Depois de ter regressado de África em Junho de 1966, onde
cumpri serviço militar obrigatório, contraí matrimónio no mês seguinte e em
Outubro do mesmo ano vim morar para o Bairro, onde me mantenho, cada vez mais
interessado em pretender que seja o mais bonito e funcional de Lisboa,
participando activamente nas acções que a Associação dos Moradores está a
desenvolver nesse sentido, pese embora ainda não tenha as instalações da sede
em condições de desempenhar cabalmente a sua principal função: servir a
comunidade pedralvense!
-LAR DO BENFICA (CIMO
DA CALÇADA DO TOJAL), INAUGURADO EM 01.09.1954-
Dou conta, ainda, que após o 25 de Abril fiz parte da
Comissão de Moradores do Bairro que conseguiu alguns feitos, dos quais se
destacaram, muitos espaços verdes, a instalação de cabina telefónica e do
parque infantil (ver: http://albertohelder.blogspot.pt/2011/10/uma-triste-realidade-os-automobilistas.html),
estes, hoje, curiosamente, desaparecidos…
-1964-
Actualmente, numa das iniciativas que entendíamos ser interessante
concretizar, era a de atribuir o nome do benemérito que tinha doado os terrenos
à Câmara Municipal de Lisboa a uma das ruas do Bairro. Esta oferta esteve
sempre presente desde sempre na mente dos moradores… E, assim se pensou, assim
se fez:
-1964-
No dia 3 de Fevereiro de 2012 enviou-se ao seu Departamento
de Informação Geográfica e Cadastro, o seguinte pedido:
-1964-
“A AMBP-Associação de Moradores do Bairro das Pedralvas (fundada em
19.02.1997), na esperança de vir a propor que uma rua do Bairro venha a ter o
nome de uma pessoa que, pensa-se, teve acção meritória para com este lugar,
muito gostaria de ser informada quanto a:
-1966-
-Se os terrenos da Quinta das Pedralvas foram doados ou vendidos a
preço simbólico à Câmara Municipal de Lisboa, para se construir bairro de renda
económica.
-Quando é que se verificou esse acontecimento.
-Qual é o nome completo da personalidade em questão.
-Qual o seu domicílio ou contactos que ficaram registados, na
expectativa de virmos a falar com descendentes para recolhermos mais
pormenores.
-Outras informações relevantes para o processo.
-1966-
Aproveitamos para informar que a actual zona de intervenção da AMBP, se
circunscreve a um perímetro maior, mas que o inicial tinha como limite,
supõem-se, as seguintes artérias: Estrada militar, rua Almirante Campos
Rodrigues, rua das Pedralvas, rua Lucília Simões, rua Amélia Rey Colaço e
calçada do Tojal”.
-RUA 4-
Em 17.02.2012, recebemos a seguinte resposta:
-RUA 5-
“Solicita a AMBP informações relativamente à origem do Bairro das
Pedralvas, procurando em particular conhecer um eventual benemérito, uma
personalidade que gostariam de homenagear com a atribuição do seu nome a uma
artéria do Bairro. Consultados os documentos arquivados, informa-se o seguinte:
-RUA 6-
1.A parcela inicial adquirida constitui uma parcela de 77.470 m2 de um
prédio rústico. Esta parcela foi alienada ao Município por Bernardino José
Borges e mulher, em 1950, que a haviam adquirido 9 anos antes, em 1941.
-RUA DAS PEDRALVAS-
2.Tendo em vista a urbanização local e a realização de arruamentos e de
todas as redes de infraestruturas necessárias, de água, saneamento e
electricidade, o Município acordou com Bernardino José Borges adquirir esta
parcela, parte de um prédio rústico, constituída por terrenos de semeadura e
de horta, um poço, dois tanques, duas construções abarracadas e uma capoeira,
contra pagamento em numerário e em espécie:
-RUA ALMIRANTE
CAMPOS RODRIGUES-
a. em numerário, pagou o Município 856.275$00
b. e em espécie alienou dois prédios urbanos que passaram da posse
municipal para a posse de Bernardino José Borges:
- um de 1,170,74 m2. Na avenida do Rio de Janeiro;
- e o outro de 4.522,60 m2 pertencente ao Plano de Urbanização da Zona
a sul da avenida Alferes Malheiro;
ambos na Freguesia de Alvalade e em zonas, nesta data, já urbanizadas,
com a condição de nestes prédios Bernardino José Borges levar a efeito
construções de renda limitada.
