A APRESENTAÇÃO
A GUARDA NACIONAL REPUBLICANA, IMPECAVELMENTE, A GUARDA…
Quis a Guarda Nacional Republicana, em boa hora, resgatar uma parte da sua história, correspondente à presença da sua força militar na então província ultramarina de São Tomé e Príncipe, no período correspondente ao da Guerra Colonial, entre 1961 e 1974.
Quem mais se identificou com este desejo foi a Drª Ana Raquel Rodrigues de Oliveira Figueira, ilustre e competentíssima profissional que está ao serviço do Museu da GNR há longo tempo, por sentir tal necessidade, no sentido de para valorizar o conteúdo informativo que é prestado aos milhares de visitantes de tão distinto, credenciado, valioso e imponente espaço, já com uma existência de quase dois decénios ao serviço da comunidade.
Fui várias vezes interpelado para avançar com o referido trabalho, mas o que tinha entre mãos (estava a preparar, com vista a oferecer gratuitamente à Associação de Futebol de Lisboa, o percurso de uma competição que decorreu em 24 anos, entre 1962 e 1986, com 282 clubes participantes, 16.250 jogos realizados, onde foram marcados 30.875 golos, e, ainda, com os registos de todos os resultados semanais entre adversários, jornada-a-jornada e outros dados rigorosos e relevantes), assim me obrigava a renunciar. Contudo, como o “desafio” proposto era aliciante, pelas razões apresentadas, incluindo o aspeto emotivo e revivalista, aqui devido ao facto de ter cumprido o Serviço Militar Obrigatório nas mais belas ilhas africanas, logo, leia-se profunda sentimentalidade a acenar, o que me obrigou a pensar e decidir entre dois amores. E o impulso que surgiu foi irremediável, tranquilo e consciente, ter dizer que sim à GNR…
E pronto, com facilidade comecei a concretizar o projeto, dada a experiência adquirida em produções idênticas anteriores, destacando as tropas de elite no contexto ultramarino, numa época que nos afetou pesarosamente, como os registos das 121 Companhias e Pelotões da Polícia Militar que estiveram em comissão de serviço, desde Cabo Verde a Timor (129 episódios, publicados no meu blog, de 15.05.2017 a 10.08.2019); as imensas Companhias de Comandos (201 episódios, de 15.12.2019 a 28.05.2021); as 13 Companhias Móveis de Polícia (22 episódios, a partir de 29.01.2023); a abrupta invasão do Estado da Índia (67 episódios, a partir de 27.09.2021; os militares falecidos em São Tomé e Príncipe (um episódio, 02.01.2021) e, por fim, outras entidades militares que estiveram também em São Tomé e Príncipe (32 episódios, de 29.11.2018 a 29.01.2019). Mais ainda, produzi dois temas desportivos, intitulados “Fui voluntário durante 867 dias” (29 episódios, de 22.08.2018 a 14.10.2018, onde registo as vicissitudes por que passei enquanto diretor do Museu da Associação de Futebol de Lisboa, entre janeiro de 2014 e maio de 2016); e “Os primórdios do futebol em Lisboa-1906/1915” (10 episódios, de 17.03.2023 a 04.12.2023), prestando, nesta edição, oferecida à AFL, a consagração ao saudoso Mestre e Amigo Joaquim Fernandes de Campos, o Árbitro de futebol português mais acreditado e credenciado. Adianto que também ofereci, graciosamente, os respetivos trabalhos às Associações de Lanceiros, dos Comandos e à Direção Nacional da PSP, o que, igualmente, vai acontecer com a GNR (Museu e Arquivo Histórico).
Perante a planificação, tive a oportunidade de contactar pessoalmente, durante algumas semanas, as seguinte muito úteis entidades: a Sociedade de Geografia, com as suas instalações bem juntinhas ao admirável Coliseu dos Recreios, em plena “baixa” pombalina, onde consultei os Boletins Oficiais da Província de São Tomé e Príncipe (24.336 páginas); a Hemeroteca Municipal de Lisboa, localizada nas Laranjeiras, onde desfolhei a “Voz de São Tomé” – jornal semanal editado pela União Nacional, que, mesmo assim, tinha na primeira página de cada número, a chancela “Visado pela Censura”… – a tarefa aqui desenvolvida foi a de verificar 3.642 folhas; e, para concluir, no acreditado e único em Portugal, o Arquivo Histórico da GNR, situado no deslumbrante bairro de Alcântara, onde me foram facultadas as Ordens Gerais (digitalizadas) e as Ordens de Serviço do Comando-Geral (em papel), tendo examinado, respetivamente, 7.279 e 12.974, tudo isto num total de 48.231 documentos analisados ao pormenor.
