quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

PRESENÇA DA POLÍCIA MILITAR NA ENTÃO PU DE MACAU - 1º DE 10 EPISÓDIOS - APRESENTAÇÃO DO TRABALHO


Na reunião havida em 13 de setembro de 2017 com a Direção da Associação de Lanceiros onde formalmente ofereci o trabalho levado a efeito com as 15 unidades da Polícia Militar que cumpriram a sua digna missão em São Tomé e Príncipe e aqui publicado, o qual foi considerado inédito e histórico, levando a AL a promover a edição de livro com tudo o que foi referido com a vivência que se verificou entre 1961 e 1975, resolvi avançar com o historial dos restantes 106 agrupamentos que estiveram em Angola (42), Cabo Verde (12), Guiné (16), Macau (8), Moçambique (21) e Timor (7).
Comecei por Macau, seguindo-se Timor e por aí fora até terminar na então Província Ultramarina que mais contingentes teve da PM, Angola.
Mas, a tarefa não foi fácil, como passo a descrever:
Graças ao Arquivo Geral do Exército e ao seu mais carismáticos responsável, Major Fernando Laureano, sempre disponível, sempre gentil e altamente capacitado para ajudar a resolver questões relacionadas com a megalómana tarefa a que me dediquei, e que muito agradeço a sua participação, tem sido possível obter as informações necessárias para complemento de cada um dos 8 episódios da PM e referentes à mais linda capital do Oriente.
Contudo, o AGE não possui documentos do último agrupamento que esteve em Macau, o que obrigou a consultar outros arquivos, incluindo a Biblioteca do Regimento de Lanceiros 2.
Aqui, a disponibilidade e boa vontade do Comando deste Regimento para colaborar neste grandioso projeto foi total e participativo, mas morosa, pese embora a minha primeira comunicação a solicitar permissão para aceder aos seus documentos em 23 de setembro de 2017, só foi possível iniciar as pesquisas nas instalações da calçada da Ajuda passados 72 dias, o que atrasou substancialmente a programação por mim idealizada.
Mas, felizmente, o assunto está ultrapassado e já disponho de matéria para avançar a todo o vapor, perspetivando a conclusão desta monumental tarefa no menor espaço de tempo possível, não sem antes prever ser uma questão de alguns anos a trabalhar profunda, contínua e dia-a-dia no assunto.
Para além de ter conseguido obter os dados de que necessitava na consulta aos milhares de páginas das Ordens de Serviço Regimentais, também fiz o resumo das datas oficiais da partida e do regresso a Lisboa, a chamada “mobilização”, de todos os agrupamentos da PM que estiveram em África e no Oriente, trabalho importante e rigoroso, o qual, pela sua utilidade já foi entregue ao Regimento de Lanceiros 2, Arquivo Histórico Militar, Arquivo Geral do Exército, Biblioteca do Exército e à Associação de Lanceiros. Quem quiser trabalhar nesta área tem, agora, elementos fidedignos e objetivos, coisa que não existia tão pormenorizadamente.
Posto esta explicação, adianto que gostaria de apresentar muitos mais dados de cada unidade da PM em Macau, mas fico-me somente pelo essencial deixando outros temas para quem pretender fazer um ótimo trabalho, se assim o desejar.
Este trabalho sobre Macau representa também o esforço de muitos lanceiros que colaboraram de forma voluntária e dedicada, quer com algumas das histórias na primeira pessoa, quer na cedência de imagens que marcam a sua juventude, bem longe de casa e dos seus mais próximos.
É verdade que a ajuda recebida foi de extrema importância, mas também encontraram alguém que, com a sua persistência e empenho, se deslocou ao seu encontro (Setúbal, Alcobaça, Ericeira, Carcavelos, Abrantes, Montijo, Viseu e Massamá) para recolher testemunhos das suas vivências no Extremo Oriente.
Quanto à divulgação destes episódios, 10 no total, serão publicados semanalmente, agora às quintas-feiras, como se enumera:
01 – Apresentação do trabalho, hoje, dia 1 de fevereiro de 2018
