terça-feira, 1 de julho de 2014

NAQUELE TEMPO – JULHO DE 1964 – EPISÓDIO 83



No boletim “O Árbitro” nº 85 (Ano VIII), de há 50 anos, dava-se destaque a:
Resultante do Congresso do Futebol o Grupo de Trabalho denominado “Valor e responsabilidade da arbitragem” (Presidente Dr. Alberto Mesquita e Relator Filipe Gameiro Pereira), apresentava as seguintes 12 conclusões:
1-Que os Regulamentos de Arbitragem sejam revistos de três em três anos. 2-Que a Comissão encarregada da revisão seja constituída por: Um representante da Direcção-Geral dos Desportos; Dois representantes da Federação Portuguesa de Futebol; dois representantes dos Árbitros, sendo um deles o presidente da Comissão Central ou seu delegado e outro um Árbitro eleito pelos seus colegas. 3-Que, sem embargo de se reconhecer a importância relevante que a parte técnica representa na direcção da arbitragem, possam, para orientação do sector, ser designados indivíduos que, não tendo sido Árbitros, garantam, no entanto, através de provas dadas, idoneidade e competência bastante para o efeito. 4-Que seja estudada a possibilidade de se criarem Escolas de Dirigentes. 5-Que se procure unificar a orgânica do sector da arbitragem. 6-Que se procure promover uma campanha a favor do recrutamento de candidatos, admitindo-se até a obrigatoriedade dos clubes apresentarem um candidato por cada categoria inscrita. 7-Que se uniformizem a orgânica e matéria do curso de candidatos. 8-Que se intensifiquem os cursos de aperfeiçoamento nos planos nacional e distrital. 9-Que se valorizem os quadros de delegados técnicos nos planos nacional e distrital. 10-Que se crie um quadro de instrutores efectuando-se, para isso, cursos e exames periódicos assim como reunião de actualização. 11-Que sejam urgentemente concedidas às Comissões de Árbitros, verbas que lhes permitam, sem demora, proceder à revisão dos prémios e subvenções atribuídas às equipas de arbitragem, e organizar regularmente cursos de aperfeiçoamento, estágios de delegados técnicos e formação de quadros de instrutores. 12-Que, igualmente, seja examinado e revisto, à luz de um critério justo, repleto e equitativo, o regime de benefícios e regalias de natureza honorífica e material, a conceder aos antigos Árbitros e antigos dirigentes da arbitragem.
TAÇA DE PORTUGAL – 24ª EDIÇÃO
O jogo final da competição da época 1963/1964, que juntou as equipas principais do Sport Lisboa e Benfica e do Futebol Clube do Porto no Estádio Nacional no dia 5 de Julho de 1964 (domingo) teve a dirigi-la o trio algarvio liderado por José Rosa Nunes (n. 13.04.1922†31.12.2012), e os auxiliares César da Luz Dias Correia (01.04.1935) e Vítor Pinto Coelho. A equipa lisboeta venceu por 6-2, com 3-1 ao intervalo.
O autor deste artigo, que evoca a arbitragem de 1924 no Barreiro, contando algumas peripécias dignas de registo, a partir da oferta de uma taça por um carola para um torneio popular onde participaram equipas como o Luso, o Unidos, o Universal, o Avenida, O Restauradores, O Estrela, o Glória, o Esperança, o Dois de Janeiro, o Sporting, o União, entre outros, foi quem dirigiu a partida final entre o Unidos e o Universal. O jogo foi de manhã e no campo de Nossa Senhora do Rosário, com balizas de pau e corda, com os postes enterrados a cerca de meio metro e, portanto a pender à vontade dos torcedores que se aglomeravam junto das balizas. Casa cheia. Os foras de jogo não eram muito considerados. Quando a bola passava o guarda-redes a caminho da baliza os espectadores evitavam que ela passasse a imaginária linha de baliza e devolviam a bola para o terreno de jogo que, assim, continuava… Contudo o Árbitro não chegou ao fim da sua missão e entregou o apito aos capitães (António Carvalho e Álvaro Pina) para continuarem com a peleja. Pouco se interessou que a taça fosse para o Largo do Rompana ou para o Bairro Miranda!
