sábado, 6 de julho de 2019

QUEBRA DE CONFIANÇA

 
No passado domingo, 30 de junho, dia em que o meu filho (Rui Fernando), celebrou o seu 47º aniversário, antecipadamente resolvi participar no almoço-convívio habitual organizado pelos camaradas de armas da Polícia Militar que comigo partilharam o serviço militar obrigatório nas mais belas ilhas africanas, no período entre os meses de junho de 1964 e 1966, encontro que se verificou em Minde e para o qual fui, como sempre tem sido, convidado (mas sempre a pagar).

Devo dizer que foi mais uma maravilhosa convivência entre pares, não só recordando os imensos momentos de franca e sã camaradagem que passámos em conjunto em São Tomé e Príncipe, como actualmente, sabendo da vida de cada qual e dos nossos mais próximos. Sem dúvida que, inicialmente, foi uma enorme satisfação esta convivência, parafraseando até o que a carta/convocação que recebi, que expressava num dos seus parágrafos: “Não deixem de estar presentes para celebrarmos a nossa amizade e um alegre convívio!” 

Mas, há sempre algo que não está no “programa” e que por vezes estraga (e de que maneira) momentos de felicidade que estamos a usufruir junto de quem admiramos e respeitamos, para mais por me terem ajudado naqueles dois anos e de que maneira! 

Durante o repasto estive muito activo a entregar o primeiro número da Revista Lanceiro – Polícia Militar no Ultramar – relacionada com as 15 unidades que estiveram em São Tomé e Príncipe (1961/1975) e encontrei espaço nos contactos que fui tendo que seria importante dar conta a todos os lanceiros presentes informação útil, pertinente e objectiva de que tinha conhecimento. 

Os temas a divulgar seriam os seguintes: 

1-Realçar o facto de estar entre amigos, todos eles lanceiros, que me estimam e consideram, dando origem há amizade recíproca que cultivamos há 55 anos, repito, cinquenta e cinco anos!

2-Esclarecer o processo de obtenção da medalha militar comemorativa da sua presença no Ultramar, hoje gratuita.

3-Dar conta que na net existem vídeos (imagem e som) das referidas 15 unidades, fantástico trabalho de Domingos Ramos Sobreiro, que chegou a comandar a Primeira Companhia de Polícia Militar de Moçambique, documentos que deverão ser consultados gratuitamente.  

4-Agradecer a todos os 26 lanceiros que adquiriram o exemplar da revista, documento único e histórico, recentemente editado pela Associação de Lanceiros. 

Nesse sentido, depois de discursarem o então comandante da CPM 1446 (1965/1967), o senhor Ruben Domingues e aquele que esteve à frente do PPM 952 (1964/1966), o senhor Eduardo Neri, dirigi-me a este último e pedi-lhe, sem qualquer exigência ou imposição, se podia ter acesso ao microfone para divulgar algo de muito interesse para os presentes. 

O referido senhor reagiu, nervosíssimo, o que para mim foi surpresa, dizendo-me “o que é que eu queria?”. Logo lhe disse o que pretendia, enumerando-lhe os dois primeiros tópicos. 

De imediato disse que não, direito que se lhe assistiu, naturalmente. 

Mas, instantaneamente entrou numa espiral de considerandos inoportunos, violentos e totalmente despropositados, proferidos em alta voz, tais como:
 
“que nada tinha a agradecer aos meus amigos, mas sim a ele, por eu estar ali!”

“quanto à medalha nada tinha que dizer, pois eles (militares) é que têm de saber e tratar dessas coisas…”

“que achou muito mal, estar ali a vender a revista…” (quando me pediu que levasse um exemplar – que lhe entreguei – disse-lhe que não só levaria o dele como mais alguns para possibilitar àqueles que viessem a ter interesse na sua aquisição, o que veio a acontecer com 26 dos interessados.

“que eu não podia falar, pois até não sou Polícia Militar!”

“que tenho de saber os meus limites…” 

Perante tal deplorável manifestação, respondi-lhe claramente que teria de pensar muito bem quanto à minha presença neste convívio, pois para tão veneranda figura, eu devo estar a mais… 

Enfim… 

É evidente que tais disparates por mim entendidos não foram, nem podiam sê-lo, bem-recebidos, como pessoa de bem que sou e amigo de todos os presentes, que continuaram a ignorar o teor especial informativo que lhes queria transmitir e tudo isto na boa fé. 

Amigos logo se pronunciaram, directa e juntamente a mim, sobre este comportamento inacreditável. Acalmei-os dizendo-lhes que aceitei as suas opiniões muito válidas sobre o referido senhor, mas não nunca o vexame a que fui sujeito injustamente, pois se o referido senhor se calasse quando me disse que não podia aceder ao microfone, tudo estava sanado com elevação e entendimento. Agora vir com tiques do tempo da outra senhora, o que me obrigou a pensar: será que estou perante um infeliz ataque de ciumeira, inveja, autoritarismo ou pretensiosismo? Espero bem que não… 

Conclusões: A partir do dia do aniversário de meu filho (porque é que não fiquei em casa junto dos meus familiares a comemorar a felicíssima data?), e considerando ter havido quebra de confiança, jamais estarei presente em acontecimentos em que tão peculiar personagem esteja por perto. 

Aos meus bons, leais e nobres amigos lanceiros que tantos momentos de felicidade me proporcionaram no Ultramar e que me ajudaram a ser aquilo que hoje represento, direi que continuarei a manter e a aprofundar a amizade que nos une há mais de cinco décadas… 

Aliás, o tributo que lhes fiz ao avançar, em 2017, com o trabalho sobre as vicissitudes de todas as unidades que estiveram no Ultramar, desde 1959 a 1975, a tal Revista já aqui mencionada, é prova disso! 

Para todos abração sem fim!

1 comentário:

joão lavado disse...

Bom dia, amigo Alberto Helder, estive a ler atentamente o seu desabafo e é com enorme revolta que me dirijo a esse senhor Eduardo Neri, que não sei quem é, que não é esse o espirito LANCEIRO, se algum problema que se cure, não venha ofender quem tem feito um trabalho meritório a favor de todos os LANCEIROS obrigado amigo não desanime pois sempre houve aqueles que nada fazem que tentem destruir o que os outros fazem, fez bem denunciar este caso, obrigado e um abraço