sexta-feira, 1 de agosto de 2014

NAQUELE TEMPO – AGOSTO DE 1964 (EPISÓDIO 84)



No boletim “O Árbitro” nº 86 (Ano VIII), publicado já lá vão 50 anos, os assuntos mais importantes foram os seguintes:
CARTA A TODOS OS ÁRBITROS PORTUGUESES
O Presidente Fernando Pimenta apresenta as despedidas do cargo que exerceu para dar lugar ao Engº Sousa Loureiro e agradece a colaboração recebida durante o seu mandato.
1.Diogo Manso, de Braga, assina “Os porquês… da arbitragem! “ 2.A linguagem nos campos de futebol”, do lisboeta Ilídio Cacho. 3.O aveirense Manuel Maria Ferreira da Costa (na imagem) continua a desenvolver “O atleta, O Árbitro e o espectador”.
 4.Extrai-se do livro de Filipe Gameiro Pereira o tema “Discutir as decisões do Árbitro”. 5.Dá-se conta da palestra do Dr. Fernando Pimenta, subordinada ao tema: “O Árbitro, a sua função específica e os atributos fundamentais que a mesma exige.”
II CURSO NACIONAL DE APERFEIÇOAMENTO E ACTUALIZAÇÃO DOS ÁRBITROS DE FUTEBOL
Carlos Martins, jornalista desportivo do Porto faz uma resenha do que aconteceu, destacando o empenho dos formandos, assim como a excelente organização que imperou até ao último momento.
Tomamos a liberdade de transcrever o último parágrafo do seu artigo, sensível, actual e que merece reflexão:
“Não podem existir opiniões diferentes: a valorização do Árbitro, sob todos os pontos de vista, é cada vez mais necessária e premente, pois as exigências do futebol, o conhecimento exacto e interpretativo das dezassete leis que o regem, para além do importantíssimo capítulo da “psicologia arbitral” (chamemos-lhe deste modo) são capítulos imprescindíveis que têm de fazer parte do saber de qualquer Árbitro – juiz na aplicação da lei que é só uma, mas, para além disso, igualmente juiz na parte psicológica, que não vem no código, mas que o Árbitro tem de utilizar, conforme o grau humano, sentimental e temperamental. Disse-o alguém: “aplica a lei dos códigos, mas envolve-a, também, com a lei da tua consciência”.
1.O aveirense Manuel Pereira dos Santos viajou para Joanesburgo onde está a desenvolver a sua actividade profissional, assim como o terceirense Reinaldo Melquíades que rumou até aos Estados Unidos. 2.Eduardo Neves, de Viseu, que teve “alta” clínica, assistiu ao II Curso Nacional. 3.A Comissão Distrital de Castelo Branco distinguiu o seu filiado João Lopes Gonçalves com o título do melhor da temporada, entregando-lhe uma medalha oferecida por António Arnel Afonso, assinante do Boletim. 4.O funeral do Presidente da Comissão de Árbitros de Vila Real, Álvaro Correia Vilar Figueiredo, falecido em Lisboa, foi uma imponente manifestação de pesar na capital de Trás-os-Montes. 5.Transferiu-se de Leiria para Lisboa, Domingos Feliciano Moisés e José Castilho da Silva, de Leiria para Setúbal. José Lopes, de Angra do Heroísmo, esteve de visita a Lisboa. António Pereira Silvestre de Santarém viajou até à cidade do Cabo (Moçambique). 6.O Sport Clube Marítimo fez chegar o seu órgão oficial “Ecos do Marítimo”. 7.Rogério Neves da Silva, ingressou nos quadros da arbitragem de Luanda, e tem actuado nalguns encontros com geral agrado. 8.O dirigente aveirense António Almeida Massadas Rino foi acometido de doença súbita.
A COMISSÃO DISTRITAL DOS ÁRBITROS DE FUTEBOL DO PORTO INAUGUROU A SUA SEDE
Ivo Araújo escreveu esta peça dando conta que as novas instalações estão situadas na Rua Fernandes Tomás, 840-2º andar. Esta mudança deveu-se à necessidade da Associação de Futebol do Porto ter necessidade do espaço ocupado pela Comissão. Na inauguração, para além de muitos Árbitros, estiveram as personalidades ligadas ao desporto-rei e Clemente Henriques, o internacional portuense foi homenageado pelo presidente Orlando Sousa.
O escolhido foi o inglês Arthur Holland que nunca veio a Portugal. Mineiro de profissão trabalhava em Cerved (Barnsley, Yorkshire) e praticou futebol localmente. Iniciou a sua actividade arbitral há 25 anos e atingiu o topo da carreira tornando-se Árbitro FIFA na época 1959/60 até 1963/1964. Foi o Árbitro da final da Taça dos Campeões Europeus entre o Benfica e o Milão. Seu pai (John Holland) e tio (Rligah Benm) foram Árbitros durante muitos anos e o seu filho (Pedro) iniciou-se também na arbitragem. Arthur Holland terminou em beleza a sua carreira pois foi chamado para dirigir destacados jogos com equipas da elite europeia.