1-Carlos Martins, jornalista de “O Primeiro de Janeiro” foi submetido a delicada operação, assim como o Árbitro bracarense Rogério Moreira. 2-O Árbitro Reinaldo Melquíades, de Angra do Heroísmo vai retirar-se da actividade, bem como Francisco Jerónimo, de Viseu. 3-José António Silva demitiu-se da Comissão Distrital de Santarém e foi substituído por Rogério Martins Correia. 4-Faleceu Heitor Correia Pereira, Árbitro e dirigente em Lisboa. 5-Transferiu-se para Setúbal, o Árbitro lisboeta Mário Joaquim Martins Ferreira e para Vila Real o viseense Celestino de Oliveira Alexandre. 6-Inscreveram-se 15 candidatos em Viseu. 7-Eduardo Neves, de Viseu, agradece os votos de melhoras que recebeu de imensos colegas e amigos. 8-Manuel Barreiros da Silva, de Lisboa, sofreu bastante com o desastre de viação que se viu envolvido. 9-O Árbitro Celso da Silva Pereira sofreu um acidente quando actuava como auxiliar no jogo Tondela-Nandufe, sendo atingido numa das vistas por um pedaço de madeira. 10-Está de luto pelo falecimento do seu sogro Luís Augusto Borges Fernandes, de Porto Amélia (Moçambique). 11-O Árbitro Alberto Gomes da Cruz, depois de um ano em actividade em Aveiro, regressou a Luanda
1.Marques de Matos, além de continuar a relatar “Alguns episódios da minha vida”, também expande-se em ”Faltas simultâneas”. 2.João Gomes desenvolve “A lei décima primeira”.
Manuel Amorim Ferreira da Costa (na imagem) escreve sobre “O atleta, o Árbitro e o espectador”. “A grande verdade da actualidade”, subscrita por Barros de Araújo.
1-O futebol peruano sofreu com a enorme tragédia que se verificou no seu país, no Estádio Nacional, no dia 24 de Maio de 1964, no jogo com a Argentina, que contava para o Torneio pré-olímpico. O Árbitro uruguaio Angel Eduardo Pazos invalidou um golo aos peruanos e de imediato desencadeou-se uma onda de violência por parte dos assistentes que lotavam o recinto e que a Polícia tentou evitar usando meios inadequados, o que resultou mais de 350 mortes e perto de um milhar de feridos, números resultante da fuga da multidão para o exterior onde, no caminho, encontrou os portões fechados. 2-Actualmente são 579 Árbitros internacionais aptos a dirigirem jogos de elite. 3-Há trinta e quatro anos o segundo jogo Funchal-Porto, foi dirigido por um Árbitro espanhol. 4-Na Argélia o Governo, atento às desordens que se verificavam nos campos de futebol, decretou que as autoridades podem confiscar apitos, instrumentos musicais, armas e fogo de artificio aos espectadores.
OCTÁVIO DE ANDRADA, O MELHOR NO MUNDIAL DE HÓQUEI PATINADO
Nasceu na Cruz Quebrada em 16 de Janeiro de 1923 e principiou a sua actividade desportiva praticando atletismo no Clube de Futebol “Os Belenenses”. Jogou basquetebol no Paço de Arcos Sports. Foi ciclista, jogador de futebol e de hóquei em patins. Nesta modalidade, treinou o Parede e foi campeão nacional da II Divisão em 1954. Inscreveu-se no curso de Árbitros de futebol no ano de 1952 em Lisboa.
A arbitragem do hóquei em patins também foi a sua paixão. Em 1957 dirigiu o Holanda-França no III Europeu de Juniores. Seguiu-se o Torneio de Montreux, Neste ano de 1964 a sua prestação no Mundial, em Barcelona, deu-lhe o título do melhor entre os melhores! 
10
1-Eduardo Gouveia, Árbitro internacional, esteve na Horta onde proferiu uma palestra. 2-O Casa Pia Atlético Clube distinguiu Aníbal de Oliveira, consagrado Árbitro lisboeta, com um apito de ouro. 3-Os Árbitros internacionais para a próxima época: Aníbal de Oliveira (pela primeira vez), Décio de Freitas, Francisco Guerra, Hermínio Soares, Joaquim Campos e Manuel Lousada, faltando preencher uma vaga. 4-Os Árbitros vão prestar homenagem ao Presidente da Comissão Central, Dr. Fernando Pimenta. 5-John E. Meade, editor do London Referee, visitou a redacção do Boletim.
