dar
indicações, por palavras, sinais ou quaisquer outros meios, aos jogadores em
campo. No caso de não cumprimento destes preceitos, o Árbitro deverá suspender
o jogo e mandar retirar o prevaricador, recorrendo, se necessário, à força
pública. A Comissão Central recomenda que os seus filiados devem sancionar
todos os actos contrários à ética desportiva e participá-los à entidade
organizadora da competição, sempre com rigorosa identificação dos
transgressores.
Com a edição do
Boletim federativo (na imagem), que se aplaude, a Direcção determina que o Árbitro terá de proceder
à identificação segura das pessoas que exercem funções oficiais nos jogos e dos
jogadores expulsos do terreno.
No caso dos jogadores
excluídos do rectângulo de jogo ou merecedores de sanção equiparada os seus
cartões devem ser retidos pelo Árbitro que fará o seu envio juntamente com o
boletim da partida para a Federação.
No curso de Riccione,
para além da presença de cerca de 200 Árbitros transalpinos, contou-se, também,
com o presidente da FIFA, Sir Stanley Rous e representantes d treze países,
como Portugal, Espanha, França, Luxemburgo, Bélgica, Áustria, Malta, Chipre,
Turquia, Alemanha Ocidental, Jugoslávia e Inglaterra.
Na foto vemos o
Árbitro austríaco Friedrich Seipelt [02.04.1915†07.05.1981], retirado da
actividade por limite de idade, foi logo aproveitado para dirigir os destinos
da arbitragem do seu país.
O Treinador húngaro
Gusztáv Sebes [22.01.1906†30.01.1986], numa entrevista declarou que as leis do
jogo deveriam ser modificadas, exemplificando que deveriam ser abolidos o
pontapé de canto, o fora de jogo e por cada três pontapés de canto dariam
direito a um pontapé de grande penalidade. Chega a esta conclusão pelas
tácticas defensivas que assaltam o futebol mundial.
DERRADEIRA
HOMENAGEM À MEMÓRIA DE VICENTE CABALLERO
Faleceu esta grande
referência da arbitragem espanhola, de seu nome completo Vicente José Caballero
Camacho [1917†10.08.1963], iniciou-se na arbitragem em 1939 e pertenceu aos
quadros da FIFA de 1957/58 a 1962/63. Casado e pai de 6 filhos. Muito
respeitado e considerado entre nós, distribuía simpatia onde estivesse. Em sua
casa, em Madrid recebia como ninguém! Pelo seu desaparecimento um grupo de
colegas lisboetas mandou celebrar missa na passagem do trigésimo dia do seu
falecimento.
COMISSÃO DISTRITAL
DOS ÁRBITROS DE FUTEBOL DO PORTO
Na presença de
diversas personalidades tomaram posse os seguintes novos elementos: Presidente,
Orlando de Sousa; Vogais, Artur Alves, Joaquim Silva, Daniel Esteves e Abílio
Teixeira Pinto. Foi enaltecido o trabalho produzido anteriormente pela equipa
liderada por José Vieira da Costa.
A Associação de Futebol
de Lisboa através de comunicado dá conta que para as vistorias dos campos devem
os clubes providenciar que tudo esteja na devida ordem, evitando, assim,
aplicação das sanções previstas nos regulamentos. As condições a considerar,
são: Rectângulo de jogo: limpo de pedras, ervas e raízes, aplanado, marcado com
cal líquida (segundo as medidas regulamentares) e com bandeirolas colocadas.
Balizas: pintadas de
branco, com as medidas regulamentares verificadas e com redes colocadas.
Cabinas: limpas, com bancos, estrados, cabides, torneiras, chuveiros, portas e
janelas em bom estado; Com vidros e telhas de barro ou de vidro, inteiros.
Devem ser substituídos os postes e as barras das balizas e os postes das
vedações que se encontrarem danificados. Aguarda-se a melhor colaboração por
parte dos clubes.
O leitor Humberto
Leitão Queiroz, Árbitro do Porto, pede esclarecimentos quanto à resposta dada
num número anterior, sobre a reposição da bola em jogo através de lançamento
lateral. Segundo a sua análise tal informação não corresponde ao que está
consignado na lei XV. David Costa, o responsável por esta rubrica, adianta o
que se encontra legislado e presta a sua opinião pessoal, que, espera, não seja
doutrina a seguir, visto que o assunto já está determinado por quem de direito.
OS ÁRBITROS DE
LEIRIA CONFRATERNIZAM
Em 1957 reuniram-se
em São Pedro de Muel, com o seu saudoso presidente, capitão Eduardo Gaspar,
como a imagem de cima demonstra.
Em 1963, no mesmo
local, nova reunião de camaradagem com elementos da Comissão Central e do
Boletim, acontecimento registado com a correspondente foto.
A ARBITRAGEM EM
CABO VERDE
A equipa de
arbitragem que dirigiu o jogo final do Campeonato de Cabo Verde, entre as
equipas do Boavista Futebol Clube, da cidade da Praia, e da Associação
Académica do Mindelo.
Árbitro, Romão Alves.
Auxiliares, Nildo Brazão e Aguinaldo Cabral.
ARBITRAGEM MINHOTA
EM FOCO
Diogo Manso, delegado
do Boletim em Braga, dá conta do êxito que foi o VI curso de aperfeiçoamento
físico-técnico dos filiados da Comissão Distrital de Braga, descrevendo tudo o
que se passou em quatro jornadas.
No dia 1 de Julho foi
entregue a cada filiado um ponto escrito dividido em quatro temas.
O júri para avaliar
os resultados tinha representantes de Barcelos, Braga, Guimarães e Viana do
Castelo [Esta Associação estava, na altura, inserida na sua vizinha
bracarense].
As sessões tinham a
seguinte programação: Das 9 às 10 horas, sessão de ginástica; das 10 às 11,
apreciação e comentários aos temas técnicos; das 11 às 12, palestra.
No dia 15 de Agosto
efectuou-se em Barcelos o fecho das actividades, que constava de prova de
velocidade (80 metros); Corta-mato, numa extensão de 1.500 metros (como se constata na imagem a corrida realizou-se em plena via pública!). Todas elas
tiveram grande participação, assim como a cerimónia de
encerramento e o almoço de confraternização.
Neste último dia
fizeram-se notar a presença de muitos dirigentes da arbitragem, entidades e
convidados.
HOMENAGEM A
ANTÓNIO CALHEIROS
Os amigos do
conceituado Árbitro internacional lisboeta António Amaro Borges Calheiros
(19.04.1913/18.04.1997) resolveram consagrá-lo quando atingiu os cinquenta anos
de idade, motivo que o levou a retirar-se da actividade.
No repasto-convívio
compareceram inúmeros camaradas da arbitragem.
Refira-se que este saudoso
amigo pertenceu aos quadros da FIFA de 1954/155 a 1958/59.
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