sábado, 4 de abril de 2015

EQUIPAS DE ARBITRAGEM E O SISTEMA DIAGONAL (2ª PARTE)



 
“Com a criação de equipas de arbitragem para todos os encontros da Divisão de Honra, 1ª e 2ª divisões, que o presidente do Colégio de Árbitros de Lisboa e prestigioso Seleccionador Nacional, sr. Cândido de Oliveira, resolveu por em prática, os respectivos campeonatos só têm a lucrar, em nossa opinião, com o novo sistema.

Como é uso nos jogos disputados, desde a época passada, nos principais países, onde o futebol está em nível superior, assim como no recente Campeonato do Mundo, o sistema da “Diagonal” apareceu-nos como o melhor resultado para a difícil missão do árbitro.

Assim, o árbitro tem a acompanhá-lo dois ajudantes, que servem de fiscais de linha, tomando cada um conta do seu meio campo.
 -Cândido de Oliveira-

A colocação do árbitro no terreno é, pois, como acima dizemos em “diagonal”, isto é, o árbitro anda no terreno entre os defesas direitos de ambos os “teams” em luta, cabendo aos fiscais de linha seguir de perto as respectivas linhas de ataque de ambos clubes.

Assim, mais fácil se torna ao árbitro ver os “off-sides” que os fiscais de linha lhe tenham assinalado, numa mudança rápida do jogo, assim como também todas as faltas cometidas.

Para isso, no entanto, é preciso que árbitro e ajudantes se conjuguem e trabalhem dentro do mesmo espírito e critério. É essa, principalmente, a grande dificuldade do seu trabalho.

É possível que de inicio esse sistema seja de difícil execução, devido à falta de prática de todos os colegiados. Para isso é necessário, que dirigentes, jogadores e público, se compenetrem devidamente da boa vontade dos árbitros em acertar, não lhes dificultando a sua difícil e ingrata tarefa.

Quem escreve estas linhas foi, nos dias 25 do mês passado e 2 do corrente, juiz de linha dos jogos Sporting-Belenenses e Casa Pia-Belenenses, arbitrados pelos srs. José Travassos e João dos Santos Júnior, e, teve ocasião de ver, com clareza, as vantagens do NOVO SISTEMA.
 -Manuel Alexandre-

Assim o árbitro está maia à vontade no terreno, e os fiscais de linha, dentro do seu papel, fiscalizando dentro do seu meio campo, estão também mais senhores do seu lugar.

Ao trabalho incansável de Cândido de Oliveira – pois só quem de perto tem acompanhado o seu esforço o pode avaliar, para remover as muitas dificuldades que surgem com o novo sistema – é necessário que todos os colegiados que formam equipa, se reúnam e estudem todos os problemas de arbitragem e seus critérios, a fim de que Cândido de Oliveira veja coroado de êxito o seu fatigante trabalho pela causa dos árbitros.

Só assim, com a ajuda de todos, se poderá conseguir obra boa, isenta de erros e de compreensões, que sempre surgem. Para isso é necessário dar tempo ao tempo. Depois se verá se o novo sistema tem ou não vantagens apreciáveis. O que é necessário, repetimos, é a boa vontade de todos e um trabalho produtivo.

Manuel Alexandre

Transcrição da Revista Stadium, edição 347, Ano VII, de 5 de Outubro de 1938, página 3”.

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