domingo, 10 de fevereiro de 2008

FÓRUM NACIONAL DE FUTEBOL


Por expresso convite de Rui Manhoso, ilustre Presidente da Associação de Futebol de Santarém, a quem agradeço reconhecidamente, estive presente no passado sábado e no painel onde focava a Formação dos Agentes Desportivos expus, num curtíssimo espaço de tempo – assim o moderador determinou – as questões que a seguir desenvolvo mais em pormenor.

Os oradores de gabarito escolhidos para este tema foram o Nuno Gomes (jogador e capitão da equipa do Benfica e da selecção nacional) e o Árbitro FIFA Olegário Benquerença, que vai estar no Euro2008-Áustria/Suiça e já está pré-seleccionado para o Mundial 2010-África do Sul. Felicidades aos dois.

Como era de prever num congresso desta envergadura, onde estão inscritas centenas de pessoas, fui encontrar dezenas e dezenas de amigos de Norte a Sul de Portugal, incluindo os oriundos das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira. Fiquei extremamente contente por saudar tanta gente Amiga. Tive como companheiro de presença Luís Simões, que não conhecia, distinto Treinador que está ligado à Associação de Futebol de Leiria, que fez o favor de me acompanhar (e aturar) desde que se iniciou a sessão, às 14H30 até ao seu término: 21H45. Bom conversador, actualizado e defensor acérrimo de métodos inovadores para fazer dos jovens não só bons praticantes, como também prepará-los na sua formação para condignamente para enfrentarem o futuro. Excelente! Este meu novo Amigo é sobrinho de Joaquim Bento Simões, Árbitro jubilado, de Leiria, com quem, graças à boa vontade deste seu familiar, tive o grato prazer de falar telefonicamente.

Eis os 4 temas que aflorei em tempo insuficiente e sob pressão:

RECRUTAMENTO

O Regulamento de Arbitragem, em vigor desde 1 de Julho de 2002 (aprovado pela Assembleia-geral da Federação em 4 de Maio desse mesmo ano) tem contemplado a obrigatoriedade de que a angariação de candidatos para frequentarem cursos com vista à formação de novos Árbitros seja feita através dos clubes, conforme determina os artigos 116 e seguintes.

Os clubes participantes em todas as provas oficiais deveriam corresponder a tal decisão, mas infelizmente a regulamentação específica a ser elaborada pelo Plenário do Conselho de Arbitragem – onde conste o regime processual a adoptar, os parâmetros do enquadramento da participação dos clubes, o regime sancionatório, bem como todos os demais procedimentos julgados convenientes – ainda não avançou durante estes mais de 5 anos decorridos e nada se sabe se alguma vez venha a ser concretizada.

Salvo a Associação de Futebol de Leiria que já procedeu disciplinarmente perante os clubes que se encontram em falta. Honra lhe seja feita.

Vem isto a propósito do que se passou na presente época na Associação de Futebol de Lisboa. Como membro do Conselho de Arbitragem, entretanto auto-demitido, compareci nos sorteios dos 38 campeonatos que estão a realizar-se, e, durante, 15 dias, sensibilizei os representantes das 1138 equipas que participam nas competições para a questão da tremenda falta de Árbitros – na época 2006/2007 realizaram-se 289 jogos que não tiveram equipa de arbitragem! – incentivando-os a promoverem junto dos adeptos a sua inscrição no Curso que iria decorrer proximamente. Por todos foram distribuídos cartazes com as condições de admissão. Dos 52 candidatos que iniciaram o Curso nenhum foi indicado por qualquer clube…

Recorde-se que no ano 2000 a AFL emitiu comunicado a oferecer 50.000$00 (cinquenta mil escudos) aos seus sócios ordinários por cada candidato por si indicado e que se mantivesse em actividade como Árbitro pelo menos 1 ano. O resultado foi zero!

