segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

UNIDADES DA POLÍCIA MILITAR QUE SERVIRAM NA ENTÃO PROVÍNCIA ULTRAMARINA DE TIMOR – 1º DE 8 EPISÓDIOS (APRESENTAÇÃO)

Ao perspetivar levar a cabo esta interessante e gratificante tarefa de prestar singelo e merecido tributo às 121 unidades da Polícia Militar que estiveram nas sete então províncias ultramarinas, e depois de publicar as referências a São Tomé e Príncipe (2017) e a Macau (2018), e perante a dificuldade em receber auxílio de cinco dos sete agrupamentos que cumpriram a sua grata missão em Timor, resolvi, na altura, não continuar com a iniciativa por considerar que, no meu entender, não estar garantida a mínima dignidade, como pretendia e naturalmente exigida.
 Entretanto, avancei com outro género de processo – as 31 unidades que, para além das 15 da Polícia Militar, serviram São Tomé e Príncipe, mas sem fotografias, o que foi muito gratificante e consegui levar a bom termo tal iniciativa.
 
Era lógico que, perante a montanha de informação que possuía da vivência da Polícia Militar nos territórios de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor, refletisse e voltasse a “agarrar” a ideia de concretizar o que tinha em mente – finalizar o trabalho – e assim se verificou.
 
Por tal motivo inicio esta segunda série com Timor e as suas 7 unidades (1 Pelotão e 6 Companhias), sem fotos, claro, mas com a informação essencial para que não se perca a memória do que foi a presença dos lanceiros, na então parcela ultramarina mais longínqua de Portugal.
 
Volto a referir que este trabalho é resultante de documentos oficiais, logo, se se verificar alguma discrepância, solicito e agradeço a sua estimada mensagem para efeitos de possível retificação.
 
Como nota curiosa, dou conta que Timor é a única PU em que foi adotada divisa em todos os 7 agrupamentos mobilizados!
 
Espero que gostem.
 
Eis, então, o programa da publicação dos 8 episódios:
04.02.2019 (hoje), segunda-feira,
a apresentação do trabalho.
 
06.02.2019, quarta-feira, Pelotão de Polícia Militar 39
(a sua mobilização ocorreu de 17 de julho de 1962 a 29 de julho de 1964,
num total de 744 dias. Contingente: 40 militares).
08.02 2019, sexta-feira, Companhia de Polícia Militar 683
(de 2 de maio de 1964 a 22 de junho de 1966,
num total de 782 dias. Contingente: 101 militares).
11.02.2019, segunda-feira, Companhia de Polícia Militar 1579
(de 12 de abril de 1966 a 27 de julho de 1968,
num total de 838 dias. Contingente: 98 militares).
13.02.2019, quarta-feira, Companhia de Polícia Militar 2394
(de 16 de abril de 1968 a 19 de setembro de 1970,
num total de 887 dias. Contingente: 99 militares).
15.02.2019, sexta-feira, Companhia de Polícia Militar 2735
(de 4 de junho de 1970 a 16 de outubro de 1972,
num total de 866 dias. Contingente: 97 militares).
18.02.2019, segunda-feira, Companhia de Polícia Militar 3578
(de 2 de julho de 1972 a 26 de julho de 1974,
num total de 755 dias. Contingente: 98 militares).
20.02.2019, quarta-feira, Companhia de Polícia Militar 8250
(de 25 de outubro de 1974 a 14 de abril de 1975,
num total de 172 dias. Contingente: 99 militares).
 
Entretanto, aqui ficam algumas simples notas do que se passou, assim como imagens de alguns contingentes, para recordar e registar para memória futura:
 
1-O contingente da Polícia Militar em Timor, nas suas 7 unidades, que cumpriram a sua grata e digna missão entre julho de 1962 a abril de 1975, teve o total de 632 lanceiros, assim ordenados por patentes: Capitães, 7. Alferes, 19. Primeiros Sargentos, 5. Segundos Sargentos, 1. Furriéis, 44. Primeiros Cabos, 131 e Soldados, 425.
 