02 – PPM 38 (mobilização de 17.07.1962 a 23.10.1964), dia 8 fevereiro de 2018
03 – PPM 932 (05.08.1964 a 22.06.1966), dia 15 de fevereiro de 2018
04 – PPM 1084 (12.04.1966 a 27.07.1968, dia 22 de fevereiro de 2018
05 – PPM 2027 (16.04.1968 a 19.09.1970), dia 1 de março de 2018
06 – CPM 2428 (12.08.1968 a 03.02.1971), dia 8 de março de 2018
07 – PPM 2228 (04.06.1970 a 16.10.1972), dia 15 de março de 2018
08 – PPM 3124 (02.07.1972 a 05.07.1974), dia 22 de março de 2018
 09 – PPM 8275 (28.05.1974 a 03.10.1975), dia 29 de março de 2018
10 – Conclusões, dia 5 de abril de 2018
Espero que gostem do trabalho e estou pronto para receber as observações que acharem por bem colocar.
Entretanto, aqui vão algumas considerações gerais sobre a experiência vivida pelos lanceiros lá longe, em Macau.
O clima de Macau explica-se com 7 meses de calor intenso, 3 de temperatura suave e 2 de frio, sendo que nesta época especial o CTI distribuía ração diária de 0,04 (quatro centilitros) de aguardente ao pessoal da guarda, reforço e ronda de todas as unidades e subunidades…
Nos meses de abril e até existir elevadas temperaturas os militares usavam fardamento aligeirado (camisa de meia manga e calção), deixando a vestimenta de inverno (blusão, camisa de manga comprida e calça).
A PM em Macau só usava o fato camuflado em ações específicas.
O trânsito rodoviário era efetuado pela esquerda, logo alguma ansiedade inicial dos condutores auto, pois nunca receberam qualquer preparação para conduzirem daquele modo.
À chegada das unidades da PM foram-lhes transmitidas indicações quanto ao modo de vida local e hábitos seculares da comunidade para que não fossem surpreendidos por alguma situação menos conhecida.
Também lhes foi exigido que a sua postura fosse cuidada até ao pormenor, especialmente com a apresentação pessoal (fardamento também) e rigoroso cumprimento das Normas de Execução Permanentes em vigor, ainda no relacionamento com a comunidade e na fiscalização das viaturas, incluindo a do Comandante militar...
A PM participou em todas as cerimónias realizadas nas datas importantes, como as do 13 e 28 de maio (Nossa Senhora de Fátima e Estado Novo), 10 de Junho (Dia de Portugal), assim como 14 de agosto, dia do Comando Territorial Independente de Macau e no dia dedicado a Vasco da Gama.
Macau, com um território de 30,3 Km2 e face às suas características especiais, já oferecia entretenimento variado aos vindouros, como cinema, teatro, exposições, diversos desportos e, mais tarde, televisão (e a cores).
Em 1963 a verba diária para a alimentação dos militares (praças) era de 20$00. O pré dos Soldados era metade do valor! No ano seguinte a alimentação passou para 23$00 e, dez anos depois, em 1974, já ia nos 34$00.
A extinção do CTIM verificou-se em 31.12.1975, mas a cerimónia protocolar realizou-se no dia anterior nas instalações do Quartel General com formatura e saudação à bandeira Portuguesa, como certificam as duas últimas imagens, mas já sem a presença da Polícia Militar.
Muitos dos lanceiros valorizaram os seus conhecimentos, com vista a um melhor futuro profissional, tendo obtido a carta de condução de veículos ligeiros e pesados.
A passagem do território para a administração chinesa ocorreu em 20 de dezembro de 1999.
Por último direi que a distância, em linha reta, de Lisboa a Macau é de 10.991 quilómetros, logo o fuso horário é de 8 horas a mais das que se verificam em Lisboa.
 


 





1 comentário:

Ângelo Freire disse...

Como já é normal e habituou os que o "visitam", este trabalho está excelente e até para quem não esteve em Macau, enche de orgulho. Quem lê apercebe-se dos escolhos por que tem que passar para conseguir informações que até podem parecer simples mas que no fundo representam muitas horas de permanente dedicação à "causa". Mais uma vez parabéns e votos de muito ânimo e saúde para lever esta hercúlea tarefa por diante. Obrigado!