No boletim “O
Árbitro” nº 85 (Ano VIII), de há 50 anos, dava-se destaque a:
Resultante do
Congresso do Futebol o Grupo de Trabalho denominado “Valor e responsabilidade
da arbitragem” (Presidente Dr. Alberto Mesquita e Relator Filipe Gameiro
Pereira), apresentava as seguintes 12 conclusões:
1-Que os Regulamentos
de Arbitragem sejam revistos de três em três anos. 2-Que a Comissão encarregada
da revisão seja constituída por: Um representante da Direcção-Geral dos
Desportos; Dois representantes da Federação Portuguesa de Futebol; dois
representantes dos Árbitros, sendo um deles o presidente da Comissão Central ou
seu delegado e outro um Árbitro eleito pelos seus colegas. 3-Que, sem embargo
de se reconhecer a importância relevante que a parte técnica representa na
direcção da arbitragem, possam, para orientação do sector, ser designados
indivíduos que, não tendo sido Árbitros, garantam, no entanto, através de
provas dadas, idoneidade e competência bastante para o efeito. 4-Que seja
estudada a possibilidade de se criarem Escolas de Dirigentes. 5-Que se procure
unificar a orgânica do sector da arbitragem. 6-Que se procure promover uma
campanha a favor do recrutamento de candidatos, admitindo-se até a
obrigatoriedade dos clubes apresentarem um candidato por cada categoria
inscrita. 7-Que se uniformizem a orgânica e matéria do curso de candidatos.
8-Que se intensifiquem os cursos de aperfeiçoamento nos planos nacional e
distrital. 9-Que se valorizem os quadros de delegados técnicos nos planos
nacional e distrital. 10-Que se crie um quadro de instrutores efectuando-se,
para isso, cursos e exames periódicos assim como reunião de actualização.
11-Que sejam urgentemente concedidas às Comissões de Árbitros, verbas que lhes
permitam, sem demora, proceder à revisão dos prémios e subvenções atribuídas às
equipas de arbitragem, e organizar regularmente cursos de aperfeiçoamento,
estágios de delegados técnicos e formação de quadros de instrutores. 12-Que,
igualmente, seja examinado e revisto, à luz de um critério justo, repleto e
equitativo, o regime de benefícios e regalias de natureza honorífica e
material, a conceder aos antigos Árbitros e antigos dirigentes da arbitragem.
TAÇA DE PORTUGAL –
24ª EDIÇÃO
O jogo final da
competição da época 1963/1964, que juntou as equipas principais do Sport Lisboa
e Benfica e do Futebol Clube do Porto no Estádio Nacional no dia 5 de Julho de
1964 (domingo) teve a dirigi-la o trio algarvio liderado por José Rosa Nunes
(n. 13.04.1922†31.12.2012), e os auxiliares César da Luz Dias Correia
(01.04.1935) e Vítor Pinto Coelho. A equipa lisboeta venceu por 6-2, com 3-1 ao
intervalo.
O autor deste artigo,
que evoca a arbitragem de 1924 no Barreiro, contando algumas peripécias dignas
de registo, a partir da oferta de uma taça por um carola para um torneio
popular onde participaram equipas como o Luso, o Unidos, o Universal, o
Avenida, O Restauradores, O Estrela, o Glória, o Esperança, o Dois de Janeiro,
o Sporting, o União, entre outros, foi quem dirigiu a partida final entre o
Unidos e o Universal. O jogo foi de manhã e no campo de Nossa Senhora do
Rosário, com balizas de pau e corda, com os postes enterrados a cerca de meio
metro e, portanto a pender à vontade dos torcedores que se aglomeravam junto
das balizas. Casa cheia. Os foras de jogo não eram muito considerados. Quando a
bola passava o guarda-redes a caminho da baliza os espectadores evitavam que
ela passasse a imaginária linha de baliza e devolviam a bola para o terreno de
jogo que, assim, continuava… Contudo o Árbitro não chegou ao fim da sua missão
e entregou o apito aos capitães (António Carvalho e Álvaro Pina) para
continuarem com a peleja. Pouco se interessou que a taça fosse para o Largo do
Rompana ou para o Bairro Miranda!
