segunda-feira, 13 de agosto de 2018

SÃO TOMÉ E AS SUAS CURIOSIDADES - CORPORAÇÃO DE BOMBEIROS (1º DE 2 EPISÓDIOS)

A cidade de São Tomé, em 1924, teve uma corporação de bombeiros voluntários!
 Para tal, foi criada a delegação da Associação dos Bombeiros Voluntários da Ajuda, Cruz Verde, cuja fundação se verificou em 10 de abril de 1880 e em Lisboa e tinha a sua sede principal na praça da Alegria, 27, bem perto da avenida da Liberdade. Bem recentemente mudou-se para o Bairro da Ajuda, voltando às suas origens, para as instalações sitas na rua Sá Nogueira, Edifício Bombeiros Voluntários da Ajuda, 1300-664 Lisboa.
Eis alguns episódios do historial dos tempos idos da sua presença em São Tomé, obtidos no então Boletim Oficial de São Tomé e Príncipe:
26.07.1924 – A corporação avisa os seus associados de que, a seu pedido, o Dr. Luiz Gonçalves de Souza Machado Júnior acedeu dar consultas grátis aos sócios às segundas, quartas e sextas-feiras, das 9 às 11 horas, na Drogaria Africana (!), onde provisoriamente funciona o Posto de Socorros Urgentes.
Aceitou o mesmo pedido da Corporação o Dr. Joaquim António de Oliveira, que começou as consultas nas mesmas condições na Farmácia Alves de Sá, em 1 de agosto, das 8 às 9 horas, em dias a anunciar.
Um grupo de associados irá levar a efeito, no dia 27, domingo, um encontro de futebol em honra da instituição.
Nesse sentido a Delegação convida os senhores comerciantes, agricultores, empregados do comércio e agricultura, funcionários e o povo em geral para assistirem ao desafio, visto o interesse que está despertando o despique entre as equipas representativas da Delegação dos Bombeiros Voluntários da Ajuda e da Associação dos Empregados do Comércio e Agricultura de São Tomé.
16.08.1924 – Dado que o jogo realizado, não teve vencedor, a Direção informa que no domingo, dia 17 de agosto, irá disputar-se novo encontro (desempate), para se atribuir, a quem ganhar o desafio, o prémio oferecido pela Delegação da Cruz Verde, o qual se encontra em exposição na Farmácia Alves de Sá. Apela-se à presença de todas as pessoas que queiram assistir a este espetáculo desportivo.
20.12.1924 – Através de Artur Alves Dias, pela Direção, e Rafael Croner Trigueiros, pela Delegação, é dado a conhecer que a Corporação, a seu pedido, conseguiu o concurso gracioso dos médicos a seguir referidos para exercerem a sua atividade clínica nos locais das consultas: Dr. Luiz Gonçalves de Sousa Machado Júnior, na Farmácia Alves de Sá; Dr. António Bonifácio de Oliveira, Farmácia Américo Mendes; e Dr. Justino António dos Santos, na Farmácia Africana. Os boletins de consulta devem ser pedidos na Farmácia Alves de Sá ao presidente da Direção, mediante apresentação do cartão de identidade. Os sócios beneficiam de um bónus de 20% em todo o receituário aviado nas Farmácias Alves de Sá e Américo Mendes.
08.04.1925 – O Governo da Província aprova, ao abrigo do § único, do artigo 252º, do Código Administrativo de 4 de maio de 1896, os Estatutos da Corporação, os quais são constituídos por 11 capítulos e 79 artigos.
A publicação do Alvará verificou-se no suplemento nº 6, do Boletim Oficial nº 18, de 8 de maio de 1925, páginas 11 e seguintes.
NOTA: Para o trabalho que estou a desenvolver (Futebol em São Tomé e Príncipe), tentei saber algo mais e sobre este surpreendente serviço público desempenhado em São Tomé, em Lisboa, junto das direções, quer da Associação dos Bombeiros Voluntários da Ajuda, assim como da Liga dos Bombeiros Portugueses, mas nada adiantaram, o que me leva a supor ser matéria que não se lembram ou desconhecem. É pena.
Para adensar ainda mais a perplexidade, direi que, sobre o tema, nada é referido nas publicações editadas pela própria Cruz Verde: a primeira, editaram o jornal
“Voluntários da Ajuda”, aquando da comemoração do 50º aniversário da sua fundação, em 10.04.1930, alusivo à efeméride, com 4 páginas e; na segunda, novo jornal, com o título
“O Voluntário da Ajuda”, em 10.04.1942 (62º aniversário), com 8 páginas; assim como na terceira, na revista
“Bodas de Diamante”, quando comemorou os 75 anos de existência, isto em 10.04.1955, documento com 56 páginas, bem como num simples prospeto, a sua
“Breve referência histórica”, de abril de 2000, com 4 páginas.
Contudo, a excelente obra “Bombeiros Portugueses-seis séculos de história”, de 1995, gigantesco trabalho supervisionado pelo Dr. Francisco Hermínio Pires dos Santos, dois volumes com mais de 820 páginas, tem o seguinte apontamento sobre o serviço de bombeiros em São Tomé:
 

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