NOTÍCIAS DA CAPITAL DO MINHO
1-Expressa-se um sentido agradecimento ao saudoso Mário Costa pelo que muito fez em prol da arbitragem, ao mesmo tempo que se esboça a realização de uma jornada desportiva para angariar fundos destinados à família. O Leixões Sport Clube já se colocou à disposição com a sua equipa principal. 2-Prevê-se que o curso de aperfeiçoamento físico-técnico para os Árbitros bracarenses não será levado a efeito, como o já tinha sido há seis consecutivos. 3-Os trinta frequentadores do  curso de candidatos que está a decorrer aguardam a prova oral para passarem à fase seguinte.
II CURSO NACIONAL DE APERFEIÇOAMENTO E ACTUALIZAÇÃO DOS ÁRBITROS DE FUTEBOL
Em três páginas deste boletim dá-se conta do programa e regulamento, assim como a constituição dos prelectores que vão estar presentes nos dias 21, 22, 23, 24 e 25 de Agosto de 1964, nas instalações do Instituto Nacional de Educação Física, na Cruz Quebrada.
Dos Árbitros, eis os 77 convocados para frequentar este evento a título de internato obrigatório:
AVEIRO (4)
Edmundo de Carvalho, José Porfírio de Carvalho, Carlos Paula e Henrique Costa.
BEJA (3)
Manuel Vaz Valente, Francisco Pacheco e Mário Gomes Alves.
BRAGA (3)
Diogo Manso, Amadeu Martins e Rogério Moreira.
CASTELO BRANCO (1)
João Lopes Gonçalves.
COIMBRA (4)
Álvaro Rodrigues, Renato Santos, António Amaro e Henrique Graça.
ÉVORA (3)
Manuel Fortunato, Joaquim José Magro e José Madeira da Rocha.
FARO (3)
Vítor Pinto Coelho, José Rosa Dias e César Correia.
LEIRIA (3)
Júlio Braga Barros, António Saldanha Ribeiro e Gervásio Pedroso Tojeira.
LISBOA (20)
Fernando Pereira Martins, Hermínio Soares, Fernando Aguiar da Costa, Décio de Freitas, Rogério de Melo Paiva, Joaquim Campos, Henrique Marques da Silva, Maximino Afonso, Salvador Heliodoro Garcia, Manuel Antunes Neto, Ilídio Cacho, Henrique Pena da Silva, Aníbal de Oliveira, Carlos Alves Dinis, Américo Barradas, Mário Vidreiro, João José Mendonça da Rocha, José Augusto Rolo, Carlos Artur Santos Bica e Fernando Aragão.
PORTALEGRE (2)
Alberto da Conceição Margarido Martins e José Pinto da Costa.
PORTO (10)
Francisco Guerra, Aniceto Nogueira, Caetano Nogueira, João Pinto Ferreira, Jovino Pinto, Pedro Pereira dos Santos, António Costa Martins, António Cid Gomes, Manuel da Silva Teixeira e Elísio Marques.
SANTARÉM (6)
Manuel Lousada, João Luís Calado, Samuel Abreu, José Alexandre, Crisógono Lopes e Fernando Velez.
SETÚBAL (10)
António Virgílio Baptista, Marcos Lobato, Mário Mendonça, José Augusto Ismael Baltazar, José Encarnação Salgado, Inácio Tereso, José Paulo Guimarães, Carlos Frias Monteiro, Carlos Alberto Neves e Jaime Antunes Costa.
VILA REAL (2)
António Barros Araújo e Henrique Silva.
VISEU (3)
José Albano Pereira, Ernesto Dinis Borrego e Eduardo Neves.
