Numa recente pesquisa
para encontrar o brasão do Comando Territorial Independente de Macau, entidade
militar criada em 24 de novembro de 1960 (Decreto-Lei 43.351, publicado no
Diário do Governo 273, I série, páginas 2574 a 2579), cujas funções terminou em
1 de janeiro de 1976, com a sua extinção, a qual foi publicada no Diário da República
292, I série, páginas 2082 a 2084, foi curioso e interessante ter encontrado
brasões de armas daquele território, desde tempos idos até à desvinculação total
de Portugal, que achei por bem dar publicidade a tão rico e fantástico espólio.
Assim, com a devida
vénia do blog NENOTAVAICONTA, onde encontrei grande parte das estampas e
textos que a seguir publico, aqui vai uma agradável coleção de imagens que se
divulga com todo o gosto.
ANO DE 1626
Este emblema
granítico da Fortaleza de S. Paulo do Monte está datado
“ANNO DNI 1626”
O mais antigo brasão
de Armas de Macau conhecido é o que está esculpido em granito e colocado sobre
a Entrada da Fortaleza de S. Paulo do Monte (originalmente chamada de Nossa
Senhora do Monte). (1) Está datado de 1626, ano da conclusão das obras da
Fortaleza.
“Por cima do portão
de entrada da muralha Sul desta fortaleza havia uma pedra esculpida com 1 metro
quadrado de área e um frontão triangular em cima, mas esta laje foi retirada e
está, presentemente, na muralha interior virada para o portão da rampa de
acesso à esplanada superior. Os pregos utilizados para sustentar a laje ainda
se podem ver por cima do portão” (2)
O frontão triangular
tem esculpida a figura de S. Paulo, Patrono da fortaleza.
A pedra rectangular
que está por baixo consiste essencialmente de um escudo de Portugal, encimado
por uma coroa rematada com cruz. O escudo é flanqueado por dois querubins de
pé, vestidos apenas de uma faixa esvoaçante, assente em cavalete, O anjo do
lado esquerdo ostenta sobre a levíssima redouça a Cruz de Cristo, e,
simetricamente, o anjo da direita equilibra a esfera armilar rematada por uma estrela.
Em 1654, o título de
Leal foi conferido ao Senado de Macau por D. João IV. E em nome de El-Rei, o
Capitão Geral João de Souza Pereira mandou pôr no letreiro a nova dignidade, à
entrada do Leal Senado.
Insígnias da cidade
1961 Portaria “A tradicional representação heráldica da cidade de Macau: o
escudo de armas de Portugal sobrepujado da antiga coroa real aberta e amparado
por dois anjos de joelhos, vestidos de prata e realçados de ouro, nimbados de
uma cruz de Cristo, de vermelho – o da dextra, e de uma esfera armilar, de ouro
– o da sinistra -; listel branco tendo inscritos em caracteres negros nos
dizeres «Cidade do Nome de Deus não há outra mais leal» ” (3)
NOTA: Sobre este
assunto, aconselho o trabalho de investigação da Dra. Beatriz B. da Silva em
SILVA, Beatriz Basto da – Estudo-Insígnias de Macau. Edição do Leal
Senado,1986, 83 p.
(1) Fortaleza que
cresceu lenta e irregularmente ao longo dos anos. Terá começado a 1617, em 1623
tornou-se residência governamental de D. Francisco de Mascarenhas, primeiro
Capitão-General (posse a 17 de Julho 1623). Referências anteriores sobre a
Fortaleza do Monte em:
(2) GRAÇA, Jorge –
Fortificações de Macau, concepção e história. 19 – – (?)
https://nenotavaiconta.wordpress.com/2013/01/16/leitura-comemora-coes-em-macau-do-v-centenario-da-morte-do-infante-d-henrique-ii/
(3) Portaria n.º 18
626 do Ministério do Ultramar de 27-07-1961 (publicado no B. O. n.º 32 de
Macau).
ANO DE 1654
Em 1654, João de
Souza Pereira, Governador de Macau (1650-1654), em nome d´El-Rei D. João IV,
mandou colocar à entrada do edifício do Senado, este letreiro CIDADE DO NOME DE
DEUS DE MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL.
ANO DE 1810
Os anjos estão de
joelhos e usam chapins. Com vestes graves, longas, trabalhadas sobre o escudo,
a coroa, antes fechada e sem cruz, encontra-se agora acastelada; a cruz
inscrita no sol passou do frontão à base do escudo. As asas dos anjos alargam-se
desenvoltas, a fim de acompanharem harmonicamente a largura da faixa ondulada
onde se lê: “NÃO HÁ OVTRA MAIS LEAL”.
Esta foto é de 1956 e
apresenta a insígnia, oficial, fixada em madeira, em 1810, no Salão Nobre do
Leal Senado de Macau. O listel inferior refere “CIDADE DO NOME DE DEUS DE
MACAU, NÃO HÁ OUTRA MAIS LEAL”,
“As armas reais
portuguesas coroadas, e os emblemas das descobertas – esfera armilar e Cruz de
Cristo, também. Os anjos são dois adolescentes, apresentando-se completamente
vestidos e de joelhos”.
