Do Boletim “O
Árbitro” nº 76 (Ano VII), editado há precisamente 50 anos, predomina os seguintes
temas:
REGRAS DE CORRECÇÃO
1.O saber encarar uma
derrota com dignidade é bem mais difícil do que festejar uma vitória.
Só os autênticos
desportistas são capazes de assim proceder.
2.Aqueles que
desportivamente lutam pelo seu clube no campo de jogo esperam os nossos
aplausos.
Animemos o
espectáculo com entusiasmo mas nunca com paixão desenfreada.
3.Todos pensamos na
vitória do nosso clube. Que isso aconteça é o nosso intimo desejo.
Mas todos devemos ter
presente no nosso espírito que, acima de tudo, somos homens e não podemos
deixar-nos cair nas paixões desenfreadas.
Temos de dominar os
instintos que podem prejudicar a beleza do desporto.
4.O aplaudirmos e
incitarmos à vitória o nosso clube não impede que se faça justiça ao espírito
de luta do adversário.
Eles jogadores e nós
público, todos somos amigos do desporto.
E seremos cada vez
melhores desportistas na medida em que não nos deixarmos dominar pelos excessos
doentios do chamado clubismo.
Ser amigo do nosso
clube é não o envergonharmos com as nossas atitudes anti-desportivas.
5.Os atletas do clube
adversário devem merecer-nos tanta simpatia e carinho como aqueles que
representam o nosso clube.
Lembremo-nos de que
uns sem os outros não podiam proporcionar ao público a beleza e grandiosidade
que constituem o próprio jogo.
(Campanha de
Desportivismo da Federação Portuguesa de Futebol)
PARAR É MORRER…
O Dr. Décio de
Freitas (na imagem), director da publicação, congratula-se com o regresso de
Joaquim Campos, que volta a exercer o cargo de editor, com quem conta, graças
às suas características de trabalho e sacrifício, para que a continuidade do boletim
seja uma realidade e com a qualidade que se deseja.
Nota: Esta foto
refere-se ao jogo da final dum torneio popular de futebol do qual foi patrono,
realizado no relvado secundário do Estádio Nacional, em 23.09.1973, e pronto
para entregar a taça à equipa vencedora. A equipa de arbitragem presente:
Árbitro principal, eu. Colegas, Amilcar Luís Vidal Gil (n. 20.05.1934) e José
Joel Aflalo de Sousa (n. 31.07.1941).
1.Manuel Marques,
antigo Árbitro e ex-dirigente da Comissão Distrital de Setúbal, assina
“Evocando um episódio do passado”, onde relata a continuação de um jogo de
futebol sem a presença de um dos fiscais de linha.
2.O Dr. Furtado Lima,
de Ponta Delgada, Açores, desenvolve “Desporto e Medicina”, advoga que também
no desporto precisa de autenticidade.
3.António Augusto
Santos continua a explanar “Vamos desempatar”, curioso e interessante trabalho
sobre o “golo-average”. “Deve o Fiscal de Linha para a bola?”, questão colocada
por Carmo Lourenço, que, ao mesmo tempo, opina que quando ela se lhe dirige não
deve levantar o pé, abrir as pernas, etc., logo…
4.Barros de Araújo
diz de sua justiça quanto ao esclarecimento da Comissão Central sobre “Do
lançamento da bola pela linha lateral”, reforçando que o lançamento efectuado a
mais de 5 metros da linha lateral deva ser considerado como incorrecto, sendo a
mesma equipa a repor a bola em jogo, mas dentro da legalidade.
5.O Sporting Clube
Olhanense no seu jornal coloca uma singular questão interrogando-se: “Quem
arbitra hoje?”, perspectivando as características dos Árbitros nomeados semana
a semana.
6.O Professor Marques
de Matos continua a ajuizar “Conceitos sobre arbitragem”, conselhos, aliás, aos
Árbitros quanto ao seu comportamento em campo.
