quarta-feira, 29 de julho de 2009

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - HISTORIETAS DE ANTANHO (II)

Quando me incorporei no Exército (Outubro de 1963) para cumprir o serviço militar obrigatório tive, como todos, que fazer instrução militar (recruta) no Campo de Tiro da Serra da Carregueira (Sintra). Terminada esta fase mandaram-me (com bons modos, claro…) frequentar a escola de transmissões de infantaria (aquela coisa de andar com o rádio às costas), curso realizado no Batalhão de Caçadores 5 (Lisboa), obtive o natural aproveitamento e também fiquei bem classificado para ser promovido a 1º Cabo, facto que não aconteceu no dia da partida para África, o que era normal que assim acontecesse, mas desta feita fiquei surpreendido, pela negativa. Contrariado, mas lá fui, como diria o Mestre do Humorismo, Raul Solnado!
Chegado a São Tomé, como soldado, exercia o cargo de Chefe do Estado-Maior o Major Alberto Alves Pinto Batista, meu conhecido de longa data, pois era visita íntima e frequente do proprietário da firma onde eu trabalhava (Estabelecimentos Rodrigues & Rodrigues, São Paulo, Lisboa) e disse-lhe que tinha a escola de cabos e não sei o porquê de não ter sido elevado a esse posto, no dia do embarque (06.06.1964) na Rocha Conde de Óbidos, Lisboa.
Mais tarde, o tal “amigo”, o Major, depois de muito ter mastigado o assunto veio dizer-me que era impossível eu ascender a tal posto porque a “Província” não tinha 7$00 (sete escudos!) para me dar diariamente… Nota: Os soldados ganhavam 10$00 e os primeiros-cabos mais aquele excedente!
Assunto arrumado, claro, mas, em Maio de 1965, vim passar um mês de férias a Lisboa, graças à gentileza da Força Aérea Portuguesa que facilitou graciosamente a viagem de avião militar e, casualmente, estava nas mesmas circunstâncias o meu superior hierárquico, o Alferes Mário Cardoso Vidal Pereira, miliciano, isto é, não era profissional como os demais oficiais superiores.

Num almoço, que fez o favor de me convidar, na Pensão do senhor seu pai, na Rua Braamcamp, bem perto do Marquês de Pombal, falei-lhe no assunto o que lhe causou alguma perplexidade.

É certo que, quando Vidal Pereira regressou a São Tomé, em 22 de Julho de 1965, tratou de resolver a questão e, naturalmente, a meu contento, já que veio a fazer-se luz quando fui, finalmente promovido, em 1 de Agosto de 1965, mais de um ano depois de ter desembarcado em São Tomé, por obra, engenho e empenho dum simples oficial subalterno, já que o tal Major, com poderes para tal, não conseguiu… É comum dizer-se que com amigos destes…

2 comentários:

António Serrano disse...

Grande "peça" me saíu esse tal de major! Alguns deles por lá enriqueceram. Nem que fosse à custa do "rancho" das "praças". Que não seria o caso!!!

carlos pedro disse...

É verdade, caro Alberto Hélder. Com amigos destes não precisamos de inimigos… (eles continuam por aí).
Um abraço amigo.