O Boletim “O Árbitro” nº 67 (Ano VI), de há
cinquenta anos, destacou, entre outros, os seguintes temas:
DÉCIO DE FREITAS – Acena com comunicação sobre
as diferenças geracionais, desejando que os mais idosos possam contribuir com a
sua experiência e sapiência para a evolução dos novos Árbitros.
SAUDAÇÃO DE ANO NOVO – A ideia e elaboração
da capa deste número é da autoria de Orlando Pereira de Sousa, Árbitro lisboeta
que, mais uma vez e gentilmente, colaborou com o boletim.
D. MANUEL ASENSI MARTIN – O Editor Hugo
Silva, descreve, como a foto demonstra, a despedida que foi proporcionada ao
dirigente dos Árbitros espanhóis e amigo de Portugal, antes de regressar a
casa, com o passeio à Serra da Arrábida e almoço em Setúbal, a anteceder o
encontro de futebol entre o Vitória e o Benfica. Refira-se estes dois pequenos
episódios: Depois de ter dirigido primorosamente uma partida internacional em
Madrid, perguntaram ao seu filho mais novo, de 4 anos de idade, que assistiu ao
encontro, se queria ser como o seu pai. Resposta pronta: Não, porque o papá fartou-se de correr
durante todo o encontro e não lhe passaram a bola uma única vez… D.
Manuel Asensi, ainda jovem, não queria cumprir serviço militar na altura da
guerra civil (1936 a 1939), e conseguiu que um médico amigo lhe diagnosticasse
cegueira num dos olhos. Mais tarde um dos seus ouvidos deixou de trabalhar.
Logo, cego e surdo só podia vir a ser Árbitro... E assim começou a sua
auspiciosa carreira.
Joaquim Campos, por ter
dirigido o sexto jogo entre selecções “A”, a FIFA conferiu-lhe a respectiva
insígnia internacional. O jornal A Voz Desportiva, de Coimbra, pelo seu
jornalista Correia Dias faz um belíssimo artigo apelando ao fair-play. A
Comissão Distrital de Manica e Sofala, de Moçambique, publicou o Guia do
Árbitro, graças ao valioso e notável trabalho de Alberto dos Santos Costa. Retribui-se,
no limiar do ano novo, as boas festas dos colegas espanhóis José Caballero,
Julian Arqué e José Diaz Lopez. Saúdam-se os orientadores e colaboradores do
jornal A Bola pela passagem de mais um aniversário. Felicita-se Fernando
Magalhães que dirigiu em Timor jogos em que interveio equipas do Norte da
Austrália e a sua ida a esta zona do globo para arbitrar outros encontros. Para
África é feito apelo para que os assinantes procedam ao pagamento a que estão
sujeitos. A capa deste número é da autoria de Orlando Pereira de Sousa, Árbitro
lisboeta que trabalhou gentilmente. Por fim, numa extensa lista, são divulgados
os nomes de pessoas que endereçaram votos de boas festas.
A greve
dos Árbitros no Luxemburgo só foi normalizado o recomeço das competições,
graças à intervenção da FIFA. Em Itália, os jogadores do Savona Futebol Clube
fizeram paralisação das “pernas caídas” como protesto de não lhes serem
melhoradas as chamadas “luvas” no início da época. Em Espanha, num desafio de
campeonato popular (Puenteáreas-Silva) a primeira equipa contestou severamente a
decisão do Árbitro por ter validado um golo obtido pelo adversário com a mão,
situação que não foi vista pelo juiz. Mas o Árbitro expulsou-os a todos,
incluindo o treinador e o massagista… Registe-se que os Árbitros também se
lesionam quando estão em funções, como foi o caso de Evaristo Silva, no
Barreiro, com uma distensão muscular. No Maiorca-Málaga, o Árbitro Pintado foi
atingido com uma forte bolada na cara e recebeu assistência médica. Reinaldo
Silva, das Caldas da Rainha, também sofreu idêntico percalço. Stanley Rous,
presidente da FIFA, preocupado com a arbitragem a nível mundial esteve nos
Estados Unidos a proferir palestras nas cidades de Nova Iorque, São Francisco,
Chicago e Los Angeles.
