terça-feira, 1 de setembro de 2015

NAQUELE TEMPO – SETEMBRO DE 1965 – EPISÓDIO 97



No órgão oficial da Comissão Central de Árbitros de Futebol, entidade independente e autónoma da hierarquia federativa, o Boletim O ÁRBITRO, o 99º exemplar, publicado há cinquenta anos (!), os assuntos em destaque foram:
Futebol sem correcção não é desporto, afirma Eduardo Neves, de Viseu, no seu espaço deste boletim. Todos subscrevem tal declaração.
Curioso e interessante artigo de João Gomes, Árbitro da Comissão Distrital do Porto, que faz a comparação entre os desportistas, os verdadeiros e os de bancada. O verídico, aquele que pratica o seu desporto favorito além de gozar o prazer de desenvolver uma actividade que lhe faz bem a tudo, principalmente à saúde, e tem direitos e obrigações para com os camaradas e adversários do círculo que o rodeia, já os que se sentam por adquirirem o seu ingresso (os que pagam, claro) dizem ter uma montanha de privilégios que até assusta. Gostaria, diz ele, que os primeiros cumprissem sempre com as directivas que lhe são exigidas, enquanto aos segundos, os mais mal comportados, que reflictam das acções praticadas e que praticar o bem deva ser uma constante, que o Desporto agradece.
PÁGINA DA COMISSÃO CENTRAL DE ÁRBITROS DE FUTEBOL
1.Destaque para as determinações decididas em 28 de Agosto de 1965, a serem cumprir na época 1965/1966, cujo Regulamento de Arbitragem está em vias de ser aprovado: 2.Número de Árbitros na primeira categoria nacional, 20. Na segunda, 48. Na terceira, a indicar. 3.As equipas de arbitragem passam a ser constituídas por um Árbitro (de 1ª ou de 2ª categoria) e quatro juízes de linha (actualmente, Árbitros Assistentes), a recrutar entre os Árbitros da 3ª categoria nacional (obrigatoriamente), e os Árbitros jovens que, no parecer das Comissões Distritais, mereçam tal distinção. 4.Em principio, os Árbitros da categoria mais elevada arbitram: Jogos da primeira divisão nacional, Taças de Portugal e Ribeiro dos Reis (com clubes da primeira divisão), jogos importantes da segunda divisão, Juniores, Juvenis e finais. 5.Já os de categoria secundária, dirigem jogos na segunda nacional, Taças de Portugal e Ribeiro dos Reis (entre equipas dessa divisão), juniores, juvenis e importantes da terceira divisão. 6.Os do último escalão controlam as partidas da terceira divisão, de juniores e juvenis. 7.O Árbitro reunirá semanalmente com os juízes de linha que lhe forem indicados, mantendo com eles um colóquio tendente a valorizar a actuação do conjunto, sendo que nas sessões seguintes deverá ser apreciado o trabalho desenvolvido pelos colegas. 8.O Árbitro fará, obrigatoriamente, um relatório sobre cada um dos juízes de linha que actuar em conjunto, remetendo o original à Comissão Central e cópia à Comissão Distrital, podendo propor superiormente a substituição devidamente fundamentada de qualquer elemento que não lhe agrade o modo de actuar. 9.É vedada utilização dos Árbitros das 1ª e 2ª categorias como juízes de linha regionais. 10.Tanto quanto possível os Árbitros do quadro nacional devem actuar no regional utilizando os mesmos colegas de equipa.
1.Juveniano da Silva Pascoal, de Lisboa, regressou a Amesterdão, onde se encontra a trabalhar, assim como Henrique Ferreira Coelho, também de Lisboa, para Beira (Moçambique); Celestino Óscar Ruivo de Carvalho, de Braga, para Alemanha, e António de Almeida Torres, de Lisboa, para Inglaterra. 2.António Gomes Leitão, da Guiné, transferiu-se para Castelo Branco e António Nunes Mata, de Coimbra para Lisboa. Também João Manuel da Silva Mata, de Lisboa, para Luanda. 3.Felicita-se José Matos de Sousa, de Coimbra, Pedro Marçal Quaresma, de Lisboa e José da Conceição Ribeiro, de Viseu, pelo nascimento dos seus primeiros filhos. 4.Registe-se o falecimento de Almiro Maia Loureiro, ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol e bem assim da esposa de Mário Mendonça, de Setúbal e a mãe de Alberto dos Santos Costa. 5.Agostinho Ferreira, de Viseu encontra-se doente e espera-se que se recomponha rapidamente. 6.Retirou-se da actividade João Calado Banheiro, de Lisboa, assim como os portuenses Jaime Leal Coutinho e Adelino Damião Santos Silva.
