sábado, 10 de agosto de 2019

BALANÇO DO TRABALHO SOBRE A POLÍCIA MILITAR, CUJAS UNIDADES CUMPRIRAM A SUA GRATA E HONROSA MISSÃO NO ULTRAMAR

A ideia de fazer este trabalho foi formulada há volta de dez anos, mas devido a outros afazeres só foi posto em prática mais tarde, sendo agora concluído. Refira-se que a publicação no blog se iniciou em 2017 e levou dois anos e quatro meses a chegar ao fim.
Devo dizer que foi um grande privilégio ter feito tal tarefa que me absorveu grande parte dos últimos tempos, sempre orientado com dedicação, responsabilidade e precisão.
Agradeço, desde já, a todas as entidades e personalidades, especialmente aos Lanceiros, que contribuíram de forma superior, muito simpática, entusiástica e desinteressada para levar a efeito este gratificante projeto, sem tais ajudas seria impossível concretizá-lo.
Bem hajam a todos pela sua eficiente, enorme e fantástica participação! 
Um bocadinho de história: 
Depois de ter terminado a publicação semanal no blog da primeira série desta iniciativa, sobre São Tomé e Príncipe, com um total de 711 (!) fotografias publicadas, desloquei-me à Associação de Lanceiros a oferecer o estudo referente às 15 unidades que serviram naquele arquipélago. A Direção, a quem cedi todos os direitos que pudessem advir da sua comercialização, recusando eu qualquer vantagem económica, logo agradeceu o trabalho, classificando-o como inédito e histórico e prometeu editá-lo em papel, o que veio a acontecer em Abril de 2019, saindo o primeiro número da coleção “Polícia Militar no Ultramar”. Naquela altura (decorria o ano de 2017), perante tão magnifica receção prontifiquei-me a continuar com a iniciativa, abrangendo as restantes 6 províncias, o que fiz com imenso agrado e vontade indómita, e, agora, em agosto de 2019, chegou ao fim esta monumental tarefa. 
Quando terminei Macau, também com publicação semanal, isto após ter recebido o máximo de eficiente e profícua colaboração (atente-se que foram expostas 1.041 fotografias!), iniciei de imediato Timor, contactando inúmeros camaradas de armas das 7 unidades que lá cumpriram a sua honrosa missão na esperança de obter histórias e imagens relacionadas com a sua estadia na mais longínqua província ultramarina portuguesa, mas não foi nada fácil, dado que somente elementos de 4 contingentes é que fizeram o favor de facultar fotografias, facto que muito me dececionou, pois as promessas não cumpridas fizeram mossa, ao ponto de anunciar o fim do projeto, por falta de matéria prima. 
Mais adianto que nas duas primeiras séries (São Tomé e Príncipe e Macau) elaborei as conclusões de cada território, tendo recolhido opiniões de variadíssimas personalidades a manifestarem-se sobre a finalidade do tributo, que poderão ser consultadas em:
A todos o meu imenso, forte e sentido agradecimento. 
Mas como tinha material relacionado com a presença de outras unidades, que não a Polícia Militar, em São Tomé e Príncipe, procedi à divulgação dos correspondentes 32 episódios, sem fotos, com início na sua apresentação, no dia 29 de novembro de 2018, como se pode constatar em: http://albertohelder.blogspot.com/2018/11/unidades-militares-que-serviram-na.html 
Sempre entendi que as fotografias eram importantes, mas não imprescindíveis, razão porque, desde logo, reavaliei a situação com a Polícia Militar e avancei com o projecto, o que se verificou ter sido uma boa decisão. O trabalho sem as imagens fica aquém, mas tal impedimento não pode parar o desejo de servir a comunidade. 
