No órgão oficial da
Comissão Central de Árbitros de Futebol, entidade independente e autónoma da
hierarquia federativa, o Boletim O ÁRBITRO, o 99º exemplar, publicado há cinquenta
anos (!), os assuntos em destaque foram:
Futebol sem correcção
não é desporto, afirma Eduardo Neves, de Viseu, no seu espaço deste boletim.
Todos subscrevem tal declaração.
Curioso e
interessante artigo de João Gomes, Árbitro da Comissão Distrital do Porto, que
faz a comparação entre os desportistas, os verdadeiros e os de bancada. O verídico,
aquele que pratica o seu desporto favorito além de gozar o prazer de
desenvolver uma actividade que lhe faz bem a tudo, principalmente à saúde, e tem
direitos e obrigações para com os camaradas e adversários do círculo que o
rodeia, já os que se sentam por adquirirem o seu ingresso (os que pagam, claro)
dizem ter uma montanha de privilégios que até assusta. Gostaria, diz ele, que
os primeiros cumprissem sempre com as directivas que lhe são exigidas, enquanto
aos segundos, os mais mal comportados, que reflictam das acções praticadas e
que praticar o bem deva ser uma constante, que o Desporto agradece.
PÁGINA DA COMISSÃO
CENTRAL DE ÁRBITROS DE FUTEBOL
1.Destaque para as
determinações decididas em 28 de Agosto de 1965, a serem cumprir na época
1965/1966, cujo Regulamento de Arbitragem está em vias de ser aprovado:
2.Número de Árbitros na primeira categoria nacional, 20. Na segunda, 48. Na
terceira, a indicar. 3.As equipas de arbitragem passam a ser constituídas por
um Árbitro (de 1ª ou de 2ª categoria) e quatro juízes de linha (actualmente,
Árbitros Assistentes), a recrutar entre os Árbitros da 3ª categoria nacional
(obrigatoriamente), e os Árbitros jovens que, no parecer das Comissões
Distritais, mereçam tal distinção. 4.Em principio, os Árbitros da categoria
mais elevada arbitram: Jogos da primeira divisão nacional, Taças de Portugal e
Ribeiro dos Reis (com clubes da primeira divisão), jogos importantes da segunda
divisão, Juniores, Juvenis e finais. 5.Já os de categoria secundária, dirigem
jogos na segunda nacional, Taças de Portugal e Ribeiro dos Reis (entre equipas
dessa divisão), juniores, juvenis e importantes da terceira divisão. 6.Os do
último escalão controlam as partidas da terceira divisão, de juniores e
juvenis. 7.O Árbitro reunirá semanalmente com os juízes de linha que lhe forem
indicados, mantendo com eles um colóquio tendente a valorizar a actuação do
conjunto, sendo que nas sessões seguintes deverá ser apreciado o trabalho
desenvolvido pelos colegas. 8.O Árbitro fará, obrigatoriamente, um relatório
sobre cada um dos juízes de linha que actuar em conjunto, remetendo o original
à Comissão Central e cópia à Comissão Distrital, podendo propor superiormente a
substituição devidamente fundamentada de qualquer elemento que não lhe agrade o
modo de actuar. 9.É vedada utilização dos Árbitros das 1ª e 2ª categorias como
juízes de linha regionais. 10.Tanto quanto possível os Árbitros do quadro
nacional devem actuar no regional utilizando os mesmos colegas de equipa.
1.Juveniano da Silva
Pascoal, de Lisboa, regressou a Amesterdão, onde se encontra a trabalhar, assim
como Henrique Ferreira Coelho, também de Lisboa, para Beira (Moçambique); Celestino
Óscar Ruivo de Carvalho, de Braga, para Alemanha, e António de Almeida Torres,
de Lisboa, para Inglaterra. 2.António Gomes Leitão, da Guiné, transferiu-se
para Castelo Branco e António Nunes Mata, de Coimbra para Lisboa. Também João
Manuel da Silva Mata, de Lisboa, para Luanda. 3.Felicita-se José Matos de
Sousa, de Coimbra, Pedro Marçal Quaresma, de Lisboa e José da Conceição
Ribeiro, de Viseu, pelo nascimento dos seus primeiros filhos. 4.Registe-se o
falecimento de Almiro Maia Loureiro, ex-presidente da Federação Portuguesa de
Futebol e bem assim da esposa de Mário Mendonça, de Setúbal e a mãe de Alberto
dos Santos Costa. 5.Agostinho Ferreira, de Viseu encontra-se doente e espera-se
que se recomponha rapidamente. 6.Retirou-se da actividade João Calado Banheiro,
de Lisboa, assim como os portuenses Jaime Leal Coutinho e Adelino Damião Santos
Silva.