1-Carlos Martins,
jornalista de “O Primeiro de Janeiro” foi submetido a delicada operação, assim
como o Árbitro bracarense Rogério Moreira. 2-O Árbitro Reinaldo Melquíades, de
Angra do Heroísmo vai retirar-se da actividade, bem como Francisco Jerónimo, de
Viseu. 3-José António Silva demitiu-se da Comissão Distrital de Santarém e foi
substituído por Rogério Martins Correia. 4-Faleceu Heitor Correia Pereira,
Árbitro e dirigente em Lisboa. 5-Transferiu-se para Setúbal, o Árbitro lisboeta
Mário Joaquim Martins Ferreira e para Vila Real o viseense Celestino de
Oliveira Alexandre. 6-Inscreveram-se 15 candidatos em Viseu. 7-Eduardo Neves,
de Viseu, agradece os votos de melhoras que recebeu de imensos colegas e
amigos. 8-Manuel Barreiros da Silva, de Lisboa, sofreu bastante com o desastre
de viação que se viu envolvido. 9-O Árbitro Celso da Silva Pereira sofreu um
acidente quando actuava como auxiliar no jogo Tondela-Nandufe, sendo atingido
numa das vistas por um pedaço de madeira. 10-Está de luto pelo falecimento do
seu sogro Luís Augusto Borges Fernandes, de Porto Amélia (Moçambique). 11-O
Árbitro Alberto Gomes da Cruz, depois de um ano em actividade em Aveiro, regressou
a Luanda
1.Marques de Matos,
além de continuar a relatar “Alguns episódios da minha vida”, também expande-se
em ”Faltas simultâneas”. 2.João Gomes desenvolve “A lei décima primeira”.
Manuel Amorim
Ferreira da Costa (na imagem) escreve sobre “O atleta, o Árbitro e o
espectador”. “A grande verdade da actualidade”, subscrita por Barros de Araújo.
1-O futebol peruano
sofreu com a enorme tragédia que se verificou no seu país, no Estádio Nacional,
no dia 24 de Maio de 1964, no jogo com a Argentina, que contava para o Torneio
pré-olímpico. O Árbitro uruguaio Angel Eduardo Pazos invalidou um golo aos
peruanos e de imediato desencadeou-se uma onda de violência por parte dos
assistentes que lotavam o recinto e que a Polícia tentou evitar usando meios inadequados,
o que resultou mais de 350 mortes e perto de um milhar de feridos, números
resultante da fuga da multidão para o exterior onde, no caminho, encontrou os
portões fechados. 2-Actualmente são 579 Árbitros internacionais aptos a
dirigirem jogos de elite. 3-Há trinta e quatro anos o segundo jogo
Funchal-Porto, foi dirigido por um Árbitro espanhol. 4-Na Argélia o Governo,
atento às desordens que se verificavam nos campos de futebol, decretou que as
autoridades podem confiscar apitos, instrumentos musicais, armas e fogo de
artificio aos espectadores.
OCTÁVIO DE ANDRADA, O
MELHOR NO MUNDIAL DE HÓQUEI PATINADO
Nasceu na Cruz
Quebrada em 16 de Janeiro de 1923 e principiou a sua actividade desportiva
praticando atletismo no Clube de Futebol “Os Belenenses”. Jogou basquetebol no
Paço de Arcos Sports. Foi ciclista, jogador de futebol e de hóquei em patins.
Nesta modalidade, treinou o Parede e foi campeão nacional da II Divisão em
1954. Inscreveu-se no curso de Árbitros de futebol no ano de 1952 em Lisboa.
A arbitragem do
hóquei em patins também foi a sua paixão. Em 1957 dirigiu o Holanda-França no
III Europeu de Juniores. Seguiu-se o Torneio de Montreux, Neste ano de 1964 a
sua prestação no Mundial, em Barcelona, deu-lhe o título do melhor entre os
melhores!