Rous teve ainda tempo para assistir em
Amesterdão ao encontro para o Campeonato da Europa, Holanda-Suíça (3-1),
realizado em 11.11.1962 e dirigido pelo Árbitro FIFA JOAQUIM Fernandes de CAMPOS
(n. 05.09.1924), 21 vezes internacional, de 1953/54 a 1973/74 e 17º a entrar na
lista dos até agora 85 Árbitros portugueses, e pelos auxiliares EDUARDO Rosa
GOUVEIA (n. 28.04.1914/f. 02.01.2000), à esquerda, 7 vezes internacional, de 1955/56 a
1959/60 e 61/62 e 62/63, 22º, e RAUL Fernandes MARTINS (08.08.1924), 1 vez
internacional, em 1962/63, 30º
(o trio de arbitragem na foto).
TÍTULOS – Vítor Santos, escreve “A crítica
do Árbitro é a defesa do Árbitro”. Hugo Silva comenta “Têm a palavra os
clubes”. Barros de Araújo desenvolve “Na encruzilhada do ódio!...”. Na Beira (Moçambique), Carmo Lourenço (na
foto) regista “Jornalistas e… Jornaleiros”. Joaquim Campos relata a
“Inesquecível viagem aos Açores”. Eduardo Neves, de Viseu, descreve
“Apontamentos sobre a obstrução”. Vem de Luanda, do Árbitro Joaquim Caixeiro, o
artigo “Da lei da vantagem e sua relatividade”. Adriano Peixoto, opina sobre “O
Árbitro Profissional”.
NOTÍCIAS DE CABO VERDE – Com algum atraso,
por motivo involuntário, dá-se conta da actividade na ilha de São Vicente, onde
Humberto Faria (na imagem) dirigiu a partida comemorativa do Dia de Portugal em
10 de Junho de 1962.
Já a equipa de arbitragem, como a foto
mostra, constituída por Ernesto Medina (o mais destacado Árbitro
cabo-verdiano), Marçal da Silva e Alberto Soares actuou no encontro entre o
Clube Sportivo Mindelense e o Boavista Futebol Clube.
Encontro no Aeroporto de Lisboa – Entre a equipa
de arbitragem que dirigiu a partida entre o Sporting Clube de Portugal e o
Dundee Football Club (Escócia), que contava para a Taça dos Clubes Campeões
Europeus, realizado em 24.10.1962, no Estádio Alvalade e que o primeiro ganhou
por 1-0. Árbitros franceses: Principal, Henri Faucheux. Auxiliares, Robert
Lacost e Andre Miel e os portugueses que dirigiram o encontro a contar para a
Taça das Taças em Madrid, no dia 24.10.1962, disputado pelo Club Atlético de
Madrid e pelo Hibernians Paola (Malta), em que os espanhóis ganharam por 4-0.
Árbitros: Principal ABEL DA COSTA (n. 19.01.1913), 7 vezes internacional
(1956/57 a 1962/63, 24º). Auxiliares, DÉCIO Vítor Bentes DE FREITAS
(23.03.1919/29.12.1975) 10 vezes internacional, (1959/60 a 1968/69, 27º) e CLEMENTE
HENRIQUES (19.06.1914/27.01.2001), 4 vezes internacional (de 1960/61 a 1963/64,
28º).
O jogo da primeira mão do Campeonato da
Europa de 1964, realizado em 16.12.1962, no Restelo, Portugal jogou a ganhou à Bulgária
por 3-1. Árbitros franceses: Principal, Henri Faucheux. Auxiliares: André Petit
e Jean Malleville, todos nas duas últimas imagens.
Sem comentários:
Enviar um comentário