domingo, 1 de março de 2015

NAQUELE TEMPO – MARÇO DE 1965 – EPISÓDIO 91


No boletim “O Árbitro” nº 93 (Ano VIII), publicado já lá vão 50 anos, os assuntos em destaque foram os seguintes:
Joaquim Campos, dá conta em “Às voltas e reviravoltas com as leis do jogo” que a FIFA estudou num jogo internacional (Inter-Atlético de Madrid) a hipótese de vir a ser abolida a regra do fora de jogo, mas, na sua abalizada opinião, não acredita que tal venha a acontecer nos tempos mais próximos.
1.Carmo Lourenço, assina “O pontapé de canto e o totobola”. 2.”A diferença dos costumes e de atitudes…”, por Barros de Araújo. Joaquim Caixeiro termina o artigo “A Lei e a sua interpretação”. Também Alberto Costa conclui o trabalho sobre “O capitão da equipa”. Marques de Matos vai dando continuidade à divulgação do seu livro Tratado Ilustrado de Leis de Futebol, titulando este seu artigo com “A finta na execução da grande penalidade”.
1.O lisboeta Manuel Barreiros da Silva [o meu primeiro mestre nestas coisas de arbitragem], estava a recuperar fisicamente do acidente de viação que o afectou, assim como Evaristo Silva, que foi operado ao menisco. 2.Jaime Assis Simões Dias, de Viseu e António Pereira Castanheira, de Setúbal, seguiram para a Alemanha onde vão exercer a sua actividade profissional, o mesmo acontecendo com Manuel Ferreira de Castro que viajou de Moçambique para a África do Sul. 3.Está de luto Américo Saúde Machado, por ter falecido o seu irmão na explosão na Fábrica de Braço de Prata. Também, Eduardo Neves, de Castelo Branco, por falecimento do seu tio, assim como António Calheiros, de Lisboa, por morte de sua sogra. 4.Transferiram-se da Beira (Moçambique) Adelino Nunes de Almeida (para África do Sul), Mário José da Silva (Rodésia) e João Filipe
Figueiredo (Lourenço Marques) e José Luciano Barbosa Pereira, de Braga e Urbano de Chaves Puim (na imagem), da Guiné-Bissau, transferiram-se para Lisboa. 5.José Maria Cálix, de Viseu, assumiu cargo directivo na Câmara Municipal de Vila da Feira. 6.Francisco Armindo Araújo de Vasconcelos e António Nascimento Cordeiro Gonçalves, do Porto, licenciaram-se. 7.Carlos Alberto Alves Mourão e António Ribeiro Garcia, ambos de Luanda, viajaram para Lisboa. 8.Eduado Gouveia, de Lisboa, viajou até Viseu. 9.Augusto Carlos da Silva Santos, de Lourenço Marques, veio passar uns dias a Lisboa.
1.A Comissão Distrital do Porto, cujos filiados actuam, por vezes, em três partidas aos fins-de-semana, foi confrontada pelas congéneres de Braga e Bragança a solicitar Árbitros para determinados jogos dos seus campeonatos e acedeu àquelas pretensões. 2.Francisco Guerra, responsável por esta rubrica, dá conta que os Árbitros, não têm, na nova sede da Comissão portuense, espaço para se reunirem, logo alvitra que se encontre solução para este problema que os afecta sobremaneira. 3.Também faz rasgados elogios aos funcionários da Comissão de Arbitragem Reis, António Azevedo e Lima e Sá, que são uma mais-valia para a arbitragem do Porto.
1.Na Beira (Moçambique) o campeonato ainda não se iniciou pois os Árbitros estão por receber os valores a quem têm direito e referentes à época passada. Querem, também garantias de pagamento para a actual época. Neste diferendo os clubes estão ao lado dos prejudicados. Aguarda-se decisão do Governador da Província.
2.António Rodrigues da Cunha (na imagem), credenciado desportista e Árbitro de futebol, retirou-se da actividade de Árbitro, acontecimento que foi muito sentido junto da comunidade futebolística moçambicana e consequentemente da sua arbitragem.
