No passado domingo, 30 de junho, dia em que o meu filho (Rui
Fernando), celebrou o seu 47º aniversário, antecipadamente resolvi participar
no almoço-convívio habitual organizado pelos camaradas de armas da Polícia
Militar que comigo partilharam o serviço militar obrigatório nas mais belas
ilhas africanas, no período entre os meses de junho de 1964 e 1966, encontro
que se verificou em Minde e para o qual fui, como sempre tem sido, convidado (mas sempre a pagar).
Devo dizer que foi mais uma maravilhosa convivência entre
pares, não só recordando os imensos momentos de franca e sã camaradagem que
passámos em conjunto em São Tomé e Príncipe, como actualmente, sabendo da vida
de cada qual e dos nossos mais próximos. Sem dúvida que, inicialmente, foi uma
enorme satisfação esta convivência, parafraseando até o que a carta/convocação
que recebi, que expressava num dos seus parágrafos: “Não deixem de estar
presentes para celebrarmos a nossa amizade e um alegre convívio!”
Mas, há sempre algo que não está no “programa” e que por
vezes estraga (e de que maneira) momentos de felicidade que estamos a usufruir
junto de quem admiramos e respeitamos, para mais por me terem ajudado naqueles
dois anos e de que maneira!
Durante o repasto estive muito activo a entregar o primeiro
número da Revista Lanceiro – Polícia Militar no Ultramar – relacionada com as
15 unidades que estiveram em São Tomé e Príncipe (1961/1975) e encontrei espaço
nos contactos que fui tendo que seria importante dar conta a todos os lanceiros
presentes informação útil, pertinente e objectiva de que tinha conhecimento.
Os temas a divulgar seriam os seguintes:
1-Realçar o facto de estar entre amigos, todos eles
lanceiros, que me estimam e consideram, dando origem há amizade recíproca que
cultivamos há 55 anos, repito, cinquenta e cinco anos!
2-Esclarecer o processo de obtenção da medalha militar comemorativa
da sua presença no Ultramar, hoje gratuita.
3-Dar conta que na net existem vídeos (imagem e som) das
referidas 15 unidades, fantástico trabalho de Domingos Ramos Sobreiro, que
chegou a comandar a Primeira Companhia de Polícia Militar de Moçambique,
documentos que deverão ser consultados gratuitamente.
4-Agradecer a todos os 26 lanceiros que adquiriram o
exemplar da revista, documento único e histórico, recentemente editado pela
Associação de Lanceiros.
Nesse sentido, depois de discursarem o então comandante da
CPM 1446 (1965/1967), o senhor Ruben Domingues e aquele que esteve à frente do
PPM 952 (1964/1966), o senhor Eduardo Neri, dirigi-me a este último e pedi-lhe,
sem qualquer exigência ou imposição, se podia ter acesso ao microfone para divulgar
algo de muito interesse para os presentes.
O referido senhor reagiu, nervosíssimo, o que para mim foi
surpresa, dizendo-me “o que é que eu queria?”. Logo lhe disse o que pretendia,
enumerando-lhe os dois primeiros tópicos.
De imediato disse que não, direito que se lhe assistiu,
naturalmente.
Mas, instantaneamente entrou numa espiral de considerandos
inoportunos, violentos e totalmente despropositados, proferidos em alta voz,
tais como:
“que nada tinha a agradecer aos meus amigos, mas sim a ele,
por eu estar ali!”
“quanto à medalha nada tinha que dizer, pois eles
(militares) é que têm de saber e tratar dessas coisas…”
“que achou muito mal, estar ali a vender a revista…” (quando
me pediu que levasse um exemplar – que lhe entreguei – disse-lhe que não só
levaria o dele como mais alguns para possibilitar àqueles que viessem a ter
interesse na sua aquisição, o que veio a acontecer com 26 dos interessados.
“que eu não podia falar, pois até não sou Polícia Militar!”
“que tenho de saber os meus limites…”
Perante tal deplorável manifestação, respondi-lhe claramente
que teria de pensar muito bem quanto à minha presença neste convívio, pois para
tão veneranda figura, eu devo estar a mais…
Enfim…
É evidente que tais disparates por mim entendidos não foram,
nem podiam sê-lo, bem-recebidos, como pessoa de bem que sou e amigo de todos os
presentes, que continuaram a ignorar o teor especial informativo que lhes
queria transmitir e tudo isto na boa fé.
Amigos logo se pronunciaram, directa e juntamente a mim,
sobre este comportamento inacreditável. Acalmei-os dizendo-lhes que aceitei as
suas opiniões muito válidas sobre o referido senhor, mas não nunca o vexame a
que fui sujeito injustamente, pois se o referido senhor se calasse quando me
disse que não podia aceder ao microfone, tudo estava sanado com elevação e
entendimento. Agora vir com tiques do tempo da outra senhora, o que me obrigou
a pensar: será que estou perante um infeliz ataque de ciumeira, inveja,
autoritarismo ou pretensiosismo? Espero bem que não…
Conclusões: A partir do dia do aniversário de meu filho
(porque é que não fiquei em casa junto dos meus familiares a comemorar a
felicíssima data?), e considerando ter havido quebra de confiança, jamais
estarei presente em acontecimentos em que tão peculiar personagem esteja por
perto.
Aos meus bons, leais e nobres amigos lanceiros que tantos
momentos de felicidade me proporcionaram no Ultramar e que me ajudaram a ser
aquilo que hoje represento, direi que continuarei a manter e a aprofundar a
amizade que nos une há mais de cinco décadas…
Aliás, o tributo que lhes fiz ao avançar, em 2017, com o
trabalho sobre as vicissitudes de todas as unidades que estiveram no Ultramar,
desde 1959 a 1975, a tal Revista já aqui mencionada, é prova disso!
Para todos abração sem fim!
1 comentário:
Bom dia, amigo Alberto Helder, estive a ler atentamente o seu desabafo e é com enorme revolta que me dirijo a esse senhor Eduardo Neri, que não sei quem é, que não é esse o espirito LANCEIRO, se algum problema que se cure, não venha ofender quem tem feito um trabalho meritório a favor de todos os LANCEIROS obrigado amigo não desanime pois sempre houve aqueles que nada fazem que tentem destruir o que os outros fazem, fez bem denunciar este caso, obrigado e um abraço
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