7.Agostinho Ferreira,
membro da Comissão Distrital de Viseu, aborda no “Jornal de Viseu” o tema
“Problemas da arbitragem”, face ao estudo que a Federação elaborou e entregou na
Direcção-geral dos Desportos para melhorar a estrutura da arbitragem
portuguesa.
1.Em Leiria foi
descerrada a fotografia do falecido presidente da Comissão Distrital, Capitão
Eduardo Maria Correia Gaspar, com a presença de inúmeras pessoas.
2.Realça-se a
iniciativa de colocar em grande número de recintos desportivos, mormente nos
espaços reservados aos atletas, dísticos com bons conselhos de salutar ética
desportiva, que desejamos sejam levados à letra e cumprido por todos.
3.Destaque-se o que
disse Jules Rimet [n. 14.10.1873†16.10.1956], antigo presidente da FIFA [1928/1954]:
“O futebol tem elegância moral e as suas leis impõem aos que as aceitam a
cortesia, a disciplina e a honestidade”, encarando, assim, há tantos anos um
momentoso problema actual.
4.Décio de Freitas
esteve na Madeira e aproveitou a oportunidade para promover uma palestra e
projectar um filme sobre situações que se verificam nos campos de futebol.
5.Viseu levou a
efeito mais um Curso de Candidatos, destacando-se do programa as seguintes
matérias que serão leccionadas: História do Futebol, introdução em Portugal e
evolução das suas leis; interpretação e aplicação das regras do jogo; diagonal,
sistema oficializado entre nós; noções gerais sobre regulamentação federativa,
associativa e da Comissão Central; noções de Psicologia; elaboração do boletim
e relatório do jogo; colaboração dos elementos da equipa de arbitragem; e
provas práticas a submeter os candidatos.
PENSAMENTOS
E CONSELHOS
1.“A multidão pode
enganar-te quando jogas. Os gritos de incitamento à violência que tantas vezes
escutas são provenientes de uma minoria: os que nunca souberam o que é
desporto; os destrambelhados de nervos; os inúteis. A esmagadora maioria
condena sempre o teu procedimento”.
2.“Não te julgues
alguém por seres um bom jogador de futebol. Sabe dar valor aos que te rodeiam e
coloca-te no teu ligar”.
3.“Em desporto o
essencial não é vencer mas sim saber lutar”.
4.“O futebol tem a
sua beleza característica. Qualquer partida tem motivos de interesse, quer seja
jogada pelos astros ou pelas equipas mais modestas. Não manches o jogo com o
teu procedimento”.
5. “Não adianta
reclamar. O Árbitro é a maior autoridade no terreno de jogo”.
6.“Não imitemos os
outros. Procuraremos encontrar-nos a nós próprios e manter sempre a nossa
maneira de ser”.
7.“A grande lição que
se pode receber da vida é esta: Por vezes os imbecis podem ter razão”.
8.António Ribeiro dos
Reis, o nosso primeiro Árbitro internacional, termina, expressando: “O desporto
para ser tudo o que deve, precisa do concurso de educadores orientados dentro
dos verdadeiros princípios; de dirigentes integrados nas realidades e
exigências do meio; de atletas que saibam compreender a finalidade da cultura
física; de propagandistas que tenham a noção exacta da sua elevada missão; e de
um público isento de paixões doentias que desvirtuam o verdadeiro significado
da ideia desportiva”.
1.Dá-se conta que
Alberto Costa, o presidente da Comissão Distrital de Manica e Sófala
(Moçambique) tem visto os seus planos de acção entravados muitas vezes por quem
tinha o dever de lhe facilitar a missão.
2.José Fernandes de
Oliveira foi considerado pelos leitores do “Jornal da Madeira” o melhor Árbitro
da região, tendo recebido troféu alusivo.
3.Em Espanha, na
celebração de missa em memória do saudoso Árbitro espanhol Vicente Caballero,
marcou presença Joaquim Neves de Carvalho, dirigente da Comissão Central de
Árbitros.