ANO DE 1890
“A cidade de Macau
tem por brasão as armas reaes em escudo de prata, e em volta lê se o seguinte:
Cidade de nome de Deus não há outra mais leal. A etymologia do nome de Macau
vem de duas palavras chinezas Ama e Cau. A primeira designa o ídolo de um
pagode, que ali havia desde tempos remotos. A segunda quer dizer porto.
Começando os portuguezes a chamar ao sítio Amacau logo que ali se
estabeleceram, deram depois à cidade com pouca differença o mesmo nome.”
ANO DE 1927
A insígnia conforme
capa do livro “Resumo da História de Macau” de Eudore de Colomban, 1927.
Brasão de armas ou,
simplesmente, brasão, na tradição europeia medieval, é um desenho
especificamente criado – obedecendo às leis da heráldica – com a finalidade de
identificar indivíduos, famílias, clãs, corporações, cidades, regiões e nações.
Insígnia é um sinal
ou marca que identifica uma instituição, um cargo ou o estatuto social de uma
determinada pessoa. As insígnias são, normalmente, usadas sob a forma de
emblemas ou distintivos.
ANO DE 1932
Ordenação simbólica
das Províncias do Império Português de Além-Mar (Macau) segundo o parecer que a
pedido da Agência das Colónias, e por incumbência do Instituto Português de
Heráldica, o Senhor Afonso Dornelas elaborou em Junho de 1932.
ANO DE 1934 (I)
Embora legendado como
brasão da Província de Macau, trata-se duma insígnia do Leal Senado de Macau,
num formato não habitualmente observado ou publicado; veio impresso num número
especial comemorativo da 1.ª Exposição Colonial Portuguesa do Porto, em 1934.
ANO DE 1934 (II)
A Direcção dos
Serviços das Obras Públicas de Macau promoveu o processo para um novo brasão
para Macau, tendo apresentado os modelos que se publicam ao Governador, os
quais viriam a ser rejeitados. Os seus autores foram: Júlio Nunes Pereira
Oliveira (Tenente), Rafael Gastão Bordalo Borges (Condutor de Obras Públicas),
António Santa Clara Ferreira (Tenente) e o chinês Chan Kuan Pui (desenhador),
mais conhecido por José Chan.
ANO DE 1935
Este brasão foi
criado em 1935, quando Portugal decidiu criar para cada colónia portuguesa um
novo brasão próprio. Ele apresenta à esquerda cinco escudetes de cor azul,
postos em cruz e carregados cada um com cinco besantes de prata em aspa; à
direita, de azul, um dragão chinês pintado de ouro e com língua vermelha,
armado com um dos escudetes representados à direita do brasão; em ponta, de
prata, cinco ondas de cor verde.
Foi este o modelo de
Brasão de armas aprovado pelo Governador de Macau, com a referência “Colónia
Portuguesa de Macau”, o qual vigorou de 8 de Maio de 1935 a 11 de Junho de
1951.
ANO DE 1951
O Coronel A. Guedes
de Magalhães, no seu opúsculo Marcas Postais de Macau, p. 46, dá esta explicação
das Armas da cidade:
«O escudo, no formato
clássico português e terciado em mantel, contém:
No primeiro, em campo
de prata, as cinco quinas de Portugal, de azul, carregadas cada uma de cinco
besantes de prata em aspa, que há mais de oito séculos se distinguem na
heráldica como símbolo de Portugal e aqui pretendem representar a unidade de
todo o seu território.
No segundo, o símbolo
característico da Província de Macau. Em lembrança do território em que se acha
situada:
Em campo azul, um
dragão de ouro armado e linguado de vermelho e realçado de negro, suportando
nas garras uma das quinas de Portugal.
No terceiro, a
representação do mar, sendo o campo de prata carregado de cinco faixas ondadas
de verde, ligando as quinas de Portugal ao emblema simbólico de Macau.
A coroa mural que
assenta sobre o escudo, é de ouro, e constituída por cinco torres ligadas por
quatro panos de muralha realçados de negro; as torres são carregadas sobre as
portas por esferas armilares de vermelho e os panos da muralha com as ameias
formadas por um escudete de prata com a Cruz de Cristo de vermelho.”
Este brasão, com o
listel branco a expressar: “Província Portuguesa de Macau”, esteve em vigor de
11 de junho de 1951 a 1976.
ANO DE 1960
Esta insígnia de 1810
está na capa do livro “COMEMORAÇÕES, EM MACAU, DO V CENTENÁRIO DA MORTE DO
INFANTE D. HENRIQUE” (editado em Dezembro de 1960).
ANO DE 1961
“A tradicional
representação heráldica da cidade de Macau: o escudo de armas de Portugal
sobrepujado da antiga coroa real aberta e amparado por dois anjos de joelhos,
vestidos de prata e realçados de ouro, nimbados de uma cruz de Cristo, de
vermelho – o da dextra, e de uma esfera armilar, de ouro – o da sinistra -;
listel branco tendo inscritos em caracteres negros nos dizeres «Cidade do Nome
de Deus não há outra mais leal».
Portaria 18.626, do
Ministério do Ultramar, de 27.07.1961 (publicado no B. O. n.º 32 de Macau).
ANO DE 1976
Brasão de armas de
Macau, onde o listel passou a designar “Governo de Macau“. A sua existência
terminou em 20 de dezembro de 1999.
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