terça-feira, 4 de dezembro de 2007

UM POUCO SOBRE OS RUMOS DA ARBITRAGEM BRASILEIRA



Do meu Bom Amigo Sérgio Corrêa da Silva, actual Presidente Interino da Comissão de Arbitragem da Confederação Brasileira de Futebol, recebi esta excelente colaboração que agradeço e passo a divulgar:

Com o afastamento do Dr. Édson Rezende de Oliveira, em 7 de Agosto, assumimos a comissão para dar continuidade ao processo iniciado em 2006. Logo de cara nos deparamos com a 21ª rodada e com alguns equívocos de árbitros e assistentes que geraram um turbilhão na arbitragem nacional. Mas com medidas consistentes e discretas, a arbitragem voltou a navegar em mar de almirante. A seguir alguns assuntos palpitantes.

Profissionalização

Em relação ao projecto de lei 6405/2002, que regula a profissão de árbitro de futebol, informo que já houve um parecer do relator, Deputado Geraldo Pudim (PMDB-RJ). Ele optou pela constitucionalidade, jurisdicidade e técnica legislativa do projecto. Agora, cabe à ANAF lutar pela aprovação desta ideia. Por outro lado, a CBF não está parada, o Dr. Ricardo Teixeira nomeou recentemente um Grupo de Trabalho para elaborar um projecto sobre o assunto, com Carlos Simon/RS, Evandro Roman/PR, Salvio Spínola/SP, Milton Octaviano/RN, Carlos Berckembrock/SC, Luiz Kallemberg/SC e Carlos Pimentel/RJ para, num prazo de 120 dias, apresentem suas propostas.

Fim dos sorteios

Há muito tempo que a Comissão deixa bem clara a opinião sobre os sorteios, mas a de todos os que militam na arbitragem: o sistema implantado em 2003 de se escalar através da sorte é injusto. Querem um exemplo? José Henrique de Carvalho/SP, uma jovem promessa e que foi extremamente bem no último Campeonato Paulista, perdeu nada menos do que 15 sorteios! Outra? Leonardo Gaciba da Silva/RS, indiscutivelmente um dos melhores árbitros do Brasil, ficou 30 – isso mesmo: trinta! - dias sem ganhar nenhum sorteio. Não é possível o aleatório determinar como vai ser a carreira de um árbitro.

Renovação

Quando falamos nela, não nos referimos à idade, mas sim a nomes. Em 2006, foram 4 lançamentos e, em 2007, chegamos a 16 novas promessas no Campeonato Brasileiro, série A. Gratas surpresas actuaram em clássicos regionais importantes. Aliás, é bom lembrar que não existe ninguém com escudo vitalício no peito, eles são colocados pela conduta dos árbitros dentro e fora das quatro linhas. Tudo é observado.

A Fifa não se contenta mais com o árbitro que é bom apenas dentro das quatro linhas; ela exige que ele tenha uma condição física excepcional e aumenta a exigência dos conhecimentos teóricos.

Cumprimos as directrizes emanadas pelo Dr. Ricardo Teixeira, presidente da CBF, por intermédio da Comissão de Árbitros, quais foram:

a) Inclusão de um quinto árbitro específico, cuja participação minimizou os problemas externos e evitou, por exemplo, que os gandulas retivessem a bola;
b) O sistema de comunicação entre os quatro árbitros, testado em várias partidas do futebol masculino e outro que será testado na Copa do Brasil de Futebol Feminino;
c) A reavaliação teórica e física dos árbitros da RENAF;
d) A renovação de 30 a 40% do quadro (20 novos árbitros foram lançados no período 2006/2007);
e) A realização do aprimoramento teórico, físico e prático para 30 promessas do futebol brasileiro no período entre 15 e 20/10, quando contamos com vários trabalhos específicos e a palestra de grandes ex-árbitros, como José Roberto Wright, Arnaldo Cézar Coelho, Aristeu Leonardo Tavares e Jorge Paulo de Oliveira Gomes, entre outros.

O próximo passo será a instituição de um ranking da arbitragem brasileira, com a redução da idade para ingresso na relação nacional; com a exigência às mulheres de obter os índices masculinos (igualdade para todos); a sugestão da inserção de um corregedor para conferência da documentação; do conselho técnico de análise das arbitragens; instituição de tutores regionais para as jovens promessas da arbitragem; avaliações duras para os Observadores de Arbitragens, entre outras medidas.

Vale lembrar que, entre 19 e 26 de Novembro, recebemos o ex-árbitro português, mundialista (1998/2002), presidente da comissão de arbitragem da Liga Portuguesa e actual Instrutor Fifa Vítor de Melo Pereira, que aplicou modernas técnicas de treinamentos teóricos e, principalmente, práticos para 40 novos instrutores credenciados pela Fifa, cuja missão será repassar as informações à outros instrutores. A ordem é intensificar os treinamentos práticos em todo país. As ferramentas foram dispostas pela CBF, cabe às Federações utilizá-las com precisão.

Em 2008, a missão da comissão será o "Trabalho em Equipa", com os assistentes tendo maior participação nas quase 180 decisões que, em média, são tomadas durante uma partida. Equívocos podem acontecer. Porém, se algum dos árbitros designados observar, tem o dever de informar e corrigi-lo a tempo. A experiência com trios fixos serve para competições curtas, como os estaduais, ou o Mundial, mas para um campeonato de oito meses observamos que isso gera acomodação e diminuição do plano de trabalho.

Sérgio Corrêa da Silva
CA-CBF

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