1.”A história do
“penalty”, por Manuel Maria Amorim Ferreira da Costa. 2.António Augusto Santos,
assina “Boas e más arbitragens”. 3.“Árbitros madeirenses no continente”,
escreve Jaime de Freitas. 4.”Porque não se organiza o Dia da Arbitragem?”,
sugere Diogo Manso. 5.O jornalista portuense Carlos com o texto “Saudade de
alguém”, refere-se ao desaparecimento de António Cid Gomes. 6.O Prof. Marques
de Matos, autor do Tratado Ilustrado das Leis do Futebol, desenvolve “os meios
e formas de sinalização”. 7.“Aveiro em Festa”, é o título que Carlos Paula dá
ao convívio dos Árbitros daquela região (ver as últimas quatro imagens). 8.Da
Juventude Operária transcreve-se o título “Os Árbitros”. O Dr. João Furtado
termina a apresentação do seu trabalho “Ética e Relações Humanas”.
Francisco Guerra dá
conta que faleceu o Árbitro António Cid Gomes (na imagem), quando estava a
actuar em pleno jogo Leça-Salgueiros.
CID GOMES
Tudo se fez para o
salvar, mas foram infrutíferas todas as manobras de reanimação.
Foi uma tremenda
infelicidade que atingiu os seus familiares e a arbitragem portuguesa.
Seus camaradas da
arbitragem de vários quadrantes prestaram-lhe o devido tributo com uma romagem de
saudade ao cemitério de Paranhos.
1.Sem bandeiras do
meio campo o encontro pode realizar-se? 2.O guarda-redes pode utilizar um vulgar
boné? 3.Um jogador agrediu um adversário no decorrer do intervalo. Que
procedimentos deverá ter o Árbitro? 4.Jogador suplente, fora do rectângulo de
jogo, estende uma perna e derruba o adversário. Como deve o Árbitro actuar?
5.Jogador lesionado sai do relvado para ser assistido. Contudo, sem ter pedido
autorização ao Árbitro, entra no terreno de jogo e joga a bola com a mão dentro
da área de grande penalidade. O que deve fazer o Árbitro?
CONCLUSÕES DO III
CURSO NACIONAL DE APERFEIÇOAMENTO
1.Realçou-se a
atenção para com os comportamentos dos elementos que podem permanecer entre a
linha lateral e a vedação, casos de jogadores suplentes, dirigentes,
treinadores, médicos, massagistas. Em caso de incumprimento deverão ocupar
lugar publico e com a respectiva participação à entidade organizadora do
prélio. 2.Solicitou-se à FPF que lembre os clubes da necessidade de marcar a
chamada linha dos fotógrafos. 3.Devido a novas directrizes quanto à bola,
solicita-se à FPF que os esféricos devem ser submetidos à aprovação das
Associações, sendo-lhes aposto carimbo ou, então, lacradas. 4.Os Árbitros devem
ser antecipadamente conhecedores das cores que os clubes utilizam, assim como
os números colocados na camisola devem ser bem visíveis. 5.Quando um jogador
for vítima de lesão grave, provocada por adversário, o Árbitro terá
de informar no seu
boletim se a atitude do jogador causador do acidente foi intencional ou casual,
a fim de poder habilitar a Federação a aplicar a respectiva penalidade.
6.Em termos de tempo
o Árbitro deverá agir de harmonia com as situações que se lhe deparem, quer por
atraso das equipas na chegada ao campo, ou para iniciar ou reiniciar o jogo,
nunca se esquecendo de que o interesse comum é o da sua realização.
1.Joaquim Campos,
Árbitro lisboeta e internacional, deslocou-se a Aveiro onde proferiu palestra
relacionada com aspectos gerais da arbitragem. 2.Os Árbitros setubalenses
realizaram as provas físicas obrigatórias, seguido de almoço-convívio. 3.Houve
festa de confraternização em Évora, com a presença de muitos filiados e
dirigentes locais e
nacionais, como a
foto demonstra. 4.Júlio Braga Barros, de Leiria, por ter sido nomeado
internacional vai ser homenageado pela Comissão Distrital, que está a preparar
o programa festivo.