A título de curiosidade algumas pérolas do regulamento: “Artº 9º-É expressamente proibido aos filiados apresentarem-se de tronco nu, quando se encontrem dentro do edifício do Instituto. Artº 10º-Para a frequência do curso, os filiados deverão munir-se do material necessário: cadernos, lápis, borracha, caneta, Guia Universal para uso dos Árbitros, etc. Artº 11º-Aos Árbitros que frequentam o curso é também obrigatória a apresentação dos seguintes utensílios de equipamento e artigos de higiene: Sapatos brancos ou botas de basquetebol; calçado preto; camisola branca, sem mangas; Fato de Treino; e Toalhas e sabão. Artº 14º-As refeições serão fornecidas na cantina do ISEF, obedecendo o seu fornecimento à mecânica seguinte: Cada filiado deverá munir-se de um tabuleiro para recolha de loiça, talheres, copos, guardanapos, alimentos, etc, que transportará para a mesa que lhe for destinada. No final da refeição, entregará todo o material que lhe tiver sido fornecido. O horário das refeições é o seguinte: Pequeno almoço, das 07,15 às 07,45. Almoço, das 13 às 14. Jantar das 20 às 21. Artº 15º-Os filiados devem respeitar o seguinte horário: Levantar às 6,45. Recolher e silêncio às 23 horas. Quanto ao extenso e interessante programa destaca-se a preparação física, cargas, leis do jogo, medicina desportiva na arbitragem, fora de jogo, ética, coordenação entre Árbitros e Fiscais de linha, jogo perigoso e jogo violento, Lei da vantagem, Regulamentos, elaboração de boletins e relatórios, infracção persistente das leis do jogo, obstrução, execução de pontapés livres e de grande penalidade, a autoridade do Árbitro, relações do Árbitro, terminando com as considerações finais sobre o curso. Dos leccionadores, para além da fina flor do sector da arbitragem, a presença de jornalistas dos principais periódicos desportivos, assim como assistentes que apoiam a área administrativa.   
Jaime Ferraz Gabão, delegado de “O Árbitro” em Porto Amélia (Moçambique) tece considerações sobre os anseios da nova Comissão de Arbitragem que espera vir a apresentar trabalho de qualidade, contando com os Árbitros na sua melhor forma.
Eduardo Gouveia, responsável por este espaço, dá conta de: 1-A cabina da equipa de arbitragem de Ponta Delgada fica do lado oposto da dos jogadores, evitando-se assim qualquer conflito. 2-O campo Almirante Reis, no Funchal, é palco de animadas partidas de futebol de 7 entre jovens que ali diariamente procuram distracção. Durante as partidas os Árbitros procuram esclarecer os jogadores quanto às infracções cometidas, facto altamente positivo. 3-Aqui vai a tal anedota: Organizado um desafio de futebol entre o Céu e o Inferno, São Pedro, ao ser entrevistado, declarou que a vitória não lhe fugiria, já que tinha os melhores jogadores junto de si. Já Satanás afiançou que ganhava o encontro, pois não tendo excelentes executantes, tinha consigo os Árbitros… 4-A Argentina estabeleceu que o pagamento aos jogadores fosse feito com entrega de carne! Mas o sistema para os Árbitros não pegou, dado quererem ser remunerados com moeda corrente! Pergunta: Os dirigentes argentinos têm interesses em cooperativas ou matadouros?
 
David Costa responde a João Vagueiro de Oliveira, de Nova Lisboa (Angola), que colocou as duas seguintes questões: Após o intervalo um jogador (guarda-redes) ocupa o seu posto sem dar conhecimento ao Árbitro da substituição que se verificou. No decorrer da partida joga a bola com as mãos na sua área de grande penalidade. O Árbitro interrompe a partida e manda executar uma grande penalidade pela infracção cometida. No segundo caso um jogador, na reposição da bola em jogo e depois desta tocar no Árbitro, volta a jogar a bola. O Árbitro ordena a marcação de pontapé livre-indirecto contra a equipa do infractor. No caso da grande penalidade o Árbitro procedeu mal, pois o infractor é um elemento estranho. Já no tema seguinte procedeu bem.
O balanço referente ao primeiro trimestre de 1964 apresenta o saldo positivo de 13.310$58, como se demonstra a seguir
COMISSÃO DISTRITAL DE BEJA
Na imagem, obtida na Comissão Distrital de Beja, os frequentadores do curso de candidatos com os seus formadores. 
RAUL RAMOS
Árbitro lisboeta, exímio ginasta, faz parte da classe especial que recentemente se exibiu em Coimbra e no Pavilhão dos Desportos (Lisboa).

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