“Com a criação de equipas de arbitragem para todos os
encontros da Divisão de Honra, 1ª e 2ª divisões, que o presidente do Colégio de
Árbitros de Lisboa e prestigioso Seleccionador Nacional, sr. Cândido de
Oliveira, resolveu por em prática, os respectivos campeonatos só têm a lucrar,
em nossa opinião, com o novo sistema.
Como é uso nos jogos disputados, desde a época passada,
nos principais países, onde o futebol está em nível superior, assim como no
recente Campeonato do Mundo, o sistema da “Diagonal” apareceu-nos como o melhor
resultado para a difícil missão do árbitro.
Assim, o árbitro tem a acompanhá-lo dois ajudantes, que
servem de fiscais de linha, tomando cada um conta do seu meio campo.
-Cândido de Oliveira-
A colocação do árbitro no terreno é, pois, como acima
dizemos em “diagonal”, isto é, o árbitro anda no terreno entre os defesas
direitos de ambos os “teams” em luta, cabendo aos fiscais de linha seguir de
perto as respectivas linhas de ataque de ambos clubes.
Assim, mais fácil se torna ao árbitro ver os “off-sides”
que os fiscais de linha lhe tenham assinalado, numa mudança rápida do jogo,
assim como também todas as faltas cometidas.
Para isso, no entanto, é preciso que árbitro e ajudantes
se conjuguem e trabalhem dentro do mesmo espírito e critério. É essa,
principalmente, a grande dificuldade do seu trabalho.
É possível que de inicio esse sistema seja de difícil
execução, devido à falta de prática de todos os colegiados. Para isso é
necessário, que dirigentes, jogadores e público, se compenetrem devidamente da
boa vontade dos árbitros em acertar, não lhes dificultando a sua difícil e
ingrata tarefa.
Quem escreve estas linhas foi, nos dias 25 do mês passado
e 2 do corrente, juiz de linha dos jogos Sporting-Belenenses e Casa
Pia-Belenenses, arbitrados pelos srs. José Travassos e João dos Santos Júnior,
e, teve ocasião de ver, com clareza, as vantagens do NOVO SISTEMA.
-Manuel Alexandre-
Assim o árbitro está maia à vontade no terreno, e os
fiscais de linha, dentro do seu papel, fiscalizando dentro do seu meio campo,
estão também mais senhores do seu lugar.
Ao trabalho incansável de Cândido de Oliveira – pois só
quem de perto tem acompanhado o seu esforço o pode avaliar, para remover as
muitas dificuldades que surgem com o novo sistema – é necessário que todos os
colegiados que formam equipa, se reúnam e estudem todos os problemas de
arbitragem e seus critérios, a fim de que Cândido de Oliveira veja coroado de
êxito o seu fatigante trabalho pela causa dos árbitros.
Só assim, com a ajuda de todos, se poderá conseguir obra
boa, isenta de erros e de compreensões, que sempre surgem. Para isso é
necessário dar tempo ao tempo. Depois se verá se o novo sistema tem ou não
vantagens apreciáveis. O que é necessário, repetimos, é a boa vontade de todos
e um trabalho produtivo.
Manuel Alexandre
Transcrição da Revista Stadium, edição 347, Ano VII, de 5 de Outubro de
1938, página 3”.
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