4.Joaquim Campos,
responsável por esta rubrica, agradece a valiosa colaboração recebida de
Alberto do Carmo Lourenço, António Augusto Santos, Barros de Araújo, David
Costa, entre outros.
José Gonzalez
Echeverria, [†15.01.2009], natural de San Sebastian (Espanha), internacional
nas épocas de 1958/59 a 1960/61 e 1963/64, conta-nos que foi jogador de futebol
aos 16 anos de idade, e pelas características que aplicava no campo, era
reconhecido como “O Terrível”! Aos 27 ingressou na arbitragem e, na altura da
entrevista, com 46 diz estar a terminar a carreira.
Conheceu muitos
países graças ao futebol.
1.O célebre jogador
inglês Stanley Matthews [nascido em Hanley no dia 1 de Fevereiro de 1915,
vegetariano, cuja ímpar e exemplar carreira futebolista decorreu ininterruptamente
entre 1932 e 1965 (33 anos!), participando em 701 jogos e obteve 71 golos,
faleceu em 23 de Fevereiro de 2000, com mais de 100.000 pessoas no seu funeral…],
declarou que os espectadores estão cada vez mais exigentes ao presenciarem o
desporto-rei.
Dada a tendência do
futebol moderno optar pelo jogo defensivo, e “como é sempre mais fácil evitar
golos do que marcá-los, porque não alargar as balizas? Afastem-se os postes
mais quinze centímetros”.
2.Em Itália o jornal
“Gazeta do Desporto” resolveu pontuar os Árbitros que actuaram no principal
Campeonato Italiano e atribuir quatro prémios, ganhos por:
1ºGiuseppe Adami, de
Roma [n. 14.01.1915†07.02.2007, internacional em 1960/1964]
2ºConcetto Lo Bello,
de Siracusa [n. 13.05.1924†09.09.1991, internacional em 1958/1974]
3ºGúlio Campanati, de
Milão [n. 15.06.1923†30.10.2011, internacional em 1956/1966]
4ºAntónio Sbardella,
de Roma [n. 17.10.1925†14.01.2002, internacional 1965/1971]
A seguir, o
periódico, diz ir estender as distinções aos Fiscais de Linha.
3.O presidente da
FIFA, o inglês Sir Stanley Rous [nasceu em Watford, em 14.10.1873†16.10.1956],
está disposto a publicar as suas memórias, segundo o jornal espanhol “A Marca”,
esperando que contasse os processos que utiliza para a distribuição dos grupos
dos campeonatos mundiais; a maneira habilidosa como designa os Árbitros; a
forma como consegue organizar um elenco de “velhos” Árbitros já retirados para
manejar as Federações Nacionais dos países da FIFA. Pelos vistos tal dirigente
não está nas boas graças dos nossos vizinhos…
1.António Barros
Araújo regressou de Angola, após mais de dois anos de ausência, à sua unidade
militar de Vila Real.
2.Pediu o
licenciamento o Árbitro internacional lisboeta, Raul Fernandes Martins (n.
08.08.1924), assim como Joaquim Artur de Castro Carvalho, também de Lisboa.
3.João Relvas, de
Angra do Heroísmo, vai frequentar curso profissional (técnico de aviação) em
França.
4.Transferidos do Conselho
Provincial da Guiné-Bissau os Árbitros Manuel António Pereira Silvestre e
Hipólito Portas, para, respectivamente, Santarém e Braga.
5.Encontra-se
internado num hospital de Lisboa o dirigente da Comissão Distrital de Viseu
Agostinho Ferreira.
6.Francisco Pires
Duarte, ex-presidente da Comissão Distrital de Santarém viajou para Angola,
onde vai cumprir serviço militar.
7.Augusto Marques
Bom, membro da Comissão Distrital de Coimbra, foi homenageado pelo facto de
integrar a Comissão Central, como seu dirigente.