2-A classificação das unidades, a partir do maior número de militares, é a seguinte: 1ª CPM 683, 101. 2ª CPM 2394 e 8250, 99 cada. 4ª CPM 1579 e 3578, 98 cada. 6ª CPM 2735, 97 e 7ª PPM 39, 40.
 
3-Quanto ao tempo de mobilização, temos: 1ª CPM 2394, 887 dias. 2ª CPM 2735, 866 dias. 3ª CPM 1579, 838 dias. 4ª CPM 683, 782 dias. 5ª CPM 3578, 755 dias. 6ª PPM 39, 744 dias e 7ª CPM 8250, 172 dias.
 
4-Em termos do tempo ocupado nas viagens de ida e volta, o resultado total é o seguinte: 1ª CPM 2735, 115 dias (59 na ida e 56 no regresso). 2ª PPM 39, 104 dias (46+58). 3ª CPM 1579, 98 dias (40+58). 4ª CPM 2394, 87 dias (42+45). 5ª CPM 683, 61 dias (31+30). 6ª CPM 3578, 52 dias (48+4). 7ª CPM 8250, 6 dias (3+3). As viagens da CPM 8250 foram feitas por via aérea, assim como a de regresso da CPM 3578.
 
5-Quem mais tempo esteve no território: 1ª CPM 2394, 800 dias. 2ª CPM 2735, 751 dias. 3ª CPM 1579, 740 dias. 4ª CPM 683, 721 dias. 5ª CPM 3578, 703 dias. 6ª PPM 39, 640 dias e 7ª CPM 8250, 166 dias.
 
6-A primeira unidade que chegou a Díli não tinha instalações apropriadas e teve de ocupar um velho armazém da Manutenção Militar para aquartelar, para fazer a sua vida (tomar refeições, banhos, dormir e toda a atividade relacionada com o dia-a-dia), pese embora não tivesse as mínimas condições para recolher 40 homens. Destaque-se que as camas que lhes foram atribuídas tinham de comprimento um pouco mais de 1,50 metro, o que para lanceiros, homens de compleição física elevada, não eram, naturalmente, compatíveis…
 
7-O Furriel Diamantino António Ferreira Bravo, o qual, depois de 3 anos de tropa cumpridos na chamada Metrópole, foi mobilizado para Timor e integrou o PPM 39, dado estar ligado às Artes, e a pedido do Comando do RL2, foi o autor do desenho e pintura do emblema representativo do RL2 no chão da Parada Mouzinho Albuquerque, no quartel da Ajuda (Lisboa). Também desenhou o estandarte do seu PPM, bordado na Missão Católica de Timor.
 
8-Todos os lanceiros da última unidade que esteve em Timor (CPM 8250), quando regressaram a Lisboa, uma vez que a hierarquia militar considerou que o tempo que estiveram em Timor não era suficiente para terem cumprido o mínimo exigível, tiveram de manter-se no ativo no RL2 até completar o que faltava para o cabal cumprimento do serviço militar (perto de dois anos).
 
9-A independência do povo timorense foi muito atribulada e violenta, registando-se elevadíssimo número de vítimas mortais, feridos e desaparecidos por intervenção estranha do seu espaço. Em 28 de novembro de 1975, foi declarada a independência de Portugal, mas não foi aceite pela Indonésia que invadiu o território e massacrou milhares de timorenses indefesos e desprotegidos para acrescentar, como conseguiu, mais uma província ao seu domínio e jurisdição geoestratégica. Muito mais tarde, em 30 de agosto de 1999 houve um referendo sob os auspícios da ONU no sentido de o povo decidir o que queria e 78,5% dos eleitores optou pelo afastamento da tutela (Indonésia). Em 20 de maio de 2002 finalmente Timor-Leste passou a pertencer ao seu povo.

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