A cidade de São Tomé,
em 1924, teve uma corporação de bombeiros voluntários!
Eis alguns episódios
do historial dos tempos idos da sua presença em São Tomé, obtidos no então
Boletim Oficial de São Tomé e Príncipe:
26.07.1924 – A
corporação avisa os seus associados de que, a seu pedido, o Dr. Luiz Gonçalves
de Souza Machado Júnior acedeu dar consultas grátis aos sócios às segundas,
quartas e sextas-feiras, das 9 às 11 horas, na Drogaria Africana (!), onde
provisoriamente funciona o Posto de Socorros Urgentes.
Aceitou o mesmo
pedido da Corporação o Dr. Joaquim António de Oliveira, que começou as
consultas nas mesmas condições na Farmácia Alves de Sá, em 1 de agosto, das 8
às 9 horas, em dias a anunciar.
Um grupo de
associados irá levar a efeito, no dia 27, domingo, um encontro de futebol em
honra da instituição.
Nesse sentido a
Delegação convida os senhores comerciantes, agricultores, empregados do
comércio e agricultura, funcionários e o povo em geral para assistirem ao
desafio, visto o interesse que está despertando o despique entre as equipas
representativas da Delegação dos Bombeiros Voluntários da Ajuda e da Associação
dos Empregados do Comércio e Agricultura de São Tomé.
16.08.1924 – Dado que
o jogo realizado, não teve vencedor, a Direção informa que no domingo, dia 17
de agosto, irá disputar-se novo encontro (desempate), para se atribuir, a quem
ganhar o desafio, o prémio oferecido pela Delegação da Cruz Verde, o qual se
encontra em exposição na Farmácia Alves de Sá. Apela-se à presença
de todas as pessoas que queiram assistir a este espetáculo desportivo.
20.12.1924 – Através
de Artur Alves Dias, pela Direção, e Rafael Croner Trigueiros, pela Delegação,
é dado a conhecer que a Corporação, a seu pedido, conseguiu o concurso gracioso
dos médicos a seguir referidos para exercerem a sua atividade clínica nos
locais das consultas: Dr. Luiz Gonçalves de Sousa Machado Júnior, na Farmácia
Alves de Sá; Dr. António Bonifácio de Oliveira, Farmácia Américo Mendes; e Dr.
Justino António dos Santos, na Farmácia Africana. Os boletins de consulta devem
ser pedidos na Farmácia Alves de Sá ao presidente da Direção, mediante
apresentação do cartão de identidade. Os sócios beneficiam de um bónus de 20%
em todo o receituário aviado nas Farmácias Alves de Sá e Américo Mendes.
08.04.1925 – O
Governo da Província aprova, ao abrigo do § único, do artigo 252º, do
Código Administrativo de 4 de maio de 1896, os Estatutos da Corporação, os
quais são constituídos por 11 capítulos e 79 artigos.
A publicação do Alvará
verificou-se no suplemento nº 6, do Boletim Oficial nº 18, de 8 de maio de 1925,
páginas 11 e seguintes.
NOTA: Para o trabalho
que estou a desenvolver (Futebol em São Tomé e Príncipe), tentei saber algo
mais e sobre este surpreendente serviço público desempenhado em São Tomé, em
Lisboa, junto das direções, quer da Associação dos Bombeiros Voluntários da
Ajuda, assim como da Liga dos Bombeiros Portugueses, mas nada adiantaram, o que
me leva a supor ser matéria que não se lembram ou desconhecem. É pena.
Para adensar ainda
mais a perplexidade, direi que, sobre o tema, nada é referido nas publicações
editadas pela própria Cruz Verde: a primeira, editaram o jornal
“Voluntários da Ajuda”,
aquando da comemoração do 50º aniversário da sua fundação, em 10.04.1930, alusivo
à efeméride, com 4 páginas e; na segunda, novo jornal, com o título
“O Voluntário da
Ajuda”, em 10.04.1942 (62º aniversário), com 8 páginas; assim como na terceira,
na revista
“Bodas de Diamante”, quando
comemorou os 75 anos de existência, isto em 10.04.1955, documento com 56
páginas, bem como num simples prospeto, a sua
“Breve referência
histórica”, de abril de 2000, com 4 páginas.
Contudo, a excelente
obra “Bombeiros Portugueses-seis séculos de história”, de 1995, gigantesco
trabalho supervisionado pelo Dr. Francisco Hermínio Pires dos Santos, dois
volumes com mais de 820 páginas, tem o seguinte apontamento sobre o serviço de
bombeiros em São Tomé:
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