1.”A história do “penalty”, por Manuel Maria Amorim Ferreira da Costa. 2.António Augusto Santos, assina “Boas e más arbitragens”. 3.“Árbitros madeirenses no continente”, escreve Jaime de Freitas. 4.”Porque não se organiza o Dia da Arbitragem?”, sugere Diogo Manso. 5.O jornalista portuense Carlos com o texto “Saudade de alguém”, refere-se ao desaparecimento de António Cid Gomes. 6.O Prof. Marques de Matos, autor do Tratado Ilustrado das Leis do Futebol, desenvolve “os meios e formas de sinalização”. 7.“Aveiro em Festa”, é o título que Carlos Paula dá ao convívio dos Árbitros daquela região (ver as últimas quatro imagens). 8.Da Juventude Operária transcreve-se o título “Os Árbitros”. O Dr. João Furtado termina a apresentação do seu trabalho “Ética e Relações Humanas”.
Francisco Guerra dá conta que faleceu o Árbitro António Cid Gomes (na imagem), quando estava a actuar em pleno jogo Leça-Salgueiros.
CID GOMES
Tudo se fez para o salvar, mas foram infrutíferas todas as manobras de reanimação.
Foi uma tremenda infelicidade que atingiu os seus familiares e a arbitragem portuguesa.
Seus camaradas da arbitragem de vários quadrantes prestaram-lhe o devido tributo com uma romagem de saudade ao cemitério de Paranhos.
1.Sem bandeiras do meio campo o encontro pode realizar-se? 2.O guarda-redes pode utilizar um vulgar boné? 3.Um jogador agrediu um adversário no decorrer do intervalo. Que procedimentos deverá ter o Árbitro? 4.Jogador suplente, fora do rectângulo de jogo, estende uma perna e derruba o adversário. Como deve o Árbitro actuar? 5.Jogador lesionado sai do relvado para ser assistido. Contudo, sem ter pedido autorização ao Árbitro, entra no terreno de jogo e joga a bola com a mão dentro da área de grande penalidade. O que deve fazer o Árbitro?
CONCLUSÕES DO III CURSO NACIONAL DE APERFEIÇOAMENTO
1.Realçou-se a atenção para com os comportamentos dos elementos que podem permanecer entre a linha lateral e a vedação, casos de jogadores suplentes, dirigentes, treinadores, médicos, massagistas. Em caso de incumprimento deverão ocupar lugar publico e com a respectiva participação à entidade organizadora do prélio. 2.Solicitou-se à FPF que lembre os clubes da necessidade de marcar a chamada linha dos fotógrafos. 3.Devido a novas directrizes quanto à bola, solicita-se à FPF que os esféricos devem ser submetidos à aprovação das Associações, sendo-lhes aposto carimbo ou, então, lacradas. 4.Os Árbitros devem ser antecipadamente conhecedores das cores que os clubes utilizam, assim como os números colocados na camisola devem ser bem visíveis. 5.Quando um jogador for vítima de lesão grave, provocada por adversário, o Árbitro terá
de informar no seu boletim se a atitude do jogador causador do acidente foi intencional ou casual, a fim de poder habilitar a Federação a aplicar a respectiva penalidade.
6.Em termos de tempo o Árbitro deverá agir de harmonia com as situações que se lhe deparem, quer por atraso das equipas na chegada ao campo, ou para iniciar ou reiniciar o jogo, nunca se esquecendo de que o interesse comum é o da sua realização.
1.Joaquim Campos, Árbitro lisboeta e internacional, deslocou-se a Aveiro onde proferiu palestra relacionada com aspectos gerais da arbitragem. 2.Os Árbitros setubalenses realizaram as provas físicas obrigatórias, seguido de almoço-convívio. 3.Houve festa de confraternização em Évora, com a presença de muitos filiados e dirigentes locais e
nacionais, como a foto demonstra. 4.Júlio Braga Barros, de Leiria, por ter sido nomeado internacional vai ser homenageado pela Comissão Distrital, que está a preparar o programa festivo.
