
A segunda edição do mundial deveria ter sido disputada na Suécia. O país desistiu do evento por estar com problemas financeiros. Para aspirarem a viagem até Itália inscreveram-se 34 países, sendo 23 da Europa, 4 da América do Sul, outros 4 da América Central e do Norte e 3 da África/Ásia.
Efectuaram-se jogos de apuramento e, de harmonia com a determinação da FIFA, foram 16 selecções que participaram na fase final, doze representando a Europa (Alemanha, Áustria, Bélgica, Checoslováquia, Espanha, França, Holanda, Hungria, Itália, Roménia, Suécia e Suiça), duas a América do Sul (Argentina e Brasil), uma a América Central/Norte (Estados Unidos) e a Ásia/África (Egipto) a restante. A Itália, anfitriã, teve que participar no apuramento, tendo sido emparceirada com a Grécia. Os italianos venceram a primeira partida em Milão por 4-0 e os gregos desistiram. Até hoje há dúvidas sobre a decisão grega. Muitos dizem que a FIFA negociou a rendição grega, outros dizem que a arbitragem foi preparada para selar resultados. A verdade é que a Itália não precisou ir à Atenas.


Como represália pela ausência da Itália no primeiro mundial, a equipa do Uruguai, que o venceu, não participou em 1934. A Bolívia e o Paraguai acompanharam essa decisão. Foi a primeira, e única vez, que o campeão mundial não defendeu o título conquistado. 

-O Estádio onde se disputou a final-
Registe-se que, no apuramento, Portugal jogou com a Espanha e perdeu os dois encontros: Em Madrid, por 9-0 e em Lisboa por 1-2.

Na América Central/Norte, um sistema esquisito de disputa já prevalecia. Ao invés de uma eliminatória directa com os quatro postulantes a uma vaga, a FIFA optou por três etapas. Na primeira, escolhendo entre Cuba e Haiti e determinou que para passar a eliminatória seria necessária a conquista de 5 pontos (naquele tempo as vitórias valiam só 2 pontos). Só que os jogos seriam todos no Haiti. Tiveram que jogar três vezes, porque Cuba venceu a primeira e empatou a segunda, só passando na terceira. Depois de vencer o Haiti, Cuba teve que enfrentar o México. Outra vez fora de casa em todas as partidas. Perdeu as três e foi eliminada. A organização deficiente da competição fez com que tanto o México quanto os Estados Unidos viajassem para a Itália, embora apenas uma vaga estivesse assegurada para aquela região. O México foi e teve que voltar, pois a organização decidiu fazer um jogo extra, dias antes do início da Copa, já no Estádio Nacional de Roma, entre ambos, com vitória dos Estados Unidos por 4-2. Os americanos asseguravam, assim, sua participação seguida nas duas primeiras taças do mundo.

Na fase final o número de jogos atingiu os 17, dado que teve que ser encontrado o vencedor do desafio Itália-Espanha que, em primeira instância, acabou empatado (1-1). O segundo jogo realizou-se 24 depois e a Itália ganhou-o por 1-0.

O total de espectadores rondou os 358.000, marcaram-se 70 golos e não se verificaram expulsões.

O melhor marcador da fase final foi o checo Oldrich Nejedly (n. 26.12.1909 f. 11.06.1990) com 5 golos. Como curiosidade podemos referir que Luís Monti foi o primeiro jogador a jogar em selecções diferentes em finais do campeonato do mundo: pela Argentina (1930) e pela Itália (1934).

Quanto à arbitragem diremos que participaram 25 Árbitros, representando os seguintes países: Alemanha, 1. Áustria, 2. Bélgica, 2. Checoslováquia, 1. Egipto, 1. Espanha, 1. França, 1. Holanda, 1. Hungria, 1. Itália, 12. Suiça, 1 e Suécia, 1, os quais exerceram a função de Árbitro e de auxiliares: 11, e só auxiliares: 14.

Eis os seus nomes, datas importantes, países e funções (Árbitro=AR e Auxiliar=FL):

Albino Carraro (n. 04.04.1899), Itália, AR=1 e FL=1. Alfred Birlem (n. 10.01.1888), Alemanha, AR=1 e FL=1. Alois Beranek (n. 15.01.1900), Áustria, AR=1 e FL=2. Camillo Caironi, Itália, AR=0 e FL=2. Ermenegildo Melandri, Itália, AR=0 e FL=1. Erwin Braun (n. 31.08.1895), Áustria, AR=1 e FL=0. Ettore Carminat, Itália, AR=0 e FL=1. Ferruccio Bonivento, Itália, AR=0 e FL=1. Francesco Mattea (n. 17.01.1895), Itália, AR=2 e FL=0. Generoso Dattilo (n. 03.05.1902), Itália, AR=0 e FL=1. Guiseppe Scarpi (n. 25.12.1900), Itália, AR=0 e FL=1. Guiseppe Turbiani, Itália, AR=0 e FL=1. Ivan Eklind (n.15.10.1905), Suécia, AR=3 e FL=0. Jaques Baert, França, AR=0 e FL=2. Johannes Van Moorsel (n. 09.07.1902), Holanda, AR=1 e FL=1. John Langenus (n. 08.12.1891 f. 01.10.1952), Bélgica, AR=1 e FL=0. Luís André Baert (n 29.12.1903), Bélgica, AR=1 e FL=3. Mihaly Ivancsics, Hungria, AR=0 e FL=4. Mohammed Youssof, Egipto, AR=0 e FL=1.Otello Sassi, Itália, AR=0 e FL=1. Pedro Escartin Moran (n. 10.08.1902), Espanha, AR=0 e FL=4. Raffaele Scorzoni, Itália, AR=0 e FL=1. René Mercet (n. 01.12.1898), Suiça, AR=2 e FL=1. Rinaldo Barlassina (n. 02.05.1898) Itália, AR=3 e FL=0. William Zenisek, Checoslováquia, AR=0 e FL=4.

