No Boletim “O
Árbitro” nº 77 (Ano VII), publicado há meio século, os temas principais foram:
SUBSCRIÇÃO EM MEMÓRIA
DE VICENTE CABALLERO
Anuncia-se o valor
recolhido até agora (650$00), que irá custear a aquisição de uma lápide a ser
colocada na campa deste saudoso colega espanhol.
EDITOR REGRESSA
Joaquim Campos,
depois de uma ausência de dezassete meses, volta a exercer as suas iniciais
funções, com mais disponibilidade e determinação, dado que, quando saiu, não o
fez zangado e ninguém ficou contrariado ou desavindo consigo.
O delegado em Viseu,
Eduardo Neves, subscreve “À sombra da cruz”. O Dr. Furtado Melo, da Ilha de São
Miguel, continua a desenvolver o tema: “Desporto e Medicina”. O Árbitro de
Setúbal, José Paulo Guimarães, expressa “A minha opinião”. Manuel Marques dos
Santos, de Setúbal, assina “Medida acertada, exemplo a seguir”.
Do livro “Tratado
Ilustrado de Leis de Futebol”, do Prof. Marque de Matos continua a divulgar-se
“Conceitos sobre arbitragem”, recomendando muita atenção à área de grande
penalidade, faltas dentro e fora da grande área, interpretação correcta da lei,
marcação de pontapés livres, grande penalidade e há que cortar o mal pela raiz…
Carlos Martins, jornalista desportivo do Porto, descreve “Reuniões de curso”. “A
grande penalidade”, por António Augusto Santos, que elabora extenso
questionário com perguntas e respostas. João Gomes, do Porto, escreve sobre
“Agradável surpresa”.
1.Recorda-se
Ribeiro dos Reis ao focar-se que no dia-a-dia, nos campos de futebol, surgem
problemas novos que criam embaraços para a sua resolução, ao que ele adiantou:
“Há quem considere futilidade e bizantinismo e delas sorria desdenhoso, certas
questões que por vezes são apresentadas por alguns Árbitros sobre casos
curiosos, verdadeiras fantasias, quase inverosímeis!”
2.Em Espanha os
agentes da policia que se encontram ao serviço nos rectângulos de jogo têm um
pequeno banco que utilizam não só para estarem mais confortáveis como, assim,
não prejudicam a visibilidade aos espectadores das primeiras filas da bancada
ou do peão. Já em Portugal isso não acontece o que por vezes os agentes são
alvo de chacota dos presente que vêem ali um obstáculo que lhes dificulta a
visão perfeita do espectáculo.
3.O Boletim esteve
representado nas tomadas de posse dos novos dirigentes da Associação de Futebol
de Lisboa e da Federação Portuguesa de Futebol.
COMISSÕES DISTRITAIS
– ACTIVIDADE
1.AVEIRO-Na busca de
melhores conhecimentos e experiências para os seus filiados foram programadas
palestras sobre as leis que regem o futebol em São João da Madeira, não só para
os seus residentes, como os de Oliveira de Azeméis, Vila da Feira e Lourosa. Em
Estarreja, Albergaria-a-Velha, Ovar e Espinho. Aveiro, Águeda, Anadia e
Pampilhosa.
2.LEIRIA-Numa reunião
com os Árbitros foi prestada homenagem póstuma ao antigo Presidente, Capitão
Eduardo Maria Correia Gaspar, com o descerramento de uma sua fotografia. Depois
dos discursos alusivos ao acto os Árbitros fizeram as suas provas atléticas
dentro dos parâmetros exigidos. Terminou a sessão com um almoço que reuniu os
Árbitros e dirigentes.
3.LISBOA-Mais um
curso de candidatos está a decorrer, desta feita com 60 inscrições.
4.PORTO-Levou a
efeito as seguintes provas escritas e práticas para os seus inúmeros Árbitros:
Ponto escrito sobre leis do futebol; competições atléticas, baseadas nas
corridas de oitenta e mil e quinhentos metros em pista. Não serão penalizados
quando errem no primeiro exame.
1.A FIFA alterou o
número mínimo de jogos internacionais necessários para os Árbitros ostentarem a
insígnia de internacional, que passa a ser dois em vez dos até aqui seis. Nesse
caso o lisboeta HERMÍNIO Henrique SOARES [n. 23.05.1915†26.09.1981] e o
portuense FRANCISCO Gonçalves GUERRA [n. 04.09.1917†30.11.1986] vão usufruir
daquele emblema, ficando Portugal com 3 elementos nessas condições.