A título de curiosidade, direi que as anotações retiradas deste somatório ocasionaram o aproveitamento e a publicação de quase 500 notícias.
Aproveitamos este espaço para divulgar um episódio protagonizado pelo então Chefe do Estado-Maior do Exército, o General Luís Maria da Câmara Pina, que escreveu em 29 de dezembro de 1960, o ofício nº 2793, classificado como “SECRETO”, ao Ministro do Exército, Brigadeiro Afonso Pinto de Magalhães Galvão Mexia de Almeida Fernandes a dar-lhe conta de que viria com bons olhos a força da Guarda Nacional Republicana a atuar em missões de manutenção de ordem pública quer em Luanda (Angola), quer em Lourenço Marques (Moçambique), não especificando se a nível urbano ou rural. Contudo, a 1ª Companhia Móvel de Polícia, oriunda da chamada Metrópole, já se encontrava, desde em junho de 1960, em Luanda, a exercer a sua ação, no perímetro citadino.
Entretanto, sobre o produto final aqui apresentado, entendo ter sido feito com uma entrega cabal, dedicada e emotiva, mas também graças aos familiares dos militares que deram uma ajuda fantástica, graciosa e determinada pela cedência das imagens, inéditas e históricas, as quais ficarão a marcar profundamente a presença da GNR naquele tão querido arquipélago africano, com o seu simpático e respeitador povo que muito me ajudou a crescer e a passar os dois anos de comissão militar compulsória.
Está feito o inventário da participação dos três contingentes da Guarda Nacional Republicana que serviram Portugal em São Tomé e Príncipe, logo espera-se que se faça a devida divulgação não só do acontecimento, como da presença pessoal dos seus 107 militares, que voluntariamente, estiveram a dignificar a sua corporação, os seus valores, os seus princípios, granjeando simpatia, respeito e a importantíssima solidariedade com a população da cidade de São Tomé, de Santo António do Príncipe, das Neves, da Trindade, de São João dos Angolares, afinal, uma imagem de marca da GNR que ainda hoje, 2025, é reconhecida por todos aqueles que estiveram, naqueles tempos idos, num relacionamento de proximidade leal, fraterna e venerável com os seus tão briosos militares.
A exemplo dos temas anteriores, este projeto irá ser publicado no meu espaço na net, identificado como: https://albertohelder.blogspot.com/
Diz-se que “os últimos são os primeiros” e, aqui, é verdade, pois a homenagem que pretendo fazer ao meu ilustre amigo e Tenente-Coronel Jacinto Montezo, pelo que fez pela Música, impõe-se que expresso aqui o mais profundo e sentido tributo a tão eloquente, prestável e magnífica personalidade, nada mais nada menos do que o mais consagrado e prestigiado Maestro da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana, que alguma vez teve.
O meu muito obrigado a todos aqueles que me proporcionaram elaborar este agradável empreendimento.
Alberto Helder
Lisboa, 6 de dezembro de 2025
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CIDADE DE SÃO TOMÉ - ANOS SESSENTA
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O AUTOR
Alberto Helder Henrique dos Santos, filho de Viriato dos Santos (08.01.1916/20.10.1995) e de Maria Ester Henrique dos Santos (30.04.1915/11.06.1971), nasceu na Freguesia do Socorro, em Lisboa, no dia 18 de março de 1942, quarta-feira, pelas 12,30 horas. Casado com Maria Júlia Pires dos Santos Henrique dos Santos (01.02.1939) e pai de Rui Fernando Pires Henrique dos Santos (30.06.1972). Irmãos: Ivone Henrique dos Santos (18.10.1944/01.05.2022) e Fernando Plácido Henrique dos Santos (28.09.1939/04.11.2002), este, como Soldado do Glorioso Exército português, integrava a Companhia de Caçadores 10 e foi um dos prisioneiros no Estado da Índia, aquando da brutal invasão, em dezembro de 1961.
No meu caso, cumprindo o Serviço Militar Obrigatório, fui alistado no dia 7 de setembro de 1962 e incorporado no dia 19 de outubro de 1963 no Campo de Tiro da Serra da Carregueira, concelho de Sintra, onde fiz a recruta. Já a instrução da especialidade de Transmissões de Infantaria ocorreu no Batalhão de Caçadores 5, em Lisboa, a partir de 5 de janeiro de 1964, ficando habilitado para a promoção a 1º Cabo.