1.A Comissão Distrital de Aveiro levou a efeito as provas físicas para os seus filiados no Estádio Mário Duarte e a festa de confraternização, com um almoço muito concorrido. 2.O Árbitro jubilado angrense João Avelino de Sousa, sargento, foi distinguido pelo Exército Português com a medalha de ouro. 3.Fernando Pimenta e Luís Gaspar frequentaram em Itália o Curso de Informação para Árbitros da primeira categoria. 4.Marques de Matos ultima o segundo volume do trabalho a ser publicado proximamente. 5.Faleceu o Árbitro santareno António Marques Inês, que tinha sido submetido a intervenção cirúrgica. Tinha 42 anos de idade e iniciou-se na arbitragem em 1952. Em 1961 foi indicado para dirigir jogos da I e II divisões federativas.
Joaquim Caixeiro, Árbitro da Comissão Distrital de Luanda, apresenta duas questões, que são respondidas na oportunidade: 1.O Árbitro dá a partida terminada antes do tempo regulamentar, mas verifica que se enganou. Como recomeçar? Se com bola ao solo, se o jogo estava a decorrer. Se o jogo estava parado, recomeça com a execução da bola em jogo nos termos da lei. Se o Árbitro constatou o lapso e as equipas ainda estão em campo em campo ou já estavam nas cabinas. Resposta: O encontro é recomeçado conforme as duas hipóteses colocadas. O facto das equipas se encontrarem nas cabinas não é importante, pois terão de voltar ao rectângulo para concluir o tempo que falta para jogar. 2.Quando se inicia o jogo uma das equipas não tem o guarda-redes e o Árbitro só se apercebe quando a equipa adversária introduziu a bola na baliza desguarnecida. Como resolver a questão? Resposta de David Costa: Para além de considerar uma grave violação dos regulamentos por parte do Árbitro, empurra a decisão para a idêntica ao sr. Vagueiro (Julho de 1964).
MEDITANDO…
O delegado da equipa madeirense Clube de Futebol Carvalheiro, José Mendonça (na foto), ao ver um seu jogador expulso pelo juiz Jaime de Freitas (do Funchal), durante uma partida, tem, para com este, a seguinte frase: “Senhor Árbitro, desculpe a atitude do meu atleta para consigo, porque todo esse procedimento é contra a minha norma!”
São transcritas as alterações aprovadas pelo International Board a serem postas em prática no início da época.
Eduardo Gouveia informa: 1.Em Espanha os dirigentes zelam pelos seus filiados a quem irão pagar quatro mil pesetas por jogo da I divisão. 2.Sobre o pagamento de despesas de transportes ficou definido o local da partida/chegada na deslocação dos Árbitros portugueses, que será a residência de cada qual, quanto são convocados para os jogos. 3.O Árbitro jubilado Oliveira Machado, jornalista do “Record”, tomou a iniciativa de propor a realização de palestras sobre as leis do jogo nas sedes dos diversos clubes lisboetas. 4.Não foi pacífica a escolha dos frequentadores do II Curso de Aperfeiçoamento, enquanto uns pagaram largas dezenas de escudos para a Comissão Central, outros nada contribuíram. 5.Por fim deseja felicidades a todos os que vão actuar na época 1964/1965!
Equipa da Comissão Distrital de Castelo Branco
José Antunes Baptista, 33 anos, funcionário público. Arbitrou pela primeira vez em 2 de Janeiro de 1957.
João Lopes Gonçalves, 38 anos, funcionário público. Começou a dirigir jogos a partir de 16 de Abril de 1950.
José Joaquim Cardoso, 35 anos, industrial. Iniciou-se na arbitragem em 2 de Janeiro de 1957.
José Carrola Pinheiro, apesar de não estar nesta imagem, também faz parte desta equipa. 40 anos, industrial. Árbitro desde 20 de Novembro de 1956.
Equipa da Comissão Distrital de Santarém
José Freitas Maia, 50 anos, escriturário dos Caminhos de Ferro. Começou em 1949 e em três anos foi indicado aos quadros nacionais.
Manuel Lousada, 45 anos, comerciante. Iniciou-se na actividade em 1944 e ingressou aos nacionais em 1950. É Árbitro internacional e já actuou na Bélgica, Espanha, Canárias e Holanda. Esteve nos Açores e na Madeira. Participou nos Torneios Europeus de Juniores em 1960 e 1963.
José Pereira, 43 anos, bate-chapa e antigo jogador de futebol. Principiou em 1955 e em 1958 passou aos nacionais.
Equipa da Comissão Distrital de Braga
Mário Matos, É natural dos arredores de Braga, onde nasceu em 11 de Maio de 1924. Funcionário dos Serviços Municipalizados. Passou no exame para Árbitro em 2 de Fevereiro de 1958 e indicado aos nacionais em 1961/1962.
Carlos Alberto Silva, Nasceu em Luanda (Angola), em 12 de Abril de 1930. Torneiro. Fez exame em 2 de Fevereiro de 1953 e indicado aos nacionais em 1958/1959.
Valdemar Azevedo, Nasceu em Braga no dia 23 de Maio de 1936. É encadernador. Superou o exame inicial em 7 de Maio de 1960 e indicado aos nacionais em 1964/1965.

Sem comentários:

Enviar um comentário