Eis as notícias principais do Boletim “O Árbitro” nº 63 (ano VI), de há
cinquenta anos:
BIBLIOTECA – Publicam-se 69 novos livros que fazem parte de tão rico património,
num total de 633 as obras que estão ao dispor dos leitores.
AMIZADE LUSO-ESPANHOLA – A imagem reporta-se ao convívio entre
dirigentes dos dois países, personalizados por Hugo Silva e Nuno Freitas,
membros da Comissão Central e pelos “nuestros hermanos” Vicente Caballero e
Manuel Ascensi, Árbitro FIFA e Presidente do Colégio federativo espanhol.
TÍTULOS – “Falar de Futebol…” é assinado por António Augusto Santos, que
se reporta à eventual cronometração do jogo de futebol, exemplificando, em
pormenor, o que foi a análise a 5 desafios e considerando o tempo perdido com
golos, pontapés livres, pontapés de canto, foras de jogo, lançamentos laterais,
pontapés de baliza, expulsões (nesta altura as advertência não ocupavam
espaço…) e lesões, levaram, no total, a 123 interrupções, 32,03 minutos que não
se jogaram em 90, mas sim 57,58’. O autor nada diz quanto à sua opinião se se
deve ou não haver contagem de tempo como no basquetebol…
MAIS UM ESTÁDIO – Regista-se com agrado a inauguração do recinto do Vitória
de Setúbal, em 16.09.1962, com pompa e circunstância pelas altas
individualidades que deram brilho ao acontecimento.
JUAN GARDEAZABAL GARAY (na foto) - Hugo Silva entrevista este conceituado Árbitro
espanhol de Bilbao que começa por dizer que se sente muito feliz em voltar a
actuar em Portugal, no Vitória de Setúbal-Saint Étienne, que estreia o novo
espaço do clube sadino, com os seus companheiros José Cozar (de Ceuta) e José
Ruiz Casasola (de Sevilha). Esteve no Porto duas vezes e uma em Lisboa. Entende
que o público português é simpático e cordial. Quanto à sua participação no
mundial de 1962 (Chile), diz que a competição começou sob maus auspícios, com alguma
violência, que surpreendeu tudo e todos. Dirigiu três encontros, o
Hungria-Bélgica, Argentina-Bélgica e, para os 3º e 4º lugares, o
Chile-Jugoslávia. Diz que os Árbitros inicialmente ficaram perplexos com a
brutalidade empregue pelos jogadores, oscilando nalguns casos, mas depois
recompuseram-se e, no fim, ficaram satisfeitos com o trabalho produzido. Não
está nada arrependido de se ter dedicado à arbitragem, bem pelo contrário.
Grandes e sinceras amizades que tem granjeado por todo o mundo são motivo mais
do que suficiente para estar grato à causa que abraçou.
COMISSÃO CENTRAL – Comunica, através de comunicado, que considerou
HERMÍNIO Henrique SOARES (Lisboa), como o “Árbitro que mais se evidenciou no
decurso da época 1961/62”. Atribuiu Menção Especial aos Árbitros JOAQUIM
Fernandes CAMPOS e Dr. DÉCIO Vitor Bentes de FREITAS, ambos de Lisboa. Elogiou
MANUEL Joaquim FORTUNATO (Évora), MARCOS dos Santos LOBATO, António VIRGÍLIO
BAPTISTA (ambos de Setúbal), José PORFÍRIO de Carvalho e SILVA (Aveiro).
Destaca os progressos evidenciados dos Árbitros PEDRO Pereira dos SANTOS
(Porto), CARLOS dos Santos PAULA (Aveiro), ANÍBAL da Silva OLIVEIRA e ANACLETO Mendes
GOMES, ambos de Lisboa, augurando excelentes promessas com vista ao futuro da
arbitragem nacional.
ASSIM VAI O MUNDO DA ARBITRAGEM – Triste notícia, o falecimento do
antigo Árbitro internacional espanhol Rafael Garcia-Fernandez, de 49 anos,
natural de Santander, vítima de doença. Entre nós dirigiu o encontro Portugal
B-Luxemburgo em 10.04.1955, com vitória dos portugueses por 3-1. Nesse jogo
teve como auxiliares Aníbal de Oliveira e Joaquim Campos. Da Alemanha vem a
informação da retirada do internacional Albert Dush, por limite de idade, pois
completou 50 anos. E de Espanha, pelo mesmo motivo, Castiñeira e Lacambra. O
novo presidente dos Árbitros de Catalunha é o ex-árbitro internacional Ramon
Azon. De Timor chega-nos a notícia de que o último curso de candidatos teve 5
inscrições, bastante aquém dos elementos necessários.
O CURSO DA FIFA EFECTUADO EM FLORENÇA – Filipe Gameiro Pereira (na foto)
dá a conhecer os resultados desta importante reunião que envolveu muita gente
da arbitragem e de muitos países, começando por apresentar as 15 propostas que
foram analisadas, discutidas e aprovadas. Questões como, se o Árbitro deve
retardar a execução da reposição da bola em jogo para melhor se colocar no rectângulo;
o Árbitro deve levantar o braço quando assinala pontapé-livre indirecto; os
jogadores podem repor rapidamente a bola em jogo sem ter em linha de conta a
distância a considerar pelos adversários; quando haja intercepção da bola por
adversário que não esteja à distância regulamentar a repetição deve acontecer.
Na medição dos 9,15, a contagem não deve ser inferior a 10 passos.
A FIFA ENCORAJA AS FEDERAÇÕES NACIONAIS – Para que incentivem os
estudantes, os jovens, os professores, os jogadores seniores, os instrutores,
os Árbitros, os treinadores e o público no sentido de considerarem o futebol no
seu aspecto geral. O jogo deve ser partilhado, não apenas pelo seu valor como
divertimento, mas também pelas lições e pelo prazer que dele se colhem. Os jogadores
devem lembrar-se que a sua habilidade e o seu comportamento desportivo ajudarão
a aumentar a atracção universal pelo desporto-rei. Os desafios internacionais
só continuarão a interessar o público se forem eliminados todos os actos
antidesportivos. Devem, pois, as Federações nacionais tomar as medidas
imediatas e decisivas contra os jogadores que não submetam e reclamem das
decisões do Árbitro, que joguem deliberadamente a bola com as mãos, que
retenham ou que, por más actuações, perturbem um adversário para conseguirem
uma jogada produtiva, que percam tempo, gritem ou mostrem má disposição, ou se
comportem mal de qualquer forma.
A FIFA ESCLARECE – Que os Árbitros não podem ser responsáveis por jogo
grosseiro e comportamento antidesportivo; a sua missão não é a de ensinar boas
maneiras, mas de punir os jogadores que transgridam as leis. A responsabilidade
de um bom comportamento em campo incumbe, em primeiro lugar, aos próprios
jogadores, mas os dirigentes dos clubes os treinadores podem ajudar, de forma
decisiva, insistindo para que os seus jogadores se comportem como verdadeiros
desportistas.
A FIFA PEDE – Que as Federações nacionais mantenham os poderes dos
Árbitros e que imponham severos castigos aos jogadores que transgridam as leis.
GUIA UNIVERSAL DOS ÁRBITROS – O International Board decidiu melhorar as
leis I, e III a XVI, dando conta disso a todas as Federações através de
circular.
NOTA: As últimas quatro fotos reportam-se ao convívio dos Árbitros de
Aveiro, acontecimento que se destacou na edição anterior deste boletim.
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