-RUA AUGUSTO COSTA (COSTINHA)-
3.Segundo a escritura de compra e venda, de 1950, Bernardino José
Borges, proprietário e sua mulher, Delfina da Costa Borges, doméstica [eram
nessa data] moradores na Quinta das Pedralvas, na Estrada de Benfica, nº 700.
-CALÇADA DO TOJAL-
4.Em conclusão, os documentos arquivados indicam que a iniciativa de
urbanização da Quinta das Pedralvas se inclui no conjunto de programas públicos
de construção de habitação económica e não na obra de um benemérito
particular”.
-ROTUNDA DA CALÇADA
DO TOJAL-
No mesmo dia 17 de Fevereiro endereçámos àquela repartição
municipal, por correio electrónico, este texto:
-RUA MARIA LAMAS-
“Com os melhores cumprimentos acusamos a prezada e pormenorizada
informação, que muito nos sensibilizou e agradecemos.
-RUA AMÉLIA REY
COLAÇO-
Entretanto, nos contactos que, sobre a mesma questão, fomos tendo com
residentes mais idosos, chagaram-nos indicações de que um tal sr. Carvalho,
que morava numa vivenda na Quinta das Pedralvas (anos 60?) é que teria
participado na cedência dos terrenos à Câmara Municipal de Lisboa (?).
Também nos adiantaram que o Engº José Carlos Pinto Seromenho Viana
Baptista (anos 70?), possuía terrenos na Quinta das Pedralvas e que os cedeu a
terceiros.
-RUA AURA
ABRANCHES-
Contudo, face à esclarecedora informação recebida, devidamente
fundamentada, consideramos ser indiscutivelmente única, credível e verdadeira
logo teremos de aceitá-la plenamente e nada mais.
Expressamos, pois, o profundo agradecimento pela eficiência
profissional da equipa que muito se aplicou na pesquisa dos dados que nos foram
facultados”.
-RUA MARIA LALANDE-
Entretanto tivemos conhecimento de que a Arquitecta Susana
Gaivoto e a Engenheira Paisagista Ana Filipa Fernandes, a partir de um estudo e
para elaborarem trabalho conjunto pós-graduação, procederam à recolha pessoal e
localmente, detalhada e rigorosa de elementos necessários para escreverem a história
do Bairro das Pedralvas, que, dentro em breve, pensamos, irá ser passada a
livro, e que relatavam a tal questão da “dádiva dos terrenos”. Tivemos a
oportunidade de lhes possibilitar o esclarecimento quanto a este novo dado e
esperamos que, naturalmente, o considerem para que a narrativa fique enquadrada
com a realidade.
-ESPECTACULAR VISTA
DA SEDE DA ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO BAIRRO DAS PEDRALVAS-
NOTA: AS FOTOS
ANTIGAS SÃO PERTENÇA DO ARQUIVO MUNICIPAL DE LISBOA E AS ACTUAIS DE
SKYSCRAPERCITY.COM, A QUEM, COM A DEVIDA VÉNIA, AGRADECEMOS.
2 comentários:
BOM DIA ALBERTO,
BEM ESCRITO, BEM PENSADO E BEM REALIZADO.
ABRAÇOS
VITOR SILVA
Estamos muito gratas pela menção, esperemos em breve poder apresentar o livro.
Chama-mos só a atenção para o facto de não ser um livro que tem como objectivo contar a história do bairro, apenas recorre a esta para melhor o compreender no presente e para o futuro, pois não queremos levantar falsas expectativas.
Mais uma vez muito obrigado e até breve,
Melhores cumprimentos,
Susana Gaivoto
Ana Filipa Fernandes
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