sábado, 18 de novembro de 2023

A POLÍCIA MILITAR NO ULTRAMAR - DEDICATÓRIA E ESCLARECIMENTO

 

Reitero que este tema, da minha total autoria, quer a conceção, quer o intenso processo de pesquisa e compilação, só por mim realizado, e a publicação no meu espaço na net, é dedicado, desde a primeira hora, a dois amigos do peito, que comigo partilharam o cumprimento do Serviço Militar Obrigatório, no Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe, nos longínquos anos sessenta.

 -FERNANDO LIMA-

São eles, os Camaradas de Armas e Lanceiros, o saudoso Fernando Lima e Luís Figueiredo Serra.

 

-LUÍS FIGUEIREDO SERRA-

Ambos valorosos soldados da Companhia de Polícia Militar 589 (que serviu as mais belas ilhas africanas, entre 26 de agosto de 1963 a 9 de setembro de 1965), foram, para mim, aqueles que mais me ajudaram nos 451 dias que estivemos juntos, com as mais diversas formas de auxílio tão necessitado estava, lá longe, fora da família, dos colegas, de casa, do emprego e por aí fora.

-FERNANDO LIMA, ANTÓNIO COSTA AFONSO, MANUEL DOS SANTOS (MASCOTE), LUÍS FIGUEIREDO SERRA E ALBERTO HELDER-
-FOTO OBTIDA NAS INSTALAÇÕES DA POLÍCIA MILITAR, EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, NO DIA 9 DE SETEMBRO DE 1965, QUANDO A CPM 589 REGRESSOU À METRÓPOLE- 

Nada mais justo do que, desde sempre, recordar que este tributo é devido, não só pela amizade granjeada através dos tempos, como um simples gesto de retribuição pelo muito que recebi dando muito pouco, ou nada, em troca.

Recordo, com saudade e nostalgia, que, desde 1966, nós e as nossas consortes reuníamos anualmente a cada 26 de agosto para convivermos num harmonioso jantar, até ao falecimento do sempre recordado Fernando Lima (28 de outubro de 2000), convívios onde, mais tarde e circunstancialmente, estiveram também presentes os descendentes. Ultimamente, os casais Santos e Serra tiveram a ideia de recuperar a confraternização, concretizando-a, quanto possível.

Já agora, devo dizer que este projeto, desenvolvido durante os anos de 2017/2019, num total de 817 dias, foi feito com muito empenho, rigor e dedicação. Logo que foi feito o primeiro episódio, sobre São Tomé e Príncipe, ofereci-o graciosamente à Associação de Lanceiros a qual recebeu de braços abertos este trabalho, com a intenção de vir a publicar, tipo revista, as referências recolhidas das unidades que serviram as ex-províncias ultramarinas, o que está a acontecer.

Contudo, uns tempos depois e com bastante mágoa, tive de assumir uma drástica decisão perante a Associação de Lanceiros. Afastei-me radicalmente de tal companhia, dado que, arrogantemente, sempre deu a entender que a ideia que levou a produzir este monumental trabalho era sua, tendo até, por vezes, minimizando ou rebaixando o autor, o que ainda hoje acontece, mas que nada contribuiu para este estado de coisas, como se compreende. Mas, mesmo assim, não deixei de autorizar a continuar com a publicação.

Foi pena esta separação, mas entendo que o respeito terá de existir sempre, em qualquer altura e com quer que seja, já que durante a execução do empreendimento que assumi, estive a recolher informação na Biblioteca do já devoluto Regimento de Lanceiros 2, na calçada da Ajuda, em Lisboa, em condições muito precárias, numa sala desarrumada, montes de livros por tudo o que era sítio, cheia de humidade, sem luz natural (e a elétrica era deficiente), sem casa de banho, sem bom ar respirável, enfim, foram umas semanas de sacrifício, mas muito agradado estou em ter cumprido com o objetivo a que me propus.

Trabalho inédito, único até, onde se destacam, entre outras úteis informações, as datas das viagens (ida e regresso), o meio de transporte utilizado, o tempo de permanência no Ultramar, os nomes de todos os militares integrantes, desde o Comandante da Unidade até ao mais simples Soldado, sem esquecer da classe dos Sargentos, os óbitos, os louvores, enfim, tudo aquilo que é importante neste género de tarefa.    

Com a autorização do então Comandante do Regimento de Lanceiros 2 (aquartelado na Amadora), Coronel Henrique Gonçalves Mateus e acompanhamento do Tenente-Coronel José Luís Simões (2º Comandante), consultei centenas de Ordens de Serviço, donde retirei a informação referente às 121 unidades de Polícia Militar que estiveram no Ultramar, 66 Companhias e 55 Pelotões, as quais abrangeram 11.071 militares desta especialidade que foram mobilizados para o Ultramar, sendo 395 Oficiais, 879 Sargentos e 9.797 Praças.

Angola com 42 unidades (23 Companhias e 19 Pelotões, correspondente a 4.082 militares), foi a mais referenciada; seguindo-se Moçambique com 21, todas elas Companhias, e 2.939 militares; Guiné-Bissau, com 16 (7 e 9, e 1.324 militares); São Tomé e Príncipe, com 15 (6 e 9, e 991 militares); Cabo Verde, com 12 (2 e 10, com 668 militares); Macau, com 8 (1 e 7, com 435 militares); e, por fim, Timor, com 7 (6 e 1, com 632 militares).

Lamentavelmente, o número de óbitos, no período da Guerra Colonial, nos sete territórios, atingiu os 48 militares, que deram a vida pela Pátria! Moçambique, com 21; Angola, com 14; São Tomé e Príncipe, 5; Cabo Verde, 3; Guiné-Bissau, 2; Macau, 2; e Timor 1.

Em termos de dimensão, este trabalho, entre os que já elaborei (Comandos, Companhias Móveis de Polícia, outras unidades militares em São Tomé e Príncipe, a invasão do Estado da Índia), foi o mais extenso, o mais complicado, o mais trabalhoso.

Mas, está feito, para memória futura!