8.Américo António,
pediu a demissão de filiado da Comissão Distrital de Porto.
9.Está entre nós, a
gozar as suas merecidas férias, Natálio dos Reis Lima Árbitro dos quadros da
Associação de Futebol de Manica e Sófala (Moçambique).
A ORGÂNICA DA
ARBITRAGEM NA DINAMARCA
Joaquim Campos
descreve a estrutura que se verifica naquele país nódico, destacando o baixo
valor que auferiam quando dirigiam jogos da primeira divisão: cem escudos! E os
Fiscais de linha, metade!” Depois de terem encetado uma campanha contra esse
estado de coisas viram os prémios duplicarem, mas a insatisfação ainda imperou.
1.Vinca-se a
preocupação dos nossos Árbitros continuarem a ser pouco solicitados para
actuarem no estrangeiro, conquanto os nossos camaradas de outros países
visitam-nos com assiduidade, o que não deixa de ser má vontade da hierarquia
europeia, já que o sol quando nasce é para todos…
2.A Comissão Central
quer assegurar critério uniforme na apreciação do trabalho dos Árbitros pelos
Delegados Técnicos, nem que para isso tenha que recrutar antigos Árbitros para executarem
essa missão.
3.Chama-se a atenção
do “Jornal Mundo Desportivo” para o facto das pontuações que atribuem aos
Árbitros que dirigem os jogos da primeira divisão não condizerem com a
realidade. Há que ter mais cuidado nessa área.
EQUIPAS DE ARBITRAGEM
QUE ACTUARAM EM PARTIDAS OFICIAIS INTER-CLUBES EUROPEUS.
Taça das Cidades com
Feiras. Em 01.10.1963, no Estádio Mestalla (Espanha), defrontaram-se as equipas
do Valência Club de Fútbol (f. 18.03.1919) e do Shamrock Rovers Football Club
(f. 01.01.1901), da Republica da Irlanda, com o resultado final de 2-2. Árbitro
principal, Clemente Henriques [n. 19.06.1914†27.01.2011], do Porto. Auxiliares,
Manuel Lousada Rodrigues [26.06.1919†07.05.2011], de Santarém e Francisco
Gonçalves Guerra [04.09.1917†30.11.1986], do Porto.
No dia 02.10.1963. no
Estádio da Luz, em Lisboa, em encontro a contar para a Taça dos Campeões
Europeus, o Sport Lisboa e Benfica (f. 28.02.1904), recebeu e venceu por 5-0 os
irlandeses do norte do Lisburn Dustillery Football Club (f. 20.11.1880), com o
suíço Hubert Burguet (internacional de 1963 a 1968), a chefiar a equipa de
arbitragem.
Ainda para a Taça das
Cidades com Feira e em jogo realizado em 09.10.1963, no Estádio do Restelo, em
Lisboa, entre o Clube de Futebol Os Belenenses (f. 23.09.1919) e o Nagometni
Klub Trešnjevka (f. 04.05.1926), da Croácia, cuja vitória sorriu aos lisboetas
por 2-1. O espanhol José Gonzalez Echeverria liderou o trio de arbitragem.
Taça das Taças. No mesmo
dia, mas no Estádio de Alvalade, em Lisboa, defrontaram-se as turmas do
Sporting Clube de Portugal (f. 01.06.1963) e da Atalanta Bergamasca Calcio (f.
17.10.1907), de Itália, com a vitória dos visitados por 3-1, o que obrigou a
terceira partida para saber quem continuava em prova. Aliás, os portugueses não
só superaram esse obstáculo, como viriam a vencer o derradeiro jogo da final. O
suíço Huber Othmar (internacional de 1958 a 1968), foi o Árbitro principal do
jogo.
NOVOS DELEGADOS DO
BOLETIM “O ÁRBITRO”
Em Aveiro, Carlos
Paula (imagem de cima) e no Funchal, António Camacho (em baixo).
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