-HERMÍNIO SOARES-
2.Durante a disputa
do jogo do campeonato nacional da segunda divisão, zona sul, entre o Sport
Grupo Scalabitano “Os Leões” (f. 08.12.1911) e o Portimonense Sporting Clube
(f. 14.08.1914), um jogador da equipa de Santarém, depois de ser atingido com
uma forte bolada, num remate desferido à queima-roupa, caiu inanimado no
terreno de jogo. Um seu adversário, de apelido Santos, média da equipa
algarvia, não vacilou e de imediato deitou-se no chão, por sinal numa poça de
água, colocando o corpo do lesionado em cima do seu para que melhor pudesse ser
assistido! Caso raro de altruísmo que se regista e aplaude.
-FRANCISCO GUERRA-
3.Em referência ao
que aconteceu no Barreiro, onde o lisboeta Aníbal Silva Oliveira [n.
06.11.1918†04.02.2010], teve que suspender a partida que estava a dirigir por
uma das balizas ter caído, um espectador do Porto conta que na época 1919/1920
o jogador do Sporting Clube de Portugal (f. 01.07.1906) Francisco Stromp fizera
tombar, com um potente pontapé, um dos postes da baliza do campo da
Constituição!
4.A Federação
Portuguesa de Futebol enviou carta a agradecer ao Boletim pela difusão feita à
campanha de disciplina que a FPF tem estado a promover.
UM ÁRBITRO
ESTRANGEIRO DE MÊS A MÊS
O belga Hubert
Burguet (internacional de 1963 a 1968), deu conta que jogou futebol mas não foi
por aí além.
-HUBERT BURGUET-
Profissionalmente exerceu
o cargo de director de empresa de seguros. Ao serviço da arbitragem já actuou
na Áustria, Escócia, França, Holanda, Inglaterra, Itália e Portugal.
1.Regressa à actividade,
em Santarém, Isidro José Fragoso, depois de ter estado ausente mais de dois
anos em Angola.
2.Transferiram-se
para Lisboa e Évora, respectivamente, Fernando Joaquim de Sousa Cruz (do
Porto), José Joaquim Pontes (de Luanda) e Rogério Neves da Silva (Timor); e
João Pedro Rosado (de Luanda).
3.Saúda-se os 38 anos
de existência do semanário desportivo “A Voz Desportiva”, de Coimbra.
4.António Dores da
Silva e Alfredo Soares da Silva, filiados no Porto, deixaram a actividade.
5.Eduardo Antunes de
Souto, de Santarém, seguiu para África.
6.O lisboeta Jaime de
Jesus Pires, viu o seu pedido de licenciamento deferido.
7.Está a passar
férias em Portugal o luandense Adelino Barbosa Ramos.
8.O semanário de
Castelo Branco “Reconquista” transcreve artigo publicado no nº 75 deste
Boletim, pelo que se agradece a deferência.
Começa a ser
publicado este estatuto emitido pela Comissão Central de Árbitros, com a
divulgação do Capítulo I-Comissões Central e Distritais de Árbitros
(Constituição e competência) e os seus 8 artigos. Refira-se que este documento
foi aprovado por Sua Exª o Sub-Secretário de Estado da Educação Nacional, em 25
de Outubro de 1963.
PÁGINA DA COMISSÃO
CENTRAL
1.Dada a
impossibilidade de dar execução aos objectivos pretendidos com a criação do
“Fundo de Aperfeiçoamento Técnico” foi deliberado suspender a dedução de 10%
nos prémios dos Árbitros com destino àquela conta. Congratula-se com tal medida
por atenuar, embora ligeiramente, os efeitos da parca remuneração que,
contrariamente aos seus propósitos, é recebida pelos seus filiados. (Circular
5, de 29.10.1963).
2. É pedido a todas
as Comissões Distritais que elaborem um orçamento descritivo com as receitas e
despesas previstas para a época, dado pretender-se elaborar um estudo
financeiro para saber como vivem estas entidades. Mensalmente, até ao dia 15 do
mês seguinte devem enviar cópia de balancete referente ao período em
apreciação. (Circular 6, de 31.10.1963).
3.É exigido às
Comissões Distritais a remessa até à quinta-feira anterior à realização dos
jogos, de uma relação nominal dos Árbitros nomeados para as provas distritais,
com indicação das partidas onde irão actuar, respectivos campos, dias e horas.
(Circular 7, de 08.11.1963).
4.Ainda o Regulamento
Geral da Arbitragem a Comissão Central obriga as Distritais a enviar-lhe, num
espaço muito curto, o número de filiados em actividade (incluindo os
estagiários), A composição actual do quadro de dirigentes com indicação dos
cargos que exercem, seus nomes e residências, e tudo o mais que for entendido
para o fim em vista. (Circular 8, de 31.10.1963).
