Em 2004, aquando da
celebração dos 25 anos de existência da organização de classe dos Árbitros
portugueses, foi referido no livro oficial da comemoração que Filipe Gameiro
Pereira, antigo Árbitro lisboeta da 1ª categoria nacional, presidente da
Comissão Central de Árbitros de Futebol e grande nome da arbitragem mundial,
preconizava a criação da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol, segundo
testemunho expresso na 11ª edição do Boletim O Árbitro, datado de Maio de 1958.
Entretanto, em pesquisas
recentes, tomou-se conhecimento de que este assunto já havia sido proposto no
início dos anos da década de cinquenta, dado que José dos Santos Marques, também
lisboeta e que fazia parte do quadro da primeira categoria federativa, sugeriu
que se organizasse o Congresso Nacional dos Árbitros, em detrimento do
programado pelas Comissões Distritais.
A Comissão Central de
Árbitros de Futebol, entidade que geria autonomamente o sector, resolveu
escolher Oliveira Martins, Árbitro jubilado, e o jornalista Manuel Mota (do
Mundo Desportivo), para avançarem com o projecto, mas os resultados foram
infrutíferos, pois as inscrições das Comissões Distritais não foram consideradas
suficientes, e a ideia não foi avante.
Os Árbitros
avançaram, então, com novo grupo de trabalho (Mário Ribeiro Sanches, José dos
Santos Marques e José Sarandeses), todos Árbitros da primeira categoria
nacional, que promoveu uma reunião em Lisboa, no dia 9 de Outubro de 1952, com
a presença de 100 camaradas de percurso, todos no activo.
Os assuntos analisados
foram considerados de extrema importância para o sector, como a criação da
Associação de Classe, o famigerado sorteio [que vigorava naquela altura], as
vistorias aos campos, a indefinição do tempo de descanso no intervalo das
partidas e, principalmente, o facto das equipas de arbitragem receberem o
chamado prémio de jogo de harmonia com a receita verificada com a venda de
bilhetes no encontro em que participavam (!).
Mais: os Árbitros
queriam cimentar o seu prestígio, mostrando-se à altura de uma causa
importante, estudando os problemas que lhes interessam e buscando para eles a
melhor solução. Pretenderam que a justiça lhes fosse feita e que, portanto,
algumas das suas pretensões mais legítimas encontrassem satisfação por parte
dos organismos superiores do futebol.
Com vista à
organização do Congresso ficaram encarregues de avançar com a tarefa os
seguintes Árbitros dos quadros nacionais: José Sarandeses (Presidente), Dr.
Décio de Freitas, Arqº Anselmo Fernandez (mais tarde veio a ser treinador do Sporting)
e José dos Santos Marques.
Só que o presidente
da Comissão Central de Árbitros de Futebol, Acácio Rosa, face à existência de
projecto de remodelação da arbitragem nacional, não considerava oportuno a
discussão em Congresso de assuntos que não fossem exclusivamente de ordem
técnica!
A Comissão
Organizadora julgou, então, não justificar o Congresso, tendo resolvido
suspender os seus trabalhos até que, conforme lhe foi prometido, seja possível
efectuar a reunião magna sem restrições.
Nota: Voltarei a este
interessante tema se necessário.
AI,AI, ALBERTO....
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