quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

CARLOS PINHÃO – UM SENHOR DAS LETRAS!

A expressão “Ai que saudades, ai, ai…” que eu muito uso nas recordações que me são queridas, era a imagem de marca deste grande e inigualável homem que a todos cativava com a sua simplicidade, solidariedade e fraternidade, que tive o privilégio de conhecer e contactar em inúmeras vezes. Carlos Alberto da Silva Pinhão, de seu nome completo, nasceu no dia 4 de Maio de 1924, na Freguesia do Beato e faleceu em 15 de Janeiro de 1993, fazendo hoje precisamente dezasseis anos que nos deixou. Mas a sua memória será eternamente lembrada pelo que representou para as letras, para o jornalismo e, acima de tudo, para a sua amada Lisboa. Mestre na arte de escrever, inovador, cronista de eleição, quase 50 anos de carreira, razões suficientes para alguém dizer que era um Homem Grande num pequeno país. Iniciou a sua actividade em 1947 no extinto jornal Sports. Trabalhou ainda nos seguintes periódicos: Mundo Desportivo, Diário Popular, Século Ilustrado, Público e A Bola, onde ingressou em 1955 e permaneceu mais de 30 anos. Aqui ficou célebre o seu espaço “A duas colunas” cuja leitura era muito apreciada por todos seus fãs, eu incluído, tendo até enviado textos que foram publicados, principalmente sobre São Tomé e Príncipe, que visitou. Os leitores dos jornais Marca (Espanha), France Soir (França) e Les Sports (Bélgica) também usufruíram dos seus trabalhos de excelência. Carlos Pinhão tinha duas grandes paixões: o desporto e a cidade de Lisboa. Escreveu obras bastante diversas uma vez que publicou livros de humor, poesia, literatura infantil e crónicas, destacando-se sobretudo nos seus escritos nos jornais A Bola e Público. Eis a sua bibliografia: A Ponte sobre o tédio (1966), Entrevistas sem entrevistado e O meu barbeiro (1968), Futebol de A a Z (1976), Bichos de Abril (1977), Uma gaivota com óculos e outras histórias (1979), O lançamento do díscolo: realidade e alienação em desporto (1980), A Onda Grande e Boa, O professor do pijama azul e Era uma vez um coelho francês (1981), O coelho atleta e a sua escola de desporto (1983), O senhor que não sabia contar histórias, Vovô bicho e Sete Recados (1984), Lua não, muito obrigado (1985), Certo dia no deserto (1988), Senhor ABC (1989), Benfica-O voo da Águia (1990), Abril Futebol Clube (1991), Uma gaivota com óculos e Biografia de Carlos Lopes (1992) e João Campeão (1994), edição póstuma. Importante referir que alguns dos livros citados foram recomendados para o Ensino Básico. A-propósito transcrevo um texto inserido em “Abril Futebol Clube, Futebol de A a Z, página 87. Letra A=Árbitro: A figura número um do jogo… não joga, isto é, não chuta. É o primeiro a entrar em campo e o primeiro a entrar em acção, apitando para o desafio começar, do mesmo modo que lhe caberá também a última palavra: a apitadela que põe termo ao encontro. O Árbitro não pode ser encarado como um inimigo, temos que o ajudar, até porque é muito difícil a sua tarefa: velar pelo cumprimento das regras do jogo. Pode errar, como homem que é, mas, em princípio, o árbitro tem sempre razão, sabe as regras, é um amigo mais que também entra no jogo. Não lhe chamem imparcial, porque ele pode afinar e com alguma razão. Se é árbitro, é imparcial, isto é, não é parte, não é parceiro, está de fora das equipas, está acima. Chamar-lhe imparcial é admitir que ele podia não o ser, compreendem?... E ele pode não gostar. Carlos Pinhão recebeu imensas distinções, mas há que destacar: -Grau de Comendador da Ordem do Mérito, atribuída a título póstumo,
em 18 de Agosto de 1993.
-Medalha de Ouro do Concelho de Oeiras, atribuída também a título póstumo
em 1 de Junho de 1994;
-O Prémio Júlio César Machado (crónicas do jornal Publico, sobre Lisboa);
-Medalha de Mérito Desportivo, em 2 de Fevereiro de 1993, conforme consta o Despacho 13-ME/93, publicado no Diário da República 46/93, de 24 de Fevereiro, II série, página 2032, que diz: Considerando o brilhante currículo do jornalista desportivo Carlos Alberto da Silva Pinhão; Considerando o longo percurso iniciado no extinto Os Sports, prosseguindo no Mundo Desportivo e finalizando no jornal A Bola, onde permaneceu fielmente ao longo de 38 anos; Considerando o reconhecimento do seu talento como repórter e como cronista, a sua paixão ao jornalismo desportivo e a sua participação na criação do Clube Nacional da Imprensa Desportiva; Considerando o reconhecimento de muitos colegas seus sobre a sua invulgar personalidade de humanista, que constitui uma referência para muitos jornalistas; Considerando a humildade e simplicidade com que brilhantemente sempre usou o seu instrumento de trabalho que foi a língua portuguesa; Considerando que deve ser dado público reconhecimento a quem da lei da morte de libertou e entrou já no panteão dos jornalistas eleitos e na história do jornalismo desportivo nacional;
Determina-se: É concedida, a título póstumo, a Carlos Alberto da Silva Pinhão a medalha de mérito desportivo, nos termos dos artigos 3º e 6º do Decreto-Lei 55/86, de 15 de Março. O Ministro da Educação, António Fernando Couto dos Santos.
Há que dizer bem alto: Carlos Pinhão, obrigado por tudo o que proporcionaste a todos nós, ao país e às letras!!!

2 comentários:

Unknown disse...

Uma saudade. ai, ai, ai

António Carvalho disse...

Carlos Pinhão, Pai da Leonor pinhão, foi um grande jornalista desportivo no jornal A Bola e escritor de várias obras para adultos e também para os mais jovens. Saudades amigo!