1.Assinala-se a
reaparição do espanhol Juan Gardeazabal [n. 27.11.1923†21.12.1969], depois de
mais de uma ano de ausência, devido a lesão contraída quando dirigia um jogo de
futebol.
2.A Liga de Futebol
inglesa, preocupada com a onda de violência que assola as suas competições, com
agressões constantes e perseguições aos Árbitros, jogadores mal tratados e tudo
mais, pela voz do seu secretário, Agan Hardakerd [n.29.07.1912†04.03.1980],
afirmou: “Creio que o reforço de policiamento e punições mais severas, não
serão suficientes. O remédio terá de ser outro pois os dirigentes do futebol
entendem que o que está ocorrendo faz parte de um problema nacional”.
3.O insólito aconteceu
na ilha de Oleon onde um Árbitro ao separar dois jogadores que estavam a lutar entre
si, atingiu um deles com uma cabeçada que o deixou sem sentidos. Foi conduzido
ao Hospital com problemas sérios. Os espectadores iam linchando o agressor, mas
não deixou de ir responder em Tribunal.
4.Os prémios pagos
aos Árbitros ingleses nos jogos da 1ª ou 2ª divisões rondam os seiscentos
escudos, acrescidos de diária e despesas de deslocação. Os Fiscais de Linha
auferem aproximadamente metade do valor anunciado. Em encontros internacionais
entre clubes ou jogos particulares a quantia dobra.
1.Sobre a lei da
vantagem comenta-se o facto de grande parte dos críticos evocaram como
desprestigio e desrespeito o seu não cumprimento por parte dos Árbitros. Tais
observadores deveriam compreender melhor as situações, porque as faltas ao não
serem assinaladas nos momentos precisos poderiam ocasionar graves problemas
disciplinares, que viriam logo a seguir. E, para evitar males maiores, todos os
cuidados são poucos…
2.Os delegados das
equipas deveriam ser os primeiros a contribuírem para a disciplina e manutenção
da ordem dentro das atribuições que lhe estão reservadas. Por vezes não é
assim. Excedem-se, discutem, gesticulam expansivamente, contagiando sócios e
adeptos que criam sérios e embaraçosos problemas que, com um pouco mais de
calma e ponderação, poderiam ser evitados.
3.Lamenta-se que a
critica clame muitas vezes contra o “caseirismo” da arbitragem, acusando os
juízes de protegerem o clube visitado ou o mais forte, sem que lhes assista a
mais pequena razão. São os Árbitros que sentem feroz crítica quando o clube da
casa perde e os jornalistas da terra apontam ao juiz todas as culpas do desaire
da equipa. Apela-se ao bom senso das pessoas que têm de apreciar o trabalho do
Árbitro, independentemente de ser ou não adepto, jogador ou dirigente de um dos
clubes em confronto.
4.Volta a falar-se
das poucas nomeações que os internacionais portugueses têm no estrangeiro. Só a
Espanha, e vá lá… Esperam-se melhores dias, mas até lá não se deixará de se
invocar a necessária justiça nas escolhas, já que os nossos Árbitros são
olvidados.
Taça dos Campeões
Europeus, segunda eliminatória, primeira mão-Em 06.11.1963, no Estádio da Luz,
Lisboa, defrontaram-se as turmas do Sport Lisboa e Benfica (f. 28.02.1904) e a
alemã do Borussia de Dortmund (f. 19.12.1909), que terminou com a vitória do
anfitrião por 2-1. Os Árbitros vieram de França. Principal, Pierre Schwinté [n.
06.03.1922]. Auxiliares, Machin e Wattiez.
Taça das Cidades com
Feiras, oitavos de final, segunda mão-Em 20.11.1963, Em Espanha, no Estádio la
Romareda, defrontaram-se as equipas do Real Zaragoza (f. 18.03.1932) e do
Football Club Lausanne Sport (f. 15.09.1896), da Suíça, e o resultado sorriu
aos visitados por 3-0. Equipa de Arbitragem portuguesa: Principal, ÁLVARO
RODRIGUES [22.11.1922†20.02.2002], de Coimbra, DÉCIO Vítor Bentes de FREITAS
[23.03.1919†29.12.1975] e JOAQUIM Fernandes de CAMPOS [05.09.1924], ambos de
Lisboa.
Taça das Taças,
segunda eliminatória, segunda mão-Ainda em 20.11.1963, no Estádio Alvalade, o
Sporting Clube de Portugal (f. 01.07.1906) derrotou, novamente, o cipriota
Apoel, de Nicósia por 2-0, quando na primeira mão, no mesmo recinto desportivo,
aplicou 16-1! Equipa de arbitragem espanhola. Principal, Daniel Zariquiegui
Izco [n. 09.10.1924]. Auxiliares, Carlos Alvarez e José Cardelo.
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