Urge pois que o Plenário do Conselho de Arbitragem assuma as suas responsabilidades nesta área pois entendo que não se pode perder mais tempo…

ÁRBITRAS ASSISTENTES INTERNACIONAIS

Regista-se a falta de interesse do Conselho de Arbitragem e da Direcção da Federação em indicar à FIFA Árbitras assistentes portuguesas.

Do estudo que realizei recentemente constata-se o seguinte:

A FIFA tem Árbitras em 130 países com um total de 539 mulheres que dão corpo ao quadro feminino, sendo 238 Árbitras e 301 Árbitras Assistentes. Portugal, no ranking das 150 selecções femininas, ocupa o 47º lugar e tem 3 Árbitras e nenhuma Árbitra Assistente. Logo há 83 nações classificadas para além do nosso país.

Os países de língua oficial portuguesa têm Árbitras Assistentes, tal como o Brasil (4º classificado), com 4 elementos, Angola (106º), com 2, Cabo Verde (sem classificação) 3 e São Tomé e Príncipe (sem classificação), 2. Portugal (47º lugar) está, também, a par da Guiné-Bissau (132º) e Moçambique (139º), que não têm Árbitras.

Existem 19 países com Árbitras e Árbitras Assistentes mas não estão no ranking, isto é, as suas selecções não têm actividade regular… Assim como, há 39 nações que não têm Árbitras ou Árbitras Assistentes, mas constam na classificação da FIFA.

Países sem expressão futebolística na vertente feminina, têm Árbitras e Árbitras Assistentes, tais como Aruba (142º=1+1), Botsuana (149º=1+2), Ilhas Virgens dos Estados Unidos (138º=0+1), Kénia (140º=2+3), Tanzânia (145º=2+3). E as que não têm classificação, Bahamas (1+0), Barbados (0+1), Burundi (2+2), Chade (1+3), Chipre (1+2), Gabão (1+2), Guiana (1+2), Honduras (1+2), Kyrgistão (0+2), Macau (0+1), Madagáscar (2+2), Mauritânia (1+2), Nepal (1+2), República Centro Africana (2+4), Togo (2+3), Turcas e Caicos (0+1) e Uganda (2+3). Nota: O primeiro número refere-se às Árbitras e o segundo às Assistentes.

Face a esta realidade e com um pouco de empenho a Federação deve olhar de forma diferente, em termos positivos, para a arbitragem feminina incentivando as jovens que a internacionalização é uma das metas a atingir. Mas para tal a Federação deve também proporcionar tais objectivos.

ÁRBITRAS INTERNACIONAIS DE FUTSAL

A FIFA levou a efeito em 2007, pela primeira vez, a criação do Quadro de Árbitras de Futsal internacionais, aceitando as candidaturas do Brasil, que é o 1º do ranking do Futsal masculino, com 4 Árbitras, Peru, 49º, com 2 e Venezuela, 44º, com 2.

Este ano há mais 5 países. A saber: China, 41º, 2, Colômbia, 36º, 1, Espanha, 2º, 1, Hungria, 14º, 1 e Itália, 3º, 1. Neste momento existem 14 Árbitras a nível mundial com a insígnia da FIFA.

Portugal ocupa no mesmo ranking a 5ª posição num total de 131 países.

Portugal, olhando ao currículo de duas das suas mais credenciadas filiadas, a Filipa Santos e Sandra Silva, ambas do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Porto, já está atrasado 2 anos com a indicação das suas representantes ao organismo máximo que superintende a modalidade.

Os seus currículos devem igualar ou superar as das suas colegas daqueles países, mas são esquecidas por quem deve promover a ascensão ao topo da carreira, a internacionalização, a quem trabalha, a quem merece e quem tenha as qualificações necessárias.