O Mundial de 1934 teve interesses políticos em jogo: o regime fascista subjugava a Itália, e o ditadorBenito Mussolini planejou transformar o evento numa espécie de propaganda pró-regime. A influência indiscutível de Mussolini se impôs em diversos aspectos, como por exemplo a escolha pré-determinada de árbitros "suspeitos" nas partidas da anfitriã Itália. O sueco Ivan Eklind, que apitou a semifinal e a final, teria se encontrado com Mussolini antes das partidas.

A Itália desejava vencer esta competição. Era natural, mas eles tornaram isso muito óbvio, escreveu tempos depois Jean Langenus, árbitro belga participante em 2 mundiais. O ditador Mussolini e seus seguidores empregaram múltiplos artifícios a fim de que o seu país vencesse e confirmasse, assim, a pujança do fascismo e a superioridade do homem italiano (embora três titulares da esquadra fossem argentinos... ). Talvez o time de Meazza nem precisasse desses empurrões, mas a verdade é que eles foram dados. A vontade fascista, no entanto, acabou prevalecendo: Itália campeã do mundo, em 10 de Junho. Três dias depois, Mussolini apertava pela primeira vez as mãos de Hitler.

Misteriosamente, decisões polémicas foram tomadas, sempre em favor da Itália. Alguns árbitros influenciaram tanto nos resultados da Itália que foram suspensos por suas pátrias após o torneio, caso do suiço René Mercet e do belga Luís Baert. 
-O italiano Rinaldo Barlassina dirige o Checoslováquia, 3-Alemanha, 1-
Na semifinal disputada entre a Itália e a Áustria, sob muita chuva, o árbitro Ivan Eklind (Suécia) até usou a cabeça. Parecia tão interessado em ajudar os italianos que chegou a interceptar, com uma cabeçada, um lançamento que colocaria um avançado austríaco na iminência de marcar um golo. Eklind, também o Árbitro da final, teve uma das mais longas carreiras nos mundiais, dirigindo seis encontros, ao longo de três edições espaçadas no tempo 16 anos (1934, 1938 e 1950).
-Esta saudação em Itália era obrigatória-
Este Mundial, assim como os Jogos Olímpicos de 36, ficaram marcados pelo Fascismo. Tudo foi feito para levar a Itália ao título. Desde a alteração da data dos jogos, ao local onde se disputavam as partidas, ou mesmo os árbitros que arbitravam os jogos mais importantes. A Itália conseguiu ainda em cima do torneio inscrever 4 argentinos e 1 uruguaio, vasculhando nos registos, jogadores com possíveis antepassados italianos.
-O treino dos argentinos-

Este Mundial, assim como os Jogos Olímpicos de 36, ficaram marcados pelo Fascismo. Tudo foi feito para levar a Itália ao título. Desde a alteração da data dos jogos, ao local onde se disputavam as partidas, ou mesmo os árbitros que arbitravam os jogos mais importantes. A Itália conseguiu ainda em cima do torneio inscrever 4 argentinos e 1 uruguaio, vasculhando nos registos, jogadores com possíveis antepassados italianos.

Este mundial da vergonha teve algumas das piores arbitragens da história, sempre em jogos que participava a Itália.

Por fim, direi que poderá assistir a momentos deliciosos do jogo da final acedendo ao vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=Iwvurx3Ih3s&feature=related
2 comentários:
Caro amigo Alberto Hélder,
Algumas correcções e dúvidas quanto aos árbitros do Mundial 1934
Pedro Escartín n. 08-08-1902 http://www.vistazoalaprensa.com/firmas_art.asp?Id=1620
Ettore CARMINATI (não Carminat)
BOHUMIL Zenisek (não William)Quanto ao francês BAERT, já vi Jacques (FIFA), Georges (RSSSF), mas creio tratar-se de JULES BAERT árbitro de Lille que esteve na final da Taça de França da época 1933/34.
Um abraço amigo do
João Ferreira
joaomrmferreira@gmail.com
Caro João Ferreira
Grato pela observação.
Contudo, devo dizer que as informações por mim divulgadas têm origem na FIFA.
Alberto Helder
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