Como associado (46.601) da Liga dos Combatentes recebi, em outubro passado, a revista “Combatente” nº 393, de Setembro de 2020, na qual, nas páginas 20 e 21, vem uma reportagem ilustrada, assinada pelo General Fernando Aguda, que aborda o talhão dos militares no cemitério São João da Vargem, na capital no novel país, a República Democrática de São Tomé e Príncipe, antiga província ultramarina portuguesa, como demonstra a imagem das sepulturas.
Recorde-se que ali
estão os militares portugueses que deram a vida pelo cumprimento do dever.
Acontece que publiquei
neste blog referências a todas unidades militares que, naquelas maravilhosas
ilhas africanas, cumpriram a sua honrosa e brilhante missão e, ao pretender
saber os nomes dos saudosos camaradas de armas para atualizar o trabalho
efetuado, resolvi, nesse sentido, contatar, em 22 de outubro de 2020, o Presidente
da Liga dos Combatentes, General Joaquim Chito Rodrigues, e, por falta de
resposta, voltei a fazê-lo em 10 de novembro, tendo, como resposta, entrado em
contato telefónico comigo, uns dias depois, o Major Araújo que disse da impossibilidade
de fornecerem o pretendido, por falta de elementos.
Contudo deu-me uma dica
que aceitei e fiz o mesmo pedido, por correio eletrónico, em 17 de novembro, ao
Adido Militar português em São Tomé, Coronel José Costa Reis, que me respondeu (em
22 de novembro), a dar conta que também não tem os dados de que eu necessito.
Mais disse que, além dos militares sepultados no talhão, havia mais dois que
estavam em campas à parte. Solicitei os seus nomes, e aguardo resposta.
Entretanto, resolvi saber
onde param os célebres comunicados do Serviço de Informação Pública das Forças
Armadas que davam conta dos militares que morriam no Ultramar e, em boa hora,
vim a saber que estão no Arquivo da Defesa Nacional, em Paço de Arcos, onde me
desloquei e obtive, com toda a simplicidade, a informação de que necessitava.
Um misto de espanto e estranheza, ao mesmo tempo, claro, por estas ditas entidades não saberem disto. Será?
Ver vídeo sobre a notícia:
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/homenagem-aos-militares-falecidos-em-sao-tome/
Bem, posto o introito vamos ao que interessa: os nomes dos 15 saudosos camaradas falecidos que estiveram no cumprimento do honroso e digno dever militar, em São Tomé e Príncipe, e que vieram a perder a vida, no período de 1963 a 1971:
FRANCISCO MARQUES MOURÃO FERRO
1º Cabo 1663/61 – Pelotão Artilharia Antiaérea 45
Faleceu em 3 de abril de 1963 (doença)
JOSÉ LEONEL MAROUÇO DA SILVA
Furriel – Companhia de Caçadores de São Tomé
Faleceu em 5 de dezembro de 1963 (acidente de viação)
JOÃO FERREIRA NUNES
Soldado 324/63 – Pelotão da Polícia Militar 891
Faleceu em 29 de agosto de 1964 (acidente de viação)
ALEXANDRE CARREIRAS LOURENÇO
1º Cabo 138/63 – Companhia de Caçadores de São Tomé
Faleceu em 10 de outubro de 1964 (acidente com arma de fogo)
VÍTOR MANUEL CARDOSO HENRIQUES
1º Cabo 58/22/64 – Companhia de Artilharia 840
Faleceu em 17 de abril de 1966 (acidente de viação)
ANTÓNIO RODRIGUES MACHADO
Soldado 207/65 – Companhia de Polícia Militar 1446
Faleceu em 18 de maio de 1966 (doença)
ANTÓNIO CASTRO TEIXEIRA
Soldado 4472/64 – Companhia de Artilharia 840
Faleceu em 3 de setembro de 1966 (acidente de viação)
EDUARDO PEREIRA RODRIGUES
Soldado 3966966 – Pelotão de Caçadores 1119
Faleceu em 29 de dezembro de 1966 (acidente de viação)
MANUEL AUGUSTO DA SILVA CANTANTE
Soldado 4365/64 – Companhia de Artilharia 840
Faleceu em 23 de maio de 1967 (acidente de viação)
MÁRIO FOUTO DA PÓVOA
Sargento Ajudante – Companhia de Comando e Serviços do
Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe
Faleceu em 31 de agosto de 1968, no Hospital Militar
Principal, em Lisboa (doença)
EDUARDO RODRIGO ESPÍRITO SANTO
Soldado 86020567 – Companhia de Caçadores 7 (São Tomé)
Faleceu em 9 de setembro de 1968 (acidente de viação)
HERMÍNIO CARDOSO MONTEIRO BARBOSA
Soldado 04472167 – Companhia de Comando e Serviços do
Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe
Faleceu em 5 de novembro de 1969 (acidente de viação)
MANUEL BOTELHO
Alferes 51667311 – Companhia de Comando e Serviços do
Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe
Faleceu em 6 de fevereiro de 1970, no Hospital Militar
Principal, em Lisboa (doença)
AIRES MARQUES LEITE
1º Cabo 19014969 – Pelotão Artilharia Antiaérea 2225
Faleceu em 27 de junho de 1971, no Hospital Militar
Principal, em Lisboa (doença)
CUSTÓDIO MARIA GONÇALVES
Soldado 06287869 – Companhia de Polícia Militar 2578
Faleceu em 30 de junho de 1971 (acidente de viação)
Perante estas
informações dou conta que não só atualizei o trabalho produzido nos anos de
2017 e 2018, como também expressar a elevada consternação sentida pelos quatro camaradas
e amigos que perdi no período que, em simultâneo, cumpríamos o serviço militar
obrigatório em São Tomé e Príncipe, isto é, de junho/1964 a junho/1966.
Uma situação deveras delicada verificou-se com a morte do Vítor Manuel Cardoso Henriques já que, em 1965, quando chegou a São Tomé, tive de lhe comunicar o falecimento do senhor seu pai, porque, no cais, onde o filho embarcou para o Ultramar, foi acometido por doença instantânea, grave e moral, tendo o saudoso amigo Vítor Manuel dito: "Coitada da minha mãe que agora fica lá sozinha, sem ninguém..." Mal sabia que, poucos meses depois, ficaria sem o filho único. A vida tem destas coisas...
2 comentários:
Meu grande amigo Alberto Helder.
Mais uma vez o meu amigo à frente das instituições.
Quanto ao meu e nosso camarada PM Machado a causa da sua morte foi uma injecção administrada pelo médico militar ao qual era alérgico quando a amanhar um peixe se picou com uma espinha.
Infelizmente o regime nada fez por esta família assim como por todas as que lá deixaram os seus filhos.
Ainda há quem tenha saudades dessa gente.
Meu grande amigo sempre que visito São Tomé faço questão de visitar o cemitério onde repousam os nossos camaradas.
Um abração.
Zé Patrício
Viva Ilustre e Nobre Amigo.
Desejos de bom ano 2021, sem aborrecimentos ou chatices!
Obrigado pela mensagem e pelas palavras que me dedica.
Se bem me lembro vi o saudoso Machado na enfermaria do Quartel do Morro deitado numa cama com todo o corpo com pintas vermelhas derivado da tal medicação que não devia ter sido administrada.
Falei com ele e estava esperançoso de que iria superar a situação, mas a infelicidade foi mais forte.
Também com os outros camaradas que faleceram tive uma relação militar muito boa e, é evidente, que, na altura dos acontecimentos, senti imenso as suas perdas.
Abração!
Alberto Helder
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