Filipa Isabel Sousa Pereira dos Santos (Nasceu em 22 de Junho de 1978), profissionalmente é Professora do 1º Ciclo e está colocada na Escola Francesa (Porto) e Licenciada. Frequenta actualmente Curso de Mestrado. Árbitra da 1ª Categoria Nacional desde 2001/2002 (há 7 épocas ininterruptas), depois de ter ingressado na arbitragem com 17 anos de idade, em 1995/96, ascendeu em 1998/99 à 3ª categoria e, na época seguinte, à 2ª categoria onde se manteve 3 épocas. Quanto à experiência adquirida e como se depreende já dirigiu dezenas e dezenas de jogos nacionais e distritais. É Monitora da FPF (2003) e colabora com a Associação do Porto, não só como Formadora, como membro da Comissão Técnica. E, pasme-se, é Instrutora FIFA (2006), que a nomeou para ir à República do Irão formar Árbitras de Futsal com vista aos IV Jogos Islâmicos de Solidariedade. Foi um sucesso esta sua participação. Línguas estrangeiras: Francês e Inglês.

Sandra Maria Novais da Silva (Nasceu em 18 de Março de 1976), profissionalmente é Coordenadora em Higiene e Segurança no Trabalho e Ambiente. Árbitra da 1ª Categoria Nacional desde 2006/07, depois de ter ingressado na arbitragem com 20 anos de idade, em 1997/98, ascendeu à 3ª Nacional em 2003, onde esteve 2 épocas e, em 2005/06, à 2ª Categoria. Entre os jogos de maior relevância em que tem participado, bastantes exigentes e competitivos face à qualidade das equipas nos campeonatos nacionais, destaque-se a Supertaça 2007/08, entre o Sporting de Braga e o Benfica. É ainda membro da Comissão Técnica da variante na Associação de Futebol do Porto. Quanto a línguas estrangeiras domina o inglês e o alemão. Esta época faz equipa com a também jovem Tânia Teixeira, actualmente na 2ª categoria nacional.

Nota: Foi feito o respectivo reparo desta situação ao Presidente da Federação Portuguesa de Futebol, responsável máximo da modalidade no nosso país, em 16 e 21 de Janeiro deste ano, mas, até agora, não fui merecedor de qualquer resposta. Vamos continuar a esperar e não descansarei enquanto o devido reconhecimento não seja dado a quem tem sempre trabalhado com os princípios éticos exigidos.

JÚBILO

O Futebol e especialmente a Arbitragem estão de parabéns!

Tenho a grata satisfação de participar que o Município de Lisboa outorgou ao Mestre Joaquim Campos a Medalha de Mérito Municipal, grau ouro, pelo seu relevante e inigualável currículo desportivo, onde se destacam as 21 épocas que, como Árbitro, ostentou a insígnia da FIFA.

Já recebeu honrarias das mais diversas entidades portuguesas e estrangeiras, incluindo as Medalhas de Bons Serviços Desportivo e de Mérito Desportivo, atribuídas pelo Governo da República Portuguesa.

A cerimónia protocolar para a entrega da distinção lisboeta, será pública e realizada dentro de dias e naturalmente que é um marco histórico e uma grande honra para todos nós. Joaquim Campos, Árbitro jubilado, é reconhecido pela Câmara Municipal da Cidade que o acolheu desde muito novo e que a representou condignamente aquém e além fronteiras.

Contudo, não à bela sem senão:

No passado dia 15 de Janeiro o Mestre Joaquim Campos esteve, como sempre o tem feito presente, por sua iniciativa, na sede da Federação na sessão pública da entrega das insígnias aos internacionais de 2008.

Dos 23 emblemas entregues não foi chamado para, simbolicamente, transmitir aos contemplados a sua solidariedade institucional. Toda a gente foi chamada para fazer a entrega, para subir ao pedestal, para a foto…

Joaquim Campos, que esteve em 2 campeonatos do Mundo (1958 e 1966) em representação de Portugal, que é o decano da arbitragem lisboeta, que é sócio de Mérito da Federação, foi esquecido. Lamentável!

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