terça-feira, 18 de setembro de 2012

NAQUELE TEMPO – SETEMBRO 1962 (61)

Eis as notícias principais do Boletim “O Árbitro” nº 63 (ano VI), de há cinquenta anos:
BIBLIOTECA – Publicam-se 69 novos livros que fazem parte de tão rico património, num total de 633 as obras que estão ao dispor dos leitores. 
AMIZADE LUSO-ESPANHOLA – A imagem reporta-se ao convívio entre dirigentes dos dois países, personalizados por Hugo Silva e Nuno Freitas, membros da Comissão Central e pelos “nuestros hermanos” Vicente Caballero e Manuel Ascensi, Árbitro FIFA e Presidente do Colégio federativo espanhol.
TÍTULOS – “Falar de Futebol…” é assinado por António Augusto Santos, que se reporta à eventual cronometração do jogo de futebol, exemplificando, em pormenor, o que foi a análise a 5 desafios e considerando o tempo perdido com golos, pontapés livres, pontapés de canto, foras de jogo, lançamentos laterais, pontapés de baliza, expulsões (nesta altura as advertência não ocupavam espaço…) e lesões, levaram, no total, a 123 interrupções, 32,03 minutos que não se jogaram em 90, mas sim 57,58’. O autor nada diz quanto à sua opinião se se deve ou não haver contagem de tempo como no basquetebol…    
MAIS UM ESTÁDIO – Regista-se com agrado a inauguração do recinto do Vitória de Setúbal, em 16.09.1962, com pompa e circunstância pelas altas individualidades que deram brilho ao acontecimento. 
JUAN GARDEAZABAL GARAY (na foto) - Hugo Silva entrevista este conceituado Árbitro espanhol de Bilbao que começa por dizer que se sente muito feliz em voltar a actuar em Portugal, no Vitória de Setúbal-Saint Étienne, que estreia o novo espaço do clube sadino, com os seus companheiros José Cozar (de Ceuta) e José Ruiz Casasola (de Sevilha). Esteve no Porto duas vezes e uma em Lisboa. Entende que o público português é simpático e cordial. Quanto à sua participação no mundial de 1962 (Chile), diz que a competição começou sob maus auspícios, com alguma violência, que surpreendeu tudo e todos. Dirigiu três encontros, o Hungria-Bélgica, Argentina-Bélgica e, para os 3º e 4º lugares, o Chile-Jugoslávia. Diz que os Árbitros inicialmente ficaram perplexos com a brutalidade empregue pelos jogadores, oscilando nalguns casos, mas depois recompuseram-se e, no fim, ficaram satisfeitos com o trabalho produzido. Não está nada arrependido de se ter dedicado à arbitragem, bem pelo contrário. Grandes e sinceras amizades que tem granjeado por todo o mundo são motivo mais do que suficiente para estar grato à causa que abraçou.
COMISSÃO CENTRAL – Comunica, através de comunicado, que considerou HERMÍNIO Henrique SOARES (Lisboa), como o “Árbitro que mais se evidenciou no decurso da época 1961/62”. Atribuiu Menção Especial aos Árbitros JOAQUIM Fernandes CAMPOS e Dr. DÉCIO Vitor Bentes de FREITAS, ambos de Lisboa. Elogiou MANUEL Joaquim FORTUNATO (Évora), MARCOS dos Santos LOBATO, António VIRGÍLIO BAPTISTA (ambos de Setúbal), José PORFÍRIO de Carvalho e SILVA (Aveiro). Destaca os progressos evidenciados dos Árbitros PEDRO Pereira dos SANTOS (Porto), CARLOS dos Santos PAULA (Aveiro), ANÍBAL da Silva OLIVEIRA e ANACLETO Mendes GOMES, ambos de Lisboa, augurando excelentes promessas com vista ao futuro da arbitragem nacional.
ASSIM VAI O MUNDO DA ARBITRAGEM – Triste notícia, o falecimento do antigo Árbitro internacional espanhol Rafael Garcia-Fernandez, de 49 anos, natural de Santander, vítima de doença. Entre nós dirigiu o encontro Portugal B-Luxemburgo em 10.04.1955, com vitória dos portugueses por 3-1. Nesse jogo teve como auxiliares Aníbal de Oliveira e Joaquim Campos. Da Alemanha vem a informação da retirada do internacional Albert Dush, por limite de idade, pois completou 50 anos. E de Espanha, pelo mesmo motivo, Castiñeira e Lacambra. O novo presidente dos Árbitros de Catalunha é o ex-árbitro internacional Ramon Azon. De Timor chega-nos a notícia de que o último curso de candidatos teve 5 inscrições, bastante aquém dos elementos necessários. 
O CURSO DA FIFA EFECTUADO EM FLORENÇA – Filipe Gameiro Pereira (na foto) dá a conhecer os resultados desta importante reunião que envolveu muita gente da arbitragem e de muitos países, começando por apresentar as 15 propostas que foram analisadas, discutidas e aprovadas. Questões como, se o Árbitro deve retardar a execução da reposição da bola em jogo para melhor se colocar no rectângulo; o Árbitro deve levantar o braço quando assinala pontapé-livre indirecto; os jogadores podem repor rapidamente a bola em jogo sem ter em linha de conta a distância a considerar pelos adversários; quando haja intercepção da bola por adversário que não esteja à distância regulamentar a repetição deve acontecer. Na medição dos 9,15, a contagem não deve ser inferior a 10 passos.  
A FIFA ENCORAJA AS FEDERAÇÕES NACIONAIS – Para que incentivem os estudantes, os jovens, os professores, os jogadores seniores, os instrutores, os Árbitros, os treinadores e o público no sentido de considerarem o futebol no seu aspecto geral. O jogo deve ser partilhado, não apenas pelo seu valor como divertimento, mas também pelas lições e pelo prazer que dele se colhem. Os jogadores devem lembrar-se que a sua habilidade e o seu comportamento desportivo ajudarão a aumentar a atracção universal pelo desporto-rei. Os desafios internacionais só continuarão a interessar o público se forem eliminados todos os actos antidesportivos. Devem, pois, as Federações nacionais tomar as medidas imediatas e decisivas contra os jogadores que não submetam e reclamem das decisões do Árbitro, que joguem deliberadamente a bola com as mãos, que retenham ou que, por más actuações, perturbem um adversário para conseguirem uma jogada produtiva, que percam tempo, gritem ou mostrem má disposição, ou se comportem mal de qualquer forma.
A FIFA ESCLARECE – Que os Árbitros não podem ser responsáveis por jogo grosseiro e comportamento antidesportivo; a sua missão não é a de ensinar boas maneiras, mas de punir os jogadores que transgridam as leis. A responsabilidade de um bom comportamento em campo incumbe, em primeiro lugar, aos próprios jogadores, mas os dirigentes dos clubes os treinadores podem ajudar, de forma decisiva, insistindo para que os seus jogadores se comportem como verdadeiros desportistas.
A FIFA PEDE – Que as Federações nacionais mantenham os poderes dos Árbitros e que imponham severos castigos aos jogadores que transgridam as leis.
GUIA UNIVERSAL DOS ÁRBITROS – O International Board decidiu melhorar as leis I, e III a XVI, dando conta disso a todas as Federações através de circular.
NOTA: As últimas quatro fotos reportam-se ao convívio dos Árbitros de Aveiro, acontecimento que se destacou na edição anterior deste boletim. 

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