quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A ARBITRAGEM ESTÁ DE LUTO


Na tarde do passado dia 2 de Fevereiro (sábado), o Árbitro brasileiro Celestino Cicotti Júnior, de 41 anos faleceu, atingido por um raio, quando dirigia a partida de futebol entre as equipas de veteranos dos Municípios de Monte Aprazível e de Bady Bassit, ambos da região de São José do Rio Preto, no campo dos primeiros, que dista 484 quilómetros da Capital do Estado de São Paulo.

Com a devida vénia do sítio Bom Dia, transcreve-se o relato do infausto acontecimento cuja autoria é do jornalista Luís Fernando Witemburg:

Um raio matou o auxiliar de farmácia Celestino Cicotti Júnior, de 41 anos de idade, quando dirigia o jogo de futebol amador em Monte Aprazível. Conhecido na cidade como Polaco, ele actuava como árbitro em uma partida entre os grupos de veteranos de Monte Aprazível, do qual fazia parte, e Bady Bassitt.
No início do segundo tempo, a equipe de Bady vencia por 3 a 1. Por volta dos 5 minutos, a equipa da casa marcou. Uma leve chuva atingia o campo.Jogadores das duas equipas discutiam o golo quando um estrondo fez cair todos ao chão. “Parece quando uma gota de água cai numa poça e faz aquela onda”, exemplifica o secretário de Desportos do município e amigo do árbitro, Marlon Fernando Gonçalves.Quando se levantaram, correram para socorrer Polaco. “Fizemos massagem cardíaca e respiração boca-a-boca, mas de nada adiantou”, disse o secretário.Polaco ficou estirado no chão, rígido e com os olhos abertos. O choque jogou as chuteiras longe do corpo. “O cheiro de queimado era muito forte”, afirma Marlon.“Ele nunca tinha apitado um jogo nosso”, recorda o secretário. Ele, Polaco e mais um amigo eram responsáveis pela turma de veteranos da cidade. Polaco ainda era árbitro de outras categorias.Anteontem, o árbitro não pôde participar do jogo e Polaco se ofereceu para fazer o trabalho. Marlon, que estava no banco dos responsáveis, havia acabado de receber o relógio do amigo para controlar o tempo de jogo.Técnico em farmácia, ele trabalhava na mesma drogaria há cerca de 26 anos. “Foi o primeiro emprego dele. Quando abri a farmácia, a mãe dele pediu para que o contratasse e ele ficou até hoje”, recorda o farmacêutico Jaime da Silva Pereira. Segundo o patrão, Polaco era querido pelos clientes e seu braço direito. E a mulher dele comentou comigo: ‘ele morreu fazendo o que gostava’. Ele casado com Luciana Jaqueto Cicotti e tinha uma filha de seis anos, Lívia Jaqueto Cicotti. Procurada ontem, a família não foi encontrada para comentar o caso.


Por este trágico motivo fiz seguir a seguinte mensagem:

Exmº Senhor
Jorge Paulo de Oliveira Gomes
Ilustre Presidente da
ANAF-Associação Nacional dos Árbitros de Futebol
SÃO PAULO - BRASIL

Ao tomar conhecimento do falecimento do Árbitro Celestino Cicotti Júnior, em trágicas circunstâncias, quando dirigia uma partida de futebol, cumpre-me vir expressar os meus mais sentidos pêsames pela perda deste nosso querido companheiro e amigo.

Solicito e agradeço a V. Exª que faça chegar esta minha mensagem a seus familiares.

Entretanto, as mortes ocasionadas por raios em campos de futebol não são tão raras quanto isso, senão vejamos os registos ocorridos recentemente:

11.07.2002 – Em Pershotrávensk (Ucrânia) durante um desafio faleceram 2 jogadores tendo ficado feridos 5.
25.10.2002 – Em Cali (Colômbia) num treino morreram os jogadores Herman Gavíria (33 anos) e Giovanny Córdoda (22), ambos do Deportivo.
04.01.2003 – Em Itá (Paraguai) num jogo expiraram os jogadores Winter António Pereira (20) e Luís Victorino Alcavaz (24)
20.11.2006 – Em Santander (Colômbia), num encontro da Liga Amadora pereceram 5 adeptos (4 homens e 1 mulher) e 28 ficaram gravemente feridos.
01.11.2007 – Em Lecce (Itália) sucumbiu o Técnico Assistente António de Giorgi (41), ficando feridos dois outros seus colegas.

Dados e esclarecimento importante: No Brasil, aproximadamente de 100 milhões de raios atingem anualmente o país, provocando a morte de pelo menos 200 pessoas. Os dados são da pesquisa realizada em 2001 pelo Grupo de Electricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A prevenção de acidentes causados por raios teve atenção especial da Defesa Civil Estadual durante a Operação Verão 2003, que começou em Dezembro e vai até Março seguinte. Em 2001, das 35 mortes causadas pelas chuvas, 19 foram provocadas por raios. Em 2000 foram registradas 43 mortes, sendo que quatro delas por raios.
Segundo Alexandre Piantini, professor do Instituto de Electrotécnica e Energia da USP, uma das principais causas dos acidentes é a falta de informação da população. “Muitas pessoas procuram se abrigar debaixo de árvores quando começa uma tempestade. Na verdade, ela é extremamente perigosa pois trata-se de um ponto alto, que costuma atrair raios”, explica Piantini. Dependendo da intensidade da corrente eléctrica, a vítima que for atingida pode morrer de paragem cardíaca ou respiratória.

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