(Ei-lo com os seus colegas João Cordeiro e Henrique Coelho)
1.Pedro Escartin, membro da Comissão de Regras da FIFA, criticou asperamente o seu compatriota Manuel Asensi, presidente do Comité Central espanhol, apontando que um Capitão nunca pode ascender a General, que o curso ao nível internacional que mais parecia uma tertúlia de amigos e que ninguém defende os Árbitros espanhóis quando são alvo apetecível por todos. A resposta não se fez esperar com a divulgação da correspondente carta nos jornais, para mais que foi retirada uma passagem do livro de Escartin, que diz: “Criticar é sintoma de mau gosto, demonstra incapacidade e é próprio de espíritos mesquinhos”. Contudo, os Árbitros estão com o presidente Asensi. 2.O Colégio de Árbitros da Catalunha, o mais antigo de Espanha, instituído em 1915, vai comemorar as bodas de ouro, promessa do seu líder, Ramón Azón Roma. 3.Ortiz de Mendibil recebeu a insígnia FIFA, integrando, assim, o quadro de elite da arbitragem mundial.
1.A Comissão Distrital de Leiria, sobre pedidos de inscrição para frequência do curso de candidatos, emitiu o seguinte comunicado: “Na impossibilidade - causada pela dispersão dos candidatos – de fazer funcionar um curso de preparação que só poderia ser levado a cabo em Leiria, com os inconvenientes das deslocações a que uma maioria seria obrigada, foi resolvido que, a todos os interessados que solicitarem a sua inscrição, se transmitam as seguintes instruções: A-Devem fazer a sua auto-preparação estudando afincadamente as leis do jogo através do Guia Universal para uso dos Árbitros que poderão obter, pelo respectivo custo, na Federação Portuguesa de Futebol, na praça do Marquês de Pombal, 16-2º, em Lisboa. B-Para essa auto-preparação é-lhes concedido um prazo até fins do mês de Março ou princípios de Abril do corrente ano, data em que serão chamados a prestar provas preliminares dos seus conhecimentos como candidatos. C-Os que forem, então, julgados em condições satisfatórias frequentarão um curso de aperfeiçoamento, na sede da Comissão Distrital, e, findo este curso, serão submetidos ao exame regulamentar. 2.Os candidatos de Aveiro já realizaram a prova escrita. 3.O dirigente da Distrital de Coimbra, António Lopes da Rosa, que pediu escusa de continuar a exercer as suas funções, vai ser substituído. 4.Angra do Heroísmo tem novos dirigentes: Berto Alves de Oliveira, presidente e Gilberto da Silva Jarroca e João Avelino de Sousa, vogais.
1.Jogo: Olhanense-Oriental. Críticas: De Encarnação Viegas, do jornal “Mundo Desportivo”: “Uma arbitragem incaracterística com alternância dentro do bom e do mau. De notar a sua falta de firmeza, o que permitiu «explicações a mais» pedidas pelos jogadores, algumas vezes com gestos excessivamente expressivos”. De Carlos Martins, do jornal “A Bola”: “O Árbitro teve trabalho aceitável recendo, no fim, os cumprimentos de ambos os contendores”. Comentário: Que fazer? 2.Jogo: Sporting-Seixal. Jornal do Sporting: “… Também perdoou autêntico livre-indirecto dentro da grande área seixalense, quando um defesa estendeu o pé aos pés de um atacante sportinguista, derrubando-o intencionalmente, estando a bola bem longe”. Comentário: Aprender até morrer. 3.Jogo: Leões de Santarém-Barreirense. Crítica: De José Maria Prado, do jornal “Mundo Desportivo”: “Arbitragem sobre o fraco. O Árbitro, querendo, é capaz de fazer melhor”. Comentário: Os Árbitros só actuam bem quando querem? 4.O jornalista espanhol Miguel Ora, do “Pueblo”, dá conta de uma horrível actuação dum colegiado num jogo da primeira divisão do seu país. Viu-se as imagens na televisão e nada do que relatou se passou, tendo até a imprensa do clube que perdeu dado a classificação de bom, ao desempenho do Árbitro. Comentário: Em que ficamos? 5.No jornal do Benfica, quem se assina por AA, escreve que não foi marcada uma grande penalidade contra o adversário (Braga), por entrada de pé em riste do guarda redes a um avançado contrário. Comentário: Onde está isso contemplado no livro de regras?
