Urbano Rodrigues Carrasco (01.08.1922/07.12.1982), jornalista, do periódico Diário Popular.
José Neves da Costa (08.12.1930/09.07.2013), jornalista, da Rádio Televisão Portuguesa, estivera, anteriormente, a cumprir uma comissão, como expedicionário, na Índia Portuguesa. Dedicou-se, em Viana do Castelo, à produção de vinhos verdes.
José Serra Fernandes (11.02.1934/10.12.2012), operador de câmara, da RTP. Um período da sua vida foi dedicado a viajar, começando pelo Canadá, seguindo-se Moçambique, África do Sul, Angola, Brasil, e, por fim, Lisboa, onde se fixou.
Os profissionais da RTP, depois de terem regressado de Angola, onde estiveram a registar os acontecimentos vividos aquando do início da Guerra Colonial, saíram para o Estado da Índia no dia 15 de dezembro de 1961. Foram escolhidos não só pelo brilhante trabalho que ali fizeram, como também por serem solteiros, facto que pesou na decisão. Chegaram à Índia na véspera da Invasão, no dia 17 de dezembro.
Entre outros registos, filmaram todo o combate naval entre o Navio Republicano Português, o “Aviso Afonso de Albuquerque”, que durou cerca de 45 minutos e ficou gravado em quatro bobines, as quais entregaram e pediram a um indivíduo que as fizesse chegar à sede da RTP, em Lisboa. Mas nunca chegaram ao destino, pois julga-se que foram apreendidas pelas tropas da União Indiana.
Os
três Jornalistas cumpriram um período de detenção, um pouco mais de 2 meses, primeiro
no Campo do Altinho (Pangim, de 20.12.1961 a 27.12.1961), e, depois, no Campo
de Pondá (Goa, de 27.12.1961 a 23.02.1962).
No
Natal de 1961 os profissionais da RTP ficaram imensamente emocionados quando
receberam, das mãos do Comando da tropa de elite que guardava o Campo de
Prisioneiros, os Sikhs, um telegrama emitido pela Casa do Pessoal da RTP a
desejarem que passassem o melhor possível a quadra natalícia!
Mais
tarde se soube que Neves da Costa e Serra Fernandes tiveram ao seu alcance a
possibilidade de fuga a bordo de um dos vários navios ancorados no porto de
Mormugão ou dos dois últimos aviões de transporte que lograram sair do
aeroporto de Cortalim (Goa-Estado da Índia), na noite de 18 de Dezembro. Não o
fizeram, no entanto, correndo assim os maiores riscos, na intenção de
prosseguirem o trabalho de reportagem e de poderem voltar a Pangim, a fim de
tentar recuperar o mais valioso material da RTP de que haviam sido portadores.
Perdidas as bagagens pessoais em todas essas andanças, a verdade é que o
material da RTP regressou mesmo a Lisboa, embora quase tão depauperado como os
dois repórteres. As autoridades indianas apenas confiscaram – vá lá saber-se
porquê – as fitas magnéticas de arrasto.
Em
23 de fevereiro de 1962, graças à influência de Jorge Jardim, que representava
o Governo português nas diligências para libertar todos os militares
portugueses feitos reféns, os jornalistas, cumprindo o combinado, isto é, não
divulgarem a ninguém, a razão da sua saída, ou seja, a troca pela libertação de
quatro cidadãos indianos, detidos em Lisboa, M. A. Blantleman, E. D. Fernandez,
D. J. Pandua, H. N. Wadia e Mahimtura, tendo, um deles sido libertado por se
encontrar doente, puderam regressar a casa, fazendo a viagem por via aérea a
partir de Bombaim. Chegaram a Lisboa a 25 e existe o registo desse
acontecimento, no vídeo da chegada dos Jornalistas a Lisboa, RTP (1m 19s), em:
https://arquivos.rtp.pt/conteudos/chegada-dos-jornalistas-prisioneiros-em-goa/
Em 15 de maio de 2010, José Neves da Costa e José Serras Fernandes foram entrevistados para o programa “Pontos nos ís”, de Mário Figueiredo, intitulado “Os primeiros repórteres de Guerra da Televisão” (54m 33s), cujo visionamento se recomenda vivamente, em: