sábado, 26 de janeiro de 2013

NAQUELE TEMPO – JANEIRO DE 1963 (65)

O Boletim “O Árbitro” nº 67 (Ano VI), de há cinquenta anos, destacou, entre outros, os seguintes temas:
DÉCIO DE FREITAS – Acena com comunicação sobre as diferenças geracionais, desejando que os mais idosos possam contribuir com a sua experiência e sapiência para a evolução dos novos Árbitros.
SAUDAÇÃO DE ANO NOVO – A ideia e elaboração da capa deste número é da autoria de Orlando Pereira de Sousa, Árbitro lisboeta que, mais uma vez e gentilmente, colaborou com o boletim.
D. MANUEL ASENSI MARTIN – O Editor Hugo Silva, descreve, como a foto demonstra, a despedida que foi proporcionada ao dirigente dos Árbitros espanhóis e amigo de Portugal, antes de regressar a casa, com o passeio à Serra da Arrábida e almoço em Setúbal, a anteceder o encontro de futebol entre o Vitória e o Benfica. Refira-se estes dois pequenos episódios: Depois de ter dirigido primorosamente uma partida internacional em Madrid, perguntaram ao seu filho mais novo, de 4 anos de idade, que assistiu ao encontro, se queria ser como o seu pai. Resposta  pronta: Não, porque o papá fartou-se de correr durante todo o encontro e não lhe passaram a bola uma única vez… D. Manuel Asensi, ainda jovem, não queria cumprir serviço militar na altura da guerra civil (1936 a 1939), e conseguiu que um médico amigo lhe diagnosticasse cegueira num dos olhos. Mais tarde um dos seus ouvidos deixou de trabalhar. Logo, cego e surdo só podia vir a ser Árbitro... E assim começou a sua auspiciosa carreira.
Joaquim Campos, por ter dirigido o sexto jogo entre selecções “A”, a FIFA conferiu-lhe a respectiva insígnia internacional. O jornal A Voz Desportiva, de Coimbra, pelo seu jornalista Correia Dias faz um belíssimo artigo apelando ao fair-play. A Comissão Distrital de Manica e Sofala, de Moçambique, publicou o Guia do Árbitro, graças ao valioso e notável trabalho de Alberto dos Santos Costa. Retribui-se, no limiar do ano novo, as boas festas dos colegas espanhóis José Caballero, Julian Arqué e José Diaz Lopez. Saúdam-se os orientadores e colaboradores do jornal A Bola pela passagem de mais um aniversário. Felicita-se Fernando Magalhães que dirigiu em Timor jogos em que interveio equipas do Norte da Austrália e a sua ida a esta zona do globo para arbitrar outros encontros. Para África é feito apelo para que os assinantes procedam ao pagamento a que estão sujeitos. A capa deste número é da autoria de Orlando Pereira de Sousa, Árbitro lisboeta que trabalhou gentilmente. Por fim, numa extensa lista, são divulgados os nomes de pessoas que endereçaram votos de boas festas.
A greve dos Árbitros no Luxemburgo só foi normalizado o recomeço das competições, graças à intervenção da FIFA. Em Itália, os jogadores do Savona Futebol Clube fizeram paralisação das “pernas caídas” como protesto de não lhes serem melhoradas as chamadas “luvas” no início da época. Em Espanha, num desafio de campeonato popular (Puenteáreas-Silva) a primeira equipa contestou severamente a decisão do Árbitro por ter validado um golo obtido pelo adversário com a mão, situação que não foi vista pelo juiz. Mas o Árbitro expulsou-os a todos, incluindo o treinador e o massagista… Registe-se que os Árbitros também se lesionam quando estão em funções, como foi o caso de Evaristo Silva, no Barreiro, com uma distensão muscular. No Maiorca-Málaga, o Árbitro Pintado foi atingido com uma forte bolada na cara e recebeu assistência médica. Reinaldo Silva, das Caldas da Rainha, também sofreu idêntico percalço. Stanley Rous, presidente da FIFA, preocupado com a arbitragem a nível mundial esteve nos Estados Unidos a proferir palestras nas cidades de Nova Iorque, São Francisco, Chicago e Los Angeles.
Rous teve ainda tempo para assistir em Amesterdão ao encontro para o Campeonato da Europa, Holanda-Suíça (3-1), realizado em 11.11.1962 e dirigido pelo Árbitro FIFA JOAQUIM Fernandes de CAMPOS (n. 05.09.1924), 21 vezes internacional, de 1953/54 a 1973/74 e 17º a entrar na lista dos até agora 85 Árbitros portugueses, e pelos auxiliares EDUARDO Rosa GOUVEIA (n. 28.04.1914/f. 02.01.2000), à esquerda, 7 vezes internacional, de 1955/56 a 1959/60 e 61/62 e 62/63, 22º, e RAUL Fernandes MARTINS (08.08.1924), 1 vez internacional, em 1962/63, 30º
(o trio de arbitragem na foto).
TÍTULOS – Vítor Santos, escreve “A crítica do Árbitro é a defesa do Árbitro”. Hugo Silva comenta “Têm a palavra os clubes”. Barros de Araújo desenvolve “Na encruzilhada do ódio!...”. Na Beira (Moçambique), Carmo Lourenço (na foto) regista “Jornalistas e… Jornaleiros”. Joaquim Campos relata a “Inesquecível viagem aos Açores”. Eduardo Neves, de Viseu, descreve “Apontamentos sobre a obstrução”. Vem de Luanda, do Árbitro Joaquim Caixeiro, o artigo “Da lei da vantagem e sua relatividade”. Adriano Peixoto, opina sobre “O Árbitro Profissional”.
NOTÍCIAS DE CABO VERDE – Com algum atraso, por motivo involuntário, dá-se conta da actividade na ilha de São Vicente, onde Humberto Faria (na imagem) dirigiu a partida comemorativa do Dia de Portugal em 10 de Junho de 1962.
Já a equipa de arbitragem, como a foto mostra, constituída por Ernesto Medina (o mais destacado Árbitro cabo-verdiano), Marçal da Silva e Alberto Soares actuou no encontro entre o Clube Sportivo Mindelense e o Boavista Futebol Clube.
Encontro no Aeroporto de Lisboa – Entre a equipa de arbitragem que dirigiu a partida entre o Sporting Clube de Portugal e o Dundee Football Club (Escócia), que contava para a Taça dos Clubes Campeões Europeus, realizado em 24.10.1962, no Estádio Alvalade e que o primeiro ganhou por 1-0. Árbitros franceses: Principal, Henri Faucheux. Auxiliares, Robert Lacost e Andre Miel e os portugueses que dirigiram o encontro a contar para a Taça das Taças em Madrid, no dia 24.10.1962, disputado pelo Club Atlético de Madrid e pelo Hibernians Paola (Malta), em que os espanhóis ganharam por 4-0. Árbitros: Principal ABEL DA COSTA (n. 19.01.1913), 7 vezes internacional (1956/57 a 1962/63, 24º). Auxiliares, DÉCIO Vítor Bentes DE FREITAS (23.03.1919/29.12.1975) 10 vezes internacional, (1959/60 a 1968/69, 27º) e CLEMENTE HENRIQUES (19.06.1914/27.01.2001), 4 vezes internacional (de 1960/61 a 1963/64, 28º).
O jogo da primeira mão do Campeonato da Europa de 1964, realizado em 16.12.1962, no Restelo, Portugal jogou a ganhou à Bulgária por 3-1. Árbitros franceses: Principal, Henri Faucheux. Auxiliares: André Petit e Jean Malleville, todos nas duas últimas imagens.

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