O FUTEBOL NO MUNDO (EPISÓDIO 45)

TÍTULO:

AGRADECIMENTO

23 ANOS DE HISTÓRIA!

AUTORIA:

ALTEMIR HAUSMANN *

No mundo do futebol nasci.

No da arbitragem, vivi.

Uma vida pra contar.

No Estrela, mascote, com Tadeu,

no campo adentrar.

Gandula, Falcão, Renato,

vendo a rede balançar.

Categoria de base, nem pensar.

Aos 13, precisava trabalhar.

E o futebol? Era pra quem sabia jogar...

Aos 18, era hora de homem virar,

quartel precisava servir,

comprar o primeiro disco.

Era só música que eu queria ouvir.

Comecei então viajar.

Uma tal de São Paulo era o lugar.

Ver meu primo, Everton jogar.

Emoção, no campo, melhor coisa não há

Comecei, então a cachaça tomar.

E agora?

Como no campo, eu vou entrar?

Quem é aquele de preto,

pelo campo a correr?

Deve ser louco, pra cá e pra lá

atrás dos outros.

-Opa! Mudou, todos querem ele pegar,

todos loucos, devem estar!

-Será que quero ser ele?

Quis o destino,

que um dia um faltou,

meu tio Ingor me convidou

e eu sem nada a perder,

vamos ver no que vai dar.

Belmiro, na tela botaram,

e eu, metido:

- Pára lá! Nele, ninguém mete a mão!

Desgraça, que coisa e essa que vicia?

Descobri, nome ela tinha:

-Chamavam de arbitragem.

Curso feito. Começa a carreira.

Jogo após jogo, não existia geladeira.

Seu Barreto, pró canto chamou:

- Meu filho, tu é muito bobin vai ver apitar Mocelin, fica ali, no ladin.

Um campo é muito pra ti,

vou te dar só a metade.

Mas toma cuidado:

você tem muita vontade.

Nascia então uma nova função,

juiz de linha, eu era então.

Comecei a pegar jeito e, como dizem:

-Eta trem bao!

Já era hora, do Brasil conhecer.

Viajar, bah! De avião!

Dois medos!

O de nele entrar

e dele não sair!

-Reza! vamos lá.

É preciso seguir!

Novos amigos fiz:

nomes não quero citar.

Mas, José Carlos Oliveira,

me ensinou bandeirar.

O Brasil agora conheço.

Outro homem fui visitar.

Armando, o nome dele,

dá medo, só de falar.

-Um pai, assim o defino.

Voz firme, cada palavra, um ensino.

Agora, já Fifa

a América vou conhecer,

é mais um passo a dar,

preciso crescer.

Caramba! Preciso parar,

minha família abraçar,

esse ritmo é muito louco.

meus filhos, cresceram

não estão mais uns tocos.

Azar! Foi o que eu escolhi.

Agora é tarde,

não tem mais como regredir.

Simon me liga: Lá vem a noticia!

Vamos pra Dubai!

E eu logo pergunto:

até lá o avião não cai?

Rapaz!

esse mundo é muito estranho.

Tudo diferente,

mas para ser alguém

é preciso esse passo à frente.

Vinte dias se passam:

coração quase explode.

Ficar tanto tempo longe de casa.

Isso não pode!

Voltei, agora é férias.

Xi! nem pensar!

o Mundo continua girando,

pra Copa preciso treinar.

Simon, o homem das Copas,

preciso auxiliar.

África do Sul,

Um sonho, Mandela conhecer,

Um exemplo a seguir.

Infelizmente, não deu.

Maracanã, Mandela não vai vir,

morreu!

Quis o destino

Na data que nasci,

Maracanã Deus quis

Como árbitro,

morri!

Essa é minha história!

Aos amigos, agradeço por ter construído comigo esta história linda da qual me sinto apenas coadjuvante!

Seguimos vivo!

* Este meu bom e nobre amigo brasileiro nasceu em 5 de Dezembro de 1968, no Rio Grande do Sul, na cidade Estrela, que dista 113 quilómetros da Capital (Porto Alegre). É empresário e iniciou-se na arbitragem em 1991, colaborando em mais de 900 jogos. Ostentou a insígnia FIFA, como Árbitro Assistente, de 2004 a 2013. Participou no Mundial de 2010-África do Sul. Tive a subida honra de receber das suas mãos o seu “ASSISTANT REFEREE FIFA 2009” que valorizou sobremaneira a minha colecção de insígnias FIFA, única no mundo! Bem-haja!