domingo, 28 de outubro de 2012

A FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL ZELA PELA ARBITRAGEM? CONFIRA...

Para registo futuro dou conta que se realizou ontem de manhã mais uma Assembleia-geral desta organização, onde foi presente o relatório de actividades e contas da direcção referente à época 2011/2012, para análise e votação. A minha intervenção neste primeiro ponto foi a seguinte:
 -Com João Rocha e Alfredo Basílio, colegas delegados à Assembleia-
Ao ler os papéis que me foram enviados no passado dia 12 e que estão em análise nesta Assembleia, fiquei estupefacto pelo facto desta Direcção se ter esquecido de mencionar a parte mais importante do relatório de actividades desportivas, ou seja todo o labor desenvolvido pelos Árbitros na época 2011/2012, os agentes mais sérios que estão no futebol e que nas suas atribuições têm a subida honra de garantirem a verdade, a idoneidade e a validação das competições federativas e demais.
 
 
É verdade, nem uma única referência ao seu digno trabalho o que me leva a crer que para além da omissão que se constata, a grossa negligência está presente em não dizer o que os Árbitros fizeram aquém e além-fronteiras.
 
 
Interinamente, não se sabe quantos agentes da arbitragem existem, não só a nível nacional (onde participaram em 7.256 desafios), como nas 22 Associações Distritais e Regionais.
 
 
Já a nível internacional, para além de não se evocar, com merecimento, os nomes dos 28 portugueses que estão ao serviço do futebol, futsal e futebol de praia e que atingiram o estatuto FIFA, pelo menos para memória futura, passou despercebida, passou ao lado, a honrosa nomeação dos Árbitros Pedro Proença, Duarte Gomes, Jorge Sousa, Bertino Miranda e Ricardo Santos para actuarem, o que fizeram de forma superior, nos jogos finais da Liga dos Campeões (19.05.2012) e no Campeonato da Europa (01.07.2012), dupla escolha que nunca tinha acontecido até então.
 
 
Enfim, tudo isto é mau de mais para a arbitragem portuguesa, principalmente vindo da própria Federação que deveria ser a primeira a registar tudo o que a arbitragem portuguesa tem contribuído para a elevação do nome de Portugal em todo o mundo, o que se verifica há 60 longos anos, desde o mundial do Brasil.
 
 
Naturalmente, frustrado e entristecido por ver a arbitragem portuguesa ser assim tratada por quem lhe deve o máximo de respeito, a tutela, direi que não aprovo a papelada em apreciação, expressando-me, ainda, com esta declaração de voto.
 
 
Lisboa, 27 de Outubro de 2012.
 
 
Alberto Helder Henrique dos Santos
 
 
-Delegado eleito para a Assembleia-geral da Federação Portuguesa de Futebol, conjuntamente com Joaquim Alberto da Silva Jesus, pelo grupo de 5.077 (cinco mil e setenta e sete) Árbitros distritais e equiparados, em 12 de Setembro de 2011-
 
 
O presidente da mesa, Arnault de seu apelido, antes da votação e sabendo o meu sentido de voto e do grasso erro cometido, por mim revelado, tentou ainda à pressa e com alguma subtileza demover-me pedindo ao presidente da direcção, Gomes de seu apelido (que assumiu a incorrecção) para fazer um aditamento que contemplasse o que estava em falta, mas sozinho e como sempre, votei conscientemente e nada mais!
 
 
Ainda o antigo presidente da APAF, Reis de seu apelido e delegado da arbitragem profissional disse, com ênfase, voz altiva e colocada, no género de “querer mostrar serviço”, não se rever na denominação que utilizei como “papelada”, fazendo de imediato longas e profundas panegíricas à direcção e ao relatório, o que acho banalíssimo vindo de uma pessoa que tem que defender e justificar o seu novo posicionamento na estrutura federativa, logo, esta tristeza de comentário não me surpreendeu… Para quem, num passado recente, criticava comportamentos idênticos ao seu, de alguns delegados em anteriores assembleias, não está nada mal...
 
 
É aqui que entra a minha velha máxima:
“Onde há muito dinheiro nada se faz por amor, senão ao próprio…”
 
 
Aqui aconteceu que o presidente da mesa, ao referir-se ao meu voto tentou fazer uma graçolazinha, dizendo em tom de voz trocista e para todo auditório que eu era “absentista crónico”. Espontaneamente reagi, repudiando tal observação, dizendo-lhe que ali estava um ser humano de que a única coisa que tem de crónico é a doença de que sofre actualmente, do foro oncológico, e como presidente da assembleia deveria ser responsável, isento, imparcial e abster-se de comentários infelizes e disparatados.
 
 
Mais lhe disse que, com setenta anos de idade, estou ligado com amor e paixão há sessenta anos ao futebol e, mais tarde, à arbitragem, e não caí de paraquedas e nunca fui subserviente e jamais serei. Quero, simplesmente o melhor para o futebol e para a arbitragem. Haverá algum mal nisto?
 
 
Esta mesma personalidade, como na assembleia anterior, voltou a mostrar-se como é, trocou alhos por bugalhos e, em resposta, sem qualquer ponta de modéstia, sem qualquer sensibilidade pela condição humana pela atitude que teve, afirmou que se referiu somente à minha maneira de votar, como se, como delegado, não pudesse optar por uma das três hipóteses: decidir favoravelmente, abster-me ou votar contra. Que tristeza de comentário que produziu e que me afectou sobremaneira…
 
 
Pouco depois, recomposto, ainda fiz verbalmente outras duas observações à direcção da Federação, dizendo:
 
 
PÁGINA DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL NA INTERNET
 
 
-A actualização e a simplicidade de processos deve ser uma constante numa organização onde envolve muitos milhões de euros e que tudo faz para que a sua imagem seja considerada.
 