No dia 22 de março de 1964 foi colocado no Regimento de Infantaria 5, nas Caldas da Rainha, onde fui mobilizado, por imposição e rendição individual, para o Comando Territorial Independente da província ultramarina de São Tomé e Príncipe, para onde segui, como Soldado do Glorioso Exército português, em 6 de junho de 1964, no navio “Império”. Desconheço porque só fui promovido a 1º Cabo em 1 de agosto de 1965.
Militarmente fui distinguido com a Medalha Comemorativa das Campanhas ao Ultramar, cujo custo tive de suportar, no valor de 90$00 (ganhava 10$00 por dia) e, bem assim, com um louvor.
É no dia 5 de junho de 1966 que inicio em São Tomé o regresso a casa, via Luanda (Angola), viajando no navio “Niassa”, que chega a Lisboa no dia 21 do mesmo mês.
Em termos de desporto direi que fui um mero praticante, jogando futebol, futebol de cinco (atualmente futsal), voleibol, hóquei em patins, bilhar, caça submarina e ténis de mesa, com relevância em São Tomé e Príncipe, modalidades que exerci apaixonadamente no renomado Sport São Tomé e Benfica. Mais três referências: desempenhei a função de Árbitro de futebol, atuando em 2.200 desafios, dos quais 955 como juiz; assisti, entre 10 de setembro de 2007 e 14 de janeiro de 2008, presencialmente a um jogo de futebol sénior em cada uma das 22 Associações de futebol existentes em Portugal; como formador de Árbitros, atividade que desenvolvi durante 17 anos no Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Lisboa, tive a honra de ter 9 alunos que atingiram o topo da carreira: a internacionalização!
Desempenhei, ainda, as funções de Árbitro de futebol na FNAT-Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho/INATEL-Instituto Nacional para o Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores desde 21 de novembro de 1970 a 7 de junho de 1992 e na Associação de Futebol de Lisboa, de 12 de novembro de 1972 a 12 de junho de 1983. E, como Observador de Árbitros na AFL, nas épocas 1984/1985 a 1995/1996. Formador de Árbitros na AFL, durante 17 épocas, de 1979/1980 a 1996/1997 e 2006/2007. Ocupei o cargo de vice-presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Lisboa, de 26 de julho de 2007 a 2 de janeiro de 2008. Fui diretor do Museu da Associação de Futebol de Lisboa de 15 de janeiro de 2014 a 31 de maio de 2016. Estive no cargo de Secretário-geral da APAF-Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol de 18 de julho de 1983 a 23 de fevereiro de 2006. Coordenador do Gabinete Histórico da Associação de Futebol de Lisboa de fevereiro de 2024 a novembro de 2025.
Foi-me atribuído o título de Sócio de Mérito pelas Assembleias-gerais da Associação de Futebol de Lisboa, em 21 de março de 1986, e pela APAF-Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, em 13 de março de 1998.
Entretanto, dou conta de que em relação ao tema “Guerra Colonial”, fiz alguns trabalhos, todos eles inéditos, rigorosos e históricos, sempre baseado em inúmeros documentos oficiais, consultados em bibliotecas militares e civis, todos divulgados no meu blog (http://albertohelder.blogspot.com), com os títulos:
“A POLÍCIA MILITAR NO ULTRAMAR” – 129 episódios, publicados de 15 de maio de 2017 a 10 de agosto de 2019.
“OUTRAS UNIDADES MILITARES QUE SERVIRAM O COMANDO TERRITORIAL INDEPENDENTE DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE” – 32 episódios, publicados entre 29 de novembro de 2018 e 29 de janeiro de 2019.
“OS COMANDOS NOS TRÊS TEATROS DA GUERRA DO ULTRAMAR” – 201 episódios, publicados de 15 de dezembro de 2019 a 28 de maio de 2021.
“MILITARES FALECIDOS NA ENTÃO PROVÍNCIA ULTRAMARINA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE” – Único episódio, publicado em 3 de janeiro de 2021.
“ESTADO DA ÍNDIA – 466 ANOS DE HISTÓRIA” – 67 episódios, publicados de 27 de setembro de 2021 a 28 de janeiro a 2023.
