A nossa vida também tem momentos que nos marcam profundamente, como foi o caso duma situação que se passou com um colega nosso, Árbitro, que passo a relatar.
Em 28 de Abril de 1982, numa quarta-feira, assistia com o meu irmão a um jogo de segundas categorias, denominadas de Reservas, entre as equipas do Sport Lisboa e Benfica e do Clube de Futebol Estrela da Amadora, num dos campos secundários do Estádio da Luz. A equipa de arbitragem era constituída por António Manuel Pereira Loureiro (Árbitro), José Carlos Guerreiro Castanheira de Oliveira e Joaquim Mendes dos Reis, seus auxiliares.
O jogo aproximava-se da hora do intervalo e, aquando da marcação dum pontapé de canto o Pereira Loureiro sai da sua zona de intervenção e perto da linha limitadora da área de grande penalidade cai no relvado descontroladamente. Apercebi-me que algo de grave aconteceu. Disparado, saltei a vedação e dirigi-me a correr para o Pereira Loureiro, contra todas as regras existentes, mas na expectativa de lhe poder valer. Já aí encontrei-me com os responsáveis do Estrela, o médico e os massagistas que prontamente acudiram o colega. Recuperado, aparentemente, ficou no seu banco de suplentes e o jogo continuou, no pouco tempo que faltava para o final da primeira parte, com o Oliveira a fazer as funções de Árbitro e eu as suas, à linha.
Em 28 de Abril de 1982, numa quarta-feira, assistia com o meu irmão a um jogo de segundas categorias, denominadas de Reservas, entre as equipas do Sport Lisboa e Benfica e do Clube de Futebol Estrela da Amadora, num dos campos secundários do Estádio da Luz. A equipa de arbitragem era constituída por António Manuel Pereira Loureiro (Árbitro), José Carlos Guerreiro Castanheira de Oliveira e Joaquim Mendes dos Reis, seus auxiliares.
O jogo aproximava-se da hora do intervalo e, aquando da marcação dum pontapé de canto o Pereira Loureiro sai da sua zona de intervenção e perto da linha limitadora da área de grande penalidade cai no relvado descontroladamente. Apercebi-me que algo de grave aconteceu. Disparado, saltei a vedação e dirigi-me a correr para o Pereira Loureiro, contra todas as regras existentes, mas na expectativa de lhe poder valer. Já aí encontrei-me com os responsáveis do Estrela, o médico e os massagistas que prontamente acudiram o colega. Recuperado, aparentemente, ficou no seu banco de suplentes e o jogo continuou, no pouco tempo que faltava para o final da primeira parte, com o Oliveira a fazer as funções de Árbitro e eu as suas, à linha.
Termina o primeiro tempo e todos dirigimo-nos para o local onde o Pereira Loureiro estava e, de seguida, fomos caminhando calmamente para as cabinas que ficavam distantes (eram as do Estádio principal, pois o campo, naquela altura, ainda não estava equipado com as necessárias instalações). No caminho o Pereira Loureiro dizia que voltava na segunda parte, pois estava a sentir melhoras. Foi aconselhado que não devia fazer isso, mas sim arranjar-se e ir ao Hospital, para exames, dado que a continuidade do desafio estava assegurada com a minha presença.
-Joaquim Mendes dos Reis-
Estávamos os quatro na cabina quando o Pereira Loureiro foi acometido de uma fortíssima convulsão que o fez contorcer-se violentamente no chão que nos afectou sobremaneira. Pedimos socorro, pois não estávamos preparados para acorrer a tamanha e grave situação. Apareceram de imediato os elementos do Estrela da Amadora que prontamente acudiram e pediram auxílio exterior. O médico procedeu a massagem cardio-respiratória mas a situação estava complicada. Porque a ajuda do 115 (na altura) não aparecia, foi disponibilizada uma viatura (carrinha) que levou o Pereira Loureiro para o Hospital de Santa Maria, sempre acompanhado pelos elementos do Estrela que continuavam a tentar recuperá-lo para a vida. Face a tudo o que se passou, quer os jogadores de ambos os clubes, quer os próprios elementos da equipa de arbitragem, ficaram de tal maneira transtornados com o que acabaram de assistir, o jogo já não teve o seu recomeço.
Mas, tudo foi em vão, pois no dia 1 de Maio surgiu a notícia que menos se esperava: o Pereira Loureiro faleceu!
O seu funeral foi uma grande manifestação de pesar, com imensas pessoas presentes, destacando-se as largas dezenas de colegas que o acompanharam até à última morada!
No rescaldo desta tragédia, os últimos colegas que com ele estiveram no seu derradeiro jogo no Estádio da Luz, para além de darem conhecimento à sua Associação de classe, que publicou o infausto acontecimento no jornal O ÁRBITRO, enviaram uma missiva à Direcção do Clube de Futebol Estrela da Amadora, cujo texto se reproduz:
Estávamos os quatro na cabina quando o Pereira Loureiro foi acometido de uma fortíssima convulsão que o fez contorcer-se violentamente no chão que nos afectou sobremaneira. Pedimos socorro, pois não estávamos preparados para acorrer a tamanha e grave situação. Apareceram de imediato os elementos do Estrela da Amadora que prontamente acudiram e pediram auxílio exterior. O médico procedeu a massagem cardio-respiratória mas a situação estava complicada. Porque a ajuda do 115 (na altura) não aparecia, foi disponibilizada uma viatura (carrinha) que levou o Pereira Loureiro para o Hospital de Santa Maria, sempre acompanhado pelos elementos do Estrela que continuavam a tentar recuperá-lo para a vida. Face a tudo o que se passou, quer os jogadores de ambos os clubes, quer os próprios elementos da equipa de arbitragem, ficaram de tal maneira transtornados com o que acabaram de assistir, o jogo já não teve o seu recomeço.
Mas, tudo foi em vão, pois no dia 1 de Maio surgiu a notícia que menos se esperava: o Pereira Loureiro faleceu!
O seu funeral foi uma grande manifestação de pesar, com imensas pessoas presentes, destacando-se as largas dezenas de colegas que o acompanharam até à última morada!
No rescaldo desta tragédia, os últimos colegas que com ele estiveram no seu derradeiro jogo no Estádio da Luz, para além de darem conhecimento à sua Associação de classe, que publicou o infausto acontecimento no jornal O ÁRBITRO, enviaram uma missiva à Direcção do Clube de Futebol Estrela da Amadora, cujo texto se reproduz:
Exmºs Senhores
Os Árbitros de futebol Joaquim Mendes dos Reis, José Carlos Guerreiro Castanheira de Oliveira e Alberto Helder Henrique dos Santos, vêm participar, por testemunho directo, a preponderante e valiosa actuação, assim como os cuidados extremos, levado a cabo pelos senhores
João Pedro Cunha Gonçalves de Oliveira, médico;
Mário Veríssimo Mateus;
Vítor Elias Ferreira, ambos massagistas; e
José Cândido Gomes de Araújo, director,
todos elementos do Clube de Futebol Estrela da Amadora, no imediato socorro prestado ao nosso saudoso colega António Manuel Pereira Loureiro, aquando da sua súbita doença, ocorrida no decursos do jogo de futebol Benfica-Estrela da Amadora, realizado em 28 de Abril, no Estádio da Luz..
Quis a adversidade que a arbitragem fosse atingida dolorosamente com a perda, para sempre, do Pereira Loureiro, mas não deixamos de vos comunicar a exemplar e preciosa atitude daqueles que, na hora certa, estavam no local exacto, fazendo TUDO o que lhes foi possível na assistência ao infortunado, pois somente dispuseram, na emergência, dos seus próprios recursos e conhecimentos.
Na nossa opinião, mais não lhes era exigível, pois cumpriram para além do limite do dever.
Ao prestarem à causa da arbitragem um acto relevante e de elevado sentido humanitário não deixamos, repetimos, de expressar a nossa homenagem e o nosso reconhecimento e agradecimento pelo que fizeram. Bem-hajam!
(seguem-se as assinaturas dos subscritores).
Pereira Loureiro, uma saudade sempre presente!
Os Árbitros de futebol Joaquim Mendes dos Reis, José Carlos Guerreiro Castanheira de Oliveira e Alberto Helder Henrique dos Santos, vêm participar, por testemunho directo, a preponderante e valiosa actuação, assim como os cuidados extremos, levado a cabo pelos senhores
João Pedro Cunha Gonçalves de Oliveira, médico;
Mário Veríssimo Mateus;
Vítor Elias Ferreira, ambos massagistas; e
José Cândido Gomes de Araújo, director,
todos elementos do Clube de Futebol Estrela da Amadora, no imediato socorro prestado ao nosso saudoso colega António Manuel Pereira Loureiro, aquando da sua súbita doença, ocorrida no decursos do jogo de futebol Benfica-Estrela da Amadora, realizado em 28 de Abril, no Estádio da Luz..
Quis a adversidade que a arbitragem fosse atingida dolorosamente com a perda, para sempre, do Pereira Loureiro, mas não deixamos de vos comunicar a exemplar e preciosa atitude daqueles que, na hora certa, estavam no local exacto, fazendo TUDO o que lhes foi possível na assistência ao infortunado, pois somente dispuseram, na emergência, dos seus próprios recursos e conhecimentos.
Na nossa opinião, mais não lhes era exigível, pois cumpriram para além do limite do dever.
Ao prestarem à causa da arbitragem um acto relevante e de elevado sentido humanitário não deixamos, repetimos, de expressar a nossa homenagem e o nosso reconhecimento e agradecimento pelo que fizeram. Bem-hajam!
Atenciosamente,
(seguem-se as assinaturas dos subscritores).
Pereira Loureiro, uma saudade sempre presente!
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