terça-feira, 14 de julho de 2009

MANUEL BASTOS ABORDA O SEU LIVRO “CACIMBADOS”

2009.06.18-Foi no final da tarde desta quinta-feira que decorreu em Lisboa, na Biblioteca-Museu República e Resistência/Grandella mais uma conferência subordinada ao tema “Memórias literárias da guerra colonial”, com o autor referido em título. Manuel Correia Bastos, nasceu em 6 de Fevereiro de 1950, em Aguim (Anadia), que, como milhares e milhares de companheiros de armas, foi obrigado a defender Moçambique dos agentes inimigos que combatiam os colonialistas, expôs as suas ideias com clareza e autenticidade, com tranquilidade e sentido, com idealismo e, acima de tudo, com a noção de ter cumprido cabalmente a missão que lhe foi confiada. Tudo isto foi desenvolvendo com o decorrer da conversa que foi mantendo com a plateia, respondendo a questões que lhe foram colocadas, sempre à volta da ficção, da realidade e a verdade dos factos que, passados os muitos anos da sua presença em África, cada qual tem a sua versão dos acontecimentos, que por vezes até são os mesmos… Por isso afirmou que, por vezes, não se deve confiar nas memórias! No seu livro relata, na primeira pessoa, a experiência mais negativa porque passou, que o afectou física e espiritualmente, quando uma mina o feriu gravemente no pé esquerdo; a evacuação, feita por pessoal especializado (a enfermeira que o acompanhou no helicóptero, de seu nome Piedade, também esteve presente neste colóquio), a convalescença, a adaptação à nova realidade, enfim, com serenidade e oportunidade foi contando, sem azedume, sem rancor do que lhe aconteceu e que, naturalmente, o acompanhará pela vida fora. Exige, como eu, o reconhecimento merecido por Portugal a todos aqueles que estiveram em África (1961 a 1974), compelidos pelo Estado Novo a servirem a Pátria, reparação essa que tarda e, eventualmente, quando vier a ser aplicada (quando será?), já não será bem um reconhecimento, face ao reduzido número de abrangidos que deverão existir e dignos dessa atenção, pois a lei da vida é inexorável. Nesta matéria também interferi dando conta do que se verificou com os prisioneiros de guerra portugueses que estavam na Índia e que foram desrespeitados pelo Governo de Salazar, pela atitude que assumiram em não irem à luta com força adversária, a qual tinha “somente” 15 combatentes para cada soldado nosso… E, praticamente, os indianos sentiam-se em casa, enquanto o nosso contingente militar estava “só” a 7.700 quilómetros de Lisboa! Foi um bom serão e gostei de conhecer Manuel Bastos. Ver mais em: http://cacimbo.blogspot.com/

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