Falando sobre o tema, direi que foram 121 unidades mobilizadas para o Ultramar, facto que se verificou entre 1959 e 1975, que seguiram com destino às então seguintes províncias: Angola, 42 (23 Companhias e 19 Pelotões, num total de 4.082 Militares); Cabo Verde, 12 (2+10 e 668); Guiné-Bissau, 16 (7+9 e 1.324); Macau, 8 (1+7 e 435); Moçambique, 21 Companhias e 2.939; São Tomé e Príncipe, 15 (7+8 e 991); e Timor, 7 (6+1 e 632). 
Eis a lista das apresentações do trabalho de cada território, com as datas das publicações e os respetivos endereços:
Destaque-se com o compromisso assumido em divulgar no blog as referências às 121 unidades nas datas anunciadas, foi cumprido sem qualquer falha ou omissão, quase sempre logo nos primeiros minutos dos dias previstos. 
Os nomes dos militares que englobaram os contingentes destas unidades, atingiram os 11.071 Militares, cujas patentes se destacam: Capitães, 69; Tenentes, 10; Alferes, 317; Primeiros Sargentos, 74; Segundos Sargentos, 91; Furriéis, 711; Cabos Milicianos, 3; Primeiros Cabos, 2.196; e Soldados, 7.600. 
Aprontei os índices onomásticos de todos os Lanceiros que estiveram nas 7 província ultramarinas, assim como o geral, com os 11.071 militares, mas decidi não publicar por falta de qualidade, pois grande parte dos nomes constantes nas Ordens de Serviço do Regimento de Lanceiros 2, são compostos por iniciais, o que tira rigor a um tema que requer apresentação, credibilidade e dignidade. É pena. 
Também destaquei a memória dos saudosos Lanceiros que, cumprindo o seu dever, deram a vida, o seu bem mais precioso, nos territórios para onde foram mobilizados, cujos 48 falecimentos, infelizmente, vieram a ocorrer nas sete províncias de além-mar: Angola (14); Cabo Verde (3); Guiné-Bissau (2); Macau (2); Moçambique (21); São Tomé e Príncipe (5); e Timor (1). Serão sempre recordados! Ver mais, em: http://albertohelder.blogspot.com/2019/08/homenagem-aos-lanceiros-que-no-ultramar.html 
Pretendi, ainda, fazer uma referência aos Lanceiros que, após o honroso cumprimento do serviço militar obrigatório além-mar, tivessem mantido ou conseguido atingir os seus excelsos objetivos na sociedade, nas suas várias áreas, como as Ciências da Vida, Desporto, Economia, Empreendedorismo, Ensino, Finanças, História, Justiça, Matemática, Medicina, Política, Sociologia, Tecnologia e por aí fora, mas, logo após ter recolhido alguns elementos, entendi que não era viável esta ideia, relacionada com melindres e outras chatices, dando por terminada a execução deste propósito. 
Recordar a construção deste trabalho, é um momento marcante e inesquecível, pelo muito que se conseguiu, graças a muitas e muitas horas de persistente empenho e minuciosidade, quer em casa, à volta do computador ou do telefone e do telemóvel (onde fiz muitas centenas de contatos), quer no exterior, consultando entidades, tais como o Regimento de Lanceiros 2, na Biblioteca Regimental ainda na Ajuda, onde passei semanas e semanas, e no quartel da Amadora, Arquivo Geral do Exército, Arquivo Histórico Militar, Associação de Lanceiros, Biblioteca do Exército, Liga dos Combatentes, Biblioteca da Defesa Nacional, entre outras, quer deslocando-me a diversos sítios à procura de elementos que não constavam nos documentos oficiais. 
Para obter o máximo de informação possível, não regateei esforços, tendo feito contatos pessoais nas seguintes localidades: Abrantes, Alcobaça, Algés, Almada, Amadora, Carapinheira, Carcavelos, Ericeira, Estoril, Mafra, Massamá, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Queluz, Setúbal (por 3 vezes), Viseu, tudo isto para além dos incontáveis encontros que tive no Concelho de Lisboa e algumas frustrações, por ter batido com o “nariz na porta”. 