1.Filipe Gameiro Pereira, o autor deste espaço, recomenda que os Árbitros devem interpretar as regras do jogo como elas são e não ao seu belo prazer relatando que num pontapé livre indirecto marcado na área de grande penalidade da equipa infractora verificaram-se duas infracções (saída da barreira e mão na bola), quando o juiz mandou repetir a execução da reposição da bola em jogo… 2.Faz grande referência à obra do Prof. Marques de Matos “Tratado Ilustrado das Leis do Futebol”, considerando-a uma obra de grande valor para o futebol. 3.Dá relevo ao curso de aperfeiçoamento realizado pela Distrital de Évora. 4.Sobre uma questão que lhe foi colocada diz concordar com a decisão da Comissão de Arbitragem da FIFA que se deve validar o golo, na seguinte circunstância: No momento em que se marcava uma grande penalidade um defensor lança uma pedra que desvia a bola do lugar onde estava mas, mesmo assim, o executante obtém ponto. 4.A FIFA levou a efeito o I curso de aperfeiçoamento de arbitragem na Austrália, de 24 a 30 de Setembro de 1964, com vinte e sete horas de trabalho efectivo e contou com os seguintes leccionadores: Sir Stanley Rous (Inglaterra), Koe Ewe Teik (Malásia), Walter Winterbohom (Inglaterra), H. Cawan (Irlanda do Norte) e 38 Árbitros do país anfitrião e da Nova Zelândia. Os temas abordados: Situações resultantes na interpretação das leis I a VI; instrução prática das VII a X; exibição de filmes destinados a testes; discussão sobre a lei da vantagem; demonstração prática da aplicação da lei do fora de jogo; factos que se verificam nas restantes leis (XII a XVII); análise e observação de casos destinados a incluir no boletim da partida; cooperação entre Árbitro e Fiscais de Linha; preenchimento do boletim da FIFA; testes de trinta minutos; preparação física; lição demonstrativa, acompanhada de imagens (filme), relacionada com a lei XII, etc.
1.Bolas; segundo o Regulamento federativo, o artº 66º, determina que compete ao clube visitado fornecer as bolas necessárias para o jogo, mas permite que cada um dos clubes apresente bolas para cada metade do tempo da partida. Em campo neutro esta última regra deve ser respeitada. 2.Nos encontros de Principiantes, em jogo eliminatórios, em caso algum são permitidos prolongamentos. Se se verificar empate deverá ser realizado novo encontro. 3.Já nos Juniores aceita-se um prolongamento de trinta minutos divididos em duas partes iguais (15 minutos). 4.Quanto um dirigente determina que a sua equipa abandone o campo no decorrer de uma partida, deve este acontecimento ser mencionado pormenorizadamente no boletim do jogo para que a entidade organizadora analise e proceda em conformidade, ou seja disciplinarmente.
1.A Associação de Futebol de Lisboa lançou a revista mensal “Futebol”, com a arbitragem em destaque, sendo-lhe dedicada uma página a cargo de Filipe Gameiro Pereira. 2.Para a Madeira seguiram os Árbitros João Calado Banheiro, de Lisboa, e Jovino de Matos Pinto, do Porto, para participarem na direcção de jogos eliminatórios do torneio de apuramento para qualificar o representante local na Taça de Portugal. 3.Lamentavelmente continuam a registar-se casos de agressões aos elementos das equipas de arbitragem.
13Os últimos acontecimentos verificaram-se nas localidades e com os colegas a seguir indicados: em Aveiro (Jorge Silva), Montijo (Fernando Pereira Martins), Penalva do Castelo (Francisco Jerónimo e José Carlos Ferreira). Há que tomar as medidas adequadas para erradicar os energúmenos dos campos de futebol. 4.Francisco Guerra, do Porto, Árbitro internacional, está indigitado para acompanhar a selecção nacional de juniores à Alemanha, onde actuará na direcção de jogos do Torneio Internacional Europeu da categoria. 5.Raul Sequeira (na imagem) é o novo delegado do Boletim em Beja, substituindo Manuel vaz Valente que passou a residir na capital.
1.Com o jogo a decorrer dois jogadores adversários agridem-se mutuamente sem que a equipa de arbitragem tivesse visto que prevaricou em primeiro lugar? 2.Pode o Árbitro dar início à partida com as bandeiras de canto de dois metros de altura? Sem as bandeiras de meio campo? Sem a marcação do semi-circulo de nove metros e quinze, indicado a partir da marca da grande penalidade? 3.Num lançamento lateral o executante repõe a bola em jogo para além do local onde a bola saiu. O Árbitro interrompe o jogo e ordenou que um adversário fizesse novo lançamento no local correcto. Procedeu bem? 4.Jogador isolado a caminho da baliza adversária é surpreendido com o apito do Árbitro, accionado inadvertidamente. Mesmo assim introduz a bola na baliza e o Árbitro sanciona o ponto. Foi correcta a decisão?
1.Na Argélia o futebol tem sido muito mal tratado ao ponto da sua Federação ter suspendido dois clubes e confiscar as bilheteiras de determinado estádio. Já o governo deliberou encerrar todos os campos de futebol perante o comportamento indecoroso de jogadores e público. 2.Para sorrir ou talvez não: Quando terminou o desafio o Árbitro é levado aos ombros pelos adeptos da equipa que perdeu. O Árbitro pretendeu dizer que não era merecedor de tamanha honraria pois somente fez o seu trabalho. Pediu para o colocarem no chão, mas o magote disse que não, que não se preocupasse porque que já faltava pouco, pois o poço mais próximo estava mesmo bem pertinho… 3.Algumas datas importantes no Código do Jogo: Em 1866, Implantação do fora de jogo com três jogadores. Em 1885, O Árbitro utiliza pela primeira vez o apito. Em 1924, Já se pode marcar golo directamente de um pontapé de canto. Em 1931, Regulamenta-se que o guarda-redes possa dar quatro passos com a bola nas mãos. Em 1939, Promulgam-se as dezassete leis do jogo. 4.Aconteceu na Madeira, quando foi repetida a execução de uma grande penalidade por seis vezes, pois o guarda-redes não respeitava as leis. Pergunta: Porque não foi aplicada acção disciplinar ao infractor? 5.Hernandez Coronado, humorista espanhol, tem esta máxima: “Quando os críticos locais dizem bem dos Árbitros, desconfiai dos Árbitros, mas quando esses críticos disserem mal dos Árbitros então desconfiai dos críticos”. 6.Conselhos: A-À pergunta insolente, resposta valente! B-Não te fies em quem uma vez te enganou. C-É mais fácil aconselhar do que praticar. D-Quem errar por natureza, não acerta por razão. E-Na desconfiança é que está a segurança. F-Mal pensa quem não repensa. G-Consultar quem sabe e já saber metade. G-A quem quer bem nada o detém.
1.O treinador alemão ocidental Helmud Schoen, opinou que os Árbitros deveriam ter sessões técnicas e práticas para melhorarem o seu desempenho, dado não serem instruídos nos aspectos gerais do futebol, o que por vezes não estão em condições de ajuizar com justiça onde termina o jogo duro e começa a conduta incorrecta. 2.Outro alemão, um crítico, é de opinião que o Árbitro só deveria assinalar jogo perigoso quando o infractor levante o pé à altura da cintura do adversário. 3.Tribunal alemão condena o jogador Ignaz Vorbach, de vinte e seis anos de idade, com seis meses de prisão por ter agredido um Árbitro. Também sancionou, com pesadas multas, outros dois jogadores por terem atentado à integridade física de adversários. A Federação também teve mão dura para com os infractores. 4.Os adeptos do clube italiano Pro-pátria iniciaram uma campanha de recolha de fundos para pagar uma multa de 500.000 liras a que o clube foi sujeito, dado que os seus seguidores atiraram bolas de neve aos espectadores contrários. 5.Duas curiosas regras italianas aplicáveis nas suas competições: jogo suspenso devido a intempéries será concluído noutro dia, nem que seja por um minuto; invasão de campo, será punida com perda de pontos pela equipa visitada.
1.Os cursos de candidatos por todo o Portugal são uma realidade e Aveiro, Lisboa, Porto e Viseu dão o exemplo com dezenas de inscritos para tentarem ser aquilo que gostam: Árbitro de futebol! 2.Num jogo no Distrito de Lisboa faltou um dos auxiliares do Árbitro e quem desempenhou essa função foi um dos directores do clube que jogava em casa. Logo que terminou a partida, interpelou o juiz, dizendo: “Senhor Árbitro, podia dizer-me, por favor, onde é que eu posso agora ir receber o dinheiro do meu trabalho?”. 3.Outro dirigente, que estava no café, pretendia que o Árbitro se deslocasse até lá para resolver a questão do adiamento do jogo do seu clube, devido ao mau tempo que se fazia sentir na sua terra…4.Homenageia-se as senhoras, esposas dos assinantes do boletim, que se interessam mais pela publicação do que os maridos…
EQUIPAS DE ARBITRAGEM QUE DIRIGIRAM OS JOGOS DO BENFICA NA TAÇA DOS CAMPEÕES EUROPEUS (ÉPOCA 1964/1965)
Em 24 de Fevereiro de 1965, no Estádio da Luz, com vitória por 5-1.
Árbitro: Kevin Howley.
Assistentes: Goodfelow e Burtenshow (ingleses).
Em 17 de Março de 1965, em Madrid, derrota por 2-1.
Árbitro: Hugh Phillip
Assistentes: A.E.Currie e U.P.Rutherford (todos da Escócia)
MATEUS CANHÃO FAZ O SEU ÚLTIMO JOGO NA GUINÉ-BISSAU
Com os colegas Henrique Libório e Urbano de Chaves Puim

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