1.Por despacho do
Subsecretário de Estado da Juventude e Desportos datado de 16 de Julho de 1965,
é aprovado o documento que regerá o sector, do qual se salienta algumas
passagens: 2.O método de eleição era, na altura, muito pouco democrático, muito
Estado Novo, pois a Comissão Central tinha um presidente, que teria de residir em Lisboa, mas escolhido pela Direcção
Geral de Desportos, 4 vogais designados pela Federação e outros 4 eleitos em
assembleia-geral da corporação, mas sempre sujeitos a confirmação do Ministro
da Educação Nacional, depois de receber informação da Polícia política
portuguesa, quanto ao comportamento cívico dos nomeados! 3.Os vogais eleitos
eram da competência dos presidentes das Comissões Distritais! 4.Existia uma
Comissão Executiva constituída pelo presidente e dois vogais escolhidos
mensalmente pelo presidente, em regime de rotação. 5.A acção disciplinar sobre
os Árbitros era da competência da Comissão central. 6.O Relatório e Contas da
Comissão Central era submetido a parecer da Direcção da FPF e à aprovação da
Direcção Geral de Desportos. 7.O presidente da Comissão Central tem assento no
Congresso federativo, mas sem direito a voto. 8.Eram mensais as reuniões da
Comissão Central e semanais as da Comissão Executiva.
O responsável por
este espaço responde ao leitor Alberto Santos Costa, da Beira (Moçambique), que
coloca a seguinte questão: Um atleta avançado num campo de terra batida e com o
piso muito enlameado, corre com a bola e a dado momento um jogador defensor
quer interceptar a jogada mas não consegue e, inadvertidamente, com o seu
movimento faz que um pouco de terra salte para a vista do avançado que, por
nada ver, abraçou a bola que levava. O Árbitro interrompe o jogo, providenciou
que o jogador atingido com a lama fosse socorrido e recomeça a partida
executando bola ao solo, decisão muito bem recebida pelos espectadores e pelos
intervenientes do jogo. David Costa responde que o Árbitro fez bem, pois não
houve qualquer infracção e os seus poderes são para decidir com justiça, rigor
e inteligência.
1.O jornal Record vai
instituir um prémio para o melhor Árbitro de cada época. Será um apito em ouro
e serão os seus jornalistas a pontuarem as actuações dos juízes que vêem assim
os seus méritos reconhecidos. 2.Hermínio Soares animado por esta iniciativa
também vai oferecer uma Taça ao melhor Árbitro e quatro medalhas aos seus
auxiliares. 3.Prémio Ribeiro dos Reis. Está composto o júri que irá analisar os
trabalhos concorrentes à recompensa de dez mil escudos: Jornalistas Manuel Mota
e Vítor Santos e o presidente da Comissão Central, Engº Sousa Loureiro.
4.Ezequiel Cavaco, secretário da Comissão Central esteve em Montesilvano no
curso de aperfeiçoamento dos Árbitros italianos que dirigem os jogos da I e II
divisões do país transalpino.
1.O desaparecimento
de António Cid Gomes fez gerar um movimento de solidariedade que se regista, destacando-se
o facto da Associação de Futebol do Porto dotar o torneio de abertura com o
nome do malogrado Árbitro falecido em campo. 2.A Comissão Central concedeu o
valor de dez mil escudos à Casa do Árbitro, em Lisboa, para aquisição de
material necessário às suas funções. 3.Agradece-se à Associação de Futebol de
Lisboa toda a colaboração e empenho para que este local de reunião dos Árbitros
fosse possível. 4.O Árbitro galês Geoffrey Powel, que dirigiu a partida entre o
Aarhus e o Vitória de Setúbal envergou uma camisola de cor vermelha e brilhante,
isto em homenagem à sua Federação, segundo afirmou. Por tal bizarria causou
alguma polémica, pois a cor utilizada ainda não era considerada nos parâmetros
oficiais. 5.Em homenagem a Humberto Costa Dias, dirigente madeirense que se
distinguiu na recepção feita aos colegas do continente, realizou-se um encontro
de futebol entre Árbitros, partida essa que foi por si dirigida, seguida de
almoço-convívio. A Associação de Futebol do Porto não habilita os Árbitros
jubilados com o cartão de livre ingresso, os quais, para assistirem aos
desafios têm de adquirir bilhete. Esta atitude contrasta com as restantes
Associações de Futebol de Portugal que, neste caso específico, atribui os
livres trânsito aos seus filiados. Porquê?
EQUIPA DE ARBITRAGEM
DE CABO DELGADO (MOÇAMBIQUE)
Constituída por
Estarreja, Amorim Araújo e Puchez.
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