“COMPANHIAS MÓVEIS DE POLÍCIA MOBILIZADAS PARA O ULTRAMAR-1960/1975” – 22 episódios, republicados entre 25 de janeiro de 2023 a 1 de Fevereiro de 2023.
Apareceu, entretanto, um tema desportivo, denominado:
“OS PRIMÓRDIOS DO FUTEBOL EM LISBOA – ÉPOCAS 1906/1907 A 1914/1915 – TRIBUTO AO SAUDOSO MESTRE JOAQUIM CAMPOS” -10 episódios, publicados entre 17 de março de 2023 a 4 de dezembro de 2023. E, o presente trabalho:
“A GUARDA NACIONAL REPUBLICANA NO ULTRAMAR – PRESENÇA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE – TRIBUTO AO ILUSTRE AMIGO TENENTE-CORONEL JACINTO COITO ABRANTES MONTEZO”.
Todos os trabalhos militares foram oferecidos graciosamente às respetivas associações representativas e o desportivo à Associação de Futebol de Lisboa. E, o atual, ao Tenente-Coronel Jacinto Montezo, o homenageado, ao Museu da Guarda Nacional Republicana e ao seu Arquivo Histórico. Estamos em dezembro de 2025, e é tudo...
Saudações de apreço, consideração e respeito.
Alberto Helder
PADRÃO DO EQUADOR - ILHÉU DAS ROLAS, EM SÃO TOMÉ (2018)
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O HOMENAGEADO
AO ILUSTRE E QUERIDO AMIGO PELO QUE FEZ PELA MÚSICA!
Biografia do Maestro
Tenente-Coronel da GNR
Nasceu em Santo Amador – Moura a 3 de Novembro de 1957.
Começou a estudar música aos 10 anos de idade na Sociedade Musical 5 de Outubro em Paio Pires tendo passado, como executante, por diversas bandas civis.
Ingressa em 3 de maio de 1976 (com 18 anos de idade) na Banda de Música da Guarda Nacional Republicana.
Frequentou o Conservatório Nacional, em Lisboa, onde cursou acústica, história da música, composição, trombone, cravo, educação musical e música de câmara.
Em 1978 obteve uma bolsa de estudo da Jeunesse Musicale para se deslocar a Siedlece, na Polónia, onde trabalhou com maestros de nomeada como Ernest Maes. Frequentou, já em Portugal, o curso de música de câmara do professor Italiano Franco Pezullo.
Embora estude direcção de orquestra desde 1978, só a partir de 1982 se dedicou à regência tendo dirigido, entre outras, as bandas da Sociedade Filarmónica Palmelense “Loureiros”, Alenquer, Lapa, Carris, SFUA - Pinhal Novo, banda e coro da Sociedade Filarmónica Humanitária de Palmela e banda da Sociedade Filarmónica Operária Amorense.
Fez parte de diversos grupos de música ligeira e trabalhou com as orquestras de Jorge Costa Pinto, da RDP, Teatro Nacional de S. Carlos e Ligeira do Seixal (da qual foi um dos fundadores).
Participou em Festivais Militares em Mons (Bélgica) em 1980, e em Modena (Itália) em 1995.
Em 1986 deslocou-se a Londres como responsável pela preparação artística da Charanga do Regimento de Cavalaria da GNR.
Regressou à GNR em 1 de janeiro de 1994 como chefe adjunto, tendo assumido a chefia em 1 de novembro de 1995 a 30 de novembro de 1998 e de 4 de janeiro de 2001 a 30 de outubro de 2008.
Em 1996, a convite da Polícia de Basileia e do Consulado Geral de Portugal em Zurique dirigiu um concerto no Casino de Basileia integrado no 5º Festival Internacional de Bandas de Polícia.
Em 1997 é maestro convidado para dirigir a Harmonie Grand Ducale, num concerto de homenagem à música portuguesa, na cidade do Luxemburgo.
Em 1998 dirige 3 Concertos nas cidades de Differdange, Luxembourg e Vianden, no Luxemburgo, a convite da Embaixada de Portugal e das entidades luxemburguesas.
Em 2003 é galardoado com o grau de cavaleiro da Ordem Europeia do Mérito Musical e agraciado com a medalha de mérito Cultural da Câmara Municipal do Seixal e em 2019 é-lhe atribuída a medalha municipal de mérito - grau ouro, da Câmara Municipal de Palmela.
Em Junho de 2009 deslocou-se ao Vietname para orientar um masterclasse de direcção e dirigir a Banda da Polícia de Hanói a convite do Governo vietnamita.