 
-Nuns pontos assim acontece, mas noutros deixa muito a desejar, como o caso da divulgação dos jogos federativos, das datas da sua realização, a que horas e em que locais, assim como as respectivas nomeações das equipas de arbitragem.
 
 
-Acontece que estas importantes informações não estão emparelhadas, e por difusas, não se presta uma indicação útil a quem ainda procura no sítio da FPF por estas coisas.
 
 
-Para que se melhore da noite para o dia sugiro que os técnicos da Federação acedam ao sítio da Associação de Futebol de Lisboa, onde o seu Conselho de Arbitragem, divulga e bem tudo o que o adepto pretende saber, com qualidade, rigor e em tempo útil, tudo isto em mais de 400 (quatrocentos) jogos semanais…
 
 
-Se uma entidade de dimensão financeira mais pequena pode, quanto mais uma onde abundam milhões…
 
 
-Mas vale sempre a pena rectificar o que está mal.
 
 
AINDA A PÁGINA DA FEDERAÇÃO
 
 
-Para quando é que no sítio da FPF são actualizados os quadros dos Árbitros, Assistentes e Observadores de futebol de 11 e os Árbitros e Observadores do Futsal?

 
-É que ainda lá moram, e mal, os Comunicados Oficiais 3 a 7, todos eles datados de 1 de Julho de 2011, quando, a partir de 10 de Julho de 2012, saíram os quadros para a presente época.

 
-Este atraso, na linha do que disse anteriormente, só demonstra o desleixo a que está votada a arbitragem no seio da Federação.
-A arbitragem e os seus agentes merecem o devido respeito.
 
 
O referido antigo presidente da APAF, que fez rasgados elogios (já aqui mencionados, diga-se) ao departamento de tecnologia federativo, deveria aqui ter o mesmo tratamento com que me “mimoseou”, mas achei por bem não chegar ao seu nível…
 
 
Entretanto, para que se sinta o que é desconhecer os assuntos da arbitragem, reparem nesta “pérola”:
 
 
O delegado e meu bom amigo Alfredo Basílio insurgiu-se, lamentando que a excelente e atractiva revista editada recentemente pela Federação portuguesa e alusiva ao campeonato do mundo de futsal 2012, logo na abertura com uma enorme imagem do presidente Gomes, não refira e realce minimamente o Árbitro Eduardo Coelho, nosso lídimo representante em tão importante competição da FIFA.
 
 
A resposta que veio do director Loureiro de seu apelido, à questão colocada é que o nosso colega de Aveiro recebeu preparação igual ao Pedro Proença… Tal e qual! O que é que tem haver uma coisa com a outra? Sintomático, sem dúvida.
 
 
Um delegado do futebol profissional a insurgir-se contra a minha afirmação de que os Árbitros são “os agentes mais sérios no futebol”. Desafio-o, aqui e agora, a provar o contrário. 
 
 
Por último, e os últimos são os primeiros, sobre o infausto acontecimento que enlutou recentemente a arbitragem portuguesa expressei, de viva voz, o seguinte:
 
 
CARLOS MANUEL PINHEIRO SALES
 
 
-Para quem não sabe faleceu esta semana, na terça-feira, dia 23, o senhor CARLOS MANUEL PINHEIRO SALES, de 65 anos de idade, que dedicou ininterruptamente os últimos 31 anos à causa da arbitragem de forma ímpar, devotada e, sabe bem dizê-lo, pelo Homem que foi, graciosamente.
 
 
-CARLOS SALES foi, simplesmente, o maior e o melhor formador de Árbitros que, até hoje, a arbitragem de futebol conheceu!
 
 
-Pelo que fez, pelo que dignificou, prestigiou e valorizou o sector, nas multifacetadas funções que exerceu exemplar e devotadamente, como Árbitro, Observador, Dirigente, Membro de Comissão Técnica, Prelector e Instrutor nos Núcleos de Árbitros de Futebol, quero transmitir a esta Assembleia que irei contactar as entidades desportivas onde estava filiado, APAF-Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, a Associação de Futebol de Lisboa e o Núcleo de Árbitros de Futebol de Lisboa, no sentido de ser elaborada proposta a requerer que a Federação Portuguesa de Futebol lhe atribua, num futuro próximo, um devido merecimento, infelizmente a título póstumo, pelo muito que o desporto-rei e a arbitragem lhe ficaram a dever!
 
 
A Assembleia-geral aprovou uma proposta, que subscrevi, respeitando um minuto de silêncio em sua memória, cerimónia que se verificou no início dos trabalhos.
 
 
Como nota final, direi que foi mais uma assembleia igual a si própria, protagonizada com actores de várias idades, qualidades e quadrantes, mas esta, que tratava de contas (muitos números) e pessoas (pouco importantes), ao fazer a sua avaliação, leva-me a entender que a Federação mais parece uma instituição financeira a procurar o lucro do que a verdadeira responsável e promotora do desporto mais popular em Portugal. Euros aos milhões e louvores a toda a hora, a todo o momento a quem ganha bom dinheiro pela mais insignificante coisa que façam! Com as altas remunerações que auferem não têm a obrigação de fazer o trabalho como deve ser? Sim, respondo eu…

1 comentário:

Anónimo disse...

sempre tive pena de não espetar umas bengaladas justas e merecidas a quem as merecia, especialmente nos reis pequeninos desta vida.
fui certa vez impedido e lamento por isso.

Rui Santos