1.Por despacho do Subsecretário de Estado da Juventude e Desportos datado de 16 de Julho de 1965, é aprovado o documento que regerá o sector, do qual se salienta algumas passagens: 2.O método de eleição era, na altura, muito pouco democrático, muito Estado Novo, pois a Comissão Central tinha um presidente, que teria de residir em Lisboa, mas escolhido pela Direcção Geral de Desportos, 4 vogais designados pela Federação e outros 4 eleitos em assembleia-geral da corporação, mas sempre sujeitos a confirmação do Ministro da Educação Nacional, depois de receber informação da Polícia política portuguesa, quanto ao comportamento cívico dos nomeados! 3.Os vogais eleitos eram da competência dos presidentes das Comissões Distritais! 4.Existia uma Comissão Executiva constituída pelo presidente e dois vogais escolhidos mensalmente pelo presidente, em regime de rotação. 5.A acção disciplinar sobre os Árbitros era da competência da Comissão central. 6.O Relatório e Contas da Comissão Central era submetido a parecer da Direcção da FPF e à aprovação da Direcção Geral de Desportos. 7.O presidente da Comissão Central tem assento no Congresso federativo, mas sem direito a voto. 8.Eram mensais as reuniões da Comissão Central e semanais as da Comissão Executiva. 
O responsável por este espaço responde ao leitor Alberto Santos Costa, da Beira (Moçambique), que coloca a seguinte questão: Um atleta avançado num campo de terra batida e com o piso muito enlameado, corre com a bola e a dado momento um jogador defensor quer interceptar a jogada mas não consegue e, inadvertidamente, com o seu movimento faz que um pouco de terra salte para a vista do avançado que, por nada ver, abraçou a bola que levava. O Árbitro interrompe o jogo, providenciou que o jogador atingido com a lama fosse socorrido e recomeça a partida executando bola ao solo, decisão muito bem recebida pelos espectadores e pelos intervenientes do jogo. David Costa responde que o Árbitro fez bem, pois não houve qualquer infracção e os seus poderes são para decidir com justiça, rigor e inteligência.
1.O jornal Record vai instituir um prémio para o melhor Árbitro de cada época. Será um apito em ouro e serão os seus jornalistas a pontuarem as actuações dos juízes que vêem assim os seus méritos reconhecidos. 2.Hermínio Soares animado por esta iniciativa também vai oferecer uma Taça ao melhor Árbitro e quatro medalhas aos seus auxiliares. 3.Prémio Ribeiro dos Reis. Está composto o júri que irá analisar os trabalhos concorrentes à recompensa de dez mil escudos: Jornalistas Manuel Mota e Vítor Santos e o presidente da Comissão Central, Engº Sousa Loureiro. 4.Ezequiel Cavaco, secretário da Comissão Central esteve em Montesilvano no curso de aperfeiçoamento dos Árbitros italianos que dirigem os jogos da I e II divisões do país transalpino.
1.O desaparecimento de António Cid Gomes fez gerar um movimento de solidariedade que se regista, destacando-se o facto da Associação de Futebol do Porto dotar o torneio de abertura com o nome do malogrado Árbitro falecido em campo. 2.A Comissão Central concedeu o valor de dez mil escudos à Casa do Árbitro, em Lisboa, para aquisição de material necessário às suas funções. 3.Agradece-se à Associação de Futebol de Lisboa toda a colaboração e empenho para que este local de reunião dos Árbitros fosse possível. 4.O Árbitro galês Geoffrey Powel, que dirigiu a partida entre o Aarhus e o Vitória de Setúbal envergou uma camisola de cor vermelha e brilhante, isto em homenagem à sua Federação, segundo afirmou. Por tal bizarria causou alguma polémica, pois a cor utilizada ainda não era considerada nos parâmetros oficiais. 5.Em homenagem a Humberto Costa Dias, dirigente madeirense que se distinguiu na recepção feita aos colegas do continente, realizou-se um encontro de futebol entre Árbitros, partida essa que foi por si dirigida, seguida de almoço-convívio. A Associação de Futebol do Porto não habilita os Árbitros jubilados com o cartão de livre ingresso, os quais, para assistirem aos desafios têm de adquirir bilhete. Esta atitude contrasta com as restantes Associações de Futebol de Portugal que, neste caso específico, atribui os livres trânsito aos seus filiados. Porquê?
EQUIPA DE ARBITRAGEM DE CABO DELGADO (MOÇAMBIQUE)
Constituída por Estarreja, Amorim Araújo e Puchez.




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