Nesse mesmo ano é agraciado com a medalha de Prata de Serviços Distintos pelo Ministério da Administração Interna.
É membro da IMMS, “INTERNATIONAL MILITARY MUSIC SOCIETY” e da WASBE, “WORLD ASSOCIATION FOR SYMPHONIC BANDS AND ENSEMBLES” foi ainda membro do júri do Concurso Internacional de Jovens Solistas realizados no Luxemburgo.
Como professor tem realizado diversos cursos de aperfeiçoamento de maestros de bandas civis por todo o país.
Foi Chefe-adjunto da Banda do Exército e Chefiou a Banda da Região Militar Sul, Banda da Zona Militar da Madeira, Orquestra Ligeira do Exército e Banda Sinfónica da GNR.
Dirigiu mais recentemente a orquestra Lisbon Swing Band e o Coro Seixal Vocalis.
AS INICIAIS
2º TMTA – 2º Tribunal Militar Territorial de Angola
CDCPSTP – Conselho Disciplinar do Corpo de Polícia de São Tomé e Príncipe
CG – Comando Geral
CPSPSTP – Corpo de Polícia de Segurança Pública de São Tomé e Príncipe
CPSTP – Corpo de Polícia de São Tomé e Príncipe
CTAPSTP – Comissão Técnica de Automobilismo da Província de São Tomé e Príncipe
DG – Diário do Governo
DRM – Distrito de Recrutamento e Mobilização
GNR – Guarda Nacional Republicana
HCDOS – Hospital Central Dr. Oliveira Salazar
JSN – Junta de Salvação Nacional
JSP – Junta de Saúde da Província
JSU – Junta de Saúde do Ultramar
OSCG – Ordem de Serviço do Comando Geral da GNR
PIDE – Polícia Internacional e de Defesa do Estado
PR – Polícia Rural
RDCPSPU – Regulamento Disciplinar dos Corpos de Polícia de Segurança Pública no Ultramar
RDM – Regulamento de Disciplina Militar
STP – São Tomé e Príncipe
TAM – Transportes Aéreos Militares
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IGREJA NOSSA SENHORA SENHORA DA CONCEIÇÃO - PRÍNCIPE
OS PRIMÓRDIOS
A existência da Guarda Republicana no Ultramar teve o seu início antes da primeira Grande Guerra (1914/1918), com o envio dos seus militares (em 1911) a fazerem a viagem de Lisboa para Moçambique para suster as investidas das tropas alemãs. No caso de São Tomé e Príncipe, o tema em apreço, diremos que a Polícia local estava, até abril de 1959, integrada na Organização Militar existente até então, altura em que foi considerado que as funções do Corpo de Polícia Indígena (criado no século XVII e extinto em 1959) deixava de ter, em parte, justificação pela criação da Companhia de Caçadores de São Tomé (na efetividade desde 14 de junho de 1939), e, ainda, que a sua organização estava desatualizada em relação às necessidades de serviço policial. Refira-se que tal Corpo era constituído por soldados angolanos, voluntários portugueses e trabalhadores contratados. Em 18 de abril de 1959 o Decreto 42223, publicado no Diário do Governo (DG) 88, série I, páginas 422 e 423, cria o Corpo de Polícia de Segurança Pública de São Tomé e Príncipe (CPSPSTP) e determina a seguinte constituição do efetivo do Pessoal do quadro: 1 Comandante (Capitão de qualquer arma, do ativo ou da reserva), 1 adjunto (Tenente, idem, idem), 1 Chefe de Secretaria (de categoria não superior a primeiro-oficial), 1 Chefe de Seção, 2 Chefes de esquadra, 4 Subchefes de esquadra, 6 Guardas de 1ª classe e 10 Guardas de 2ª classe. O Pessoal assalariado: 10 Guardas de 1ª classe, auxiliares e 10 Guardas de 2ª classe, auxiliares. Banda de música: 1 Segundo-Sargento ou Furriel, chefe da banda, equiparado a subchefe de esquadra, com a especialidade de músico e 1 Primeiro-cabo músico, subchefe da banda, equiparado a Guarda de 1ª classe. Quanto aos vencimentos mensais totais, que inclui o valor base e complementar: Comandante, 9.000$00; Adjunto, 7.400$00; Chefe de Secretaria, 4.300$00; Chefe de Seção, 3.600$00; Chefe de Esquadra, 3.300$00; Subchefe de Esquadra, 2.800$00; Guarda de 1ª classe, 2.200$00 e Guarda de 2ª classe, 2.000$00. Banda de música: Chefe de banda, 2.800$00 e Subchefe de banda, 2.200$00. Pessoal assalariado: Guarda de 1ª classe, auxiliar, 900$00 e Guarda de 2ª classe, auxiliar, 650$00.
