sábado, 8 de março de 2014

APAF – OS SEUS PRIMÓRDIOS…



Em 2004, aquando da celebração dos 25 anos de existência da organização de classe dos Árbitros portugueses, foi referido no livro oficial da comemoração que Filipe Gameiro Pereira, antigo Árbitro lisboeta da 1ª categoria nacional, presidente da Comissão Central de Árbitros de Futebol e grande nome da arbitragem mundial, preconizava a criação da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol, segundo testemunho expresso na 11ª edição do Boletim O Árbitro, datado de Maio de 1958.

Entretanto, em pesquisas recentes, tomou-se conhecimento de que este assunto já havia sido proposto no início dos anos da década de cinquenta, dado que José dos Santos Marques, também lisboeta e que fazia parte do quadro da primeira categoria federativa, sugeriu que se organizasse o Congresso Nacional dos Árbitros, em detrimento do programado pelas Comissões Distritais.

A Comissão Central de Árbitros de Futebol, entidade que geria autonomamente o sector, resolveu escolher Oliveira Martins, Árbitro jubilado, e o jornalista Manuel Mota (do Mundo Desportivo), para avançarem com o projecto, mas os resultados foram infrutíferos, pois as inscrições das Comissões Distritais não foram consideradas suficientes, e a ideia não foi avante.

Os Árbitros avançaram, então, com novo grupo de trabalho (Mário Ribeiro Sanches, José dos Santos Marques e José Sarandeses), todos Árbitros da primeira categoria nacional, que promoveu uma reunião em Lisboa, no dia 9 de Outubro de 1952, com a presença de 100 camaradas de percurso, todos no activo.

Os assuntos analisados foram considerados de extrema importância para o sector, como a criação da Associação de Classe, o famigerado sorteio [que vigorava naquela altura], as vistorias aos campos, a indefinição do tempo de descanso no intervalo das partidas e, principalmente, o facto das equipas de arbitragem receberem o chamado prémio de jogo de harmonia com a receita verificada com a venda de bilhetes no encontro em que participavam (!).

Mais: os Árbitros queriam cimentar o seu prestígio, mostrando-se à altura de uma causa importante, estudando os problemas que lhes interessam e buscando para eles a melhor solução. Pretenderam que a justiça lhes fosse feita e que, portanto, algumas das suas pretensões mais legítimas encontrassem satisfação por parte dos organismos superiores do futebol.

Com vista à organização do Congresso ficaram encarregues de avançar com a tarefa os seguintes Árbitros dos quadros nacionais: José Sarandeses (Presidente), Dr. Décio de Freitas, Arqº Anselmo Fernandez (mais tarde veio a ser treinador do Sporting) e José dos Santos Marques.

Só que o presidente da Comissão Central de Árbitros de Futebol, Acácio Rosa, face à existência de projecto de remodelação da arbitragem nacional, não considerava oportuno a discussão em Congresso de assuntos que não fossem exclusivamente de ordem técnica!

A Comissão Organizadora julgou, então, não justificar o Congresso, tendo resolvido suspender os seus trabalhos até que, conforme lhe foi prometido, seja possível efectuar a reunião magna sem restrições.

Nota: Voltarei a este interessante tema se necessário.

1 comentário:

MÁRIO REAL disse...

AI,AI, ALBERTO....