Aprazado
um animado e espectacular jogo de futebol entre pares do mesmo ofício, os
Árbitros de Lisboa deslocaram-se a Madrid para defrontar os seus hermanos da
capital espanhola, utilizando um autocarro (que até avariou), e eis que
chegaram com o tradicional atraso na manhã de sexta-feira, dia 11 de Junho de
1954, sendo recebidos em Talavera de La Reina pelos colegas do Colégio de
Castela que os acompanharam ao destino. Ainda nessa tarde o Comité Central de
Árbitros da Real Federação Espanhola de Futebol, através do seu presidente,
Emílio de Alvarez Perez, deu as boas-vindas aos lisboetas que agradeceram as
palavras amigas, destacando-se as intervenções de Filipe Gameiro Pereira, Luís
Antunes Gaspar e Manuel Nogueira, respectivamente presidentes da Comissão
Central de Árbitros e das Distritais de Lisboa e Porto. Foi servido um vinho de
honra e ainda houve tempo para se trocaram votos de felicidades aos
mundialistas José Vieira da Costa e Manuel Ascensi que iriam estar no mundial
1954-Suiça.
No
sábado, dia 12, no restaurante instalado no 26ºandar do arranha-céus da Praça
de Espanha com 117 metros de altura, foi servido o almoço à comitiva lisboeta,
com os habituais discursos realçando o bom relacionamento entre pares. À tarde,
no novo campo da Federação Castelhana disputou-se a tão apregoada partida com
as equipas a entrarem lado a lado no rectângulo de jogo com as bandeiras de
Lisboa, de Portugal e de Espanha. Houve troca de galhardetes, ramos de flores e
de lembranças entre os presentes. A turma lisboeta alinhou com Luís Magalhães,
Eduardo Gouveia (capitão), Maximino Afonso, Joaquim Granadeiro, Hermínio
Soares, Ilídio Cacho, Joaquim Pontes, Carlos Dinis, Agostinho Costa, Virgílio
Salgado e Barreiros da Silva. A madrilena: Campos, Caballero, Liron, Aguado,
Sanchez Delgado (capitão), Menendes de Leon, Meco, Pinto Diaz Moreno, Plaza e
Cabal. O encontro foi dirigido por Ramon Melcon e teve como auxiliares o seu
compatriota António Polo e o português José Travassos. Quanto ao resultado
sabe-se que Lisboa perdeu por uma bola a zero, mas, como sempre, lá vem a
ladainha habitual, isto porque Agostinho Costa falhou a pontaria na execução de
uma grande penalidade…
No jantar
oficial levado a efeito nessa noite no restaurante Bosque (fora de portas),
onde estiveram para cima de 200 convivas, voltou a imperar as palavras de
circunstância, assim como a permuta de objectos de valor, como salva de prata,
caravela de filigrana e artístico jarrão de porcelana. O regresso, segundo as
crónicas, processou-se pela mesma via e sem avarias…
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