10
1-Eduardo Gouveia,
Árbitro internacional, esteve na Horta onde proferiu uma palestra. 2-O Casa Pia
Atlético Clube distinguiu Aníbal de Oliveira, consagrado Árbitro lisboeta, com
um apito de ouro. 3-Os Árbitros internacionais para a próxima época: Aníbal de
Oliveira (pela primeira vez), Décio de Freitas, Francisco Guerra, Hermínio
Soares, Joaquim Campos e Manuel Lousada, faltando preencher uma vaga. 4-Os
Árbitros vão prestar homenagem ao Presidente da Comissão Central, Dr. Fernando
Pimenta. 5-John E. Meade, editor do London Referee, visitou a redacção do
Boletim.
NOTÍCIAS DA CAPITAL
DO MINHO
1-Expressa-se um
sentido agradecimento ao saudoso Mário Costa pelo que muito fez em prol da
arbitragem, ao mesmo tempo que se esboça a realização de uma jornada desportiva
para angariar fundos destinados à família. O Leixões Sport Clube já se colocou
à disposição com a sua equipa principal. 2-Prevê-se que o curso de
aperfeiçoamento físico-técnico para os Árbitros bracarenses não será levado a
efeito, como o já tinha sido há seis consecutivos. 3-Os trinta frequentadores
do curso de candidatos que está a
decorrer aguardam a prova oral para passarem à fase seguinte.
II CURSO NACIONAL DE
APERFEIÇOAMENTO E ACTUALIZAÇÃO DOS ÁRBITROS DE FUTEBOL
Em três páginas deste
boletim dá-se conta do programa e regulamento, assim como a constituição dos
prelectores que vão estar presentes nos dias 21, 22, 23, 24 e 25 de Agosto de
1964, nas instalações do Instituto Nacional de Educação Física, na Cruz
Quebrada.
Dos Árbitros, eis os
77 convocados para frequentar este evento a título de internato obrigatório:
AVEIRO (4)
Edmundo de Carvalho,
José Porfírio de Carvalho, Carlos Paula e Henrique Costa.
BEJA (3)
Manuel Vaz Valente,
Francisco Pacheco e Mário Gomes Alves.
BRAGA (3)
Diogo Manso, Amadeu
Martins e Rogério Moreira.
CASTELO BRANCO (1)
João Lopes Gonçalves.
COIMBRA (4)
Álvaro Rodrigues,
Renato Santos, António Amaro e Henrique Graça.
ÉVORA (3)
Manuel Fortunato,
Joaquim José Magro e José Madeira da Rocha.
FARO (3)
Vítor Pinto Coelho,
José Rosa Dias e César Correia.
LEIRIA (3)
Júlio Braga Barros,
António Saldanha Ribeiro e Gervásio Pedroso Tojeira.
LISBOA (20)
Fernando Pereira
Martins, Hermínio Soares, Fernando Aguiar da Costa, Décio de Freitas, Rogério
de Melo Paiva, Joaquim Campos, Henrique Marques da Silva, Maximino Afonso,
Salvador Heliodoro Garcia, Manuel Antunes Neto, Ilídio Cacho, Henrique Pena da
Silva, Aníbal de Oliveira, Carlos Alves Dinis, Américo Barradas, Mário
Vidreiro, João José Mendonça da Rocha, José Augusto Rolo, Carlos Artur Santos
Bica e Fernando Aragão.
PORTALEGRE (2)
Alberto da Conceição
Margarido Martins e José Pinto da Costa.
PORTO (10)
Francisco Guerra,
Aniceto Nogueira, Caetano Nogueira, João Pinto Ferreira, Jovino Pinto, Pedro
Pereira dos Santos, António Costa Martins, António Cid Gomes, Manuel da Silva
Teixeira e Elísio Marques.
SANTARÉM (6)
Manuel Lousada, João
Luís Calado, Samuel Abreu, José Alexandre, Crisógono Lopes e Fernando Velez.
SETÚBAL (10)
António Virgílio
Baptista, Marcos Lobato, Mário Mendonça, José Augusto Ismael Baltazar, José
Encarnação Salgado, Inácio Tereso, José Paulo Guimarães, Carlos Frias Monteiro,
Carlos Alberto Neves e Jaime Antunes Costa.
VILA REAL (2)
António Barros Araújo
e Henrique Silva.
