quinta-feira, 22 de setembro de 2011

NAQUELE TEMPO (XLIX) SETEMBRO 1961

Do Boletim 51 (ano V), de há 50 anos, destaca-se o seguinte: TÍTULOS – O Dr. Joaquim da Costa Reis termina o seu trabalho: “O Árbitro: seus poderes e responsabilidade, questões de direito e questões de facto”. “A orgânica da Arbitragem em França”, por Joaquim Campos. Carmo Lourenço assina o artigo “O Truque, grande inimigo da arbitragem”. -Na foto e em primeiro plano os formadores e Árbitros portugueses Octávio Ribeiro da Costa, Dr. Décio de Freitas, Filipe Gameiro Pereira e Fernando Aragão, com colegas estrangeiros em Inglaterra, no curso da FIFA-
LEGISLAÇÃO E DOUTRINA – A redacção de O Árbitro inicia a publicação do Estatuto e Regulamento das Comissões Central e Distritais dos Árbitros de Futebol, elaborado nos termos dos artigos 65º a 73º e seus parágrafos, do Decreto-Lei 32.946, de 3 de Agosto de 1945, aprovado pela Direcção-Geral de Educação Física, Desportos e Saúde Escolar, em 15 de Julho de 1954. Sobre a independência do sector, o artigo segundo deste diploma, diz claramente: A Comissão Central dos Árbitros, directamente subordinada à Direcção-Geral de Educação Física, Desportos e Saúde Escolar, é, em território português, a entidade dirigente da Corporação dos Árbitros de Futebol. ARBITRAGEM SOLIDÁRIA – Joaquim Campos relata o infortúnio que atingiu o Árbitro espanhol José Maria Arocas, do Colégio Valenciano, que, devido a ter contraído uma enfermidade quando dirigia uma partida de futebol. Grande jornada de solidariedade foi levada a cabo com a recolha de donativos de Árbitros, Delegados Técnicos, Clubes e Federações para que pudesse curar o mal que o afecta, dado estar completamente cego. Foram arrecadadas 140.000 pesetas que lhe foram entregues em cerimónia simples (foto) mas cheia de simbolismo humanitário. O responsável por este texto dá conta do primeiro torneio realizado em Viseu, isto em Agosto de 1960, nos jardins do Fontelo, no recinto do basquetebol, que foi adaptado e iluminado para esta nova modalidade. Foi interessantíssimo ver Árbitros de doze anos de idade a dirigirem jogos entre clubes constituídos por jogadores entre os treze e os dezasseis anos! A reacção dos espectadores não se fez esperar e logo aderiram a esta manifestação desportiva, incentivando, até, outras pessoas a assistirem aos desafios que decorreram à noite. Muita gente das aldeias presenciou os jogos, mau grado as estradas sem condições e sem luz, apoiando as suas equipas favoritas. Filipe Gameiro Pereira, quando visitou Londres, realçou o trabalho desenvolvido pela Escola Prática de Árbitros Infantis de Viseu. Esta competição foi, sem dúvida, um êxito.
Dado que a Associação de Futebol local chamou a si a organização do segundo torneio e, após situações menos felizes, já não se verificou a qualidade demonstrada anteriormente o que levou a Ramos Cavaleiro a abandonar a missão a que se tinha proposto: Desenvolver a modalidade no Distrito de Viseu. -Na foto: Braga Barros, Joaquim Campos e Raul Martins que dirigiram o encontro Valência-Nottingham (Taça das Cidades com Feiras).
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO FÍSICO-TÉCNICO DA COMISSÃO DISTRITAL DE BRAGA – Neste número do Boletim dá-se conta das diversas classificações dos participantes às provas de 80 metros (1º Valdemar Jorge Azevedo, de Braga; 2º José J. T. Rocha, de Barcelos, 3º António Costa, de Viana do Castelo) e de corta-mato (1º Domingos Pinto, de Braga, com 2,27,01; 2º Cláudio Faria Araújo, de Braga, com 2,30,02 e 3º Augusto Moreira, Braga, com 2,30,06). No concurso “Pergunto eu, respondes tu”, os finalistas apurados foram: Fernando manso, de Braga; Aventino Ferreira, de Barcelos, José Luciano Pereira e Rogério Moreira, ambos de Viana do Castelo. Rogério Moreira foi o merecido vencedor. Depois do almoço os discursos protocolares, terminando, pouco depois, o IV curso promovido pela Comissão de Braga. Transferências entre Comissões de Arbitragem, viagens de férias, oferta de livros e de calendários do campeonato nacional, doenças e convalescenças, notícias, falecimentos, casamentos e visitas, foram os temas desta habitual rubrica mensal. O seleccionado para constar neste número, o britânico Kevin Howley, de 36 anos de idade, empregado de escritório, começou a arbitrar aos 20 anos. É internacional. (na foto a seguir). RESPOSTA A UM QUE NÃO SABEMOS SE É OU NÃO É – Com este espectacular rótulo Francisco Patrício Álvares, antigo Árbitro de futebol e pugilista, actualmente Jornalista, replica a uma criatura que escreveu num jornal do Porto a ofender e a fazer insinuações aos juízes portugueses. E, diga-se, que não foi nada meigo.