Acontecimento inolvidável: o contacto telefónico, em 2017, com António Sebastião Morais (Cumieira, Santa Marta de Penaguião) e, mais tarde, com Porfírio Azevedo Melo (Felgueiras), dois Soldados Lanceiros que pertenceram ao PPM 1 (Guiné-Bissau, 1959 a 1961), a primeira unidade a ser mobilizada para o Ultramar, os quais deram conta, com alguma nostalgia e desalento, de, com o meu telefonema, terem sido abordados pela primeira vez depois do regresso a casa, ao fim de 56 anos! Surpreendentemente, ou não, os membros deste Pelotão nunca se encontraram para conviverem as vicissitudes passadas naquela província ultramarina. Sobre este assunto, poderá ver mais informação em: https://albertohelder.blogspot.com/2019/03/a-historia-breve-de-um-dos-primeiros.html 
Também ocorreu uma situação deveras curiosa e inesperada, merecedora de registo: quando falei com um camarada de armas que esteve em Angola sobre a data de regresso da sua unidade a Lisboa, de imediato respondeu-me com a notícia pretendida: Perante tanta rapidez e clarividência, elogiei, naturalmente, a sua memória, pois não é todos os dias que se tem presente factos verificados há mais de cinquenta anos, quando surpreendentemente me diz que nada tinha a ver com a sua capacidade mental, mas sim ter num dos braços, tatuagem com o registo da referida data… Admirável! 
Igualmente direi que foi uma enorme satisfação a conversa que tive com o Furriel Diamantino Bravo, PPM 39, mobilizado para Timor em 1962, autor do desenho e da pintura do emblema da PM bem no centro da parada Marechal Carmona, nas instalações do RL2, na Ajuda, que me deu conta das imensas dificuldades passadas pelo contingente, o primeiro a chegar à mais longínqua província ultramarina, especialmente quando se depararam com as suas camas de metro e meio de comprido… Era o que havia, claro… 
Outros e muitos episódios ficaram por contar, mas é compreensível que este não é o espaço adequado para tal. 
Entretanto, toda a documentação que serviu de suporte a esta monumental tarefa, assim como fotografias e imagens, serão entregues tão depressa quanto possível à Associação de Lanceiros, sua fiel depositária, que a disponibilizará a quem quiser continuar com estudos que achar por bem levar a efeito. 
As despesas ocasionadas com o trabalho, as quais não tiveram qualquer apoio, suportadas unicamente por mim, superaram os três mil e quinhentos euros e basearam-se, especialmente, em muita correspondência postal, deslocações (já referidas), algumas digitalizações, montões de fotocópias, reprodução de fotografias, papel, pen e toner, pastas de arquivo, milhentas refeições e telefonemas sem fim. 
Como estimativa direi que fiz à volta de 800 contatos, com os elementos de todas as 121 unidades da Polícia Militar que estiveram no Ultramar, tendo, com a maioria, feito múltiplas conversas. Foi uma dádiva dos deuses, podem crer. Os diálogos eram, quase sempre, acompanhados por uma enorme emoção, paixão quanto baste, camaradagem e cumplicidade sem fim das partes, as quais procuraram a todo o instante transmitir saudosas recordações do tempo ido e passado na juventude, momentos esses que jamais esquecerei! 
À Associação de Lanceiros, a qual, no âmbito da publicação do tema, em papel, se esmerou na condução deste processo e que já fez sair o primeiro número da coleção “Polícia Militar no Ultramar”, que foca a então província ultramarina de São Tomé e Príncipe, onde estive no serviço militar obrigatório, e prepara-se para dar continuidade aos restantes territórios, peço, com os renovados agradecimentos, que continue a desenvolver a sua dinâmica para que, dentro dum prazo relativamente curto, conclua a coletânea, não só cumprindo o compromisso assumido, como contribuindo grandemente para o conhecimento da história da Polícia Militar num período especifico, a Guerra do Ultramar, que afetou (e de que maneira) a juventude portuguesa. 
A todos o abração de amizade, apreço, consideração e respeito do 
Alberto Helder


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