VISEU (3)
José Albano Pereira,
Ernesto Dinis Borrego e Eduardo Neves.
A título de
curiosidade algumas pérolas do regulamento: “Artº 9º-É expressamente proibido
aos filiados apresentarem-se de tronco nu, quando se encontrem dentro do
edifício do Instituto. Artº 10º-Para a frequência do curso, os filiados deverão
munir-se do material necessário: cadernos, lápis, borracha, caneta, Guia
Universal para uso dos Árbitros, etc. Artº 11º-Aos Árbitros que frequentam o
curso é também obrigatória a apresentação dos seguintes utensílios de
equipamento e artigos de higiene: Sapatos brancos ou botas de basquetebol;
calçado preto; camisola branca, sem mangas; Fato de Treino; e Toalhas e sabão.
Artº 14º-As refeições serão fornecidas na cantina do ISEF, obedecendo o seu fornecimento
à mecânica seguinte: Cada filiado deverá munir-se de um tabuleiro para recolha
de loiça, talheres, copos, guardanapos, alimentos, etc, que transportará para a
mesa que lhe for destinada. No final da refeição, entregará todo o material que
lhe tiver sido fornecido. O horário das refeições é o seguinte: Pequeno almoço,
das 07,15 às 07,45. Almoço, das 13 às 14. Jantar das 20 às 21. Artº 15º-Os
filiados devem respeitar o seguinte horário: Levantar às 6,45. Recolher e
silêncio às 23 horas. Quanto ao extenso e interessante
programa destaca-se a preparação física, cargas, leis do jogo, medicina
desportiva na arbitragem, fora de jogo, ética, coordenação entre Árbitros e
Fiscais de linha, jogo perigoso e jogo violento, Lei da vantagem, Regulamentos,
elaboração de boletins e relatórios, infracção persistente das leis do jogo,
obstrução, execução de pontapés livres e de grande penalidade, a autoridade do
Árbitro, relações do Árbitro, terminando com as considerações finais sobre o
curso. Dos leccionadores,
para além da fina flor do sector da arbitragem, a presença de jornalistas dos
principais periódicos desportivos, assim como assistentes que apoiam a área
administrativa.
Jaime Ferraz Gabão,
delegado de “O Árbitro” em Porto Amélia (Moçambique) tece considerações sobre
os anseios da nova Comissão de Arbitragem que espera vir a apresentar trabalho
de qualidade, contando com os Árbitros na sua melhor forma.
Eduardo Gouveia,
responsável por este espaço, dá conta de: 1-A cabina da equipa de arbitragem de
Ponta Delgada fica do lado oposto da dos jogadores, evitando-se assim qualquer
conflito. 2-O campo Almirante Reis, no Funchal, é palco de animadas partidas de
futebol de 7 entre jovens que ali diariamente procuram distracção. Durante as partidas
os Árbitros procuram esclarecer os jogadores quanto às infracções cometidas,
facto altamente positivo. 3-Aqui vai a tal anedota: Organizado um desafio de
futebol entre o Céu e o Inferno, São Pedro, ao ser entrevistado, declarou que a
vitória não lhe fugiria, já que tinha os melhores jogadores junto de si. Já
Satanás afiançou que ganhava o encontro, pois não tendo excelentes executantes,
tinha consigo os Árbitros… 4-A Argentina estabeleceu que o pagamento aos
jogadores fosse feito com entrega de carne! Mas o sistema para os Árbitros não
pegou, dado quererem ser remunerados com moeda corrente! Pergunta: Os
dirigentes argentinos têm interesses em cooperativas ou matadouros?
O balanço referente
ao primeiro trimestre de 1964 apresenta o saldo positivo de 13.310$58, como se demonstra
a seguir
COMISSÃO DISTRITAL DE
BEJA
Na imagem, obtida na
Comissão Distrital de Beja, os frequentadores do curso de candidatos com os
seus formadores.
RAUL RAMOS
Árbitro lisboeta,
exímio ginasta, faz parte da classe especial que recentemente se exibiu em
Coimbra e no Pavilhão dos Desportos (Lisboa).
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