10 PÁGINA DA COMISSÃO CENTRAL DOS ÁRBITROS DE FUTEBOL– Solicita-se que os filiados remetam uma foto actualizada para a revalidação do cartão de livre ingresso nos campos de futebol. Também dá conta, através de informação escrita da alteração do telefone em uso nos serviços que passa, a partir de 1 de Outubro de 1961, para: 32 07 21. Interessante divulgar a tabela de prémios aprovada para a época: I Divisão e Taça de Portugal, 450$ e 150$. Final, 600$ e 200$. II Divisão, 250$ e 100$ e final, 350$ e 150$. III Divisão, 150$ e 75$. Campeonato Nacional de Juniores, 100$ e 50$. Final, 200$ e 100$. (nota: o valo indicado em primeiro lugar reporta-se ao Árbitro e, logicamente, o segundo aos seus auxiliares. Mas atenção, sobre estas importâncias incidirão os descontos de 2,5% para o seguro e de 10% para a constituição de um fundo destinado a custear todos os encargos com a utilização dos meios que visem o aperfeiçoamento técnico dos filiados (cursos, palestras, etc.). A dedução de 10% será retirada das provas nacionais e distritais. Quanto ao abono de diárias, é praticada a seguinte tabela se o tempo de ausência da área de residência for de mais de seis e menos de nove, 40$; Entre nove e 17 horas, 60$; e de 17 a 24 horas, 80$. O transporte é pago ao preço do quilómetro-passageiro cobrado pelos Caminhos de Ferro, em primeira classe e tarifa de fim de semana: mínimo 50 quilómetros, ida e volta, $73,6 por km; tarifa geral, só ida, 1 km. $50, além de 10 km. $46; Taxa de velocidade, cada 50 km. Ou fracção, 6$! Para o cálculo da quilometragem consideram-se a localidade da residência do Árbitros e a da realização do jogo. (Os auxiliares nada contavam para estas contas…). Dá conta da constituição das equipas de arbitragem para as I e II Divisões da época 1961/62. Aveiro, 2. Beja, 1. Braga, 2. Castelo Branco, 1. Coimbra, 2. Évora, 2. Faro, 2. Leiria, 2. Lisboa, 8. Portalegre, 1. Porto, 5. Santarém, 2. Setúbal, 3. Vila Real, 2. Viseu, 1. A FESTA DE CONSAGRAÇÃO A MANUEL LOUSADA – Pela sua inclusão no quadro FIFA um grupo de amigos prestou-lhe uma homenagem singela mas muito sentida, merecendo, assim, o tributo de muitos amigos e companheiros de percurso. O jornalista Luís Alves, escreveu no Século Ilustrado, esta pérola: Na verdade o Árbitro teve dois erros de palmatória, mas compreensíveis em face dos incidentes que os antecederam e de que só os jogadores são responsáveis. Não devia de facto ter aplicado dois castigos à mesma falta – grande penalidade e expulsão do prevaricador… Está em estudo a deslocação à Ilha da Madeira de uma equipa de Árbitros de Lisboa para defrontarem os seus colegas insulares. Regista-se e agradece-se a doação de livros para a biblioteca. Entre o texto que nos enviou, Barros Araújo, conta duas alegres historietas. Uma passada no mato do norte de Angola, numa companhia de caçadores, passada entre dois militares. Um lê a ementa do almoço, que diz: Knorr, Hors d’oeuvre, Corned-beef, Fruit and coffee. E o outro responde: Realmente se custar tanto a tragar como a ler, vamos ficar o tempo todo no refeitório… A segunda passa-se numa sala do Hospital Militar onde uma cantora vai animar os doentes, feridos em combate e diz: A canção que vou interpretar e dedicar a todos vós tem por título “ESPERO-TE À NOITINHA”. Um dos doentes, da cama, lá do fundo da enfermaria e com tristeza, respondeu: NÃO POSSO! José Inácio Peres, que estava em São Tomé e Príncipe, quis ser esclarecido quanto a uma questão relacionada com a troca de guarda-redes com um seu colega de equipa, situação que foi devidamente explicada. NOTA PESSOAL: José Inácio Peres foi um senhor dirigente que muito me cativou pela sua postura, seriedade e, em qualquer circunstância, solidário. Muito me ajudou. Esteve à frente dos destinos do glorioso Sport São Tomé e Benfica, quando eu, como jogador, enverguei a sua honrosa camisola, a melhor do mundo, isto em 1965! Foi uma agradável surpresa ter encontrado notícias do meu bom amigo que se encontra no norte de Portugal, passados que foram cinquenta anos! É bom recordar boas pessoas, bons tempos, bons episódios… Regista-se o lamento e questiona-se o porquê dos Árbitros FIFA portugueses saírem poucas vezes para o estrangeiro a dirigirem jogos internacionais, enquanto colegas de outros países são chamados amiudadamente. Refira-se que em Espanha a saída dos seus internacionais é feita por escala rotativa, facto que agrada a todos. Já entre nós a preparação física dos Árbitros está muito cuidada nalgumas Comissões Distritais. E porque não nas restantes? Toda a gente do sector e universalmente está ansiosa pela saída do livro do colega húngaro Istvan Somos, que se reportará a biografia de todos os Árbitros internacionais que atingiram o estatuto FIFA. ACTIVIDADES NAS COMISSÕES DISTRITAIS – AVEIRO, as imagens ilustram as provas físicas obrigatórias que decorreram no Estádio Mário Duarte, tendo-se apurado os filiados capazes de dirigirem os jogos promovidos pela Associação. Seguiu-se o almoço-convívio com inúmeras personalidades ligadas ao desporto-rei. LEIRIA, no último curso de candidatos a Árbitro, passou-se um caso interessantíssimo e único: na prova escrita, os exames foram feitos através de correio postal, dada as dificuldades financeiras e os jovens morarem em localidades distantes da sede do Distrito…

Sem comentários: