sexta-feira, 30 de março de 2012

NAQUELE TEMPO (LV) – MARÇO DE 1962

No Boletim “O Árbitro” nº 57 (ano V), de há cinquenta anos, os temas em destaque, foram: TÍTULOS – José Manuel Silva, de Lisboa, escreve sobre “Desportivismo”. João Gomes, do Porto, assina “Os Novos Fiscais de Linha”. Raul Ramos, de Lisboa, pergunta: “Para quando?”. Do Funchal, António Ferreira, redige “Uma sugestão que merece ser acarinhada”. David Costa, responsável pela rubrica “Tribuna do Árbitro”, explana “A propósito de… um a propósito”. Vítor Real, da capital moçambicana, subscreve “Aqui, Lourenço Marques”. “Álbum de foras de jogo”, da autoria de António Augusto Santos. Ramos Cavaleiro analisa o trabalho da “Escola de Futebol Infantil de Viseu”. Joaquim Campos, de Lisboa, realça “A orgânica da arbitragem na Áustria”. “Olhando o futuro”, de Carmo Lourenço. Manuel Marques dos Santos, presta “Esclarecimento sobre um fora de jogo”. -Imagem referente à primeira-mão da meia-final da Taça dos Campeões Europeus tendo o Benfica defrontado o Tottenham (3-1). A equipa de arbitragem viajou da Suíça e era liderada por Daniel Mellet. Mouche e Domeniconi foram os seus auxiliares-
BIBLIOTECA – São divulgados mais 70 títulos de livros que estão ao dispor dos assinantes do Boletim. Realizaram-se as provas orais dos candidatos que frequentaram o terceiro curso em Viseu, houve pedidos de licenciamento deferidos, internamento hospitalar, transferências, viagens, nascimento, demissões, novos dirigentes da arbitragem de Ponta Delgada. Pêsames pelo falecimento de Anísio Morgado, antigo Árbitro internacional que veio a falecer no Brasil vítima de atropelamento. Barros Araújo, antigo árbitro vila-realense, ganhou em Angola um concurso militar relacionado com cifra. O livro editado pelo espanhol Pedro Escartin, “Reglamento de Futbol”, está esgotado em Portugal e em Espanha, não sendo, assim, possível satisfazer os pedidos que estavam a aguardar resposta. A viagem dos juízes de campo de Lisboa à “Pérola do Atlântico” está prevista e espera-se que venha a ser um êxito. Eduardo Gouveia viajou para a Grécia onde dirigiu jogos do campeonato nacional local. Repudia-se as agressões de que foram alvo dois colegas, Diamantino Vidal (Vilafranquense-Torres Novas) e Raul Domingos Sequeira (Despertar-Aljustrelense), alvitrando-se pesados castigos para os energúmenos, para que fiquem a constituir um exemplo. No Equador um Árbitro ao ordenar a marcação de uma grande penalidade foi agredido e o guarda-redes da equipa que ia sofrer o castigo raptado. Gerou-se uma confusão diabólica, razão mais do que suficiente para que o jogo fosse dado como terminado. Como a penalidade teria de ser marcada, a organização decidiu que a sua execução fosse no dia seguinte, à porta fechada, mas somente com a presença do Árbitro, um juiz de linha, o guarda-redes e o executante… O Árbitros francês Maurice Guigue, aborrece-se com muita facilidade e pede logo a demissão. Foi quando dirigiu a final do mundial de 1958 (Brasil-Suécia) não aceitou as críticas que lhe foram apontadas. Agora, no Real Madrid-Juventus, o Presidente Santiago Barnabéu também fez reparo ao seu trabalho. Já a Federação Belga eliminou na lista da FIFA o Árbitro que dirigiu no Real Madrid-Odense devido à sua má prestação. Em Espanha continua a vigorar o sorteio dos Árbitros para os jogos da primeira liga. O Árbitros de Saigão (Vietname) entraram em greve devido a um seu colega ter sido assaltado por um jogador. Querem maior dignidade e segurança. Enquanto isso não acontecer, não contem com eles. ATLETAS DE ONTEM, ÁRBITROS DE HOJE – Carlos Dinis, de Lisboa, o entrevistado neste número, chegou a Árbitro internacional no futebol e no andebol, além de, como jogador, ter sido campeão nas duas disciplinas! Grande parte do público que assiste aos domingos de manhã aos jogos da categoria de principiantes, encara-os como se fosse um desafio de adultos, ofendendo e insultando os jogadores e os Árbitros. Todavia aquele escalão etário merecia mais compostura e respeito. Mas, infelizmente, há quem não compreenda isso! Lamenta-se que a acompanhar a nossa selecção de Juniores à Roménia, não vá um Árbitro português. Se se verificar nos jogos de futebol as suspensões temporárias (a exemplo do que acontece noutras modalidades) o espectáculo e o público só lucrarão com isso, assim parece. Pretende-se que os agressores dos Árbitros sejam levados a Tribunal para serem punidos de harmonia com as infracções. Espera-se o quê? ALBERTO COSTA – Na foto. Natural da Beira (Moçambique). A sua vida desportista, descrita por Barros de Araújo, é merecedora de atenção especial nas duas páginas que lhe são destinadas. Desde jogador muito jovem até se retirar da arbitragem, por limite de idade, tudo é escalpelizado e pormenorizado, ficando-se a conhecer o historial de um verdadeiro atleta e delegado do Boletim, em terras banhadas pelo Índico. Exerceu a actividade na área da arbitragem durante 23 anos.

-Alberto Costa, dirige encontro quando a equipa do Belenenses visitou Moçambique-
JOAQUIM CAMPOS – O Director Dr. Décio de Freitas fica surpreendido com o pedido de demissão do editor do Boletim, Joaquim Campos, relacionado, supõe-se, por questões meramente pessoais. Aceita-o e agradece os serviços prestados. A Comissão Central louva-o pela dedicação e pelo trabalho desenvolvido desde o primeiro número (Julho de 1957). Este colaborador, de Viseu, entre salpicos de outros ditos, brinda-nos com estes versos: -Cerimónia protocolar em Viseu-
Sob grande admiração
Disse-nos um comerciante,
Dos que em Roma Triunfante,
Teria excelente cotação.
-Exame de candidato em Viseu-
Vi um Árbitro actuar,
Ouvi cavalheiros remorder,
Por o seu velho clube perder,
E o público, louco, a gritar:
-Reinaldo Silva, de Leiria, no Funchal num jogo para a Taça de Portugal-
“FORA!... FORA O ÁRBITRO”!...
Uma frase que banir deve
– Ainda que ele tenha culpa leve –
O público, é este seu hábito.
-Marcos Lobato, de Setúbal, também no Funchal e num jogo para a mesma competição-
Não olham as faltas dos jogadores,
As suas discórdias por excelência,
Nem à nossa paciência, senhores!
-Dirigentes madeirenses com Árbitro do continente (José Augusto Figueira Curado, Marcos Lobato, João Maria Perestrelo e Reinaldo Silva)-
Mas, respondeu a eloquência,
Preciso é maior paciência
Para aturar os espectadores.
-Magnífica imagem do Estádio dos Barreiros (inaugurado em 05.05.1957)-
E se, apenas a título experimental,
O crítico uma vez arbitrasse,
Ainda que no seu melhor dia.
Quanta gente lhe bateria
Na altura que ele passasse?!
E, então, eu lhe perguntaria: que tal?...

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