Em 19 de agosto de 1959, através da Portaria 2775, publicada no 2º Suplemento do Boletim Oficial da Província de São Tomé e Príncipe, nº 33, páginas 685 a 699, é divulgado o Regulamento do Corpo de Polícia de Segurança Pública de STP, com 3 capítulos, 4 seções e 189 artigos. Já o Regulamento Disciplinar do referido Corpo de Polícia, também revelado no mesmo Boletim Oficial, nas páginas 699 a 706, tem 5 capítulos, 2 seções e 65 artigos. A Portaria que o suporta é a 2776. Esta legislação tem como suporte o Decreto-Lei 42223, de 18 de abril de 1959.
Em 6 de julho de 1960, através do Decreto 43050, publicado no DG 155, série I, página 1668, o Ministério do Ultramar cria, no CPSPSTP, uma seção rural que fica diretamente dependente do respetivo Comandante da PSP, cujas normas estão mencionadas em 8 artigos, dos quais se destaca o seguinte mapa do efetivo: Pessoal de nomeação: 1 chefe de seção; 8 subchefes e 16 guardas de 1ª classe. Estes elementos, para além de serem escolhidos ou na Guarda Nacional Republicana e na Polícia de Segurança Pública, ambas da Metrópole, estão sujeitos a cumprir, em comissão ordinária de serviço, um período de quatro anos. Pessoal assalariado permanente: 8 guardas de 1ª classe, auxiliares e 24 guardas de 2ª classe, auxiliares, num total de 57 elementos.
No final do ano de 1960, o então Chefe do Estado Maior do Exército, General Luís Maria da Câmara Pina expõe, surpreendentemente e através do ofício 2793, datado de 29 de dezembro e classificado como “Secreto”, ao Ministro do Exército, Brigadeiro Afonso Pinto de Magalhães Galvão Mexia de Almeida Fernandes, um defensor acérrimo do Ultramar português, que via, com bons olhos, a Guarda Nacional Republicana e as suas unidades de Infantaria a desempenharem missões de manutenção de ordem pública nas, então, capitais de Luanda (Angola) e de Lourenço Marques (Moçambique), por estarem capacitadas para este género de tarefas. Sugeriu, assim, que se obtivesse do Ministério do Interior e da própria GNR informações correspondentes ao quadro orgânico da unidade; custo anual desta guarnição; e número de famílias acompanhantes e suas necessidades habitacionais. Esta sua ideia baseava-se em três razões importantes: libertação de tropa de linha para as zonas operacionais; instalação em Luanda e em Lourenço Marques de militares muito aptos ao serviço da ordem; e possibilidade de fixar no Ultramar famílias oriundas da metrópole, adensando-se a presença portuguesa. Apesar desta proposta, em Luanda, já estava implementada a 1ª Companhia Móvel de Polícia, oriunda da metrópole em junho de 1960 e, as três seguintes, haveriam de chegar em abril (duas) e junho do ano seguinte. Já Moçambique receberia a 5ª Companhia Móvel da PSP em agosto de 1961. Surpresa quanto à sugestão, sim, já que existia no terreno operacionais capacitados (PSP) a desenvolverem a missão pretendida: ordem pública. Será que o General Câmara Pina não teria discernido entre as especialidades de policiamento urbano (afeta à PSP) e policiamento rural (da GNR)?
Em 8 de março de 1961, mediante o Decreto 43527, publicado no DG 55, série I, página 246, o Ministério do Ultramar determina que o CPSPSTP passa a designar-se Corpo de Polícia de São Tomé e Príncipe (CPSTP). Neste diploma também são feitas alterações na chefia, passando a existirem 2 adjuntos, cada qual a comandarem a PSP-Polícia Urbana e a GNR-Polícia Rural (PR). Foi também alterado o mapa de vencimentos dos militares, assim como as regalias concedidas como o subsídio de fardamento e de habitação gratuita mobilada.
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INSTALAÇÕES PETROLÍFERAS NAS NEVES
PRIMÓRDIOS
IMAGENS
MILITARES DA GNR COM OS CANÍDEOS ORIUNDOS DA METRÓPOLE
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